quinta-feira, 29 de agosto de 2019

Crítica: Corgi: Top Dog



Corgi: Top Dog
por Joba Tridente

Depois de muito troca-troca na data de estreia, finalmente chega aos cinema a animação belga Corgi: Top Dog (The Queen's Corgi, 2019), dirigida por Vincent Kesteloot e Ben Stassen (Os Mosconautas no Mundo da Lua; As Aventuras da Sammy; Sammy - A Grande Fuga; A Mansão Mágica; As aventuras de Robson Crusoé; Big Pai, Big Filho). Stassen é um dos fundadores do estúdio nWave Pictures, cuja produção de animações se destacam mais pela arte de excelência do que pelos roteiros simplórios ou claudicantes.


Corgi: Top Dog conta a história do mimado Rex, um cachorro da raça corgi que se torna o favorito da Rainha Elizabeth II, mas que, por conta do assédio da impetuosa cadela corgi Mitzi, de Donald Trump, acaba provocando um “avanço” involuntário no presidente dos EUA, foge do Palácio de Buckingham e vai parar num canil para adoções, onde conhece um bando de cachorros tão fora de ordem que até criaram um Clube da Luta Canino..., e também se apaixona por uma bela cadela spaniel chamada Wanda. Quando esfria a cabeça, o arrogante Rex decide voltar para o Palácio. Mas, como até as crianças já sabem, para cumprir com sucesso a sua longa Jornada do Herói, vai passar por provas difíceis de amizade, força e determinação...


Em Corgi: Top Dog a nWave Pictures apresenta, como se espera, um trabalho técnico (principalmente de interiores) impressionante e que melhora ainda mais a cada nova obra. Porém, o mesmo não pode ser dito do roteiro meio sem rumo e ou híbrido, escrito por Rob Sprackling e Johnny Smith (Gnomeu e Julieta: O Mistério do Jardim), que, embora apresente momentos hilários, com sua analogia entre a vida da realeza e a vida canina e dê um tom burlesco à visita do impagável e incorrigível Trump e de paródia ferina ao filme Clube da Luta, de David Fincher..., oscila constrangedor entre o público infantil e o juvenil, ao tratar de sexualidade (cio canino e transgênero), defesa de território (Clube da Luta), inveja e prepotência palaciana, violência “moderada”... É óbvio que o uso constante de metáforas nas mais variadas animações serve para o público alvo compreender melhor o mundo ao seu redor. Porém, ultimamente a antropomorfização extrema de não-humanos tem me incomodado..., mesmo ciente de que eles vivem num mundo paralelo ao nosso e ou apenas (?) nas telas.


Enfim, considerando as pinceladas, aqui e acolá, abrindo discussão sobre abandono e acolhimento, disciplina e liberdade sem limite, autonomia e responsabilidade; os personagens caninos bem desenvolvidos (Elizabeth II, Philip e Trump ficam “respeitosamente” mais na superfície) e traçado agradável - o realismo do rico interior do palácio e do pobre interior do canil é fascinante; as gags divertidas para toda a família e o humor seletivo para crianças e adultos, incluindo o indefectível humor o negro inglês (que o público americano nem sempre compreende) e a caricatura - a sequência de preparação (ou americanização) do Palácio de Buckingham, para a tumultuada e ostensiva Visita de Estado do presidente norte-americano Donald Trump, é hilária..., ainda que o enredo dê umas escorregadas e ou cochiladas, Corgi: Top Dog  deve agradar a “seus” públicos alvos, mas algumas situações (de sexualidade, assédio e violência sexual, se questionadas pelos pequenos) podem colocar (?) os acompanhantes adultos em uma saia justa...


*Joba Tridente: O primeiro filme vi (no cinema) aos 5 anos de idade. Os primeiros vídeo-documentários fiz em 1990. O primeiro curta (Cortejo), em 35mm, realizei em 2008. Voltei a fazer crítica em 2009. Já fui protagonista e coadjuvante de curtas. Mas nada se compara à "traumatizante" e divertida experiência de cientista-figurante (de última hora) no “centro tecnológico” do norte-americano Power Play (Jogo de Poder, 2003), de Joseph Zito, rodado aqui em Curitiba.

segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Crítica: Noite Mágica



NOITE MÁGICA
por Joba Tridente

O ano é 1990. Verão. Os italianos estão apostando tudo na sua famosa Squadra Azzurra na Copa do Mundo de Futebol, na Itália. Na fatídica noite de 3 de julho, enquanto a semifinal entre a Itália e a Argentina leva os torcedores à loucura, o produtor de filmes Leandro Saponaro (Giancarlo Giannini) é encontrado morto nas águas do rio Tibre. Os suspeitos: Antonio Scordia (Mauro Lamantia), Eugenia Malaspina (Irene Vetere), Luciano Ambrogi (Giovanni Toscano), três aspirantes a roteiristas e finalistas do Prêmio Solinas que vieram à Roma conhecer o vencedor e foram os últimos a vê-lo com vida. Segundo Giusy Fusacchia (Marina Rocco), a deslumbrada amante do morto, eles são os assassinos. Será? E qual seria a motivação do crime?

É a partir do depoimento dos três, na delegacia, que conhecemos (em flashback) os bastidores cinematográficos deste “thriller-bufo” e o enredamento de cada um na história policialesca que se quer tanto cômica quanto icônica na homenagem à era de ouro do grande cinema italiano. Embora a nova geração de espectadores (que possivelmente não verá este filme) sequer saiba quem foi Ettore Scola, Federico Fellini, Michelangelo Antonioni, Dino Risi, Mario Monicelli, Marcello Mastroianni...


O argumento crítico de Noite Mágica é até interessante ou ao menos bem-intencionado na releitura saudosista de um passado cinematográfico à beira da massificação midiática em prol do lucro fácil. Porém, o mesmo não pode ser dito do enredo pra lá de preguiçoso e que só parece dinâmico (e até envolvente em algumas cenas) por causa da narrativa apressada e tipicamente barulhenta. Quanto aos três protagonistas, seus pretenciosos personagens (de classes sociais e formação diferentes) são tão rasos que não há (?) margem para a mínima empatia com o público: o primeiro (Antonio), um cinéfilo falastrão; a segunda (Eugenia), uma autora depressiva; o terceiro (Luciano), um “sedutor barato” de mulheres. Se bem que as idiossincrasias de cada um acabam não fazendo muita diferença num contexto onde Roma é tanto a Loba quanto o Lobo de cada autor cinematográfico..., ora o afaga e o alimenta, ora o cerceia e o afoga. Mas, como somos prevenidos no “prólogo”, na linha do pênalti o sucesso do jogador depende do fracasso do goleiro. E vice-versa! Ou ainda, como diz o delegado (Paolo Sassanelli) durante a investigação da morte do produtor: para ser roteirista, antes é preciso ser espectador.

Assim, dependendo da paciência do espectador cinéfilo e ou do espectador casual, o nostálgico Noite Mágica pode ser um filme prazeroso ou uma grande chateação, já que carece do charme e, principalmente, daquele antigo humor de gargalhada fácil das inesquecíveis comédias italianas que “propõe” homenagear. Ainda que busque sinceridade, falta veracidade na maioria das situações internas e ou externas na cidade de Roma, que continua eterna e também set de festas sem fim de cinema. Mas não se pode negar que, ao menos, duas sequências se destacam: a que se passa numa produtora de roteiros e a da escolha de um ator para representar um trabalhador braçal.

Toda via da trama que se enrosca na encruzilhada de ideias demais e conteúdo de menos, no entanto, é muito barulho, muita boêmia, muita bizarrice, muita conversa fiada, muita metalinguagem por nada..., no envolvimento dos três caricatos jovens adultos com produtores parasitas, diretores inescrupulosos, roteiristas submissos e artistas em busca de um papel de destaque que pululam por todo lado. Ah, e quanto à charada do crime, não é difícil descobrir o assassino e suas razões óbvias.


Noite Mágica (Notti Magiche, 2018), com direção claudicante de Paolo Virzì (dos ótimos Ella e John e Capital Humano), que escreveu o rocambolesco roteiro em parceria com Francesca Archibugi e Francesco Piccolo, é o tipo de filme (de referências?) que o cinéfilo (ou cinerd) festivo adora embarcar entusiasmado na fricção de reconhecer (ali) autores e passagens cinematográficas que o espectador náufrago não tem “obrigação” alguma de conhecer e tão pouco compreender a pertinência delas na alegoria, como se fato..., já que a história (que não vem com rodapé explicativo) tem que arrebatar também o público leigo...

Enfim, parodiando Luigi Pirandello, o filme bem que podia ser (re)intitulado:  três roteiristas à procura de um roteirista e de um diretor...


*Joba Tridente: O primeiro filme vi (no cinema) aos 5 anos de idade. Os primeiros vídeo-documentários fiz em 1990. O primeiro curta (Cortejo), em 35mm, realizei em 2008. Voltei a fazer crítica em 2009. Já fui protagonista e coadjuvante de curtas. Mas nada se compara à "traumatizante" e divertida experiência de cientista-figurante (de última hora) no “centro tecnológico” do norte-americano Power Play (Jogo de Poder, 2003), de Joseph Zito, rodado em Curitiba.

quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Crítica: Silvio e os Outros



Crítica: Silvio e os Outros
por Joba Tridente

Não há dúvidas de que o polêmico diretor Paolo Sorrentino, com suas obras carregadas de simbolismo, crítica sociopolítica e religiosa, metáforas, referências e reverências aos grandes mestres do cinema italiano, divide opiniões entre espectadores e crítica a cada novo filme. Portanto, não é nenhuma novidade o rebuliço com a sua leitura (sempre muito particular) de um recorte da vida do também polêmico empresário e político Silvio Berlusconi no seu recente Loro (Silvio e os Outros, 2018).

Em Silvio e os Outros (Loro, 2018), que mais uma vez traz roteiro em parceria com Umberto Contarello, com quem escreveu os excelentes Aqui é o Meu Lugar (2011) e A Grande Beleza (2013), Paolo Sorrentino (A Juventude, 2015), nos apresenta uma espécie de “lado B” do seu ótimo Il Divo (2008). Ou seja, enquanto a moeda de duas caras roda na banca, notamos em uma face que se escancara as idiossincrasias da outra face que se contrai em desenfreada e populista busca (sem culpa) da coroa vaidosa do poder. Em ambos, as dores do ocaso, nas cinebiografias iguais mas diferentes sobre dois notórios políticos italianos (Giulio Andreotti e Silvio Berlusconi) que, cá pra nós, não são muito diferentes de outros políticos e suas politicagens em outras partes do mundo latino ou não.


Condensado entre os anos 2006 e 2009, este filme estranho e que parece meio truncado, às vezes, possivelmente por ter sido lançado originalmente em duas partes, na Itália, e em apenas uma no mercado exterior (com cerca de 60 minutos a menos), tem de tudo um pouco: drama, comédia (insossa), ópera-bufa, música e dança, sátira de fatos... Neste espetáculo tão repleto de alegorias, que mal cabem no palco das ostentações, acompanhamos a movimentação sinuosa da horda de bajuladores em busca de ricas migalhas sociais (tendo como moeda de troca o sexo e as drogas), comandada pelo vivaldino Sergio Morra (Riccardo Scamarcio), os bastidores das negociatas parlamentares e o relacionamento em crise do inescrupuloso Silvio Berlusconi com sua angustiada segunda esposa Verônica Lario (Elena Sofia Ricci). Cada segmento com uma distinta paleta de cores, sons e figurinos que embevecem ou enojam a distinta plateia.


Com seu tom de sarcástica melancolia, Silvio e os Outros traz à luz fragmentos da solidão política e familiar e o vazio abismal de um homem velho virando cinza (com seu bilhões que já não compram tudo), saudoso de uma juventude que já vai longe e ciente de que a sua grana polpuda já não lhe serve de sedutora maquiagem nos conchavos para mudar o cenário político italiano, para que tudo permaneça igual (a seu favor). Através de um olhar nada complacente de Sorrentino, o ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, excepcionalmente interpretado por Toni Servillo, que também vestiu com a mesma categoria a pele de Giulio Andreotti, parece um boneco automanipulado usando a sorridente máscara-símbolo da comédia teatral na tentativa de corromper políticos influentes e ou de convencer as jovens alpinistas sociais de que é o macho alfa (ainda que ridículo e decadente) do governo e do mercado capital.


Em sua narrativa (quase linear) Silvio e os Outros pode parecer enfadonho, às vezes, mas o que conta mesmo são os seus momentos mais brilhantes e de sagacidade invejável. Aí, ao menos duas sequências se destacam: numa, Berlusconi se lembra do seu tempo de corretor de imóveis e tenta provar a si mesmo que ainda tem lábia suficiente para vender o que quiser; noutra, bem mais pungente..., e tão desconcertante quanto a antológica cena em que a tinta do cabelo e a maquiagem escorrem pelo rosto envelhecido do compositor Gustave Aschenback (Dirk Bogarde), que queria parecer mais novo aos olhos do adolescente Tadzio (Björn Andrésen), em Morte em Veneza (1971), de Luchino Visconti..., Berlusconi dá de cara com um de seus maiores pesadelos ao assediar uma garota cinquenta anos mais jovem que ele. Uma sequência que vai te acompanhar por um bom tempo, principalmente por causa do diálogo ferino!

Enfim, considerando a pertinência do enredo e a encenação da trama no desnudamento do curinga Silvio Berlusconi, um magnata também na política, e a excelência do elenco, um filme a ser visto por quem já conhece e gosta das obras cinematográficas de Paolo Sorrentino e por quem tem curiosidade em mergulhar no seu mundo anárquico sempre na tangência e na efemeridade do tempo...


*Joba Tridente: O primeiro filme vi (no cinema) aos 5 anos de idade. Os primeiros vídeo-documentários fiz em 1990. O primeiro curta (Cortejo), em 35mm, realizei em 2008. Voltei a fazer crítica em 2009. Já fui protagonista e coadjuvante de curtas. Mas nada se compara à "traumatizante" e divertida experiência de cientista-figurante (de última hora) no “centro tecnológico” do norte-americano Power Play (Jogo de Poder, 2003), de Joseph Zito, rodado aqui em Curitiba.

quinta-feira, 8 de agosto de 2019

Crítica: Voando Alto



Voando Alto
por Joba Tridente

Todos sabem que a animação é um “gênero” cinematográfico que ocupa seus realizadores por muitos anos. Por isso, quando uma produção chega às salas de cinema, a história contada pode lembrar muitas outras que chegaram antes. Aí, o que até então poderia ser inédito cai no piso da sala de projeção. O que não quer dizer que, mesmo um déjà-vu, não possa agradar alguma parcela de espectadores (principalmente a infantil) que espera o reforço das mensagens edificantes na formação de seus pimpolhos. Ainda que nem sempre os realizadores estejam preocupados com a moral da história, mas em uma narrativa que seja divertida para toda a família.

Esticando esta linha tênue, em busca de nós cegos, poderia tranquilamente dizer que Voando Alto (Manou - Flieg Flink!, 2019), cuja produção começou em 2014, é uma animação “genérica”, já que lembra, entre outras, as recentes Missão Cegonha (2017); Pato Pato Ganso (2018) e Ploey - Você Nunca Voará Sozinho (2018). Assim como estas animações, ela também se ocupa tanto com a indefectível jornada do herói do seu protagonista, quanto com questões pertinentes ao racismo; à tolerância; ao pertencimento; ao preconceito; às diferenças raciais e à solidariedade entre colônias de aves vizinhas e ou entre pássaros desgarrados de seus bandos. Assim, se o argumento e o roteiro lembram algo já visto, na telona ou na telinha, pode não ser culpa dos realizadores, mas mero fruto do acaso. O que não quer dizer que, quando as semelhanças são demais, independente da questão técnica, o espectador não deva desconfiar dos grandes (e famosos!) estúdios. Que cinéfilo não se lembra do quibrocó envolvendo as animações mexicanas Festa no Céu (2014) e Dia de Muertos (?) e a norte-americana Viva - A Vida é uma Festa (2018)?
  

Toda via dos voos espetaculares por ruelas, florestas e mares, que leva alguns pássaros a migrar da fria Europa para a quente África, no entanto, vamos pousar no que interessa no momento: a animação alemã Voando Alto, dirigida por Andrea Block e Christian Haas, proprietários da LUXX Studios (responsável pelos efeitos especiais de Independence Day: Resurgence e The Grand Budapest Hotel). O roteiro simples de Axel Melzener e Andrea Block se passa na Riviera Francesa e narra as aventuras da andorinha órfã Manou que, após um incidente em seu ninho, é adotada por um casal de gaivotas e cresce acreditando ser uma gaivota, fazendo praticamente o impossível para agir como uma ave marinha..., mesmo sem ter corpo e natureza para tanto.  Mas, quando parece que o destino está conspirando contra a sua estadia na colônia das gaivotas, Manou acaba conhecendo e se identificando com as andorinhas Yusuf, Poncho e Kalifa, dá um novo rumo à sua vida, na colônia das ágeis companheiras, e será o fiel da balança na hora da migração das gaivotas..., contrariando a ideia de que as duas espécies de aves não se bicam!


Embora, aos olhos de um adulto, a narrativa escorregue aqui ou ali, não se deve esquecer que Voando Alto é uma animação pensada (?) para crianças entre os cinco e os dez anos. Ainda que pouco original e equivocada (?) em algumas informações sobre nidificação, a história é bacaninha e bem colorida. Tecnicamente salta aos olhos a arte hiper-realista na criação de um segundo plano onde se destacam os belíssimos cenários panorâmicos (ou detalhes impressionantes) da Côte d'Azur, na França, contrastando com uma arte mais caricata no traçado/desenho estilizado dos personagens..., fazendo, por exemplo, com que as andorinhas (com seu bicos curtos) pareçam tão estranhas quanto o personagem Percival, uma ave esquisita (que deveria ser o alívio cômico da trama) que lembra o extinto Dodô, mas que, segundo minhas pesquisas, seria uma ave brasileira (?).


É sempre saudável a chegada de novos produtores ao mercado do desenho animado. Pois, dependendo da qualidade técnica e da história contada, pode atiçar os grandes concorrentes, diversificar o campo de criatividade, e até mesmo (tentar) quebrar a hegemonia norte-americana na área. Voando Alto é a primeira animação da LUXX Studios e, pelo que se vê, está bem acima da média, apresentando sequências aéreas de tirar o fôlego. O que não quer dizer que está isenta de equívocos (como os grandes estúdios), ou que não precise de mais de atenção no desenvolvimento do roteiro e mesmo na edição (como os grandes estúdios), evitando que o ritmo lento ou a carência de humor (mesmo infantil) comprometa a narrativa, que nem precisa ser inédita, desde que seja inovadora.


A animação alemã realmente tem pontos semelhantes com aquelas citadas acima, mas também busca uma abordagem diferente e menos piegas em sua trama. As escorregadelas...,  como os diálogos fora do contexto infantil e ou furos (?) relacionados à distância entre o ninho da recém-nascida andorinha Manou e o ninho das gaivotas; ovos sendo chocados às vésperas da migração; um filhote de gaivota órfão (?); o antropomorfismo desnecessário na apresentação musical (totalmente deslocada) de uma banda de andorinhas..., possivelmente incomodarão mais a um adulto (atento). Detalhes que, para qualquer criança mergulhada na convidativa fantasia e no fascinante momento lúdico, passarão batidos.

Enfim, Voando Alto, com sua mensagem altruísta e conciliadora, é um filme que tem elementos para agradar crianças e seus acompanhantes. Afinal, a construção de uma ponte sempre facilita o diálogo entre os divergentes.


*Joba Tridente: O primeiro filme vi (no cinema) aos 5 anos de idade. Os primeiros vídeo-documentários fiz em 1990. O primeiro curta (Cortejo), em 35mm, realizei em 2008. Voltei a fazer crítica em 2009. Já fui protagonista e coadjuvante de curtas. Mas nada se compara à "traumatizante" e divertida experiência de cientista-figurante (de última hora) no “centro tecnológico” do norte-americano Power Play (Jogo de Poder, 2003), de Joseph Zito, rodado aqui em Curitiba.

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