Finalmente chega aos cinemas
a esperada nova versão
(ou seria visão?)
de O Menino
da Porteira, estrelada
pelo cantor Daniel e com
direção de Jeremias
Moreira Filho, diretor também da versão
original, protagonizada pelo
cantor Sérgio Reis, em 1976. Se na versão
anterior o filme
atingiu um público
de cerca de 3 milhões,
é bem provável
que repita e dobre
este número
de espectadores. Apesar
de que, também
no cinema, quando
se trata, principalmente
de filme nacional,
a bilheteria é uma caixinha
de surpresa. Quem
apostava em Dois Filhos de Francisco ou Tropa de Elite,
paralelo à pirataria,
ou ainda
no Se Eu
Fosse Você 2?
Com um roteiro bem redondo, do próprio Jeremias Moreira, juntamente
com Beto Moraes
e Carlos Nascimbeni, baseado na clássica
canção sertaneja
de Teddy Vieira e Luizinho, O Menino da Porteira,
gravada em 1955, o filme
é de uma simplicidade tocante e sem dúvida pode surpreender,
arrebanhando um bom
público para
as salas de cinema.
Principalmente aquele
que gosta
de um bom
causo na medida
certa, nem
maior e nem
menor que
o tempo de uma toada...,
ou da passagem
de uma boiada. Quem
nasceu e viveu toda a infância no interior
sabe do que estou falando e há de ficar saudoso. É que o tempo
desses causos já
vai longe, junto
com a sua
música. E já
não se encontra
nem mesmo
propaganda de lojas
nas porteiras, árvores
e pedras das estradas.
O Menino
da Porteira, que conta a história de Diogo
(Daniel), boiadeiro
que ao tocar
uma boiada pras bandas
de Ouro Fino
acaba se envolvendo com os problemas dos pequenos
sitiantes locais,
que querem um
preço mais
justo para o seu gado, e não o praticado pelo
famigerado Major Batista (José de Abreu). Além da presença do cantor, que não compromete o filme,
a trama vem com boas atuações de José de Abreu, Eucir de Souza (Otacílio),
Vanessa Giácomo (Juliana), Rosi Campos
(Filoca) e o encantador
menino da porteira
João Pedro Carvalho
(Rodrigo).
Rodado
no interior do estado
de São Paulo, com
locações em
Brotas e na cidade cenográfica construída
para o filme
no Pólo Cinematográfico
de Paulínia, O Menino
da Porteira é todo
pontuado por
um trilha
sonora, às vezes
ilustrativa demais,
porém envolvente, aos cuidados de Nelson Ayres. Com
um apuro
técnico inacreditável,
para uma produção de pouco
menos de 10 milhões
de reais, o seu
ponto forte é
percebido (e como!) na belíssima fotografia de Pedro Farkas, direção
de arte de Adrian Cooper e montagem
precisa de Manga
Campion, que se destaca na “homenagem” à sequência final do clássico O Poderoso Chefão 3 (1990).
Como um bom berrante, O Menino da Porteira
oferece um som
para cada gosto, tangendo leve
mas continuamente em
três tempos:
o das brincadeiras de criança; o das boiadas
com seus
amores estradeiros;
o dos sonhos virando realidade
ou pesadelo.
Não sei dizer
se esta versão de O Menino da Porteira
(com Daniel) é melhor
ou não
que o filme
original (com
Sérgio Reis), porque
(como muita
gente) não
me lembro da velha
versão. O que
não tem a menor
importância.
Os tempos são outros, mas a canção continua a mesma...,
e emocionando.
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