quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Crítica: O Menino da Porteira


Finalmente chega aos cinemas a esperada nova versão (ou seria visão?) de O Menino da Porteira, estrelada pelo cantor Daniel e com direção de Jeremias Moreira Filho, diretor também da versão original, protagonizada pelo cantor Sérgio Reis, em 1976. Se na versão anterior o filme atingiu um público de cerca de 3 milhões, é bem provável que repita e dobre este número de espectadores. Apesar de que, também no cinema, quando se trata, principalmente de filme nacional, a bilheteria é uma caixinha de surpresa. Quem apostava em Dois Filhos de Francisco ou Tropa de Elite, paralelo à pirataria, ou ainda no Se Eu Fosse Você 2?


Com um roteiro bem redondo, do próprio Jeremias Moreira, juntamente com Beto Moraes e Carlos Nascimbeni, baseado na clássica canção sertaneja de Teddy Vieira e Luizinho, O Menino da Porteira, gravada em 1955, o filme é de uma simplicidade tocante e sem dúvida pode surpreender, arrebanhando um bom público para as salas de cinema. Principalmente aquele que gosta de um bom causo na medida certa, nem maior e nem menor que o tempo de uma toada..., ou da passagem de uma boiada. Quem nasceu e viveu toda a infância no interior sabe do que estou falando e há de ficar saudoso. É que o tempo desses causos vai longe, junto com a sua música. E não se encontra nem mesmo propaganda de lojas nas porteiras, árvores e pedras das estradas.


O Menino da Porteira, que conta a história de Diogo (Daniel), boiadeiro que ao tocar uma boiada pras bandas de Ouro Fino acaba se envolvendo com os problemas dos pequenos sitiantes locais, que querem um preço mais justo para o seu gado, e não o praticado pelo famigerado Major Batista (José de Abreu). Além da presença do cantor, que não compromete o filme, a trama vem com boas atuações de José de Abreu, Eucir de Souza (Otacílio), Vanessa Giácomo (Juliana), Rosi Campos (Filoca) e o encantador menino da porteira João Pedro Carvalho (Rodrigo).

Rodado no interior do estado de São Paulo, com locações em Brotas e na cidade cenográfica construída para o filme no Pólo Cinematográfico de Paulínia, O Menino da Porteira é todo pontuado por um trilha sonora, às vezes ilustrativa demais, porém envolvente, aos cuidados de Nelson Ayres. Com um apuro técnico inacreditável, para uma produção de pouco menos de 10 milhões de reais, o seu ponto forte é percebido (e como!) na belíssima fotografia de Pedro Farkas, direção de arte de Adrian Cooper e montagem precisa de Manga Campion, que se destaca na “homenagem” à sequência final do clássico O Poderoso Chefão 3 (1990).


Como um bom berrante, O Menino da Porteira oferece um som para cada gosto, tangendo leve mas continuamente em três tempos: o das brincadeiras de criança; o das boiadas com seus amores estradeiros; o dos sonhos virando realidade ou pesadelo. Não sei dizer se esta versão de O Menino da Porteira (com Daniel) é melhor ou não que o filme original (com Sérgio Reis), porque (como muita gente) não me lembro da velha versão. O que não tem a menor importância.

Os tempos são outros, mas a canção continua a mesma..., e emocionando.


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