terça-feira, 18 de junho de 2019

Crítica: Turma da Mônica: Laços


Turma da Mônica: Laços
por Joba Tridente

Muita gente, no Brasil e mundo afora, cresceu lendo gibis e se divertindo com os personagens Cebolinha, Mônica, Cascão, Magali, Chico Bento, Astronauta, Louco, Bidu, criados por Maurício de Sousa e que, há muito tempo, deixaram as páginas das revistinhas para animar aventuras na televisão e no cinema..., e nos últimos anos ganharam releituras inspiradas de outros roteiristas e ilustradores e também edições especiais na série Graphic MSP. É uma dessas boas releituras, a premiada graphic Turma da Mônica - Laços (2013), criada pelos irmãos Vitor Cafaggi e Lu Cafaggi, que dá base para o filme homônimo, com elenco de carne e osso às voltas com o sumiço do Floquinho, cachorro de estimação do Cebolinha.

Dirigido por Daniel Rezende (Bingo: O Rei das Manhãs), o filme de aventura infantil Turma da Mônica: Laços tem roteiro de Thiago Dottori, que mexe pouco no original dos irmãos Cafaggi..., apenas explicita uma ceninha a mais aqui, dá uma amarradinha cênica (ou “dramática”) maior ali ou acrescenta um personagem acolá. O mesmo não pode ser dito do visual das crianças escolhidas para representarem o presunçoso Cebolinha (Kevin Vechiatto) e o sujinho Cascão (Gabriel Moura), já que lembra em nada os traços dos personagens na releitura impressa, e menos ainda naquela definida por Maurício de Sousa.


No filme, ambos são cabeludos e, inclusive, o agora bem clareado e limpinho Cascão (antes negro ou “moreno” de cara suja) tem o cabelo cacheado, em vez de raspado e com um tufo crespo no cocuruto..., enquanto que o Cebolinha, apresenta apenas alguns fios de cabelo rebeldes. Toda via da higienização ampla, no entanto, após o banho geral na caracterização dos personagens, ficaram mais próximos dos desenhos que a gente conhece a invocada Mônica (Giulia Benite) e a comilona Magali (Laura Rauseo). O que (a mim!) tira 50% do brilho do elenco protagonista.

Segundo Maurício (em matéria publicado no Extra), o personagem Cascão nunca foi caracterizado como negro. Mas não é o que se vê nas antologias MSP 50 Artistas, MSP + 50 Artistas e MSP 50 Novos Artistas, onde os ilustradores representam o menino como “moreno” ou negro, e tampouco nas antigas tirinhas, que levam os leitores a imaginá-lo (no mínimo) afrodescendente. Aliás, por falar em Cascão, nas suas primeiras tiras, a sua família (“morena”) também trazia no rosto as mesmas marcas de sujeira do filho, até serem limpas (por conta do politicamente correto?) anos depois...


Com sua história simples, de um cachorrinho de estimação sequestrado e o plano “infalível” do Cebolinha para resgatá-lo, Turma da Mônica: Laços (que está  mais para Turma do Cebolinha) deve agradar ao público jovem que conhece o imaginativo universo infantil (recheado de brigas para saber quem é o dono da rua) do quarteto do Limoeiro. Embora não tenha certeza se esse público vai compreender o propósito do sequestro do Floquinho; a confusão (gratuita) com outra turma do bairro; a independência das crianças de sete anos que parecem mais ousadas que seus pais e, principalmente, a mudança das características físicas do Cebolinha e do Cascão. Vai depender do quanto ele vai levar a sério a mudança física das crianças e do quanto vai dar asas à imaginação e deixar de lado esses detalhes (insignificantes?). Para os adultos (ranzinzas que já foram leitores e colecionadores dos gibis) acompanhantes mais exigentes (conforme a expectativa!), a falta de humor e a narrativa um tanto arrastada e, por vezes, desnecessariamente dramática e claudicante, pode causar sonolência.

Assim, “relevando” o roteiro fantasioso (menos interessante e bem menos soturno que a intensa graphic homônima) que coloca quatro crianças de sete anos (?) se aventurando na mata em busca de um cachorro, enquanto seus abobalhados pais agem feito barata tonta; sentindo que a trama carece de humor (infantil, juvenil ou adulto!), de gags visuais realmente divertidas (não previsíveis!) e que não se saiba a razão (tapar buraco ou aumentar a metragem?) da presença chata, piegas e redundante do Louco (Rodrigo Santoro, caricato) no enredo; lembrando que é uma história direcionada para o público infantil e não para adultos saudosistas (que,  frustrados, talvez não enxerguem aqui a turminha das suas revistinhas antigas); considerando a mensagem que reforça a importância dos laços de amizade no nosso dia a dia..., ainda que situado num passado lúdico, num bairro que hoje (infelizmente!) é mero fruto de imaginação, Turma da Mônica: Laços, certamente vai encontrar o seu público!


*Joba Tridente: O primeiro filme vi (no cinema) aos 5 anos de idade. Os primeiros vídeo-documentários fiz em 1990. O primeiro curta-metragem (Cortejo), em 35mm, realizei em 2008. Voltei a fazer crítica em 2009. Já fui protagonista e coadjuvante de curtas. Mas nada se compara à "traumatizante" e divertida experiência de cientista-figurante (de última hora) no “centro tecnológico” do norte-americano Power Play (Jogo de Poder, 2003), de Joseph Zito, rodado aqui em Curitiba.

quarta-feira, 12 de junho de 2019

Crítica: MIB: Homens de Preto Internacional


MIB: Homens de Preto Internacional
por Joba tridente

Há 22 anos, MIB: Homens de Preto, um excelente filme de ficção científica, com seu humor pastelão e negro e muita bizarrice, dirigido por Barry Sonnenfeld e estrelado por Tommy Lee Jones e Will Smith causou sensação nos cinemas. Baseado na HQs Men in Black (1991), de Lowell Cunningham, a produção que custou meros 90 milhões, arrecadou perto de 600 milhões de dólares. Em 2002 chegou aos cinemas o menos impactante Homens de Preto 2 e, em 2012, fechando admiravelmente a trilogia, o divertido Homens de Preto 3, também protagonizados por Lee Jones e Smith e dirigidos por Sonnenfeld.

Em tempos de recomeço de franquias milionárias, ou de apresentação independente de episódio perdido, eis que, sete anos depois, MIB está de volta, recauchutado e sugerindo, nas entrelinhas, uma mudança de “comportamento (ou apego) machista” à sigla titular que, caso retorne em novos capítulos (internacionais?),  não causará surpresa se virar WIB: Mulheres de Preto, protagonizado por dupla feminina, tal o empoderamento e a presença delas nas batalhas contra alienígenas mal intencionados. Ou MIB: Men in Black & WIB: Women in Black..., já que o terno preto básico cai bem em um ou em outro gênero! Uma conversa também ouvida no entrecena de X-Men Fênix Negra.


Uma vez que (por enquanto) os realizadores de MIB: Homens de Preto Internacional (Men in Black International, 2019) acreditam que em argumento vitorioso não se deve mexer muito, a variação no roteiro (bem) juvenil de Matt Holloway e Art Marcum é pequena. Daí, o que pode ser novidade para alguns espectadores, pode parecer meio repetitivo para outros. Porém, nada aborrecido! Estão em cena a tradicional dupla improvável, formada pelo experiente agente inglês H (Chris Hemsworth) e a dedicada estagiária norte-americana M (Tessa Thompson)..., que teve contato com extraterrestre quando criança e se considera preparadíssima para ser agente MIB..., a ação tresloucada, as armas estranhas, os alienígenas fofos (as) ou bizarros (as) e, é claro, o bom humor (leve) e meio pastelão, com umas gags bem legais. A melhor delas faz referências ao (ex-) Thor de Hemsworth. Aliás, os dois protagonistas já dão um bom trocadilho com o tema...

Assim como os roteiristas, o diretor F. Gary Gray evita invencionices e opta por uma direção sem sobressaltos..., levando em conta os absurdos da história dividida entre Londres, onde o agente T (Liam Neeson) é o chefe da Agência MIB, Marrakech e Paris. Mais uma vez o pivô do conflito entre humanos e imigrantes extraterrestres é uma joia preciosa, tão bela e apocalíptica quanto o Colar de Órion (do MIB, 1991) e a Luz de Zartha (do MIB 2, 2002). Ah, essa mania alienígena de miniaturizar energia cósmica! O porém (há sempre um!) é que, além de cuidar para que a tal joia interplanetária não caia (clichê: é claro que vai cair!) em mão erradas, H e M também precisam descobrir se há ou não um espião traíra entre os agentes MIB, por trás da morte misteriosa de um importante alien e que pode colocar em risco (claro!) o equilíbrio do universo e a existência da Terra! E por falar em Paris, as questões relacionadas à Torre Eiffel (onde se dará o desfecho da missão policial e ou espacial) e do seu idealizador Gustave Eiffel, me lembrou uma fantástica sequência do interessante Tomorrowland - Um Lugar Onde Nada É Impossível (2015).


Enfim, considerando a narrativa linear e bem (re)costurada; a engenhosa arte dos aliens graciosos e ou repulsivos; a qualidade do CGI dos expressivos imigrantes do universo e além e dos equipamentos bélicos e ou de locomoção; o ótimo elenco, que inclui ainda Emma Thompson, que retorna na pele da agente O, Rafe Spal, o agente C e Rebecca Ferguson, a alien Rizza; o bom ritmo; as sequências malucas e a ação eletrizante quase contínua..., embora tenha deixado de lado as paródias e os gracejos hollywoodiano, MIB: Homens de Preto Internacional é um agradável e esquecível passatempo juvenil que te entretêm por duas horas. Quem assistiu aos trailers não vai ter muita surpresa.


*Joba Tridente: O primeiro filme vi (no cinema) aos 5 anos de idade. Os primeiros vídeo-documentários fiz em 1990. O primeiro curta-metragem (Cortejo), em 35mm, realizei em 2008. Voltei a fazer crítica em 2009. Já fui protagonista e coadjuvante de curtas. Mas nada se compara à "traumatizante" e divertida experiência de cientista-figurante (de última hora) no “centro tecnológico” do norte-americano Power Play (Jogo de Poder, 2003), de Joseph Zito, rodado aqui em Curitiba.

quinta-feira, 6 de junho de 2019

Crítica: X-Men: Fênix Negra


X-Men: Fênix Negra
por Joba Tridente

Fim ou recomeço? Em se tratando de HQ e ou de trilogia cinematográfica, pode ser qualquer coisa, dependendo da bilheteria ou do proprietário dos Direitos Autorais. Assim, independente do “desaparecimento” (ou seria morte?) de alguns personagens, X-Men: Fênix Negra, sendo o quarto filme na linha de sucessão da “trilogia” reiniciada com X-Men: Primeira Classe (2011), seguida de X-Men: Dias de um Futuro Esquecido (2014) e “encerrada” com X-Men: Apocalipse (2016), pode tanto ser o prólogo de mais uma “retomada” ou “rebombinada” ou “recomeçada” dos “X”, quanto o epílogo da “recente” franquia. Os espectadores mais velhos (?) sabem que a saga dos Mutantes ganhou as telonas na borda da virada do século XX, com X-Men: O Filme (2000), acompanhado de X-Men 2 (2003) e botando um “The End” definitivo (?) no X-Men: O Confronto Final (2006)..., e também se lembram que a explosiva Jean Grey/Fênix, já soltava as suas labaredas devastadoras por ali. Quem viu lá, vai comparar aqui! Será que a leitura cinematográfica de hoje (com muito mais recursos técnicos) é melhor que a leitura de ontem?


Baseado nas HQs da Fênix Negra (de Chris Claremont, com arte de Dave Cockrum e John Byrne, publicadas em 1976-1977 e 1980) o filme de ação e drama, com pitadas românticas, X-Men: Fênix Negra (Dark Phoenix, 2019), roteirizado e dirigido por Simon Kinberg, nos (re)apresenta Jean Grey (Summer Fontana, criança, e Sophie Turner, adulta) vivendo dias felizes, como integrante da equipe de frente dos Mutantes, agora reverenciados como Super-Heróis. O ano é 1992 e quando o Professor Charles Xavier (James McAvoy), a pedido do presidente dos EUA, envia os seus melhores X-Men e X-Women numa missão de resgate da tripulação de um ônibus espacial, a equipe traz para a Terra, além dos astronautas, uma Jean Grey diferente, tomada por um força incontrolável, após absorver uma grande carga de energia cósmica. E na sua cola, uma “gente” com as piores intenções..., sob o comando de uma tal Smith (Jessica Chastain). Não vai ser fácil para Grey entender o que está acontecendo com ela e nem para os outros Mutantes encontrar uma forma de ajudá-la a controlar um misterioso poder que está colocando em risco a vida de todos ao seu redor..., e mesmo o equilíbrio do universo! Um poder que tem muito em comum com o poder de outra heroína vista recentemente nas telonas: Capitã Marvel. Aliás, os dois filmes (X-Men: Fênix Negra e Capitã Marvel) têm algumas situações  em comum...


X-Men: Fênix Negra, obviamente, é protagonizado por Fênix, mas não dispensa a força coadjuvante dos obstinados Raven (Jennifer Lawrence); Ciclope (Tye Sheridan); Fera (Nicholas Hoult); Noturno (Kodi Smit-McPhee); Mercúrio (Evan Peters) e Magneto (Michael Fassbender), sempre dispostos a uma pancadaria entre si e ou com inimigos alienígenas em comum. Embora dê umas escorregadelas (ou seriam furos de edição?), o enredo busca (re)contar o drama de ação (com suas manjadas questões de família biológica e  ou afetiva) de forma breve e coerente com a fantasia de ficção científica dos quadrinhos, sem se desviar muito do assunto (salvar a heroína e o planeta) e sem apelar demasiadamente para a pieguice, a comiseração e ou o romance grude tapa buraco.


Tem de tudo um pouco do gênero (vilões vs. heróis vs. preconceito = a destruições espetaculares), mas nada que ocupe muito tempo na tela, a não ser as batalhas. Nem mesmo a irritante trilha horrorosa é capaz de embaraçar a narrativa linear que apresenta algumas sequências impactantes (principalmente no primeiro ato), que podem fazer diferença para quem assistir em 3D (de profundidade) IMAX...., ponto para os ótimos efeitos especiais. Se bem que a explosiva briga (escura e confusa) entre a turma de Xavier e a de Magneto, não é das melhores, mas a dos dois times contra os violões, dentro de um trem (de novo?!), é muito legal (ou bem melhor que a terrível sequência da Capitã Marvel brigando com um Alien Metamorfo dentro do metrô).

Enfim, sem espaço para o humor, mas sempre com abertura para interessantes questionamentos morais, X-Men: Fênix Negra cumpre o que promete: diversão alucinadamente cósmica, sem aborrecer e ou frustrar muito o leitor/espectador com algumas liberdades inteligentes..., já que HQ é uma coisa e cinema (apesar dos fotogramas) é outra um bocado diferente (ou quase). O elenco é excelente; os personagens estão menos histéricos e passionalmente equilibrados; os diálogos (curtos ou longos), para a história que se propõe contar, são bons, sem fugir muito do clichê aceitável e sem cientificismo de dar nó em cérebro da garotada. Ainda que tenha algumas surpresas mostradas nos trailers (que só assisto depois da sessão normal!), não dá para comentar muito sem acabar cometendo spoiler. Ainda que a história da Fênix, ou ao menos seu argumento, seja bastante conhecida, o final (acredite!) não muda..., mas recebe tratamento apoteótico de arrepiar. Quanto ao destino de Xavier e Magneto, este, sim, vai dar um nó..., se você, é claro, se lembrar do final (?) mais ou menos recente dos dois...


*Joba Tridente: O primeiro filme vi (no cinema) aos 5 anos de idade. Os primeiros vídeo-documentários fiz em 1990. O primeiro curta-metragem (Cortejo), em 35mm, realizei em 2008. Voltei a fazer crítica em 2009. Já fui protagonista e coadjuvante de curtas. Mas nada se compara à "traumatizante" e divertida experiência de cientista-figurante (de última hora) no “centro tecnológico” do norte-americano Power Play (Jogo de Poder, 2003), de Joseph Zito, rodado aqui em Curitiba.

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