Clarita está com
Alzheimer. Laura não .
Laura não
é Clarita. Laura está Clarita. Está mais que
Clarita. Clarita está longe , onde não se chega são . Laura quer nos levar onde Clarita está. Mas
não alcançamos nem
uma e nem a outra .
Clarita, perdida em si
mesma , não
se traduz. Laura interpretando Clarita
nos apavora, gela .
Laura é a ficção
do real . Clarita é real .
Em Laura
o Alzheimer parece teatro . Em Clarita não .
Clarita, de Thereza Jessouroun, é um filme denso . Tenso . Porém , te
alcança, tangencia, mas não toca como devia. Como
se espera . Como
se deseja . Em
Clarita há o real
e o que quer
parecer real .
Mas não
é! Provocando no expectador um
estranho refluxo sentimental
de entrega e afastamento. Por que a ficção nos toca mais que a realidade ?
No seu Almanakito, a jornalista
Maria do Rosário ,
que esteve com
a cineasta após
o debate , escreve: “Numa conversa
que tivemos depois ,
Thereza fez críticas ao filme canadense, "Longe Dela"
(Sarah Polley), que eu
amo . Disse que
o que se vê
ali é romantizado perto
do que sofre uma pessoa ,
vítima de Alzheimer. Me deu informações
que eu
não tinha .
Mas , mesmo
assim , continuo amando o filme canadense.”
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