segunda-feira, 30 de agosto de 2021

25º Florianópolis Audiovisual Mercosul - FAM

 

25º FESTIVAL INTERNACIONAL DE CINEMA FLORIANÓPOLIS AUDIOVISUAL MERCOSUL

23 a 29 de setembro de 2021

exibições online e gratuitas

links: textos em laranja 

É setembro no hemisfério sul e, ainda que os dias transbordem indistintamente as mágoas deixadas pelo coronavírus, a primavera chegará com suas cores e odores, conforme o combinado com a natureza, no dia 22..., e no dia seguinte será hora de conferir a programação do Festival Internacional de Cinema Florianópolis Audiovisual Mercosul que, entre os dias 23 e 29 de setembro de 2021, exibirá online e gratuitamente, através da plataforma de streaming Innsaei.tv, além debates, palestras e painéis, 50 filmes, de 12 países. Confira alguns destaques da celebração dos 25 anos do FAM. 

Pela primeira vez em 25 anos, o Festival Internacional de Cinema Florianópolis Audiovisual Mercosul trouxe já nas inscrições um tema: Reflexão. As mostras competitivas, convidadas, debates, palestras e painéis permeiam a temática e fortalecem a união da identidade cultural da América Latina, respeitando as diferenças. 

A abertura acontece na quinta-feira, dia 23 de setembro de 2021, às 17h, com transmissão pelo canal do Youtube do FAM, e terá um grande encontro sobre o tema Reflexão, com a sócia-diretora da Raiz Distribuidora Audiovisual, a produtora brasileira Assunção Hernandes e o ator argentino Jorge Román. O documentário catarinense Quem precisa de identidade?, dirigido por Kátia Klock, é o convidado para a abertura do FAM.

 


PROGRAMAÇÃO

clique nos links em laranja para detalhes

Serão exibidos 50 filmes, de 12 países: um filme por sessão. As sessões estarão disponíveis sempre às 18h, na plataforma de streaming Innsaei.tv, que pode ser acessada pelo computador, tablet, SmartTV ou no celular. Os filmes ficam disponíveis por 24 horas, possuem limite de 300 acessos na sala de cinema virtual, geoblocking para a América do Sul e o público pode votar ao fim de cada filme, assim escolhendo as produções que levam o troféu Panvision "Júri Popular".

De 23 a 29 de setembro de 2021, sempre ao meio-dia, no Instagram do FAM haverá uma live com convidados especiais. De 24 a 28 de setembro de 2021, a partir das 19h, e no dia 29, às 17h, no canal do Youtube do FAM, debates com realizadores. A Cerimônia de Premiação e Encerramento do 25º Florianópolis Audiovisual Mercosul será no dia 29/09/2021, às 20h, com transmissão pelo Youtube do FAM.

Logo após o encerramento, entra no ar, por 24 horas, a Maratona FAM 25 anos, com os filmes que ainda não atingiram o limite de 300 acessos. Será possível acessar até às 18h do dia 30 de setembro de 2021.



O 5º Encontro de Coprodução do Mercosul - ECM+LAB, com 31 Players confirmados, já começou as atividades, no dia 20 de agosto de 2021, com o Laboratório de Projetos. Segue durante todo o mês de setembro e tem sua abertura oficial na sexta-feira (24/09/2021) às 10h, com a presidente executiva da APRO, Marianna Souza, e o presidente da BRAVI e conselheiro do ECM, Mauro Garcia, seguida da Palestra Objetiva Empreendedorismo em Foco, com Ricardo Tiezzi, sobre Roteiro e Novas Narrativas Digitais. Às 17h haverá o Painel Animação com Paulo Munhoz (Tecnokena), Gabriel Garcia e Pato Escala (Los Amigos), com mediação de Aline Belli (Belli Studios).

Na segunda-feira (27/09/2021), às 17h o Painel Venha filmar em Santa Catarina, com Cesar Carvalho (Plataforma SC Film Commission), Aline Belli (presidente Santacine), Vini de Lucca (Floripa Film Commission), representante da Santur, com mediação de João Roni (Ocean Films).

Na terça-feira (28/09/2021), a partir das 9h30, a Palestra Objetiva Empreendedorismo em Foco vai tratar sobre Legislação VOD, com Débora Ivanov. A partir das 11h30, o Painel Streaming 01 será com Fabricio Proti (vice-presidente sênior de Ad Sales para AVOD & Pay TV na América Latina da ViacomCBS), Gustavo Castro (chefe de Conteúdo Telefónica Hispan), Mireia Ramon (gerente de Desenvolvimento de Negócios LatAm - Telefónica Hispan) e representante da Globoplay.

Na parte da tarde, o Painel “Streaming 02, a partir das 17h, será com Deydrid Kaefer (Box Brazil Play), Juliana Brito (Belas Artes À La Carte) e Yenny Alexandra Chaverra Gallego (coordenadora Retina Latina).

Na quarta-feira (29/09/2021), às 10h, inicia o Painel Film Commission - Film Friendly - Green Film, com Daniel Celli (consultor), Ana Aizenberg (Film Commission Argentina/ INCAA), Luz Molina (area de Projetos de Promálaga - Espanha) e representante do Show Me the Fund - Fundos Verdes.

O 5º Encontro de Coprodução do Mercosul também conta com pitchings, reuniões one to one entre realizadores e players, speed pitching, encontro com produtores e a Mostra Work in Progress, de filmes ainda em desenvolvimento.



Competitiva desde 2019, sempre muito esperada pelo público. Abrindo a Mostra na quinta-feira, dia 23/09/2021, o impactante Matar a Pinochet, direção de Juan Ignacio Sabatini, estreia nacional, não deixa esquecermos o passado da ditadura no Chile. No sábado, 25.09.2021, será a estreia mundial do filme catarinense Achados Não Procurados, obra-prima da diretora Fabi Penna. Na segunda-feira, 27.09.2021, a comédia La Teoría de los Vidrios Rotos, de Diego Parker Fernández, reflete sobre a natureza humana em uma pequena cidade.

 


Pedido de público e realizadores, esta mostra competitiva é sempre uma imersão na diversidade, poética e reflexão de nossos tempos e territórios. Na sexta-feira, 24/09/2021, acompanhamos o cinema e a ditadura colombiana, na estreia nacional do El Film Justifica Los Medios, direção de Jacobo Del Castillo, que volta ao FAM finalizado. A produção foi exibida em 2019 na Mostra WIP. No domingo, 26.09.2021, outra estreia, as crenças e mistérios na Amazônia equatoriana no filme Iwianch, el Diablo Venado, direção de José Cardoso. E na terça-feira, 28/09/2021, todo o afeto de uma relação que tem sua história confundida com a própria memória do audiovisual latino-americano em O amor dentro da câmera, de Jamille Fortunato e Lara Beck Belov.

 


Este é o terceiro ano da Mostra WIP no FAM, com filmes que estão em pós-produção. Com recorde de inscritos, foram selecionados quatro documentários e duas ficções que fazem parte do ECM+LAB e poderão ser assistidos pelos participantes. As exibições começam no sábado, 25.09.2021, e seguem até terça, 28.09.2021, com diversidade de países e temas frequentes neste último ano, como relação familiar, solidão, perda, amizades, distanciamento e um documentário sobre a banda mais reconhecida de cumbia amazônica.

 


Este ano a mostra competitiva, nunca antes tão internacional, irá apresentar nove filmes indicados por festivais ou instituições aliados de cada um dos países do Mercosul e ainda um filme brasileiro, completando 10 produções. São grandes revelações e filmes premiados que serão exibidos na robusta programação, começando, no dia 23/09/2021, com o curta brasileiro Quantos mais?, direção de Lucas de Jesus.

Na sexta, 24/09/2021, serão exibidas as produções A E I Peru, de Mariana Alejandra Flores Tuesta e Todo Tembló un Poco, direção de Lucía Martínez Aguiar. No sábado, 25/09/2021, é a vez de La Vendedora de Lírios, dirigido por Igor Galuk e 1959, direção de Daniel Gómez Prieto. No domingo, 26/09/2021, a exibição de Extranjeros, de Fernando Arze Echalar e El Río, dirigido por Angeluz Parra. Na segunda, 27/09/2021, é o dia de Bestia, direção de Hugo Covarrubias e de El Intronauta, direção de Jose Arboleda. Na terça-feira, 28/09/2021, o encerramento da mostra com El Dedo de Johnny Apunta Hacia Mi, direção de Andrés Cornejo.

 


A mostra completa 10 anos na programação do festival e continua revelando talentos catarinenses. Este ano serão exibidos cinco filmes em première. 

Abre a Mostra na sexta-feira, 24/09/2021, a animação A Árvore de Alfajor, direção de Marcela Soares. No sábado, 25/09/2021, será exibido Les Petits Rats, ficção, direção de Bruna Boita Meoti. No domingo, 26/09/2021, o documentário Entrando no País das Maravilhas, direção de François Muleka. Na segunda, 27/09/2021, Espelho Espelho Meu, documentário dirigido por Laura Bassani. Encerrado na terça, 28/09/2021, com o filme experimental eth_OS, direção de Victor Galles.

 


A mostra mais concorrida do ano permite transitar em diversos mundos, entre histórias de amor, depressão, lutas sociais, representação e muita arte nos mais diferentes ritmos e melodias.

Abre a programação na quinta-feira, 23/09/2021, o videoclipe Tirem as Cercas - Regiane Araújo Part. Núbia e Débora Melo, direção de Thais Lima. Na sexta, 24/09/2021, o Sinal Fechado - Getúlio Abelha, direção de Lucas Sá. No sábado, 25/09/2021, o Rolowood - El Venue, direção de Carla Melo. Domingo, 26/09/2021, é a vez do Chapadô - Lutty part. Jeffy e The Bochados, direção de Guilherme Jardim e Samuel Fávero. Na segunda 27/09/2021, o Breathe - Francesco Santalucia, direção de Fernando Haddad e Larissa Korolkovas. A mostra encerra na terça, 28/09/2021, com Joven Consciente - Ha'e Kuera Ñande Kuera, direção de Fernando Paul Wheden.

 


Uma mostra para assistir com as crianças e os jovens. Temas como esperança, amizade, bullying, lendas da Amazônia, descobertas e aquecimento global estão entre os assuntos em foco dos seis filmes selecionados que serão exibidos de 25/09 a 28/09/2021.

 


Os curtas vencedores da Maratona Cinematográfica do FAM em que 25 estudantes de todo o Mercosul produzem em 100 horas contínuas um filme agora vão ter voto popular. Relações familiares, crítica social e o videoclipe realizado no ano passado com a equipe trabalhando remotamente são retratados aqui. A Mostra é competitiva e entra na programação de 25/09 a 28/09/2021.

No domingo, 26/09/2021, no canal do Youtube, será realizado, a partir das 17h, o encontro Rally Universitário: coprodução de raiz com ex-participantes da atividade e será mediado por Alejandro Fuentes (Fenavid).

 


Mostra Convidada Animação, com curadoria de Paulo Munhoz, apresenta uma pequena demonstração de formatos, técnicas, e narrativas de filmes de animação, em seis exibições, nos dias 23 e 24 de setembro de 2021.

 

QUMA Y LAS BESTIAS

direção Ivan Stur, Javier I. Luna Crook

Argentina | 2019 | 11 min


AS NOVAS AVENTURAS DO KAISER

direção Marcos Magalhães

Brasil | 2020 | 11 min


ALMIRANTE NEGRO

direção Anderson Cruz

Brasil, Portugal | 2020 | 05 min


A PIRATE’S HEART

direção Alexander Radcenco, Angel Gomez , Pedro Fernandez

Uruguai | 2019 | 03 min


IÑEPYRUME: MITOLOGÌA GUARANÍ

direção Nicolás Cantero

Paraguai | 2020 | 08 min


GIRASOL

direção María Victoria Sánches Lara

Venezuela | 2019 | 09 min

 

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quarta-feira, 25 de agosto de 2021

Crítica: Gangue de Ladras


 Cine Clube Italiano

GANGUE  DE  LADRAS

27/08/2021 a 02/09/2021

online e gratuitamente

(links: texto em laranja)

 

A quarta edição do Cine Clube Italiano exibirá, online e gratuitamente, entre os dias 27 de agosto e 02 de setembro de 2021, para assinantes e não assinantes do streaming À LA CARTE, em parceria com o Instituto Italiano de Cultura de São Paulo, o filme GANGUE DE LADRAS (Brave Ragazze/Boas Meninas, 2019), de Michela Andreozzi (Nove lune e mezza, 2017). No dia 1º de setembro de 2021, às 18h30, acontece no canal do YouTube do À LA CARTE, um imperdível Bate-Papo, com Luiz Zanin e Leo Mendes, sobre o filme.

 


GANGUE DE LADRAS

por Joba Tridente

A “sutileza” apelativa do título brasileiro Gangue de Ladras (que já vem com spoiler) é tanta que a gente tem de tomar cuidado (com a redundância) para não desvelar ainda mais a trama inspirada em um fato de grande repercussão, ocorrido em Avignon, na França, entre 1989 e 1992, envolvendo cinco garotas (mães solteiras) em assaltos a banco. Migrando a ação para a comuna Gaeta, de 1981, a atriz, roteirista e diretora Michela Andreozzi, em colaboração com Alberto Manni, traz para o cenário italiano a história de quatro amigas (as Boas Meninas do título original Brave Ragazze) que decidem resolver seus problemas, com a falta de dinheiro, se disfarçando de homem para assaltar o banco local. 

Sobre o passado das quatro amigas sabe-se nada, mas, nos dias presentes, a situação econômica delas se equivale: Anna (Ambra Angiolini) é mãe solteira de um casal de filhos, está desempregada e mora com a mãe Lucia (Stefania Sandrelli), porteira de um edifício; Maria (Serena Rossi) é uma mulher carola, casada com o truculento caminhoneiro Giuseppe (Massimiliano Vado) e vive com o dinheiro contado deixado por ele antes de sair para algum frete; Chicca (Ilenia Pastorelli) e Caterina (Silvia D’Amico) são irmãs e ambas estão desempregadas. 

Todas têm os sonhos frustrados pela falta de grana. Assim, quando pinta a ideia do assalto, para resolver seus problemas (mais) imediatos, elas embarcam na aventura, acreditando que, uma vez mulheres e “invisíveis” aos olhos masculinos, jamais serão suspeitas do crime se estiverem disfarçadas de homens “másculos”. Mas, será que realmente vão passar despercebidas aos olhos dos broncos Comissário Morandi (Luca Argentero) e sua assistente Franca (Michela Andreozzi)? Bem, vai depender de como elas vão gastar o dinheiro roubado e o que farão se a grana acabar, quando menos esperarem..., deixando cada uma novamente à margem da sociedade (capitalista)


Gangue de Ladras é classificado como comédia (ainda que soe mais como melodrama leve, com pitadas românticas e sugestão de violência doméstica) e deve agradar ao público menos exigentes do gênero..., mais precisamente as mulheres, uma vez que foca (meio às avessas) a questão do empoderamento feminino (vigente nos cinemas): mulheres “espertas” e homens “idiotas”. Pela intenção cômica, as “cenas de ação” ficam a desejar e seus personagens não vão além da mera caricatura. Ou será que existem (realmente) além da ficção? Quanto aos clichês absurdos que acompanham os desejos inacreditáveis de cada mulher (para assaltar o banco), os diálogos banais e a ingenuidade vistosa, na busca forçada do humor, parecem subestimar a inteligência do espectador. 

Enfim, com seu enredo simplório, narrativa linear (sem reviravoltas mirabolantes) e conceito amoral (o público é quem julga os atos do improvável quarteto), Gangue de Ladras pode ser aquele filme escapista ideal para uma diversão ligeira em tempos de más notícias em todo o mundo...

 

NOTA: As considerações acima são pessoais e, portanto, podem não refletir a opinião geral dos espectadores e cinéfilos de carteirinha. 

Joba Tridente: O primeiro filme vi (no cinema) aos 5 anos de idade. Os primeiros videodocumentários fiz em 1990. O primeiro curta-metragem (Cortejo), em 35mm, realizei em 2008. Voltei a fazer crítica em 2009. Já fui protagonista e coadjuvante de curtas. Mas nada se compara à "traumatizante" e divertida experiência de cientista-figurante (de última hora) no “centro tecnológico” do norte-americano Power Play (Jogo de Poder, 2003), de Joseph Zito, rodado aqui em Curitiba.


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Gangue de Ladras

bate-papo ao vivo 

Na quarta-feira, 1º de setembro de 2021, às 18h30, no canal do YouTube do À LA CARTE, acompanhe o imperdível bate-papo, ao vivo, sobre o filme Gangue de Ladras, com Luiz Zanin¹, jornalista e crítico de cinema,  e Léo Mendes², gerente de inteligência do Belas Artes Grupo. 

¹. Luiz Fernando Zanin Oricchio (Luiz Zanin) é crítico de cinema do jornal O Estado de S. Paulo e comentarista na Rede TVT (TV dos Trabalhadores). Presidiu a Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema (2011-2015). Editor do suplemento Cultura, do jornal O Estado de S. Paulo (2000-2009). Colunista do jornal O Estado de S. Paulo (2004-2015). Formado em Psicologia (USP), com pós-graduação em Psicologia Clínica (USP). Jurado internacional dos Prêmios Platino do Cinema Ibero-americano. Autor dos livros Cinema de  Novo  –  Um Balanço  Crítico da Retomada,  pela Editora Estação Liberdade (2003), Guilherme de Almeida Prado - um Cineasta Cinéfilo (Imprensa Oficial, 2005) e Fome de Bola – Futebol e Cinema no Brasil (Imprensa Oficial, 2006), além de participação com capítulos e ensaios em diversas obras coletivas. 

². Léo Mendes iniciou sua experiência cinematográfica como gerente e assistente de programação no extinto Cineclube Oscarito, em São Paulo, de 1989 a 1991, passando a trabalhar na distribuidora independente Pandora Filmes, ainda em 1991, onde permanece até hoje como consultor de aquisições internacionais. Paralelamente, atuou como programador da sala de cinema do Esporte Clube Banespa, de 2002 a 2003; em outubro de 2017, assinou a curadoria da Mostra Incuráveis, dedicada a filmes com temática LGBT no cinema Belas Artes; foi curador da exposição itinerante de cartazes cinematográficos intitulada Um Século de Cinema em Cartaz – De 1915 a 2015, que foi vista de 01 de agosto a 31 de outubro entre as estações Luz, Paulista e Fradique Coutinho do Metrô de São Paulo e atua como programador do Noitão Belas Artes desde 2004.

 

Cine Clube Italiano

O Cine Clube italiano é uma programação realizada pelo streaming de filmes À La Carte e o Instituto Italiano de Cultura de São Paulo. De maio a novembro de 2021 serão realizadas sete edições mensais que trarão filmes italianos recém-lançados e inéditos no circuito comercial brasileiro que serão seguidos de uma programação especial. Os filmes terão acesso gratuito por uma semana no À LA CARTE e as programações acontecerão no canal do YouTube do streaming. 

Para as próximas edições estão programados os filmes O Último Prosecco/Finche Prosecco; O Grande Espírito/Il Grande Spirito e Duas Famílias/I Predatori.

 

O Instituto Italiano de Cultura de São Paulo (ou Istituto Italiano di Cultura di San Paolo) é um órgão oficial do Governo Italiano. Foi fundado em 1950 e se dedica a promover a cultura e a língua italiana, além de enriquecer o panorama cultural em sua área de ação com iniciativas voltadas à cooperação ítalo-brasileira neste setor. Localizado em um histórico casarão no bairro de Higienópolis, o Instituto promove concertos, exposições, sessões de cinema, palestras e encontros, e possui uma biblioteca com mais de 23 mil títulos, a maioria em língua italiana, disponíveis para o público. O Instituto é também fonte de informações sobre o país, cursos de língua italiana ministrados na Itália e bolsas de estudo outorgadas pelo Governo Italiano. 

À LA CARTE é um streaming (por assinatura) de filmes pensado para quem ama cinema de verdade. Seu catálogo, que já conta com cerca de 400 títulos, e inclui filmes de todos os cantos do mundo e de todas as épocas: contemporâneos, clássicos, cults, obras de grandes diretores, super  premiados e principalmente aqueles que merecem ser revistos e que tocam o coração dos cinéfilos. Além de pelo menos quatro novos filmes que entram semanalmente no catálogo, há também a possibilidade do aluguel unitário, que são os Super Lançamentos: um espaço para filmes que estreiam antes dos cinemas; simultâneos ao cinema; filmes inéditos no Brasil, entre outras modalidades. Outro diferencial são as mostras de cinema, recentemente o À LA CARTE trouxe especiais dedicados à cinematografia francesa, italiana, coreana, espanhola, britânica e suíça. O À LA CARTE foi criado no final de 2019 e integra o Belas Artes Grupo, que inclui também a Pandora Filmes e o Cine Petra Belas Artes, um dos mais tradicionais e queridos cinemas de rua de São Paulo.


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PROGRAMAÇÃO DO À LA CARTE

A programação do Belas Artes À La Carte traz cinco novos filmes que passam a integrar o catálogo do streaming (por assinatura). Na quinta-feira, 26 de agosto de 2021, chegam os longas Esse mundo é dos loucos (1966), uma sátira anti-guerra e anti-militarismo dirigido por Philippe de Broca; O lado bom da vida (2012), filme bem-humorado, com Bradley Cooper e Jennifer Lawrence, sobre pacientes psiquiátricos e que foi indicado ao Oscar em oito categorias, garantindo a Jennifer Lawrence o de Melhor Atriz; o drama Fonte da vida (2006), terceiro longa de Darren Aronofsky, após os aclamados Pi e Réquiem para um sonho, estrelado por Hugh Jackman e Rachel Weisz; O destino bate à sua porta, clássico noir de 1946, dirigido por Tay Garnett, com roteiro baseado no romance de James M. Cain; e para fechar Os senhores da terra (1970) filme escrito, produzido e dirigido por Paulo Thiago que também compôs as letras da trilha musical, com canções interpretadas por Maria Lúcia Godoy, Guttemberg Guarabyra e Gonzaguinha. Confira abaixo as sinopses dos filmes:

 


ESSE MUNDO É DOS LOUCOS 

(King of Hearts)

França, 1966, Comédia, 102 min, 14 anos

Direção: Philippe de Broca

Elenco: Jacques Balutin, Alan Bates, Daniel Boulanger,

Pierre Brasseur, Jean-Claude Brialy, Geneviève Bujold

Sinopse: Uma pequena cidade francesa é ameaçada pela explosão de bombas implantadas por alemães, durante a Primeira Guerra Mundial. Para salvar os seus habitantes, o soldado Charles Plumpick (Alan Bates) é convocado para desarmar as bombas da cidade antes que elas explodam e destruam todo o entorno. Ao chegar no local, todos os habitantes já haviam fugido e os únicos que se encontravam na cidade eram os pacientes de um hospício, que fugiram e andavam pelas ruas vestidos com fantasias. Plumpick começa a conviver com eles e se apaixona por uma bela moça chamada Coquelicot (Geneviève Bujold).

Curiosidades: Em uma das primeiras cenas do filme, o diretor Philippe de Broca interpreta um soldado chamado "Adolf", que usa um bigode igual ao de Hitler. O diretor e roteirista francês Philippe de Broca foi indicado ao Oscar 1965 de Melhor Roteiro por "O Homem do Rio". O ator protagonista, o inglês Alan Bates, foi indicado ao Oscar 1969 de Melhor Ator por "O Homem de Kiev", de John Frankenheimer.

 


O DESTINO BATE À SUA PORTA

(The Postman Always Rings Twice)

EUA, 1946, Crime, 113 min, 12 anos

Direção: Tay Garnett

Elenco: Lana Turner, John Garfield, Cecil Kellaway, Hume Cronyn

Sinopse: Uma mulher casada e um vagabundo se apaixonam e depois planejam assassinar seu marido.

Curiosidades: Parte do público da década de 1940 ficou chocado ao perceber que John Garfield usa a língua em uma de suas cenas de beijo com Lana Turner. O trabalho de adaptação do romance demorou 12 anos, até que o seu conteúdo original – considerado demasiadamente explícito pelos padrões de 1940 –, ficasse velado o suficiente para cumprir o Código de Produção vigente na época. O escritor James M. Cain, autor do romance no qual o roteiro se baseou, ficou tão impressionado com o desempenho de Lana Turner que a presenteou com uma cópia do livro encapada em couro, com a inscrição: "Para minha querida Lana, obrigado por dar uma performance que foi ainda melhor do que eu esperava".

 


O LADO BOM DA VIDA

(Silver Linings Playbook)

EUA, 2012, Comédia, 122min, 14 anos

Direção: David O. Russell

Elenco: Bradley Cooper, Jennifer Lawrence, Robert De Niro

Sinopse: Depois de uma fase difícil de sua vida, Pat Solitano Jr. está disposto a seguir em frente e reconquistar sua ex-mulher. Através de amigos, ele conhece Tiffany, que lhe promete ajuda na tarefa da reconquista. Uma inesperada ligação começa a uni-los.

Curiosidades: Indicado ao Oscar 2013 em 8 categorias, o filme venceu uma delas, o de Melhor Atriz para Jennifer Lawrence. Robert De Niro chorou de verdade na cena em que ele diz ao personagem de Bradley Cooper que desejava estar mais perto dele, um detalhe que não estava no roteiro. Bradley Cooper e Jennifer Lawrence passaram várias semanas praticando dança de salão com a coreógrafa Mandy Moore.

 


FONTE DA VIDA 

(The Fountain)

Canadá | EUA, 2006, Drama, 97 min, 14 anos

Direção: Darren Aronofsky

Elenco: Hugh Jackman, Rachel Weisz, Sean Patrick Thomas

Sinopse: Como um cientista moderno, Tommy está lutando contra a mortalidade, procurando desesperadamente pela descoberta médica que salvará a vida de sua esposa, Izzi, acometida de câncer.

Curiosidades: Para se preparar para o seu papel, Rachel Weisz leu livros e diários sobre pessoas com doenças terminais e visitou hospitais para ver pessoas nessa situação. Hugh Jackman, protagonista do filme, recomendou que Darren Aronofsky escalasse Rachel Weisz para o principal papel feminino, mas como o diretor e a atriz estavam em um relacionamento na época, Aronofsky não queria dar favoritismo a ela, porém, a recomendação sincera de Jackman acabou por convencê-lo. Darren Aronofsky não raspou a barba até que a produção fosse concluída, uma tradição que ele começou durante as filmagens de "Pi" (1998).

 


OS SENHORES DA TERRA

Brasil, 1970, Drama, 93 min, 16 anos

Direção: Paulo Thiago

Elenco: Rodolfo Arena, Milton Moraes, Paulo Villaça

Sinopse: O famoso jagunço Judas é contratado para vingar a morte do prefeito de uma cidadezinha de Minas Gerais, mas nem tudo sai conforme os planos e ele acaba se apaixonando pela filha do coronel que precisa assassinar. A polícia se esforça para fazer um conchavo com os envolvidos, mas a chegada do sobrinho do coronel, um engenheiro que planeja a construção de uma represa em Degredo, faz todos os planos serem reavaliados.

Curiosidades: Filme escrito, produzido e dirigido por Paulo Thiago que também compôs as letras da trilha musical, com canções interpretadas por Maria Lúcia Godoy, Guttemberg Guarabyra e Luís Gonzaga Jr., o Gonzaguinha. O filme teve como locação a cidade mineira de Aimorés, no vale do Rio Doce, terra natal do seu diretor, Paulo Thiago. Contada de forma alegórica, a trama do longa foi inspirada em acontecimentos reais, entre eles o do coronel Bimbim que recebeu a polícia a bala, em 1958, após ser acusado da morte de um prefeito.


segunda-feira, 23 de agosto de 2021

Crítica: Homem Onça

 


HOMEM ONÇA

por Joba Tridente 

Na década de 1990 a palavra da moda, na economia, era reengenharia. Uma década antes fora yuppie e/ou jovens executivos de sucesso trajando terno preto e ostentando cabelo curto bem cortado. A distinção dos executivos (exibicionistas) ainda repercutia na década seguinte, quando o caos se instalou, principalmente na administração privada, com a implementação da “engenhosa” estratégia de (enxugamento na) gestão de negócios, criada pelos gurus americanos da administração Michael Hammer e James Champy..., gerando insegurança e desespero no mercado de trabalho, com demissões em massa e levando alguns desempregados e empresários, que embarcaram na canoa furada da reengenharia, ao suicídio. 


É num desses fatídicos palcos dos anos 1990 que encontramos Pedro (Chico Diaz), gerente de projetos sustentáveis da estatal Gás do Brasil. Na euforia das privatizações a empresa vira Gás Brax e, ao adequar-se aos ganhos futuros da reengenharia, a nova diretoria coloca o gerente, recém-premiado internacionalmente, em uma saia justa com seus dedicados subordinados, pois será obrigado a decidir quem será demitido. Estressado com a situação, Pedro, que é casado com Sônia (Silvia Buarque) e pai da adolescente Rosa (Valentina Herszage), começa a sentir, literalmente na própria pele (com o desenvolvimento do vitiligo), a tensão do ambiente de trabalho. Vitimado também pela nova engrenagem empresarial e se vendo obrigado a antecipar a aposentadoria, o inconformado Pedro espera (ao menos) viver com a sua família, em Barbosa, um bucólico recanto interiorano da sua infância cercado por floresta..., mas, quem acaba lhe fazendo companhia, naquele lugar paradisíaco, é Lola (Bianca Byington), uma nova companheira. 


A partir deste gancho triplo, que sustem os temas privatização, reengenharia e aposentadoria, num Brasil em ebulição, o diretor Vinícius Reis (Praça Saens Peña, Noites de Reis), cujo roteiro escreveu em parceria com Flávia Castro e Felipe Barbosa, consegue a façanha de driblar, com perspicácia, um tema espinhoso que tem todos os ingredientes para soar enfadonho, bifurcando a narrativa do Homem Onça entre o presente (funcional) e o futuro (eufórico) de Pedro. Esse providencial ir e vir, entre as inquietações trabalhistas e as realizações pessoais do personagem, lhe dá um ótimo equilíbrio e um potencial alívio (sem comprometer o ritmo da história, que segue uma lógica de tempo coerente). 


Vinícius é breve (sem ser evasivo) na tessitura do enredo, diluindo o assunto economês, que poderia soar maçante, ao nível essencial. Assim, mantém o interesse do espectador pela trama e a empatia pelo entusiasta protagonista, capaz de virar onça para defender seus argumentos e sua equipe. Pedro é um personagem (crível) que avança quando a situação é propícia..., para se sustentar (na selva de pedra do Rio de Janeiro), e recua quando a causa é perdida..., para sobreviver (na selva natural de Barbosa) com alguma dignidade. Para o diretor: “Com o filme, continuo a explorar meu interesse em contar histórias sobre as ambições e medos da classe média urbana brasileira. No meu primeiro longa de ficção, Praça Saens Peña, de 2009, a questão da posse de um imóvel e o desejo por uma carreira profissional eram centrais para os personagens. Em Homem Onça, a importância do trabalho como identidade do ser humano é o que move os personagens. 

Enfim..., com roteiro dinâmico; discussão política econômica (ainda) pertinente; privatização e revés empresarial, ótimo elenco, com destaque para a performance de Chico Diaz; sutileza na exploração do vitiligo (relacionado ao estresse) como “metáfora” da vida do personagem Pedro; bons diálogos; evocativa seleção de MPB pontuando a trilha sonora..., o Homem Onça (Brasil, Alemanha, Chile, 2021) é uma excelente pedida para se conhecer, hoje, o Brasil de ontem que tem deixados resquícios (preocupantes) para amanhã. 

 

NOTA: As considerações acima são pessoais e, portanto, podem não refletir a opinião geral dos espectadores e cinéfilos de carteirinha. 

Joba Tridente: O primeiro filme vi (no cinema) aos 5 anos de idade. Os primeiros videodocumentários fiz em 1990. O primeiro curta-metragem (Cortejo), em 35mm, realizei em 2008. Voltei a fazer crítica em 2009. Já fui protagonista e coadjuvante de curtas. Mas nada se compara à "traumatizante" e divertida experiência de cientista-figurante (de última hora) no “centro tecnológico” do norte-americano Power Play (Jogo de Poder, 2003), de Joseph Zito, rodado aqui em Curitiba.


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