quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Crítica: Diário Proibido


por Joba Tridente

Há alguns anos, quando ainda militava pelos cadernos de cultura da imprensa brasiliense, escrevi um artigo em que dizia: Erotismo é tudo aquilo que excita a alma. Pornografia é tudo aquilo que excita o sexo. Ao ver Diário Proibido (Diario de una ninfómana), do diretor Christian Molina, não consegui encaixá-lo em nenhuma das definições. Onde encaixar então este filme que se sugere tabu e, no entanto, não roça e nem toca com profundidade e gosto a sexualidade feminina?

Diário Proibido, que nada tem de proibido, é baseado (ou seria reproduzido?) no best-seller de confidência (Diario de una ninfómana) de Valére Tasso. Não sei quanto profundo é o conteúdo do livro de memória sexual da autora e jamais saberei, mas se for tão “intenso” quanto o filme deve ser de dar sono e de se perguntar: e daí? E daí que ela usava objetos estranhos pra sentir prazer, se permitia ser violentada, se permitia ser humilhada em busca de prazer, desceu até o fundo do poço pra descobrir enfim que não tinha que dar satisfação da sua vida sexual a ninguém. Mas deu, publicando um livro onde expõe as tais “experiências”. E daí? Ao se tornar autora Valére buscava perdão, redenção ou reconhecimento público pela sua “coragem”?

Diário Proibido está longe de ser cinema, mesmo contando com presenças ilustres como a de Geraldine Chaplin, Leonardo Sbaraglia e da bonita atriz Belén Fabra, que interpreta Valére e, fisicamente, é muito parecida com ela. Pra se ter um bom filme é preciso ter uma boa história, o que não é o caso e, dependendo do tema (como esse, por exemplo) que suscite questionamentos, o que também não é o caso. Diário Proibido é, praticamente, a reunião cinematográfica de uma série de burocráticas situações sexuais vividas por Valére, filmadas sem nenhum charme ou desejo de sedução do espectador, intercaladas com uma conversa amena com a avó, sobre sexualidade, aqui, e outra sobre o desacerto com os amantes, ali. Na falta do que dizer é difícil salvar uma película que pensa poder chocar alguém, em pleno século 21, com sexo de clichê.

Pra falar de sexualidade, de sensualidade é preciso conhecer o gesto, a fala, o sussurro, o toque... É isso tudo e um pouco mais que faz de Vicky Cristina Barcelona, de Woody Allen, um dos filmes mais eróticos que vi nos últimos anos. Este arrepia até a alma.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...