quinta-feira, 26 de julho de 2018

Crítica: Missão: Impossível - Efeito Fallout



Missão: Impossível - Efeito Fallout
por Joba tridente

Para alegria geral dos fãs de um bom entretenimento escapista de ação e aventura sem limites, com uma pegada de suspense e pitadas de humor (eventual), o incansável e sempre prestativo agente (nada discreto) Ethan Hunt (Tom Cruise) está de volta para (mais uma vez) salvar o mundo e para um (recorrente) mea-culpa catártico, que o joga num turbilhão de emoções a medir seu futuro a partir de seus atos heroicos e de um traumático relacionamento amoroso do passado, em Missão: Impossível - Efeito Fallout (Mission: Impossible - Fallout, 2018).


Com roteiro e direção de Christopher McQuarrie (Missão: Impossível - Nação Secreta; Jack Reacher - O Último Tiro), dando sequência ao MI - Nação Secreta (2015), Ethan (Cruise) retorna para impedir que o terrorista Salomão Lane (Sean Harris, melhor aqui, que no filme anterior), tenha sucesso com suas ideias literalmente bombásticas (“quanto maior o sofrimento, maior a paz”) de explodir partes do mundo. Numa trama um bocado confusa e cheia de reviravoltas, onde, além de questões envolvendo terroristas ”Apóstolos do mal” (ex-Sindicato?) e negociadores de núcleos de plutônio, se discute também se a vida de um agente policial vale mais que a de milhões de humanos, Hunt irá precisar ainda mais dos parceiros Benji Dunn (Simon Pegg) e Luther Stickell (Ving Rhames) para desatar tantos nós..., e, é claro, de muita astúcia para saber até onde pode confiar na misteriosa agente britânica Ilsa Faust (Rebecca Ferguson) e no arrogante agente americano especial da CIA August Walker (Henry Cavill).


Falar em roteiro mirabolante, em mais uma possível missão quase impossível, onde nem tudo é o que parece ser, é redundância. Efeito Fallout não foge à regra delineada nos primeiros filmes e se vale (bem) dos excessos de violência agregados a cada unidade para, com sua quase ininterrupta ação vertiginosa, compensar a narrativa embaralhada e que a maioria dos espectadores certamente deixará de lado logo na primeira reviravolta, se é que tenha entendido alguma coisa até ali. Quem se deixar levar pelo fiapo de história que "faz" algum sentido e se apegar mais nas providenciais sequências (revigoradas) de ação muito bem coreografadas (diga-se de passagem), com Ethan Hunt e seu incansável dublê Tom Cruise (mais uma vez) correndo a pé, de carro, de motocicleta, de helicóptero, para deter ou escapar dos vilões, irá aproveitar melhor a diversão passageira que, se possível deve ser vista em 3D IMAX (onde só a sequência na Caxemira, já vale o ingresso).


Missão: Impossível - Efeito Fallout tem algumas falhas ou soluções (discutíveis!) de script (preguiçoso) que não só subestimam a inteligência do espectador como parecem criadas apenas para justificar mais uma previsível sequência de perseguição e tiroteio, como aquela em que (não é spoiler, está no trailer) o agente secreto Hunt coloca o perigoso terrorista Salomão, com um capuz preto, sentado no banco do carona (ou seja: no banco da frente e bem na mira de qualquer bom caçador de recompensa) e três agentes (Benji, Luther e Walker) espremidos no banco de trás de um pequeno carro. Ãnnnn? Das soluções apressadas, foi a que mais me incomodou. Porém, como o foco é a ação desenfreada, que cobre praticamente uns 90% da trama (que é o que interessa ao espectador atrás de uma boa válvula de escape) e não o contexto sobre terrorismo e psicopatas (pois este não é nenhum analítico filme cabeça), uma ou outra escorregadela pode passar batida (no meio do barulho) e sem comprometer o desenvolvimento do enredo (um tanto pífio) e de seu previsível final.


Assim, considerando o ótimo elenco, a entrega (sempre) incondicional de Tom Cruise e a impactante presença de Henry Cavill, justificando a barba e o polêmico bigode; lembrando que os efeitos especiais impressionam (o que é aquela desesperadora cena do Salomão dentro d’água?); vendo que, mesmo com alguns vacilos, a direção de Christopher McQuarrie é acertada; ressaltando que o humor (mesmo involuntário) e pontuações dramáticas valorizam a história; reconhecendo que (mesmo parecendo requentadas) as cenas de tiroteio, pancadaria e perseguições, em formidáveis sequências por Paris, Londres e Caxemira (a dos helicópteros, com a luta no topo da montanha, me pareceu a melhor) vão fazer o público se mexer na cadeira..., este Missão: Impossível - Efeito Fallout pode ter um enredo confuso, mas em se tratando de filme de ação (tresloucada), embora se estique muito além do necessário, é eficiente e cumpre muito bem o que propõe: passatempo sem compromisso. É, sem dúvida, um ótimo entretenimento, mas o meu MI favorito ainda é Missão: Impossível - Protocolo Fantasma (2011).


*Joba Tridente: O primeiro filme vi (no cinema) aos 5 anos de idade. Os primeiros vídeo-documentários fiz em 1990. O primeiro curta (Cortejo), em 35mm, realizei em 2008. Voltei a fazer crítica em 2009. Já fui protagonista e coadjuvante de curtas. Mas nada se compara à "traumatizante" e divertida experiência de cientista-figurante (de última hora) no “centro tecnológico” do norte-americano Power Play (Jogo de Poder, 2003), de Joseph Zito, rodado aqui em Curitiba.

quarta-feira, 11 de julho de 2018

Crítica: Hotel Transilvânia 3: Férias Monstruosas


Hotel Transilvânia 3: Férias Monstruosas
por Joba Tridente.

Quando uma franquia cinematográfica chega ao seu terceiro filme, já não há muita novidade sobre os personagens e os rumos da história. Mas, em se tratando da animação Hotel Transilvânia, espremendo as mangas, ainda é possível encontrar alguma surpresa nas cartas de navegação que o eficiente diretor Gendy Tartakovski (Samurai Jack) guardou e agora joga na mesa das apostas, cuja roleta do tempo traz o incansável e inescrupuloso caçador de monstros Abraham Van Helsing para a sua batalha definitiva contra o Conde Drácula, em Hotel Transilvânia 3: Férias Monstruosas.


Roteirizada por Michael McCullers e Tartakovski, que também dirigiu Hotel Transilvânia (2012) e Hotel Transilvânia 2 (2015), a trama de férias começa a desfazer os nós em 1897 (a bordo do trem de passageiro Bavária/Budapeste), ilustrando todas as tentativas frustradas do ostentoso Van Hensing em eliminar o Conde Drácula até os dias de hoje, quando o caçador arquiteta o mais mirabolante e infalível plano para acabar com todos os monstros (de uma só vez) e que será colocado em prática durante um cruzeiro de luxo (especial para seres monstruosos) que começa no Triângulo das Bermudas e termina na “cidade perdida” de Atlântida, com seus cassinos e diversões típicas de Las Vegas.

Nesta peleja centenária, onde não há espaço para blefe, mas que está repleta de brechas para gags visuais e muito humor pastelão (e algumas boas metáforas), Van Helsing, agora reduzido a uma mirabolante engenhoca steampunk e vivendo no porão do seu imenso navio, e a sua decidida e impaciente bisneta Ericka, a dúbia capitã que mexeu com o coração solitário do tímido viúvo Drácula (em busca de um novo amor) farão de tudo para encontrar um antigo artefato que poderá ser fatal para monstros.


Hotel Transilvânia 3: Férias Monstruosas, com sua fantástica viagem marítima ao redor de um mundo de aventuras muito além do Triângulo das Bermudas, é uma boa comédia de erros, onde não faltam ação, suspense, confusão romântica entre os casais e espaço para trapalhadas individuais ou em grupo de personagens queridos como o Geleia, a Múmia Murray, o Frankstein Frank, o Homem Invisível Griffin, o ruivo Dennis (e seu esperto cachorro gigante “Bob”), filho do humano Jonathan e da vampira Mavis. A viagem por águas desconhecidas é tão insólita que até mesmo o decrépito vovô Vlad é capaz de despertar interesse amoroso... Como não sou trailer, falar mais que isso é comprometer o enredo, desvelando grandes surpresas.


Assim, considerando a apuradíssima técnica cartunesca, que brinca com a forma física dos personagens; os fascinantes cenários e deliciosos achados visuais (como nas excelentes sequências no interior do trem e do avião dos Gremlins, ou no passeio de Drácula pelo convés e pelo fundo mar); a história linear com final razoável (que lembra o duelo musical de O Touro Ferdinando) e o humor fácil para o público infantojuvenil e seus acompanhantes adultos; o colorido agradável e a mensagem bacana sobre o excesso de trabalho e sobre a aparência física e as ações violentas que não distinguem homens e monstros (ironizando duplamente Van Helsing..., e os belicistas do mundo); o roteiro simples com soluções inteligentes para diferentes situações cômicas (relacionadas à tecnologia e ou ao amor)..., Hotel Transilvânia 3: Férias Monstruosas pode não ser melhor que os dois filme anteriores, mas ainda diverte graças à inegável competência de Gendy Tartakovski e seus adoráveis monstros travessos.


*Joba Tridente: O primeiro filme vi (no cinema) aos 5 anos de idade. Os primeiros vídeo-documentários fiz em 1990. O primeiro curta (Cortejo), em 35mm, realizei em 2008. Voltei a fazer crítica em 2009. Já fui protagonista e coadjuvante de curtas. Mas nada se compara à "traumatizante" e divertida experiência de cientista-figurante (de última hora) no “centro tecnológico” do norte-americano Power Play (Jogo de Poder, 2003), de Joseph Zito, rodado aqui em Curitiba.

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