quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Crítica: A Família Bélier


Assuntos relacionados a algum tipo de deficiência física não são fáceis de se tratar no cinema. Principalmente aqueles baseados e ou inspirados em fatos. Os norte-americanos são hábeis no “gênero”, cujas histórias (melodramáticas) de superação (autoajuda) têm sempre chance no Oscar. Mas os EUA não são os únicos a se debruçarem sobre o tema, os europeus também gostam (não com a mesma frequência americana) de se envolver com a matéria. Pinçando numa lista de excelência, por exemplo, temos o inglês O Homem Elefante (The Elephant Man, 1980), de David Lynch; o irlandês Meu Pé Esquerdo (My Left Foot, 1989), de Jim Sheridan; o espanhol Mar Adentro (2004), de Alejandro Amenábar, o francês O Escafandro e a Borboleta (Le Scaphandre et le Papillon, 2007).


As dificuldades em se trabalhar um tema tão delicado (deficiência física) vão além da realização do filme, que exige muito (laboratório) dos atores, já que, ao chegar aos cinemas, acaba dividindo o público, a crítica e a associação de deficientes. Se por um lado o espectador admira o esforço, o grande desafio que é para um ator (ouvinte) dar vida a um personagem com algum tipo de deficiência, por outro a associação (nunca satisfeita com a performance, ainda que premiada) protesta reivindicando (sempre) o papel para um ator que tenha a deficiência retratada: cegueira, surdez, física etc. A crítica, geralmente, fica na corda bamba..., pende pra cá, pende pra lá, se equilibra na incerteza do que (ou)viu, pra ficar bem na fita. O saco de pancadas da vez, na França, é a simpática comédia romântica francesa A Família Bélier, de Eric Lartigau.

Polêmicas à parte, o filme trata, de forma leve e bem humorada, do comovente drama de uma família rural formada pelo casal de surdos Rodolphe Bélier (François Damiens) e Gigi Bélier (Karin Viard) e seus dois filhos adolescentes: Quentin (Luca Gelberg), que herdou a surdez, e Paula (Louane Emera), que ouve e fala normalmente e lhes serve de mediadora, no relacionamento com a comunidade, e de intérprete, na negociação dos queijos que produzem e vendem na feira local. A bucólica vida dos quatro segue très jolie até a garota se apaixonar, entrar para o coral da escola e o maestro Thomasson (Eric Elmosino, ótimo), surpreso com o potencial de sua voz, a convencer de seguir carreira em Paris.


A Família Bélier, cujo roteiro de Victoria Bedos e Stanilas Carré de Malberg é muito parecido com o do filme alemão Jenseits der Stille (1996), de Caroline Link, traz atores normais como protagonistas. Para o espectador que não conhece a rotina de um deficiente, o trabalho dos atores (que estudaram por seis meses a linguagem dos sinais) parece interessante. No entanto, para os deficientes auditivos e alguns críticos a interpretação é falha e a história superficial. O que não me parece o suficiente para “mordiscar” o pomo da discórdia surda.

Pode não ser um filme perfeito, mas, ainda que previsível, é bom de se ver. O enredo é simples: o retrato de uma família que se diferencia de outras apenas pelo detalhe da deficiência auditiva. O que não quer dizer que seja coitadinha. Muito pelo contrário, os Bélier são totalmente independentes, embora conservem o (mau) hábito de dependência da filha normal, que é o ponto da grande questão da narrativa: a hora (segura) de sair do ninho. Ou, a hora da emancipação de uma família cheia de sonhos, incertezas, birras, medos, que precisa escolher a melhor das alternativas para seguir com a vida campestre e urbana.


A Família Bélier (La Famille Bélier, 2014), que pode ganhar uma versão norte-americana, traz um elenco bem convincente (pra mim!). Há bom ritmo e equilíbrio entre drama e comédia, sem necessariamente ser piegas e hilário. A música adocicada de Michel Sardou é oportuna e, ao menos em dois momentos em que é cantada (ou seria interpretada?), sugiro ter um lencinho de papel à mão. Enfim, uma boa oportunidade para se conhecer o cotidiano de pessoas que têm uma forma inusitada de ouvir e se fazer ouvida no mundo!

Nota: No Portal do MEC há uma lista com sugestões de filmes abrangendo algum tipo de deficiência.

domingo, 21 de dezembro de 2014

Crítica: Êxodos: Deuses e Reis


Quando era garoto e já louco por cinema, morando no interior de São Paulo, ouvia o pessoal mais velho dizer que a cidade de Oswaldo Cruz era tão longe da capital que quando o filme Os 10 Mandamentos chegasse lá, pra ser exibido no grande Cine São José, só teria 5 Mandamentos. Humor interiorano: peca, mas não quebra a tábua das piadas religiosas. Ah, não me lembro quantos anos após o lançamento no Brasil o épico passou por lá, mas me lembro de ter preenchido um álbum inteiro de figurinhas do filme.

Hoje os tempos são outros. De película em película o cinema digitalizou. A leitura analítica e a releitura cinematográfica da antiga passagem bíblica são outras. Êxodos: Deuses e Reis (Exodus: Gods and Kings, 2014), de Ridley Scott, não é refilmagem de Os 10 Mandamentos (The Ten Commandments, 1956), de Cecil B. DeMille, mas tem sua grandiloquência e uma pitada de ousadia contemporânea que deve incomodar evangélicos parados no velho testamento e cristãos que seguiram adiante.


Ao contrário do público religioso, que espera assistir a filmagem de um conto bíblico tal e qual no livro de mitologia judaico-cristã e realizado por um diretor crente, a mim incomoda absolutamente nada o fato de Scott se definir (?) ateu. O mestre Pier Paolo Pasolini também o era e realizou o belíssimo Evangelho Segundo São Mateus (Il Vangelo Secondo Matteo, 1964). Mas voltemos nos séculos, lá pelos idos de 1300 a.C, no Egito governado pelo Faraó Seth (John Turturro), para encontrar Ramsés (Joel Edgerton) e o seu “primo” Moisés (Christian Bale) se preparando para rechaçar a invasão dos hititas e acalmar os ânimos dos israelitas escravizados em Pithom, cidade egípcia onde o futuro líder dos hebreus conhece a sua origem e num gesto de fúria acaba provocando o seu exílio. Em seu retiro, Moisés se casa com a bela Zipporah (Maria Valverde), tem um filho Gershon (Hal Hewetson) e conhece o vingativo deus (menino pirracento) dos hebreus, na figura inocente e malévola de Malak (Isaac Andrews), que o convoca para libertar os israelitas. De volta ao Egito, as famosas pragas, o êxodo, o mar e a peregrinação...

Até aqui (excetuando Malak) nada de novo na sinopse, já que estas são “passagens” mais ou menos conhecidas até por leigos. O que conta é como Ridley Scott trabalha esses “fatos”..., ou melhor, atualiza (cientificamente) alguns “fatos”. Assim como DeMille (de quem se apropriou do Faraó Seth e Ramsés, governantes em outra época), ele não se apega muito ao relato bíblico..., mas quando se apega, como no caso das 10 Pragas Divinas, é de virar o estômago. Também porque não se sabe quando (e se) teria ocorrido o relatado, já que a Bíblia sequer dá o nome de algum Faraó. No entanto, já que Cecil B. resolveu a questão (manipulando a história e a religião) e ninguém chiou, ficou por isso mesmo: Seth e seu filho Ramsés II eram contemporâneos de Moisés e amém!


Ora, se estamos falando de Hollywood, o paraíso das ilusões, onde qualquer ficção pode ganhar ares de veracidade e a liberdade extrapolar qualquer poética, o lance é sempre acreditar duvidando. De volta ao Êxodo: Deuses e Reis, a impressão é a de que Scott não está nem aí para datas, seja a de 1300 a.C. (data provável do nascimento de Ramsés II e não do seu reinado), seja a do cabalístico 12 de Moisés: exilado aos 40 anos; retorno aos 80 para libertar os hebreus; peregrinação até os 120 procurando assentamento. A controversa gagueira do profeta e o suporte vocal do irmão Arão, acabou se perdendo na tempestade de areia no Saara.

Ridley Scott realizou um filme enxuto e (de certo modo) muito pessoal, focando apenas nos parágrafos essenciais da lenda israelita. Portanto, como não há muito espaço para peculiaridades domésticas relacionadas às famílias de Moisés (mulher, filhos, mães biológica e adotiva etc), e com a carga emocional praticamente zerada, a narrativa pode parecer irregular: hora arrastada e hora apressada. O conveniente é que, sem o anestesiante impacto (clichê) emocional, o público menos sectário é “convidado” a analisar friamente o benevolente sadismo do deus dos hebreus, no comando das 10 Pragas Divinas. O inconveniente, para espectador sectário, é a forma divertida (ou seria cínica?) que Scott utiliza as explicações científicas para cada ato maligno do divino israelita. Pelo menos para a maioria deles.


Albert Einstein teria dito que “A ciência sem a religião é manca e a religião sem a ciência é cega”, e Karl Marx, lembrando alguns filósofos que discutiram o tema anteriormente, citou: “A religião é o ópio do povo”. Qualquer uma das frases, fora do contexto, pode até sugerir um anátema, mas a verdade é que elas suscitam uma reflexão muito mais intensa sobre ciência, fé e capital. Ah, e por falar em maldade divina, recomendo a leitura de Resposta a Jó, de C.C. Jung, uma análise fascinante do belo (por parte de Jó) e perturbador (por parte de deus e do diabo) poema bíblico Livro de Jó.

O Moisés, de Ridley, é tanto um guerreiro (conforme a causa faraônica), quanto um guerrilheiro (conforme a necessidade divina). Um líder (heroico, estrategista econômico) que não se apequena diante da adversidade e muito menos do maquiavélico deus que o convoca para uma missão humanamente impossível. Um homem (sem pátria!) desconfiado que, além de não dizer amém a tudo, questiona a “lógica religiosa” de que os fins justificam os meios.

Muitos críticos têm se apegado mais ao branqueamento dos egípcios do que ao questionamento religioso. É incômodo tanta gente branca e de olho colorido no palácio e entre os escravos no antigo Egito? É! Mas fazer o quê? É rotina (mercadológica) de elenco hollywoodiano e ponto final. A representação de deus na inocente face (da crueldade) infantil também tem dado o que falar..., para mim é o que há de melhor em toda a trama. Os embates (racionais?) entre Moisés e Malak são impagáveis.


Êxodos: Deuses e Reis, embora sucinto, tem história demais e tempo de menos para contar..., o que faz personagens importantes “entrarem” mudos e desaparecem calados. Ele pode até falhar em alguns aspectos, ainda que não me pareça equivocado no foco do episódio bíblico, mas se sobressai nos excelentes efeitos especiais. As panorâmicas e os sobrevoos sobre a região, os monumentos, o Mar Vermelho, as pestilências (!), são de cair o queixo. O elenco (internacional) é bom, mas não chega a surpreender (só Andrews/Malak me arrebatou).

Enfim, é um filme que, para muita gente, será difícil dizer se é bom, ruim ou muito pelo contrário.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Crítica: As Férias do Pequeno Nicolau


Quem está de volta, para dar um olá, é o adorável garoto francês Nicolau, na simpática comédia-família nonsense As Férias do Pequeno Nicolau, no mesmo embalo e clima vintage (anos 1950) que encantou o mundo em O Pequeno Nicolau (2008).

Quem viu, e com certeza amou o filme anterior, sabe como Nicolau (Mathéo Boisselier), um garoto de sete anos, além de levar tudo ao pé da letra, tem uma imaginação fértil. Em As Férias do Pequeno Nicolau (Les Vacances du Petit Nicolas, 2014), dirigido com alma por Laurent Tilard, não é diferente. Se antes a sua preocupação era não perder a titularidade de filho único, agora ele quer mesmo é se ver livre de um futuro casamento arranjado. Para tanto, vai contar com a ajuda e o “aconselhamento” de uma nova turma (não menos criativa!) de amigos de verão, “especializada” em bagunçar o mundo dos adultos para preservar o seu.


A diversão pode até ser pensada para a garotada (acima dos sete anos), mas os seus acompanhantes (mais velhos) não vão ficar alisando a tromba e contando os minutos, já que a temporada dos pais de Nicolau (Kad Merad e Valérie Lemercier) não é menos tumultuada, ainda que “glamorosa” Ou seja, quem não rir (?) da brincadeira da criançada, lembrando da própria infância, vai rir (sem dúvida) das trapalhadas dos adultos e suas manias descabidas.

As Férias do Pequeno Nicolau é inspirado em uma das muitas histórias da série literária infantil O Pequeno Nicolau, criada por René Goscinny (1926-1977) e Jean-Jaques Sempé, em 1959. Esta charmosa e nostálgica aventura praiana, com seu humor ingênuo em gags deliciosas, roteirizada por Tirard, Jaco Van Dormael, Grégoire Vigneron, encontra eco (sem nenhum demérito!) no antológico As Férias do Sr. Hulot (Les Vacances de M. Hulot, 1953), do genial Jacques Tati. Quem conhece o clássico de Tati, sabe que estará em muito boa companhia.


Como o que não falta num palco de areia e noutro é a diversidade humana, as férias que começam meio emburradas, para nossos protagonistas, acabam deixando (e levando) saudades dos coadjuvantes..., todos dando o seu melhor. Um programa e tanto de férias para quem, em vez de ficar pegando jacaré, prefere arriscar uma boa onda...

domingo, 14 de dezembro de 2014

Crítica: O Abutre


O assunto mídia impressa e ou televisiva é matéria de cinema há muitas décadas, principalmente nos EUA. Dissecando a ética no jornalismo, por ângulos e gêneros narrativos diferentes, ele sempre provoca no espectador uma sensação de desconforto, tamanho o poder de manipulação da imprensa (e do cinema!).

A mais nova abordagem do tema pode ser vista em O Abutre (Nightcrawler, 2014), do estreante Dan Gilroy, filme que nos remete imediatamente ao clássico A Montanha dos Sete Abutres (Ace in the Hole, 1951), de Billy Wilder, e flerta, entre outros, com o curioso Nos Bastidores da Notícia (Broadcast News, 1987), de James L. Brooks, com o interessante O Quarto Poder (Mad City, 1997), de Costa-Gravas, e com o excelente documentário brasileiro O Mercado de Notícias (2014), de Jorge Furtado.


A trama é uma costura penosa de leads do artigo de capa sensacionalista chamado Lou Bloom (Jake Gyllenhaal), um psicopata que, ao descobrir que pode ganhar mais dinheiro como cinegrafista-gore (de assassinatos, acidentes violentos) do que com o roubo, “deixa” a ladroagem para realizar um sonho perturbador. Notívago e ágil, ele aprende rápido a nova profissão, inclusive a “valorizar” as imagens, para melhorar a negociação com a produtora de tv Nina Romina (Rene Russo), sempre desesperada por uma “notícia de audiência”. Bloom é um cara de rua que faz qualquer negócio para arranjar uma grana e matar a fome. Acredita que sujar as mãos faz parte do serviço (jornalístico), também porque, depois é só lavar. Para alcançar seu ambicioso objetivo, o sujeito mau-caráter, chantagista, bandido, sociopata (que tem nada de anti-herói!), numa comparação tacanha, rola entre seus “colegas” feito uma pesada bola de boliche: precisa. Os pinos que se cuidem!


Na exposição da pauta rotineira de sanguinolência (com trilha sonora!) veiculada por redes de tv (em busca de audiência e anunciantes), com a desculpa de informação de “utilidade pública”, a perturbadora matéria de Gilroy, não revisa a moral de nenhum profissional do telejornalismo. Tampouco discute a ética dos abutres, ou rastreadores noturnos (nightcrawlers), repórteres, geralmente independentes (freelancers), especializados em registrar em foto ou vídeo todo tipo de notícia ruim, na base do quanto pior melhor, para abastecer os telejornais da madrugada e ou da manhã. Cabe ao espectador concluir (por conta própria) se é “vítima anestesiada” e ou “passivo satisfeito” do espetáculo sádico, travestido de jornalismo investigativo. Ou seria jornalismo criminoso, digo, criminal, tão comum em diversos canais abertos e horários (livres!) no Brasil?

O Abutre é um filme difícil de se classificar: drama?; ação?; horror?; thriller?; humor negro?; sátira ao telejornalismo que explora a violência até a última gota de sangue e a miséria humana até a última lágrima? Talvez tudo isso e um pouco mais em sua amoralidade, onde a lógica de se colocar um criminoso para cobrir crimes acaba fazendo sentido quando se conhece a “ilha” editorial e a “necessidade” midiática. Não é preciso ser do meio para saber que o preço da notícia é o preço da audiência (ou vice-versa).


Considerando a qualidade do roteiro e a excelente direção de Dan Roy, ainda que se pondere sobre cenas que tanto beiram a caricatura quanto transcendem a uma possível realidade; a magnífica atuação Jake Gyllenhaal (que emagreceu para o papel) e os ótimos desempenhos de Rene Russo e Riz Ahmed (estagiário de Bloom); a fotografia realista de Robert Elswit; a interessante metáfora do relógio de Bloom, ecoando muito além do deadline da imprensa e do filme..., O Abutre pode surpreender até quem já perdeu a fé na imprensa, também (auto)denominada o quarto poder.

NOTA: Que fim levou a campanha brasileira criada em 2002: Quem Financia a Baixaria é Contra a Cidadania? Pelo que se vê no ar, acho que a grande reflexão da VII Conferência Nacional de Direitos Humanos, não pegou.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Ballet Bolshoi: A Lenda do Amor


A Lenda do Amor

Nos dias 13 e 14 de Dezembro de 2014, às 15h30 (horário de Brasília), a rede UCI exibe espetáculo A Lenda do Amor, do Ballet Bolshoi. Filmado ao vivo em Moscou, a apresentação de 180 minutos faz parte da temporada 2014 da renomada instituição e tem como base o conto de fadas oriental sobre a czarina Mehmene Banu. Em Curitiba (PR), as sessões da ópera e do balé serão exibidas nas salas do UCI Estação e do UCI Palladium.

O espetáculo do Bolshoi, dirigido por Yuri Grigorovich, retorna aos palcos após uma ausência de dez anos. As cenas contam a história da Rainha Mekhmene Banu. Os apartamentos reais estão mergulhados em luto porque Shryn, a irmã mais nova de Banu, está morrendo. A princesa só será salva se a rainha der a Shyrin sua beleza. A rainha Banu, então, decide se sacrificar, mas logo se arrepende quando fica desfigurada e Shyrin se apaixona por seu amante, o pintor Ferkhad. O balé é um dos primeiros trabalhos coreográficos de Grigorovich e seu enredo explora o conflito entre o amor e o dever.

A Lenda do Amor tem música de Arif Melikov, libreto de Nazim Hikmet e coreografia original de Yuri Grigorovich.

Os ingressos para as sessões do Balé Bolshoi custam podem ser adquiridos através do site da UCI (www.ucicnemas.com.br), nos caixas de autoatendimento e nos balcões de atendimento.

Ópera MET: Os Mestres Cantores de Nuremberg


A grande do programa Óperas do MET, neste sábado, 13 de Dezembro de 2014, às 15h (horário de Brasília), na rede de cinema UCI, é a ópera cômica Os Mestres Cantores de Nuremberg, do compositor alemão Richard Wagner. A ópera, em três atos, de volta ao MET pela primeira vez em oito anos, será conduzida diretamente do The Metropolitan Opera, de Nova York, pelo diretor musical James Levine.

Os Mestres Cantores de Nuremberg se passa no século XVI e conta a história do cavalheiro Walther von Stolzing (Johan Botha) que está apaixonado por Eva (Annette Dasch), a filha do rico ourives Pogner (Hans-Peter Konig). Mas o pai de Eva prometeu a mão da donzela ao vencedor do concurso de canto organizado pela confraria dos Mestres Cantores. Walther decide então apresentar-se nesse concurso, apesar de ter apenas um dia para se preparar. O papel principal fica a cargo de Johan Reuter, que interpreta o poeta alemão Hans Sachs, que auxilia o mocinho na difícil missão. 

Os Mestres Cantores de Nuremberg tem produção de Otto Schenk, cenografia de Günther Schneider-Siemssen, iluminação de Gil Wechsler e coreografia de Carmen de Lavallade.

Os ingressos para as Óperas do MET estão disponíveis no site da UCI (www.ucicnemas.com.br), nos caixas de autoatendimento e nos balcões de atendimento. Tempo de duração: 360 min.

Crítica: O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos


Toda história, por mais longa que seja, um dia acaba, para que outra comece. E não poderia ser diferente com O Hobbit, de J.R.R. Tolkien, na versão cinematográfica, estendida em três partes, de Peter Jackson.

O desfecho de O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos (The Hobbit: The Battle of the Five Armies, 2014), dirigido Peter Jackson, começa espetacular, com Smaug (voz de Benedict Cumberbatch) destilando toda a sua ira contra a Cidade do Lago e o arqueiro Bard (Luke Evans) em seu encalço. Um início promissor que funciona tanto como prólogo, a este terceiro capítulo, quanto como epílogo ao O Hobbit: A Desolação de Smaug (2013). Já a trama que o segue é, digamos, morna.


Seria o resfriamento culpa do “talvez” e do “e se”? Talvez se a adaptação tivesse se bastado em duas partes, como propôs o roteirista Gilhermo del Toro. E se a fascinante história de Smaug estivesse inteira em apenas um e não repartida em dois episódios? E ou seria porque a gente ficou tão mal-acostumado com os envolventes capítulos anteriores, com aquele gostinho de quero mais, que nem se deu conta de que não havia muito mais a ser contado após o despertar do irado dragão?


O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos é um final alonnngaaado da saga que começou cheia de gás em 2012 e chegou sem muita novidade (e fôlego) em 2014. Neste arremate, resolvida a questão de Smaug, o foco é a conturbada negociação com Thorin Escudo de Carvalho (Richard Armitage), pela partilha do tesouro guardado nas ruínas do Reino de Erebor, onde se encontram “perdidas” relíquias preciosas aos anões e aos elfos..., e, paralelamente, a ocupação da Montanha Solitária, que desencadeia a sangrenta batalha inter-racial envolvendo anões, homens elfos, orcs, águias e uma série de seres bizarros..., até um famoso verme da terra (já visto em outras ficções) aparece para dar um alô.


Neste finalmente, onde todos os personagens se estranham e ou se decepcionam, quem se destaca é Thorin (Armitage, ótimo), tomado pela febre do ouro (ambicionado por todas as raças) e pela dúvida de traição entre seus “iguais”. Consistente, o drama de Thorin acaba sombreando inclusive o sofrimento de Bard (Evan), que busca um lugar seguro para os sobreviventes da Cidade do Lago. Ao hobbit Bilbo Bolseiro (Martin Freeman) cabe um papel de apoio de pouco mais que um coadjuvante.

Ainda que irregular, meio arrastado, confuso (às vezes) no campo de batalha (quem é contra quem, mesmo?), com pontas que ficaram esvoaçantes..., O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos diverte (mas sem empolgar!) nas sequências (game) de guerra com seus exércitos bizarros (em CGI!). Tem hora que os efeitos gráficos são tantos que parece que a gente está assistindo a uma animação. Bem, algum espectador mais distraído talvez ria com as gags do "alívio cômico" Alfrid (Ryan Gage), personagem chatíssimo, sem a menor graça, que está em cena só pra tapar buraco e aumentar a metragem.


Enfim, não há muito mais a dizer, já que a narrativa faz jus ao título, todavia, vai lá: com uma pieguice amorosa aqui e uma lição de moral (ouro e família não combinam!) acolá, este último capítulo não chega a ser um épico de ouro, mas, pelo conjunto, catapultado pelo excelente prólogo, fica entre a prata e o bronze.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Webdocumentário: A Cidade Inventada


Esta matéria foi publicada originalmente no Almanakito, da jornalista e crítica de cinema Maria do Rosário Caetano. As fotos me foram enviadas pela Produtora Tempo Porto Alegre.

A Cidade Inventada

A Tempo Porto Alegre lança no próximo dia 15 de Dezembro de 2014, o webdocumentário  A Cidade Inventada, onde aborda a singularidade de uma microcidade, conhecida como Colônia Itapuã. O projeto transmídia é um desdobramento do filme A Cidade, premiado em festivais no Brasil e exterior e exibido em salas de cinema.

Com hábitos bem característicos, a localidade já abrigou 1.454 pessoas durante mais de 70 anos de existência, mas atualmente conta com apenas 35 moradores, todos acima de 60 anos. Lá ninguém gosta de lembrar o que o lugar foi no passado, mesmo que para muitos a lembrança inscreva-se no próprio corpo.

O webdocumentário, com direção de Liliana Sulzbach, será disponibilizado no site www.acidadeinventada.com.br. A ideia é propor uma nova experiência narrativa, cuja navegação permite um passeio pelo lugar, apresentando um outro jeito de vivenciar a história e seus personagens. NOTA: Para melhor visualização do site, recomenda-se o navegador Google Chrome.


Com acesso gratuito e universal, o usuário poderá optar em assistir ao filme na íntegra ou inserido no contexto do passeio virtual, ter acesso a um raro filme de arquivo realizado na época da inauguração do local, com opções diferenciadas de áudio, material audiovisual extra, documentos, estudos, fotos e depoimentos, não só aprofundando o conteúdo do filme, mas também servindo como um portal de pesquisa e utilidade pública.

O site é uma ferramenta interativa, em constante alimentação, onde o material encaminhado por usuários também poderá ser publicado. Além do webdocumentário, o filme tem lançamento em DVD, reunindo o filme e parte do material do site.

Assim, o projeto consolida-se como uma ferramenta pioneira desenvolvida a partir de um documentário.  Resgata e organiza um vasto material e o disponibiliza ao público em diferentes formas de acesso, mas longe de esgotar suas inúmeras possibilidades.


A Cidade Inventada tem financiamento do FUMPROARTE e é uma realização da Produtora Tempo Porto Alegre em associação com Kiko Ferraz Studios, Combo e Tat Studio. Com direção de Liliana Sulzbach, coordenação de Thais Fernandes, webdesign de Tatiana Sperhacke, desenvolvimento de website de Morris Ruschel e supervisão de som de Kiko Ferraz e Christian Vaisz.

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Trailer do Filme A Cidade Inventada: https://vimeo.com/38435007

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Crítica: As Aventuras de Paddington


Em tempos de intolerância social, com a Europa balançando histericamente seu molho de chaves, ameaçando trancar definitivamente as portas aos imigrantes..., se não é ironia, é bem-vinda e ousada a chegada ao cinema do gracioso Paddington, o urso peruano mais amado pelos ingleses nos últimos 56 anos.

As Aventuras de Paddington (Paddington, 2014), dirigido com muita criatividade por Paul King, que também o roteirizou, em parceria com Michael Bond, autor do best-seller Paddington Bear, é um filme fantasia com uma pitada crítica à xenofobia. Após uma série de 24 livros e três seriados animados para tv: Paddington (BBC, 1975/1986); Paddington Bear (Hanna-Barbera, 1989/1990); The Adventures of Paddington Bear (Cookie Jar Entertainment/Cinar Films 1997/2001)..., King e Bond, baseados apenas no essencial da primeira aventura de Paddington, escreveram uma história inédita, para a alegria dos milhares de antigos fãs e a conquista de novos.


A trama, que pega carona no pastelão e no nonsense para apresentar o adorável urso peruano ao grande público infantil (e seus acompanhantes), é de uma simplicidade tocante: Após um incidente nas profundezas da selva peruana, um jovem urso, aconselhado por sua tia Lucy, migra para Londres em busca de melhores condições de vida, levando apenas uma mala com alguns pertences, um velho chapéu vermelho e uma plaqueta dependurada no pescoço: Por favor, cuide deste urso. Obrigado. Ele é um filhote educado que cresceu ouvindo que o povo inglês é cordial e solidário e trata com respeito os visitantes. Porém, assim que bota as patas na Estação de Paddington, nota que a amabilidade britânica mudou, mas que (para sua tranquilidade) sempre há quem procura conservar os bons modos, como a família Brown, que o hospeda. Ali, o adorável urso, que recebeu o nome de Paddington, descobre um admirável mundo novo e que civilização é um conceito discutível.

As Aventuras de Paddington é um filme fantasia com conteúdo de qualidade para toda a família. O equilíbrio entre os universos lúdico e social é perfeito. As suas entrecenas ressaltam, em linguagem acessível a qualquer espectador, questões pertinentes como a invisibilidade do estrangeiro, a solidão urbana, o paradoxo cultural. A sequência numa estação ferroviária, em que o educadíssimo urso (que trata a todos por Sr. e ou Sr.ª) parece completamente “invisível” aos transeuntes, é emblemática, e possivelmente a mais comovente (entre tantas!) da narrativa que fala de imigração com uma sinceridade arrepiante.


A “invisibilidade”, matéria muito bem argumentada pelos roteiristas, está na pauta do dia em todo o mundo. No Brasil não é diferente, haitianos e africanos (independentes da sua formação), por exemplo, recebem o mesmo tratamento (de invisibilidade) que o articulado urso peruano Paddington. Na maioria das vezes o estrangeiro é julgado não por sua formação intelectual, mas por seu lugar de origem. Um dilema que o Sr. Brown e a Sr.ª Brown (Hugh Bonneville e Sally Hawkins), seus filhos Judy (Madeleine Harris) e Jonathan (Samuel Joslin), a governanta Bird (Julie Walters) e a ensandecida taxidermista Millicent (Nicole Kidman), vão ter que resolver.


Ainda que o assunto imigração (explícito e ou metafórico) seja “quente”, King não deixa o público esquecer que As Aventuras de Paddington é um filme infantil. Ele fala (e bem!) de coisas sérias..., mas sem perder a magia, o lúdico, a diversão proporcionada pelas trapalhadas do urso na charmosa casa dos Brown e na misteriosa cidade de Londres. Situações como a do banheiro e do batedor de carteiras vão fazer a alegria da criançada e de alguns marmanjos, já as maravilhosas cenas da florada da cerejeira vão encantar a todos.


O merchandising incomoda um pouco, mas não tira a excelência de As Aventuras de Paddington, comédia live-action que usa com muita propriedade a tecnologia a serviço da arte. É difícil acreditar que o fofíssimo urso seja apenas uma criação em CGI. Com um elenco afiado, fotografia e direção de arte primorosas, o único ponto negativo (?) é a versão dublada brasileira, repleta de bobagens, de coloquialidades absurdas. É até engraçadinha, mas não tão divertida quanto o filme original com o seu cáustico humor inglês. É claro que o público alvo (crianças) e os que não gostam de legendas não estão preocupados com isso, mas fica o alerta.

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Crítica: Elsa & Fred


Será que na terceira idade todos os pecadilhos são perdoáveis? Ou será que quem já está com um pé na cova também merece um puxão de orelhas, ao menos? Histórias focando o cotidiano dos idosos, dificilmente têm meio termo, ou se ama ou se odeia seus excessos (melo)dramáticos e ou trágicos. Bem, a geriatria fora das telas também tem lá os seus percalços..., os seus momentos de humor e dor.

Elsa & Fred está de volta ao cinema nove anos depois. Mas não aderindo à moda da continuação franquiada..., e sim à mania americana de remakes. A comédia romântica, dirigida por Michael Radford, é a refilmagem da coprodução hispano-argentina Elsa y Fred (Elsa e Fred - Um Amor de Paixão, no Brasil), de Marcos Carnevale, e nos papéis que foram de China Zorrilla e Manuel Alexandre traz também dois renomados veteranos: Shirley MacLaine (Elsa) e Christopher Plummer (Fred).


A versão estadunidense transfere a ação de Madri/Espanha para New Orleans/EUA e acrescenta poucas (e descartáveis) novidades ao enredo original, que já não era dos mais criativos em 2005. Nessa “releitura” preguiçosa e pouco convincente, o espectador acompanha os novos vizinhos Elsa (MacLaine) e Fred (Plummer) numa balada-clichê de amor à vida e o de desejo de morte. Ela é uma velha alegre e cheia de histórias que vive cada momento a toda velocidade, como se não houvesse amanhã. Ele é um velho ranzinza e hipocondríaco que não faz questão alguma do amanhã. Elsa é traquinas, age como se fosse uma adolescente romântica e inconsequente. Fred é meticuloso, faz jus à idade. Ambos têm lá suas razões pelo modus vivendi. A ocasião os fez vizinhos..., agora, a sorte e ou o azar do que resultar da proximidade, é com eles.

Ao contrário dos americanos de cima, não sou muito fã de refilmagens. Não me lembro de uma que superasse o original. Vejo se desavisado. Elsa & Fred não foge à regra. O “novo” roteiro é convencional e o diretor de O Carteiro e o Poeta (1974) não parece muito empenhado em dar personalidade ao velho script. Radford praticamente (re)utiliza os mesmos diálogos e sequências (espelho) da película argentina, incluindo a referência ao La Dolce Vita (1960), de Fellini.


A narrativa segue superficial e apressada. Por causa da trama previsível (banalizada em versões para todas as idades), às vezes parece tão somente uma compilação de velhas gags..., com uma ou outra risível mais pelo ridículo da cena (inverossímil). Elsa continua falastrona, mas Fred, que era apenas um sujeito triste, meio sem chão com a morte da mulher “organizada”, na Argentina, tornou-se irascível, nos Estados Unidos. A comédia romântica (sem noção) virou um melodrama romântico (sem noção) com alguma gracinha e constrangimentos. Ou melhor, resultou numa história diminutiva: bonitinha, engraçadinha para velhinhos carentezinhos se sentirem amadinhos. Uma história cujo argumento já nasceu senil, muito aquém da excelência dos protagonistas MacLaine e Plummer que, assim como Zorrilla e Alexandre, é o fazem valer o tempo em sua companhia. 

Uma  outra opinião? Bom, quem não conhece a versão portenha, pode se agradar da adaptação americana..., ou vice-versa, desde que não seja muito exigente e não esteja nem aí para a lógica na terceira idade. 

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Óperas do MET: O Barbeiro de Sevilha


O Barbeiro de Sevilha

A ópera O Barbeiro de Sevilha, de Rossini, estará nas telonas da rede UCI Cinemas, neste sábado, 22 de Novembro de 2014. O espetáculo do Metropolitan Opera House (MET) será exibido ao vivo e em alta definição, direto de Nova York, a partir das 15h55 (horário de Brasília), nos 16 complexos da UCI em dez cidades brasileiras. Em Curitiba (PR), os espectadores podem acompanhar a transmissão nas salas do UCI Estação e/ou do UCI Palladium.

O Barbeiro de Sevilha, ou A Precaução Inútil (Il barbiere di Siviglia, ossia L'inutile precauzione), é uma ópera bufa em dois atos, do compositor italiano Gioachino Rossini, com libreto de Cesare Sterbini, baseado na comédia Le Barbier de Séville, do dramaturgo frencês Pierre Beaumarchais.  


Sevilha. O Conde Almaviva (Lawrence Brownlee) aparece disfarçado na casa do Doutor Bartolo (Maurizio Muraro) para fazer uma serenata para Rosina (Isabel Leonard), que Bartolo mantém confinada dentro da casa. Almaviva decide esperar até o amanhecer. Fígaro (Christopher Maltman), o barbeiro, que conhece todos os segredos e escândalos da cidade, chega e explica para Almaviva que Rosina é a protegida de Bartolo, e não sua filha, e que o doutor pretende se casar com ela. Fígaro, então, elabora um plano: o Conde irá se disfarçar de um soldado bêbado aquartelado na casa de Bartolo, a fim de encontrar-se com a moça. Almaviva fica animado, enquanto Fígaro espera por uma bela recompensa em dinheiro. O Barbeiro de Sevilha tem direção de Michele Mariotti, produção de Bartlett Sher e cenografia de Michael Yeargan.

Os ingressos para as óperas do MET custam R$ 30 (meia-entrada) e R$ 60 (inteira), e estão disponíveis no site da UCI (www.ucicnemas.com.br), nos caixas de autoatendimento e nos balcões de atendimento.

A próxima apresentação de ópera nas salas da UCI acontece no dia 13 de dezembro, com o espetáculo Os Mestres Cantores de Nuremberg.

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