por Joba Tridente
Entre os Muros da Escola..., A Onda - 1
Uma Educação de Risco?
Assim como Entre os Muros da Escola, do cineasta francês Laurent Cantet, um desconfortável filme que trata da difícil relação dos professores com seus alunos, chega agora aos cinemas a nova versão de A Onda, do cineasta alemão Denis Gansel, também baseada numa experiência escolar cujo tema é a autocracia. Em ambos o que conta é a palavra (de ordem), a linguagem (de ordem) e a ordem em si.
Uma Educação de Risco?
Assim como Entre os Muros da Escola, do cineasta francês Laurent Cantet, um desconfortável filme que trata da difícil relação dos professores com seus alunos, chega agora aos cinemas a nova versão de A Onda, do cineasta alemão Denis Gansel, também baseada numa experiência escolar cujo tema é a autocracia. Em ambos o que conta é a palavra (de ordem), a linguagem (de ordem) e a ordem em si.
Quando se fala em cinema que traz o tema professores e salas de aula, todos lembram logo do cinema-clichê americano com seus tipos estereotipados e de final sempre feliz. O cinema americano tem uma infinidade de dramas e comédias viciosas do gênero, mas que não vão além do lugar comum. Mas o mundo do entretenimento cinematográfico não se resume apenas em cinema americano, temos exemplos belíssimos no cinema iraniano com: O Quadro Negro (da diretora Samira Makhmalbaf) e no asiático, com: Nenhum a Menos (do diretor chinês Zhang Yimou).
Entre os Muros da Escola (Entre les Murs, 2008, França), de Laurent Cantet, trouxe uma leitura diferente do tema e gerou (e ainda gera) muito debate desde o seu lançamento, no começo de 2009. Gostar ou não do assunto filme-escola é apenas um detalhe diante de uma história incapaz de deixar alguém indiferente. Entre os Muros da Escola mexe até com quem já deixou os bancos escolares. Muitos professores acham que ele traça um painel negativo da escola e dos professores. Outros se olharam no espelho.
Diariamente vemos e ou ouvimos relatos de professores em conflito com alunos adolescentes nos mais diversos pontos do país. Muitas situações são críticas e acabam em tragédia e vitimando cada dia mais professores. Nenhum curso prepara um professor para a realidade cada vez mais conturbada das salas de aula. Mesmo sendo um simples Oficineiro Cultural (arte-educador), já enfrentei situações incômodas e de temor, ao trabalhar com comunidades de risco social em favelas, centro de detenção (e correção) de menores..., mas sei que isso é nada diante da rotina dos abnegados professores brasileiros. Trabalhar apenas algumas semanas com alunos rebeldes é uma coisa, trabalhar todos os dias (sem conseguir se desconectar nem nas folgas) é outra.
Entre os Muros da Escola, tem como base o livro homônimo de François Bégaudeau, também protagonista do filme, como professor de francês de uma turma de alunos formada por imigrantes, ou filhos de imigrantes, nascidos na França, que continuam tão excluídos quanto os asiáticos, africanos, latinos. O grande problema enfrentado pelos professores é o da comunicação. Ao fazer o seu drama particular parecer bem maior do que é realmente, cada aluno contribui para que e a indisciplina na sala seja uma constante. Administrar a ação e a reação a algo proposto é um desafio que alguns professores não conseguem suportar. E tudo se resume numa palavra de ordem: linguagem.
Apesar de algum humor, Entre os Muros da Escola não é um filme leve. Ele traz ao expectador toda a tensão reprimida, já em ponto de ebulição, de alunos adolescentes que não conseguem enxergar uma perspectiva positiva em suas vidas estrangeiras ou ao menos se ver como cidadãos. Alunos que não compreendem (ou se negam a compreender) os fundamentos do ensino, a base da educação formal. Não acreditam na valorização do passado e na herança cultural, porque é o presente, mesmo que incerto, que bate na sua porta, ainda fechada. O que veem é um ensino ultrapassado e a cada dia mais longe da sua realidade. Não se dão conta da importância da língua na relação com o outro.
Entre Os Muros da Escola é uma ficção-documental, mas não é uma fábula ou uma metáfora sobre o ensino médio. Ao falar de relações humanas, autoridade (não autoritarismo), numa escola de ensino público, reflete e espalha luz para realidade da educação em todo o mundo, levantando questões que poucos se interessam ou sabem responder: Qual é o caminho para a educação escolar nos dias de hoje? Por que o ensino não satisfaz as necessidades profissionais e culturais dos alunos. As escolas estão formando cidadãos capazes ou meros repetidores de sinais? Qual a diferença entre o jovem de ontem e o de hoje?
Entre os Muros da Escola é um filme, no tamanho certo, para professores, pais e também alunos. Às vezes é delicado, sublime, ao tratar da desconfortável relação de todos eles entre todos eles (separados ou em grupo), e em outras é de uma crueza de arrepiar. Mas não é moralista e muito menos piegas. É uma obra simples e direta, estrelada por não-atores, onde Laurent Cantet nos oferece o buraco da fechadura da sala de aula e da sala dos professores, para que cada expectador tire as suas próprias conclusões.
Entre os Muros da Escola (Entre les Murs, 2008, França), de Laurent Cantet, trouxe uma leitura diferente do tema e gerou (e ainda gera) muito debate desde o seu lançamento, no começo de 2009. Gostar ou não do assunto filme-escola é apenas um detalhe diante de uma história incapaz de deixar alguém indiferente. Entre os Muros da Escola mexe até com quem já deixou os bancos escolares. Muitos professores acham que ele traça um painel negativo da escola e dos professores. Outros se olharam no espelho.
Diariamente vemos e ou ouvimos relatos de professores em conflito com alunos adolescentes nos mais diversos pontos do país. Muitas situações são críticas e acabam em tragédia e vitimando cada dia mais professores. Nenhum curso prepara um professor para a realidade cada vez mais conturbada das salas de aula. Mesmo sendo um simples Oficineiro Cultural (arte-educador), já enfrentei situações incômodas e de temor, ao trabalhar com comunidades de risco social em favelas, centro de detenção (e correção) de menores..., mas sei que isso é nada diante da rotina dos abnegados professores brasileiros. Trabalhar apenas algumas semanas com alunos rebeldes é uma coisa, trabalhar todos os dias (sem conseguir se desconectar nem nas folgas) é outra.
Entre os Muros da Escola, tem como base o livro homônimo de François Bégaudeau, também protagonista do filme, como professor de francês de uma turma de alunos formada por imigrantes, ou filhos de imigrantes, nascidos na França, que continuam tão excluídos quanto os asiáticos, africanos, latinos. O grande problema enfrentado pelos professores é o da comunicação. Ao fazer o seu drama particular parecer bem maior do que é realmente, cada aluno contribui para que e a indisciplina na sala seja uma constante. Administrar a ação e a reação a algo proposto é um desafio que alguns professores não conseguem suportar. E tudo se resume numa palavra de ordem: linguagem.
Apesar de algum humor, Entre os Muros da Escola não é um filme leve. Ele traz ao expectador toda a tensão reprimida, já em ponto de ebulição, de alunos adolescentes que não conseguem enxergar uma perspectiva positiva em suas vidas estrangeiras ou ao menos se ver como cidadãos. Alunos que não compreendem (ou se negam a compreender) os fundamentos do ensino, a base da educação formal. Não acreditam na valorização do passado e na herança cultural, porque é o presente, mesmo que incerto, que bate na sua porta, ainda fechada. O que veem é um ensino ultrapassado e a cada dia mais longe da sua realidade. Não se dão conta da importância da língua na relação com o outro.
Entre Os Muros da Escola é uma ficção-documental, mas não é uma fábula ou uma metáfora sobre o ensino médio. Ao falar de relações humanas, autoridade (não autoritarismo), numa escola de ensino público, reflete e espalha luz para realidade da educação em todo o mundo, levantando questões que poucos se interessam ou sabem responder: Qual é o caminho para a educação escolar nos dias de hoje? Por que o ensino não satisfaz as necessidades profissionais e culturais dos alunos. As escolas estão formando cidadãos capazes ou meros repetidores de sinais? Qual a diferença entre o jovem de ontem e o de hoje?
Entre os Muros da Escola é um filme, no tamanho certo, para professores, pais e também alunos. Às vezes é delicado, sublime, ao tratar da desconfortável relação de todos eles entre todos eles (separados ou em grupo), e em outras é de uma crueza de arrepiar. Mas não é moralista e muito menos piegas. É uma obra simples e direta, estrelada por não-atores, onde Laurent Cantet nos oferece o buraco da fechadura da sala de aula e da sala dos professores, para que cada expectador tire as suas próprias conclusões.
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