segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

Crítica: Sapatinho Vermelho e os Sete Anões

 


SAPATINHO VERMELHO E OS SETE ANÕES

por Joba Tridente

Neste fatídico 2020, o Coronavírus tem sido uma incômoda pedra no sapato de toda categoria de profissionais do cinema. A cota de prejuízos, imposta pelo distanciamento social, não distinguiu grandes, pequenos ou independentes produtores, realizadores e exibidores. Muitos distribuidores e organizadores de Mostras e Festivais de Cinema, incomodados pelo silenciamento das plateias, acabaram migrando e ou optando (temporariamente) pelas plataformas de streaming. Os mais resistentes estão no aguardo de melhores dias para lançamentos presenciais de seus filmes e ou exibição em Festivais e Mostras tradicionais. O fato de algumas salas de cinema estarem abertas para o público mais ansioso não é sinal de que os negócios melhoraram e ou de que a vida voltou ao normal no palco da sétima arte.



E por falar em lançamentos, pode ser que a animação sul-coreana Sapatinho Vermelho e os Sete Anões (2019), chegue às salas de cinema abertas ainda em 2020. Pelo sim, pelo não, fique com as minhas considerações ao filme que pode ser apreciado como uma paródia aos Contos de Fadas Clássicos e às Comédias Clássicas de Humor e ou a mais um genérico de Shrek (2001).

A história de Branca de Neve (com sua variação de coadjuvantes: ladrões, dragões, anões) o mundo inteiro (?) conhece. A história de Branca de Neve e Rosa Vermelha (ou Rosa Branca e Rosa Vermelha), meio mundo (?) conhece. A história de Os Sapatinhos Vermelhos, pouca gente (?) conhece. As duas primeiras foram recolhidas pelos geniais Irmãos Grimm e a terceira pelo grande Hans Christian Andersen. Os que os três contos (que já mereceram versões cinematográficas, televisivas e teatrais) têm em comum, na sua origem secular, é o terror, envolvendo suas protagonistas, que foi sendo amenizado ao consumo (moralizante) infantojuvenil.



Com roteiro e direção de
SungHo Hong, o desenho animado Sapatinho Vermelho e os Sete Anões é uma mistura de Branca de Neve (Grimm) com Os Sapatinhos Vermelhos (Andersen)..., ou melhor, uma releitura (muito) livre dos dois Contos Clássicos, cujo resultado é um híbrido (?) da Branca de Neve disneyana com personagens da franquia Shrek. Bem, se com Shrek deu a louca no distante Reino dos Contos de Fadas e jamais príncipes e princesas foram tão deliciosamente caricaturados..., o que restaria para uma Branca de Neve gorda e Sete Anões verdes demolirem de vez todos os padrões de beleza no Mundo da Imaginação Fantástica? Não muito!


Em Sapatinho Vermelho e os Sete Anões acompanhamos a saga de Branca de Neve, uma simpática princesa gordinha, em busca do pai desaparecido. Para sua segurança, ela foi obrigada a deixar o castelo quando o Rei Branco se casou com a vaidosa bruxa Regina, que acredita que a sua beleza eterna pode estar relacionada a um raro par de sapatos vermelhos nascidos de uma macieira. Bem, adivinha quem vai encontrar e calçar estes preciosos sapatinhos e ser obrigada a fugir da dona malvadeza e de seu Espelho Mágico e encontrar Sete Anões enfeitiçados por suas opiniões desrespeitosas a uma Fada Princesa e que farão de tudo para ajudar a jovem em troca de um mero beijo? Ufa! É claro, a Branca de Neve gorducha, só que agora magra e sedutora, por causa dos sapatinhos vermelhos. Assim, a bela e elegante jovem, que não se importava com a sua aparência, se junta aos anões verdes, que já foram os bonitos Sete Magníficos, para uma aventura de resgates (pessoais) cheia de ação, bruxaria e muita pancadaria pastelão/cartum.


Para quem assistiu à excelente franquia de
Shrek é praticamente impossível não reconhecer as inúmeras “referências” no traçado, na personalidade e até nos diálogos dos personagens de Sapatinho Vermelho e os Sete Anões àquela famosa animação que detonou os Contos de Fadas (principalmente nas versões disneyanas). Toda via das “coincidências”, no entanto, ainda que se destaquem mais as semelhanças do que as diferenças (inclusive em personagens secundários, como o príncipe Tantufuz), a animação sul-coreana tem os seus méritos e até ensaia alguma originalidade ao dar vida, por exemplo, ao pesadelo da disneyana Branca de Neve perdida na floresta.  Se no revolucionário desenho animado de 1937, em sua desesperadora rota de fuga, a delicada Branca de Neve se via sendo agarrada pelos apavorantes galhos das árvores, aqui, as árvores (troncos e madeiras) literalmente ganham vida, por conta das artimanhas de Regina. Mas nada a ver com o Barbárvore e os Ents de O Senhor dos Anéis..., a imaginação da bruxa não chega a tanto.

Ah, e por falar em “referências”, “homenagens” ou “citações” cinematográficas, é sempre bom lembrar, o que não falta no mercado de animações (pelo mundo) são produções similares. É claro, tudo pode não passar de mero acaso, já que um longa de animação leva cerca de três a cinco anos (dependendo da qualidade) para ser produzido e lançado.


Mas, não são apenas as “coincidências” entre a animação sul-coreana e a citada animação americana que têm chamado a atenção da crítica. Alguns críticos (e também cinéfilos) mais extremados, por causa da divulgação “controversa” (E se a Branca de Neve não fosse mais bonita e os 7 anões não tão baixos?) do filme em Cannes, em 2017, já acusaram os realizadores de promoverem a gordofobia, quando, na verdade, o que (realmente) se discute na trama é a autoaceitação. Embora Branca de Neve se ache maravilhosa naquele admirável corpo novo, ela gosta mesmo é do seu antigo rosto comum e do seu físico rechonchudo. Há. inclusive, uma sequência muito significativa, que não sei o quanto do subtexto será decifrado pelo público jovem, onde um simples beijo entre a bela e o feio, que deveria quebrar feitiços, aparentemente dá em nada. A magia não acontece como eles esperavam, pois, num embate entre autoaceitação e vaidade, a aparência física de cada um pode enganar os olhos, mas não a mente. Ao menos em tese e naquele momento de desvelações apaixonadas. Sim, eu sei, lembra aquela cena lá do...


Enfim, visando um entretenimento saudável para um público infantojuvenil, que parece não dar muita bola para as infindáveis repetições das histórias contadas no cinema, Sapatinho Vermelho e os Sete Anões apresenta uma narrativa ágil, divertida e irônica (A maçã é a fruta mais suspeita de todas.). Os personagens são simpáticos, a arte é excelente e a dose de humor satisfatória (algumas gags envolvendo os “anões” Merlin e Arthur são geniais). O roteiro cumpre o que promete e a direção de SungHo Hong surpreende. A impressão é a de que, este bom entretimento-família, com suas pertinentes mensagens edificantes, mesmo com seu clima pra lá de déjà vú, nasceu apostando em franquia. Ao menos é o que indica as cenas extras entre os créditos finais...


Joba Tridente: O primeiro filme vi (no cinema) aos 5 anos de idade. Os primeiros videodocumentários fiz em 1990. O primeiro curta-metragem (Cortejo), em 35mm, realizei em 2008. Voltei a fazer crítica em 2009. Já fui protagonista e coadjuvante de curtas. Mas nada se compara à "traumatizante" e divertida experiência de cientista-figurante (de última hora) no “centro tecnológico” do norte-americano Power Play (Jogo de Poder, 2003), de Joseph Zito, rodado aqui em Curitiba.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

21ª Retrospectiva do Cinema Brasileiro

 


21ª RETROSPECTIVA DO CINEMA BRASILEIRO

CineSesc: 10/12/2020 a 23/12/2020 

Enquanto o coronavírus vai fazendo vítimas o cinema vai fazendo festa gratuitamente nas plataformas online. Para alegria geral dos cinéfilos fãs de cinema brasileiro, estreou dia 10/12/2020 e vai até 23/12/2020 a 21ª Retrospectiva do Cinema Brasileiro, realizada pelo CineSesc, com a exibição de filmes lançados comercialmente entre os meses de novembro de 2019 e outubro de 2020, na cidade de São Paulo, como Alice JúniorDiz A Ela Que Me Viu ChorarMeu Amigo FelaNóis Por Nóis;  Vaga Carne, e uma mostra imperdível em homenagem ao  diretor Leon Hirzman. 

Desde sua primeira edição, no ano 2000, a Retrospectiva busca dar visibilidade à produção cinematográfica brasileira contemporânea por meio de um recorte que procura refletir a diversidade de estilos, vozes e linguagens. Este ano, em função da pandemia de coronavírus (covid-19), o CineSesc apresenta uma edição mais enxuta, exclusivamente online e gratuita na plataforma do Sesc Digital, onde serão exibidos 20 filmes, sendo 10 longas-metragens e 10curtas-metragens. Para assistir gratuitamente, basta acessar sescsp.org.br/cinemaemcasa.


Os destaques da Retrospectiva ficam por conta da ficção Alice Júnior, de Gil Baroni, que traz a história de uma garota trans cercada de liberdades e mimos. Depois de se mudar com o pai para uma pequena cidade onde a escola parece ter parado no tempo, a jovem precisa sobreviver ao ensino médio e ao preconceito para conquistar seu maior desejo: dar o primeiro beijo. O filme integrou a seleção da Mostra Generation, no Festival de Berlim 2020, recebeu os prêmios de Melhor Atriz para Anne Mota, no Festival de Brasília (Anne foi a primeira atriz trans a receber o prêmio), Melhor Filme Brasileiro e Melhor Filme da Mostra Geração, no Festival Internacional do Rio, além dos prêmios de Melhor Filme, Melhor Atuação e Menção Especial no Festival Mix Brasil de 2019. Classificação: 12 anos. 

Já no documentário Diz A Ela Que Me Viu Chorar, de Maíra Bühler, moradores de um hotel no centro de São Paulo vivem amores tumultuados por sua condição vulnerável. O edifício é parte de um programa municipal de redução de danos para usuários de crack prestes a ser extinto. Entre escadas circulares, quartos decorados, viagens de elevador e ao som das músicas do rádio, os personagens são atravessados por sentimentos de amor romântico e medo da perda. Vencedor do Prêmio da Crítica, no Festival Internacional de Cinema do Uruguai. Classificação: 16 anos. 


Outro documentário de destaque na retrospectiva é Sementes: Mulheres Pretas no Poder, dirigido por Éthel Oliveira e Júlia Mariano. Em resposta à execução de Marielle Franco, as eleições de 2018 se transformaram no maior levante político conduzido por mulheres negras que o Brasil já viu, com candidaturas em todos os estados. No Rio de Janeiro, Mônica Francisco, Rose Cipriano, Renata Souza, Jaqueline de Jesus, Tainá de Paula e Talíria Petrone se candidataram aos cargos de deputada estadual ou federal. O documentário acompanhou essas mulheres, em suas campanhas, mostrando que é possível uma nova forma de se fazer política no Brasil, transformando o luto em luta. Classificação: 14 anos. 

A programação engloba, ainda, os curtas-metragens Éramos em Bando, de Marcelo Castro, Pablo Lobato e Vinícius de Souza; Inabitável, de Matheus Farias e Enock Carvalho; , de Ana Flavia Cavalcanti e Julia Zakia; Perifericu, de Nay Mendl, Rosa Caldeira, Stheffany Fernanda e Vita Pereira. E pelo CineClubinho, o público poderá conferir a animação Os Under Undergrounds, O Começo, com direção de Nelson Botter Jr, que ficará disponível por sete dias. O longa conta a história de Heitor, que, após ser expulso de sua banda por não ser “cool” o bastante, cai em um bueiro e vai parar em uma cidade subterrânea muito diferente, onde encontra amigos leais e uma nova banda. Juntos, eles passarão por diversas aventuras e terão de lidar com as diferenças, superar fraquezas, resolver dramas pessoais e crises típicas da adolescência, que serão vencidas através da amizade e amor pela música. 

Além da produção recente, a Retrospectiva exibe ainda uma programação de núcleo histórico em homenagem ao diretor, produtor e roteirista Leon Hirszman. Um dos fundadores do CPC – Centro Popular de Cultura, da União Nacional dos Estudantes (UNE), onde realizou seu primeiro filme, o cineasta Leon Hirszman (1937 – 1987) foi um documentarista e autor de ficção expoente do Cinema Novo. Parceiro de Augusto Boal, Gianfrancesco Guarnieri e Oduvaldo Vianna Filho, ele recebeu o Leão de Ouro, no Festival de Veneza, pelo filme Eles não usam black-tie (1981), adaptação da peça de Gianfrancesco Guarnieri. A Retrospectiva Leon Hirszman acontece de 10 de dezembro de 2020 a 09 de fevereiro de 2021. Confira a programação completa abaixo ou acesse: sescsp.org.br/leonhirszman. 


 

PROGRAMAÇÃO

RETROSPECTIVA DO CINEMA BRASILEIRO

sescsp.org.br/cinemaemcasa

10/12/2020 a 16/12/2020

 


ALICE JÚNIOR

Brasil | 2019 | 87 min | 12 anos | Ficção

Direção: Gil Baroni

Alice Júnior é uma YouTuber trans cercada de liberdades e mimos. Depois de se mudar com o pai para uma pequena cidade onde a escola parece ter parado no tempo, a jovem precisa sobreviver ao ensino médio e ao preconceito para conquistar seu maior desejo: dar o primeiro beijo.

 


DIZ A ELA QUE ME VIU CHORAR

Brasil | 2019 | 83 min | 16 anos | Documentário

Direção: Maíra Bühler

Moradores de um hotel no centro de São Paulo vivem amores tumultuados por sua condição vulnerável. O edifício é parte de um programa municipal de redução de danos para usuários de crack prestes a ser extinto. Entre escadas circulares, quartos decorados, viagens de elevador e ao som das músicas do rádio, os personagens são atravessados por sentimentos de amor romântico e medo da perda. Diz A Ela Que Me Viu Chorar, retrata um grupo de pessoas reunidas por laços fortes em frágil abrigo.

 


ÉRAMOS EM BANDO

Brasil | 2020 | 54 min | 12 anos | Ficção

Direção: Marcelo Castro, Pablo Lobato e Vinícius de Souza

Impedidos de estrear seu 25º espetáculo por conta da pandemia de Covid-19, atrizes e atores do Grupo Galpão se lançam em uma primeira experiência artística no ambiente virtual. Um trabalho de resistência poética.

 


OS UNDER UNDERGROUNDS, O COMEÇO

Brasil | 2020 | 100 min | Livre | Animação

Direção: Nelson Botter Jr.

Heitor foi expulso de sua banda por não ser ‘cool’ o bastante. Magoado, se distrai na volta pra casa e cai num bueiro em obras indo parar em uma cidade subterrânea muito diferente. Nesse lugar, habitado por criaturas humanóides muito ‘esquisitas’ ele finalmente encontra o que buscava: amigos leais e, mais que isso, uma banda. Heitor se torna o novo guitarrista dos ‘The Under-Undergrounds’, uma bandinha de garagem que não liga para estereótipos devido ao amor que compartilham pela música. Juntos eles passarão por diversas aventuras e terão de lidar com as diferenças, superar fraquezas, resolver dramas pessoais e crises típicas da adolescência, que serão vencidas através da amizade e amor pela música. Como se já não bastasse tudo isso, ainda terão de ajudar Heitor voltar para casa!

 


SEMENTES: MULHERES PRETAS NO PODER

Brasil | 2020 | 105 min | 14 anos | Documentário

Direção: Éthel Oliveira, Júlia Mariano

Em resposta à execução de Marielle Franco, as eleições de 2018 se transformaram no maior levante político conduzido por mulheres negras que o Brasil já viu, com candidaturas em todos os estados. No Rio de Janeiro, Mônica Francisco, Rose Cipriano,

Renata Souza, Jaqueline de Jesus, Tainá de Paula e Talíria Petrone se candidataram aos cargos de deputada estadual ou federal. O documentário acompanhou essas mulheres, em suas campanhas, mostrando que é possível uma nova forma de se fazer política no Brasil, transformando o luto em luta.

 


INABITÁVEL

| Brasil | 2020 | 20 min | 12 anos | Ficção

Direção: Matheus Farias, Enock Carvalho

O mundo experimenta um fenômeno nunca antes visto. Marilene procura por sua filha Roberta, uma mulher trans que está desaparecida. Enquanto corre contra o tempo, ela descobre uma esperança para o futuro.

 


Brasil | 2019 | 16 min | 10 anos | Ficção

Direção: Ana Flavia Cavalcanti, Julia Zakia

Val e suas duas filhas vivem numa casa de 16 metros quadrados. Certa madrugada, mãe e filhas são subitamente acordadas com palmas e alguém chamando por Val no portão. A voz é de Neném Preto, amigo de Val e dono do mercadinho. No portão, Val ouve dele um estranho pedido: o de usar seu quintal para desovar uma exótica carga. Mãe de família, ela hesita, mas acaba cedendo.

 


PERIFERICU

Brasil | 2019 | 22 min | 16 anos | Ficção/Documentário

Direção: Nay Mendl, Rosa Caldeira,

Stheffany Fernanda e Vita Pereira

Luz e Denise cresceram em meio às adversidades de ser LGBT no extremo sul da cidade de São Paulo. Entre o vogue e as poesias, do louvor ao acesso à cidade. Os sonhos e incertezas da juventude inundam suas existências.

 


A MORTE BRANCA DO FEITICEIRO NEGRO

Brasil | 2020 | 11 min | 14 anos | Documentário

Direção: Rodrigo Ribeiro

Memórias do passado escravista brasileiro transbordam em paisagens etéreas e ruídos angustiantes. Através de um poético ensaio visual, uma reflexão sobre silenciamento e invisibilização do povo preto em diáspora, numa jornada íntima e sensorial. 

 

RETROSPECTIVA DO CINEMA BRASILEIRO

sescsp.org.br/cinemaemcasa

17/12/2020 a 23/12/2020

 


AZOUGUE NAZARÉ

Brasil | 2018 | 82 min | 14 anos | Ficção

Direção: Tiago Melo

Num imenso canavial que parece não ter fim, numa casa isolada, moram o casal Catita e Irmã Darlene. Catita esconde que participa do Maracatu. Darlene é fiel da igreja do Pastor Barachinha, um antigo mestre de maracatu convertido à religião evangélica, que se vê na missão de expulsar o demônio do Maracatu, evangelizando toda a cidade. Em meio ao canavial, um Pai de Santo pratica um ritual religioso com cinco caboclos de lança. Os caboclos ganham poderes, incorporam entidades e desaparecem. A cidade de Nazaré da Mata testemunha acontecimentos misteriosos.

 


MEU AMIGO FELA

Brasil | 2019 | 94 min | 14 anos | Documentário

Direção: Joel Zito Araújo

Uma nova perspectiva sobre o músico nigeriano Fela Kuti, a fim de contrapor a narrativa mais frequentemente retratada: como um excêntrico ídolo pop africano do gueto. No filme a complexidade da vida de Fela é desvendada através dos olhos e conversas de seu amigo íntimo e biógrafo oficial, o africano-cubano Carlos Moore.

 


NÓIS POR NÓIS

Brasil | 2018 | 96 min | 16 anos | Ficção

Direção: Aly Muritiba e Jandir Santin

O Baile rola solto. Enquanto o RAP ecoa das caixas de som, quatro amigos vagam pela pista com objetivos bem distintos. Mari só pensa no flow que possa levá-la para a final do Circuito de Rimas CWB, a batalha de MCs mais famosa da cidade. Japa se ocupa da venda dos produtos de Nando, que testa o garoto. Gui espera que o baile corra bem e que ao fim da festa possa voltar pra casa com o lucro da bilheteria. Ele precisa muito da grana. Já Café, bem, Café só quer curtir. O que eles não sabem é que seus destinos estarão selados para sempre após esta noite.

 


ROGÉRIA, SENHOR ASTOUFI BARROSO PINTO

Brasil | 2018 | 82 min | 14 anos | Documentário

Direção: Pedro Gui

A vida e a trajetória artística de Rogéria a partir da dualidade entre artista e personagem, entre Rogéria e Astolfo. Passando por todos os momentos da vida da transformista, o filme mescla dramatizações de etapas de sua vida – como o acidente que lhe feriu a cabeça – e depoimentos de artistas brasileiros, como Bety Faria, Jô Soares, Bibi Ferreira, Aguinaldo Silva, entre outros. Atual, provocante e sensível, o filme trata de temas bastante abordados no mundo de hoje, como questões de gênero, preconceito e afirmação de direitos no Brasil.

 


VAGA CARNE

Brasil | 2019 | 45 minutos | 16 anos | Ficção

Direção: Grace Passô e Ricardo Alves Jr.

Uma estranha voz toma posse do corpo de uma mulher. Juntos, a voz e o corpo procuram por pertencimento e por uma identidade própria enquanto questionam seus papéis dentro da sociedade. O filme é uma transcriação do espetáculo teatral da atriz e dramaturga Grace Passô.

 


MANAUS HOT CITY

| Brasil | 2020 | 13 min | 14 anos | Ficção

Direção: Rafael Ramos

Dois amigos se encontram para comer um bodó. A conversa entre eles percorre as cores e os cheiros das casas, cozinha no pavimento, no calor da cidade. Alguém fica e alguém parte.

 


MARIE

Brasil | 2019 | 25 min | 12 anos | Ficção

Direção: Leo Tabosa

Mário retorna ao sertão depois de 15 anos para enterrar o pai. Ele regressa para sua cidade natal como Marie, uma mulher trans. Lá, reencontra seu amigo de infância, Estevão, e com ele o seu passado.

 


PATTAKI

Brasil | 2019 | 21 min | 12 anos | Ficção

Direção: Everlane Moraes

Os peixes agonizam à beira-mar à medida que a água invade a cidade e forma espelhos que distorcem sua imagem. Na noite densa, quando a lua sobe a maré, esses seres, que vivem em uma vida diária monótona sem água, são hipnotizados pelos poderes de Iemanjá, a deusa do mar.

 


RECEITA DE CARANGUEJO

Brasil | 2020 | 20 min | 14 anos | Ficção

Direção: Thais Melo e Preta Ferreira

Após a morte do pai, Lari e sua mãe vão passar alguns dias na praia. Elas resolvem cozinhar caranguejos. E os bichos, aos poucos, transformam-se em seres luminosos.

 


REPÚBLICA

Brasil | 2020 | 16 min | Livre | Ficção

Direção: Grace Passô

Brasil, 2020. A pandemia evidencia a dimensão da necropolítica que opera no país e a sociedade vive uma crise ética em meio a um governo que é a exata expressão do poder colonialista.  República é um curta metragem realizado em casa, com estrutura caseira, durante o início da quarentena de 2020, no centro da cidade de São Paulo, Brasil.

 


TOPAWA

Brasil | 2019 | 8 minutos | Livre | Documentário

Direção: Kamikia Kisedje e Simone Giovine

As redes de tucum o primeiro contato com os brancos. As mulheres Parakanã tecem os fios da sua história.

 

 RETROSPECTIVA LEON HIRSZMAN

sescsp.org.br/leonhirszman

10/12/20 a 9/02/21

 


SÃO BERNARDO

Brasil | 1972 | Cor | 111 min | 10 anos | Ficção

Direção: Leon Hirszman

Baseado no romance de Graciliano Ramos e com trilha sonora de Caetano Veloso, o filme acompanha a trajetória de Paulo Honório, um modesto caixeiro-viajante que enriquece, valendo-se de métodos violentos, compra a fazenda São Bernardo e contrata casamento com Madalena, a esclarecida professora da cidade. O conflito se estabelece quando Madalena não aceita ser tratada como propriedade. Com atuações marcantes de Othon Bastos e Isabel Ribeiro, o filme, que estreou em 1972, tornou-se um clássico do cinema brasileiro, tendo recebido vários prêmios.

 


ELES NÃO USAM BLACK-TIE

Brasil | 1981 | Cor | 134 min | 14 anos | Ficção

Direção: Leon Hirszman

O filme debruça-se sobre as contradições e anseios da classe trabalhadora no final dos anos 1970. Tião, jovem operário, namora Maria. Quando toma conhecimento de que ela está grávida, resolve marcar o casamento. Mas as dificuldades financeiras do casal são imensas. Nisso eclode uma greve. Otávio, pai de Tião, líder sindical veterano, adere à greve mesmo contrariado com a decisão da categoria. O filho, indiferente à luta do pai e dos colegas, fura a greve. O conflito então explode no interior da família. Baseada em peça homônima de Gianfrancesco Guarnieri, o filma cativou o público e a crítica, e recebeu vários prêmios, entre os quais se destaca o Prêmio Especial do Júri do Festival de Veneza (1981).

 


CANTOS DE TRABALHO NO CAMPO

Entre 1974 e 1976, Leon Hirszman realizou três documentários produzidos pelo MEC sobre os cantos entoados pelos trabalhadores rurais nordestinos. Na trilogia há a documentação dos cantos de trabalho da cana-de-açúcar em Feira de Santana, dos plantadores de cacau em Itabuna, de mutirões em Chã Preta. “É uma espécie de partido-alto do campo, uma roda de samba no trabalho” – afirma o cineasta que confessadamente caminhava na trilha aberta por Humberto Mauro e Mário de Andrade no resgate dessa prática cultural em vias de extinção.

 


CANTOS DE TRABALHO NO CAMPO - MUTIRÃO

Brasil | 1975 | Cor | 12 min | 14 anos | Documentário

Direção: Leon Hirszman

Gravado na cidade de Chã Preta, em Alagoas, este episódio aborda a tradição do canto de trabalho coletivo no Brasil, onde influências indígenas se misturam a dos europeus e dos africanos. Gradativamente essa tradição cultural vem desaparecendo até mesmo nos meios rurais – onde sempre existiu.

 


CANTOS DE TRABALHO NO CAMPO - CACAU

Brasil | 1976 | Cor | 11 min | 14 anos | Documentário

Direção: Leon Hirszman

Filmado na região de Itabuna, Bahia, o documentário recolhe cantos e danças dos trabalhadores das roças de cacau, praticados nas atividades de extração e “pisa” da fruta.

 


CANTOS DE TRABALHO NO CAMPO - CANA-DE-AÇÚCAR

Brasil | 1976 | Cor | 10 min | 14 anos | Documentário

Direção: Leon Hirszman

Ao mesmo tempo em que transformam a natureza, certas atividades humanas, pelo seu caráter sazonal, criam manifestações culturais e artísticas muito particulares pela dimensão e ritmo que contêm. Leon Hirszman registra na região de Feira de Santana, Bahia, as cantorias dos trabalhadores da cultura da cana-de-acúcar.

 


ABC DA GREVE

Brasil | 1979-1990 | Cor | 89 min | 14 anos | Documentário

Direção: Leon Hirszman

Documentário sobre a primeira greve brasileira fora da fábrica. Cobrindo os acontecimentos na região do ABC paulista. O filme acompanha o movimento de 150 mil metalúrgicos em luta por melhores salários. Sem obter suas reivindicações, decidem-se pela greve, afrontando o governo militar. Este responde com uma intervenção no sindicato da categoria. O governo inicia uma grande operação de repressão. Sem opção para realizar suas assembleias, os trabalhadores são acolhidos pela Igreja. Passados 45 dias, patrões e empregados chegam a um acordo. Mas o movimento sindical nunca mais foi o mesmo.

 


PEDREIRA DE SÃO DIOGO

Brasil | 1962| P&B | 18 min | 14 anos | Ficção

Direção: Leon Hirszman

O primeiro filme de Leon é um dos episódios do longa-metragem Cinco vezes favela, realizado pelo CPC da União dos Estudantes, no início da década de 1960. O episódio acompanha o drama vivido pelos trabalhadores de uma pedreira carioca, diante da ordem de intensificar as explosões, o que poria em risco a população que habitava os barracos situados no alto do morro.

 


MEGALÓPOLIS

Brasil | 1973| Cor | 12 min | 14 anos | Documentário

Direção: Leon Hirszman

O documentário adota como referência histórica a cidade de Atenas, a megalópole grega que incorporou de 40 cidades em 370 a.c. Atualizando a questão, o filme discute o destino da região sudeste brasileira, que tem por centros Rio de Janeiro e São Paulo, e questiona: temos capacidade de produzir um projeto mais feliz para a humanidade?

 


ECOLOGIA

Brasil | 1973 | Cor | 13 min | 14 anos | Documentário

Direção: Leon Hirszman

Primeiro documentário a tratar do tema, realizado no início da década de 70, Ecologia denuncia os efeitos nefastos do crescimento industrial descontrolado sobre o meio ambiente. É uma vigorosa denúncia contra a exploração desenfreada dos recursos naturais e clama pela revisão dos padrões de comportamento para evitar que o mundo físico, doente, venha a perecer.

 


MAIORIA ABSOLUTA

Brasil | 1964 | P&B | 16 min | 14 anos | Documentário

Direção: Leon Hirszman

Filmado em som direto, o documentário retrata o cotidiano dos trabalhadores rurais analfabetos do Nordeste que vivem na extrema miséria. Incapazes de escrever são, no entanto, conscientes de sua condição e perfeitamente habilitados a propor as soluções que esperam para os seus problemas. O filme ficou proibido no Brasil até 1980, período em que foi exibido fora do Brasil.

 


NELSON CAVAQUINHO

Brasil | 1969 | P&B | 14 min | 14 anos | Documentário

Direção: Leon Hirszman

Esse filme foi realizado como um contraponto à “Garota de Ipanema”. Ao invés da Bossa Nova e da Zona Sul carioca, o interesse do cineasta volta-se para as raízes da música popular brasileira. O resultado é um belo e pungente registro do sambista em seu ambiente, conversando e tocando com amigos e vizinhos, em casa, no bar, no terreiro. Cenas da vida no subúrbio mesclam-se às memórias e improvisos, compondo um sensível panorama, ao mesmo tempo melancólico e alegre, do compositor e da vida à margem da sociedade.

 


POSFÁCIO: ENTREVISTA COM A DRA. NISE DA SILVEIRA

Brasil | 1983-1986| Cor | 60 min | Livre | Documentário

Direção: Leon Hirszman

Como parte do projeto que gerou a trilogia “Imagens do Inconsciente”, Leon Hirszman entrevista a psiquiatra Nise da Silveira, discípula de Carl Jung e fundadora do Museu de Imagens do Inconsciente.

 


IMAGENS DO INCONSCIENTE: FERNANDO DINIZ

 - EM BUSCA DO ESPAÇO COTIDIANO

Brasil | 1983-1986| Cor | 80 min | Livre | Documentário

Direção: Leon Hirszman

Este episódio tece considerações sobre o trabalho de Nise da Silveira à frente do Museu de Imagens do Inconsciente e o papel da atividade artística no tratamento dos pacientes. Em busca do espaço cotidiano, denuncia os limites da psiquiatria tradicional e a decadência dos lugares que acomodam os doentes. A partir daí, volta-se para o caso de Fernando Diniz, cujas pinturas funcionam como lugar de exposição de seus tormentos subjetivos.

 


IMAGENS DO INCONSCIENTE: ADELINA GOMES

- NO REINO DAS MÃES

Brasil | 1983-1986| Cor | 55 min | Livre | Documentário

Direção: Leon Hirszman

O episódio tem como principal personagem a paciente Adelina Gomes – moça pobre, filha de camponeses, internada num hospício no final dos anos 1930. Aos 18 anos, Adelina apaixonou-se por um rapaz, mas seu casamento foi proibido pela mãe. Em sinal de revolta, ela estrangula a gata de estimação da família e recebe o diagnóstico de esquizofrenia. Ao longo do filme, conhecemos as esculturas e pinturas feitas por Adelina no ateliê da Seção de Terapêutica Ocupacional do Centro Psiquiátrico Nacional, organizada por Nise da Silveira em 1946.

 


IMAGENS DO INCONSCIENTE: CARLOS PERTUIS

- A BARCA DO SOL

Brasil | 1983-1986| Cor | 70 min | Livre | Documentário

Direção: Leon Hirszman

O episódio mergulha no universo místico de Carlos Pertuis, filho de uma família de imigrantes franceses, internado aos 29 anos. Depois de enfrentar problemas pessoais como a morte do pai, ele certo dia vislumbrou uma imagem cósmica, a que deu o nome de “o planetário de Deus”. Foi encarcerado no hospital da Praia Vermelha, no Rio de Janeiro, e recebeu o diagnóstico de esquizofrenia. Em 1946, passou a frequentar o ateliê criado por Nise da Silveira, afeiçoando-se por ele como se fosse sua casa. Suas obras são marcadas pela presença de mandalas, sinais de suas tentativas de organizar o caos psíquico.


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