sábado, 25 de dezembro de 2021

Crítica: Roda do Destino


RODA DO DESTINO

(Guzen to Sôzô)

por Joba Tridente 

Há quem ache que a vida amorosa do ser humano é regida pelo Destino ou pelo Acaso. Há quem está nem aí pra um e/ou pra outro..., apostando no Instinto. Há quem simplesmente se deixa levar pelo labirinto da Paixão..., se encontrar nada no caminho, abre um atalho e muda o trajeto. O Amor pode acontecer em linha reta, em paralelo, em triângulo..., e até mesmo não acontecer. Ah, o Amor, sempre pregando peças divertidas e/ou doloridas no complicado ser humano. 

“Sentir-se à vontade não é o mesmo que apaixonado.” 


Há muita expectativa quanto ao lançamento de filmes em salas de cinema em 2022. Também porque toda via de retorno do público às salas de cinema requer segurança e responsabilidade (ainda) em tempo de pandemia. Isso garantido, o caminho vai estar livre para grandes apreciações. Uma delas, certamente, será a do magnífico drama japonês Roda do Destino (Guzen to Sôzô, 2020), roteirizado e dirigido por Ryûsuke Hamaguchi (Asako I & II) e pontuado, com precisão cirúrgica, pelo belíssimo Op.15, conhecido como Kinderscenen (Cenas da Infância, 1838), de Robert Schumann. Casamento mais que perfeito entre duas obras-primas. 


Roda do Destino narra três histórias distintas em que oito personagens são prisioneiros das armadilhas do Amor. Três histórias construídas com sensibilidade, ternura e sensualidade, protagonizadas por mulheres e que conversam com o espectador sobre relações amorosas singelas, tóxicas e carentes. No episódio 1: Magia (ou algo parecido) duas jovens mulheres, a descolada Meiko (Kotone Furukawa) e a recatada Tsugumi (Hyunri), em um taxi, trocam intimidades sobre a ocorrência de relação sexual num primeiro encontro. Em comum: a experiência de Meiko com o ex-namorado Kazu (Ayumu Nakajima), que não tem certeza do que é Amor e do que é Paixão num relacionamento sexual frustrante. 


No episódio 2: Porta escancarada, a dedicada estudante Murayama (Katsuki Mori) tem um caso com o folgado colega de escola Sasaki (Shouma Kay), e aceita a incumbência de provocar o honrado professor Segawa (Kyohiko Shibukawa) para conseguir melhorar a nota do namorado. No episódio 3: Mais uma vez, em um “mundo que ficou off-line e as pessoas voltaram a usar os correios e telégrafos”, duas mulheres adultas, Natsuko (Fusako Urabe) e Nomura (Aoba Kawai), se encontram casualmente numa estação de trem e quando começam a conversar sobre o passado não têm certeza se elas realmente se conhecem do tempo de estudante. 


São três pequenas crônicas e/ou, ainda que aparentemente distintas, três preciosos versos de um mesmo haicai, de um poema curto invocando desesperadamente o Amor. Três histórias acontecendo cada uma em três tempos: prólogo, trama, epílogo. Três histórias com métrica e metragem perfeitas: nem uma palavra a mais, nem um fotograma a mais, nem uma nota musical a mais que o necessário. Três histórias explorando as intenções da fala, do gesto, do ato..., e suas consequências inesperadas. Três finais surpreendentes, de deixar o espectador de boca aberta e querendo mais..., mesmo ciente de que menos é sempre mais. 


Roda do Destino é singular na sinceridade dos diálogos e na performance natural do excelente elenco. A sugestão do erótico, que varia em cada capítulo, é provocantemente sublime..., de excitar o corpo e a alma do espectador arrebatado (desde a primeira cena) por sua trama inteligente. Assim como no também belo tríptico feminino sul-coreano A Mulher que fugiu, de Hang Sang-soo, fotografado por Kim Sum-min, aqui a fotografia (sem exibicionismo) de Yukiko Iioka é fundamental para inserir o espectador no contexto e/ou em cena..., como se parte do elenco, como se parte da equipe ou como se mero bisbilhoteiro incapaz de tirar os olhos e ouvidos da ação. É difícil escolher a melhor das três histórias casuais sob a direção impecável de Ryûsuke Hamaguchi. Mas, pessoalmente, fico com a terceira, Mais uma vez, em que Acaso e Destino vagueiam lado a lado, envolvidos pelas notas celestiais do Op.15 de Schumann... 

Ganhador do Grande Prêmio do Júri, no Festival de Berlim de 2021, o imperdível Roda do Destino estreia, nos cinemas, dia 6 de janeiro de 2022, com distribuição da Pandora Filmes. 

 

NOTA: As considerações acima são pessoais e, portanto, podem não refletir a opinião geral dos espectadores e cinéfilos de carteirinha. 

Joba Tridente: O primeiro filme vi (no cinema) aos 5 anos de idade. Os primeiros videodocumentários fiz em 1990. O primeiro curta-metragem (Cortejo), em 35mm, realizei em 2008. Voltei a fazer crítica em 2009. Já fui protagonista e coadjuvante de curtas. Mas nada se compara à "traumatizante" e divertida experiência de cientista-figurante (de última hora) no “centro tecnológico” do norte-americano Power Play (Jogo de Poder, 2003), de Joseph Zito, rodado aqui em Curitiba. 


quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

Crítica: Matrix Resurrections

 

MATRIX RESURRECTIONS

por Joba Tridente 

Eu sou um dos poucos espectadores que não foi inoculado com o vírus Matrix. Continuei imune por toda a trilogia (que assisti) e, birrento, não me tornei fanático da franquia, que apelidei de Chatrix, por ir de lugar algum a lugar nenhum com a sua filosófica masturbação mental. A decepção com o primeiro Matrix (1999), a mim, uma colcha de retalhos das dezenas de filmes e de livros de ficção científica que já havia assistido e lido, acabou atravancando a minha degustação. Agora, sem rever a experiência game, quis saber o quê há de novo em Matrix Resurrections (EUA, 2021), de Lana Wachowski..., e se desta vez seria (finalmente) arrebatado ou (igualmente) arremessado no depósito das peças suprimidas. 

O olho azul é um exagero! 


Ironia das ironias, o que mais chama a atenção no enredo de Matrix Resurrections, e que vem sendo alardeado por colegas, é a “autoparódia”, a “autocrítica”, a “metalinguagem”..., que coloco assim, entre aspas, porque, em se tratando de Matrix, não se tem certeza de coisa alguma, nem mesmo da crítica ao faminto capitalismo hollywoodiano, exigindo sempre mais um campeão de bilheteria a quem já frequenta outra plataforma. Pode ser mero jogo de cena e/ou blefe, como a fala de Neo e Trinity na cena final, se é que é o final! 


Matrix Resurrections, roteirizado por Lana, Aleksandar Hemon e David Mitchell, é um filme para fãs (não muito exigentes). A trama segue pela trilha segura dos filmes anteriores, só que sem muita filosofia de boteco..., mas batendo na mesma tecla da tecnologia inteligente e usuários autoritários e/ou subservientes. Em seu prólogo, numa empresa desenvolvedora de videogames, acontece uma reunião para se discutir as estratégias de mercado de um novo jogo e a conversa vira um questionamento curioso (o único momento de humor negro genuíno) sobre Matrix e no Matrix Ressurections: é game?; é filme?; é um programa?; é real?; é simulação?; é sonho?; é franquia lucrativa?..., e por aí vai, abrindo caminho para a metaficção (?) ou algo parecido. 


Em meio às incertezas mecânicas da vida, da arte, da máquina, o letárgico Thomas A. Anderson, o Neo (Keanu Reeves), designer de videogame, começa entrar em parafuso (ou ser desparafusado), assombrado por visões (do que lhe aconteceu em filmes passados) e, após um encontro inesperado com a sua amada Trinity (Carrie-Anne Moss), a pirar de vez. Um Analista (Neil Patrick Harris) tenta manter Neo sob controle..., mas sabe como são instáveis as “maquinas”. Não demora para que portais sejam abertos e, simulada ou não, a operação para “resgatar” e “salvar” Neo (que já foi o Escolhido) e Trinity (de um "perigo mortal" qualquer, "dentro" ou "fora" de Matrix), tem (re)início, com as indefectíveis (e cansativas mesmo!) sequências de pancadaria, tiro, perseguição de carro e de helicóptero e explosões (que tomam a maior parte da trama)..., até culminar no previsível final apoteótico, que, evidentemente, não poderia ser outro, depois de tanta correria e/ou travessia de portais inimagináveis. 


Tudo é igual, mas levemente diferente e (ainda) confuso (para quem não conhece o mirabolante argumento original), no retorno à Matrix, ao miolo do Sistema, onde o Agente Smith (Jonathan Groff, na pele que já foi de Hugo Weaving) tem sua versão renovada (“O olho azul é um exagero!”). Nessa volta dos que não foram, um elenco afiado, ótimos efeitos especiais (haja bullet time), com destaque para a sempre maravilhosa arte steampunk. Lembrando que (para bom entendedor) nem só com tecnologia de ponta se faz um bom filme. Algumas gags funcionam melhores que outras (aí é questão de gosto ou de humor). Enfim, Matrix Ressurections me pareceu apenas um mix-homenagem dos três filmes anteriores (Matrix, 1999; The Matrix Reloaded, 2003; The Matrix Revolutions, 2003), com uma razoável dose de amor desesperado de Neo e Trinity, que não deve decepcionar os fãs (pouco exigentes) da franquia blockbuster. 


NOTA: As considerações acima são pessoais e, portanto, podem não refletir a opinião geral dos espectadores e cinéfilos de carteirinha. 

Joba Tridente: O primeiro filme vi (no cinema) aos 5 anos de idade. Os primeiros videodocumentários fiz em 1990. O primeiro curta-metragem (Cortejo), em 35mm, realizei em 2008. Voltei a fazer crítica em 2009. Já fui protagonista e coadjuvante de curtas. Mas nada se compara à "traumatizante" e divertida experiência de cientista-figurante (de última hora) no “centro tecnológico” do norte-americano Power Play (Jogo de Poder, 2003), de Joseph Zito, rodado aqui em Curitiba. 

 


domingo, 19 de dezembro de 2021

Crítica: CORA


C  O  R  A

por Joba Tridente 

Segundo o Houaiss: “Memória é a faculdade de conservar e lembrar estados de consciência passados e tudo quanto se ache associado aos mesmos. (...) Aquilo que ocorre ao espírito como resultado de experiências já vividas; lembrança, reminiscência.” Sendo assim, é possível construir para si mesmo uma memória não vivida de família (que não conheceu), a partir objetos, cartas, fotos, fragmentos, filmes caseiros, entrevistas envoltas em “segredos”? Essa é a premissa da intrincada ficção experimental CORA (Brasil/Dinamarca, 2021), dirigida e roteirizada por Gustavo Rosa de Moura e Matias Mariani. 

O ano é 2064. Querendo entender o passado de sua família, a dinamarquesa Cora (Charlote Munk) organiza um arquivo que encontrou num velho HD, com um documentário inacabado (e em grande parte deteriorado) no qual, Benjamim, seu pai brasileiro, tenta investigar, 50 anos antes, a história dos próprios pais dele e descobre que ambos faziam parte de um complexo quebra-cabeça familiar, cheio de traumas e tabus, em que ele começou a se ver como uma das peças principais.” 


Narrado no estilo documentário doméstico..., bem próximo ao pseudodocumentário (ou found footage - filme encontrado)..., o melodrama CORA, que inicia com a providencial advertência: “Atenção: este filme contém imagens e sons corrompidos”, faz uma viagem no tempo (de volta ao passado), não para um acerto de contas, mas para que a personagem-título saiba qual é a herança do sangue que traz nas veias. O enredo exige muita atenção do espectador. Pois não é fácil acompanhar as idas e vindas, cortes e recortes e interrupções narrativas dos complicados personagens em um contexto familiar tão disfuncional que, acho, nem Freud explica. 

Uma vez que seu roteiro é nada linear e as histórias vão se misturando, se encadeando, em meio a comentários e imagens “aleatórias”, trazendo mais sombra que luz sobre Teo..., um espectador ansioso pode perder o interesse em pouco tempo, na tentativa de saber quem é quem no disse me disse que cerca os ancestrais de Benjamim (André Whoong) e Cora. Um enigma digno da Esfinge: Decifra-me ou te devoro. Num país (do futuro) em frangalhos, muita coisa realmente é devorada. Até mesmo “Édipo” sucumbe ao caos pessoal ao buscar compreender e/ou justificar a cegueira familiar. 


Em Cora, chama mais atenção a boa ilusão técnica de efeitos especiais (dos pixels corrompidos) do que a narrativa truncada com suas desventuras sem fim (mortes, crimes, loucura, separações, casamentos, viagens, isolamentos). No alinhavo de linhas quebradas e/ou embaraçadas, os elementos “biográficos” (da vida de Teo) que dão suporte ao enredo são frágeis e distantes, o que dificulta a empatia por algum membro, vivo ou morto, desta família dissonante. 

Sabe-se pouco das características de cada um. E o que se sabe, na fragmentação dos registros corrompidos, não parece matéria suficiente para despertar interesse sequer sobre os seus destinos. O exagero na fragmentação de dados, além de lhes “roubar a face” e a “fala”, os torna irrelevantes..., no passado, presente e/ou no futuro. Assim, para subir nesta árvore genealógica, com tantos galhos cortados, é preciso ter paciência, para não se perder entre a espessa folhagem. Ou esperar a queda dos frutos maduros..., se é que vão amadurecer até o final da rama. 


Os personagens que, praticamente, têm cara e papel com alguma relevância na trama são: Raul (Fabio Marques Miguez), o melhor amigo do Teo, com seu arquivo de fotos, cartas e desenhos; o falastrão Haroldo (Sylvio Zilber), amigo de faculdade de Isabel e Xavier (pais de Teo); e a enferma Isabel (Vera Valdez), mãe de Teo. Dois atores e uma atriz num ótimo jogo de cena, diante da câmera, dando naturalidade ao pseudodocumentário. Da personagem Cora, apenas a narração e os comentários sobre os arquivos audiovisuais recolhidos por Benjamim, que ela encontrou num velho HD. 

Nos créditos finais há uma indicação de que Cora é um filme-resposta ao romance Antonio, publicado em 2007 (que não li), de Beatriz Bracher, mãe do diretor Matias Mariani. Talvez daí o conceito mais literário do que cinematográfico. Enfim, um filme para um público muito seleto e em busca de novas linguagens. CORA estreia, nos cinemas, no dia 23 de dezembro de 2021, com distribuição da Pandora Filmes.

Trailer: aqui.

 

NOTA: As considerações acima são pessoais e, portanto, podem não refletir a opinião geral dos espectadores e cinéfilos de carteirinha. 

Joba Tridente: O primeiro filme vi (no cinema) aos 5 anos de idade. Os primeiros videodocumentários fiz em 1990. O primeiro curta-metragem (Cortejo), em 35mm, realizei em 2008. Voltei a fazer crítica em 2009. Já fui protagonista e coadjuvante de curtas. Mas nada se compara à "traumatizante" e divertida experiência de cientista-figurante (de última hora) no “centro tecnológico” do norte-americano Power Play (Jogo de Poder, 2003), de Joseph Zito, rodado aqui em Curitiba.


terça-feira, 14 de dezembro de 2021

Crítica: Azor


A  Z  O  R

por Joba Tridente 

Quando ouve falar em paraíso (ou refúgio) fiscal, muita gente de pouca e/ou quase nenhuma grana, dá asas à imaginação e viaja na ideia de um lugar onde dinheiro dá em árvore (frutas-moedas) e até mesmo no chão (grama-dólar). Mas, assim que escorrega na maionese e cai na real (ou na falta do real) e se esborracha nas suas dívidas secas, se pergunta entre muitos ais: Qual é o caminho das pedras ou o pulo do gato sem rastro para as delícias lucrativas das empresas offshore? Onde começa a trilha para a fonte dos privilegiados que jorra dinheiro? Bem, se “ninguém” sabe e “ninguém” viu e “ninguém” falou é por causa do Ali Mandha Kalar. Traduziu? Também porque, essa gente sempre em off sabe muito bem como faturar alto em qualquer situação política e/ou catastrófica. Aliás, quanto mais extrema e/ou mais trágica, melhor! 

Fique quieto!

Cuidado com o que diz!


Um das ocasiões mais revoltantes do livre investimento dos abastados está no foco do excelente thriller político argentino Azor (2021), do estreante diretor suíço Andreas Fontana. Escrito por Fontana e Mariano Llinás, o roteiro traz à luz (às vezes difusa) um punhado de personagens “acima de qualquer suspeita” que anda pelas sombras, procurando se beneficiar dos esquemas (bancários) de corrupção na Argentina, sob a viscosa ditadura de Jorge Rafael Videla (1976-1981)..., apoiada por civis da elite nacional (claro!) e com a conivência da igreja (óbvio!). 


A trama que, aos poucos vai amarrando tensos fios (desencapados?) começa com as cenas de um simpático personagem posando risonho para fotógrafos (?). Ele é René Keys (Alan Gegenschatz), personagem-chave neste enredo sombrio..., e estas são as únicas cenas em que aparece antes de sumir do mapa. O mês é dezembro. O ano 1980. Sem notícias do sócio, o banqueiro suíço Yvan De Wiel (Fabrizio Rongione) e sua esposa Inés (Stéphanie Cléau), desembarcam em Buenos Aires atrás de pistas e para dar continuidade nos negócios financeiros firmados com a clientela particularmente rica e influente e que, entre sussurros e precaução, não sabe se o solícito René fugiu, foi sequestrado, foi morto..., naquele país em grande deformação. Yvan e Inês não entendem, de imediato, a situação política da Argentina. Mas não demora para que também comecem a pisar em ovos. Principalmente após Ivan encontrar, em uma lista de correntistas deixada por René, o nome Lázaro, que ele desconhece... 

Estamos em fase de purificação:

os parasitas precisam ser exterminados


Azor é narrado em cinco capítulos distintos, pero no mucho, que sinalizam o itinerário e os percalços da relação financeira entre os oportunistas investidores e sonegadores argentinos e o oportuno sistema bancário suíço: A Turnê do Camelo (rito de passagem); As visitas; Um Duelo; A Gala; Lázaro. A determinada busca de Yvan por René é praticamente uma jornada de herói banqueiro no atalho do dinheiro e da corrupção, por “baixo dos panos” da genocida ditadura militar. Um simbólico beija-mão redentor dos “pecadilhos” dos abastados também sob o regime dos abestados. Toda via do lucro fácil, no entanto, dá voltas, meias-voltas ou navega por águas sombrias ao pôr do sol? Como medir a integridade de um propósito e/ou de um depósito? Quem assistir saberá até onde vai o caráter de um profissional tão “neutro” quanto o seu país (na época)! 


Azor é uma co-produção Argentina/Suíça/Franca e cuja narrativa dispensa metáforas (mas não os neologismos) e economiza palavras nos maquiavélicos diálogos (em francês e espanhol) de falas curtas, de falas diretas ou de falas interrompidas na intenção ferina de se alcançar a meta: O medo te torna medíocre!. Assim, o que não é dito ou é subtraído das conversas (formais e informais) e/ou a ação meramente sugerida terá de ser concebida pela mente do espectador intuitivo. 

Enfim, com performances notáveis de Fabrizio Rongione e Stéphanie Cléau, apoiados por um ótimo elenco coadjuvante, formado por atores veteranos, Andreas Fontana realiza um filme irretocável sobre a ganância sem limites (também em tempos de crise). A fotografia discreta de Gabriel Sandru, nos rodeios da música de Paul Couler, dá o tom cirúrgico para a edição precisa de Nicolas Desmaison.

 

NOTA: As considerações acima são pessoais e, portanto, podem não refletir a opinião geral dos espectadores e cinéfilos de carteirinha. 

Joba Tridente: O primeiro filme vi (no cinema) aos 5 anos de idade. Os primeiros videodocumentários fiz em 1990. O primeiro curta-metragem (Cortejo), em 35mm, realizei em 2008. Voltei a fazer crítica em 2009. Já fui protagonista e coadjuvante de curtas. Mas nada se compara à "traumatizante" e divertida experiência de cientista-figurante (de última hora) no “centro tecnológico” do norte-americano Power Play (Jogo de Poder, 2003), de Joseph Zito, rodado aqui em Curitiba. 


domingo, 12 de dezembro de 2021

Crítica: A Mulher Que Fugiu

 

A MULHER QUE FUGIU

Domangchin yeoja

por Joba Tridente 

Onde habita a felicidade? Muitos de nós, “humanos”, certamente nos perguntamos (nas mais diversas ocasiões)..., e divergimos quanto à resposta. Uma vez que a felicidade tanto pode habitar dentro quanto fora de cada “humano” à sua procura..., ou em lugar nenhum, que tal é a quimera. Questão que perpassa (subliminarmente) no drama sul-coreano A Mulher Que Fugiu (Domangchin yeoja, 2020), do diretor Hong Sang-soo, que trouxe para si também a responsabilidade do minimalista roteiro, da montagem e da trilha sonora. A Mulher Que Fugiu que conquistou diversos prêmios (Urso de Prata; Melhor Filme do Ano, da Associação de Críticos de Cinema da Coréia; Menção Especial no Festival de San Sebastian) tem estreia prevista para o dia 16.12.2021, nos cinemas. 

Ele diz que as pessoas apaixonadas

devem se apegar umas às outras.

É algo natural. 


A Mulher Que Fugiu acompanha os encontros de Gam-hee (Kim Min-hee) com três amigas de longa data (Young-soon, Su-young e Woo-jin), no entorno de Seul. Os dois primeiros são combinados. O terceiro é casual. Há muito que elas não se vêm e Gam-hee está aproveitando a viagem de negócios do marido para matar as saudades e justificar o distanciamento. 

Young-soon (Young-hwa Seo), que divide o apartamento com Youngji (Lee Eunmi), é divorciada e mora numa região bucólica, onde é possível cultivar horta, ouvir canto de pássaros e observar as montanhas e a floresta com seus tons outonais contornando o horizonte. Su-young (Song Seon-mi), que também mora num agradável apartamento, com a entrada verdejante e bela vista para as montanhas, é solteira, independente e ainda está conhecendo a cultura local. O encontro com Woo-jin (Kim Sae-Byuk), casada com um conhecido de Gam-hee, acontece em um café, na sala de espera de um cinema. Do lado de fora também se avista montanhas e vegetação. Mas, será que estas mulheres são (ou estão) felizes com o rumo de suas vidas? No momento, o quê significa “felicidade” para cada uma delas? Ter alguém para fazer companhia ou antes só que mal acompanhadas? Um assunto que, invariavelmente, acaba pautando conversas de visitas tardias e de respostas incertas... 


Sang-soo trabalha quatro variações do tema afetividade (amorosa), envolvendo as quatro mulheres à beira de uma nova vida e cujas intimidades vão do imperceptível ao explosivo..., levando Gam-hee a repetir uma mesma fala, como se um mantra, sobre o (seu) marido: “Nos cinco anos, desde que nos casamos, não passamos um dia separados. Ele diz que as pessoas apaixonadas devem se apegar umas às outras. É algo natural.” Será? O curioso é que a sua fala não é de arrogância ou de afronta. Ela flui naturalmente. Nota-se, no entanto, uma leve mudança de tom a cada repetição..., como se ela mesma não tivesse certeza do que sente em relação ao próprio casamento e à felicidade que manifesta. Mero jogo de cena e/ou, assim como em outras insinuações (sobre as residências aprazíveis de Young-soon e Su-young0), ela está em busca (ou em fuga) de si mesma? São muitos os sentidos do que é dito e/ou engolido, com a comida e/ou com um pedaço de maçã descascada, pelas quatro mulheres. Nem todos os sentidos serão decifrados pelo espectador. Alguns vão ficar tangenciando a sua mente por um bom tempo... 


A Mulher Que Fugiu é um filme intimista, profundamente feminino e de viés feminista, que apresenta mulheres de iniciativas e homens (em segundo plano) como se meros figurantes descartáveis na vida e na arte, conforme a situação. Aliás, tanto o homem do gato, quanto o homem das poesias e o homem das palestras, três coreanos que fecham cada qual uma sequência, se acham a indispensável cereja do bolo, mas não passam mesmo de descartável caroço da azeitona de pastel de vento. O que não quer dizer que, em sua insignificância, eles não possam ser espelho de quem quer que seja (inclusive das mulheres, em um momento de angústia). 


Enfim, A Mulher Que Fugiu é um drama inusitado, bucólico em sua urbanidade e melancólico em sua introspecção, cujo roteiro, assim como em outras tramas do diretor, imerge nas águas turbulentas das relações humanas em busca do verbo ideal para traduzir e iluminar o que há de importante por trás do banal cotidiano de cada um (sempre) à procura de uma felicidade muito particular. Aqui, a bela paisagem é cúmplice e metáfora das mudanças pessoais de cada personagem, que Hong Sang-soo explora magistralmente no subtexto (incluindo o ambíguo título) de um enredo onde os silêncios e os diálogos..., repletos de amenidades (vegetarianismo, decoração, paisagem, galo, gato, homem, fama, poesia, bebida, maçã) e alguma confissão íntima..., acentuam a passagem do tempo e a desconexão de assuntos pessoais entre amigas que há muito não se sabem. E dificilmente se saberão após a visita de ocasião. É vida que segue rotineira, feito as ondas do mar que quebram e voltam a quebrar espumosas na tela de um cinema num dia fugidio..., enquanto Gam-hee aguarda a hora de retornar pra sua rotina doméstica e profissional: cuidar do marido e da floricultura. 

A câmera que conduz (ou desvia!) o olhar do espectador nos três contos, mudando o seu ponto de vista, principalmente nas aberturas e fechamentos dos encontros, ficou por conta de Kim Sum-min.

Trailer: aqui

 

NOTA: As considerações acima são pessoais e, portanto, podem não refletir a opinião geral dos espectadores e cinéfilos de carteirinha. 

Joba Tridente: O primeiro filme vi (no cinema) aos 5 anos de idade. Os primeiros videodocumentários fiz em 1990. O primeiro curta-metragem (Cortejo), em 35mm, realizei em 2008. Voltei a fazer crítica em 2009. Já fui protagonista e coadjuvante de curtas. Mas nada se compara à "traumatizante" e divertida experiência de cientista-figurante (de última hora) no “centro tecnológico” do norte-americano Power Play (Jogo de Poder, 2003), de Joseph Zito, rodado aqui em Curitiba. 


quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

Crítica: Amor, Sublime Amor

AMOR, SUBLIME AMOR

West Side Story

por Joba Tridente 

Quando o espectador tem um filme de estimação e ouve falar que será refilmado, trêmulo pergunta: “Por quê? O quê há de errado com ele? Bem, acontece que, por mais agradável que o filme em questão seja e por mais que a sua trama continue à frente das tramas (assemelhadas) dos filmes atuais, quando um produtor e diretor de renome bota na cabeça que vai refazê-lo e ponto, mais hora menos hora acaba refilmando mesmo. Então, ou dá a (sua) cara nova à cara velha ou quebra a (sua) cara. 

Ainda sem saber o que esperar, quando o diretor Steven Spielberg anunciou que iria dirigir uma nova adaptação do clássico musical West Side Story (Amor, Sublime Amor), muita gente ficou de orelha em pé. Passado o susto, a boa notícia é que, mesmo com algumas mudanças e/ou ajustes, Spielberg não deve decepcionar os seus fãs e nem os fãs da obra cinematográfica dirigida por Robert Wise, em 1961, e que arrebatou dez Oscars e três Globos de Ouro. Se a nova versão vai chegar lá..., aí é outra história. 

No soy Americana, soy puertorriqueña! 


Tendo como pano de fundo uma história de ódio e de amor, que remete ao famoso drama Romeu (Montéquio) e Julieta (Capuleto), de Shakespeare, o musical Amor, Sublime Amor executa as suas canções vociferando hostilidade, clamando cidadania e/ou celebrando o amor em dois palcos urbanos, onde suas notas melódicas (agridoces) irão acabar se roçando e se embaralhando num final trágico de moral tardia na coxia bairrista em comum. 

Em um cenário, o desdobramento das desavenças por território (em vias de desapropriação) entre os brancos norte-americanos extremistas da gangue Jets, liderada por Riff (Mike Faist) e os irredutíveis morenos porto-riquenhos da gangue Sharks, comandados por Bernardo (David Alvarez). Em outro, o conturbado amor à primeira vista arrebatando a romântica Maria (Rachel Zegler), irmã de Bernardo, e o sonhador Tony (Ansel Elgort), recém-saído da prisão. Tony já fez parte da turma malvada de Riff, mas agora quer sossego e uma vida melhor, trabalhando na loja de Valentina (Rita Moreno, que mereceu o Oscar, na pele de Anita, em 1961), que já foi de Doc, na versão de Wise. Acontece que o esquentado e superprotetor Bernardo, que vive com Anita (Ariana DeBose), não quer nem pensar no envolvimento da jovem Maria com Tony, pois já arranjou um namorado para ela, o seu amigo Chino (Josh Andrés Rivera). 


Acontece que, antes do explosivo encontro de Maria e Tony, em um baile de integração racial, as duas gangues combinaram uma briga para resolver quem é o dono do pedaço. Agora, com a raiva escorrendo pelos poros dos dois líderes, Riff não abre mão do pacato Tony na luta final e Bernardo acredita ser esta a melhor oportunidade para dar uma lição no pacífico namorado da irmã..., que não está nem aí pros dois valentões do bairro, mas que vai acabar sendo crucial no desfecho desta rixa. Como se sabe, o preconceito pode ter duas vias e, no final das contas, todos os intolerantes são perdedores. Ao se ater à ficção de Arthur Laurents e desviar o olhar para a realidade, percebe-se que, em 60 anos, pouco mudou nas terras do tio insano quanto à xenofobia, o racismo, a violência etc... 


Neste West Side Story ou Amor, Sublime Amor (título brasileiro) spielberguiano, a essência do argumento original está intacta no suporte à história de rivalidades idiotas e de amores trágicos, envolvendo a gangue xenofóbica Jets, dos estadunidenses brancos, e a gangue Sharks, dos imigrantes porto-riquenhos morenos, na cidade de Nova York, em 1957. No entanto, em seu roteiro, Tony Kushner atualizou, cortou e lapidou alguns diálogos e letras da peça de teatro musical concebida, dirigida e coreografada por Jerome Robbins, a partir do livro de Arthur Laurents. Ou seja, em suas “releituras”, Spielberg e Kushner procuraram acentuar e/ou amenizar algumas passagens em que o preconceito étnico e idiomático era mais forte. Com isso, a envolvente música de Leonard Bernstein, com letra de Stephen Sondheim, ganha mais intensidade, mais repercussão social e até uma irônica alegria (como na contagiante América). 


Amor, Sublime Amor traz algumas sequências musicais encantadoras, como a de Maria e Tony, no famoso dueto romântico de Tonight, na sacada gradeada do apartamento da jovem, e a de Anita, num forte contexto social, comandando o grupo porto-riquenho pelas calçadas e ruas do bairro na (agora) esfuziante canção América, anteriormente apresentada num fim de tarde no terraço do prédio onde os imigrantes moravam..., e outras (a mim) bem enfadonhas. 

O maior mérito de Spielberg na visita ao West Side Story, possivelmente, está no elenco. Ao contrário da versão Wise..., em que, excetuando (sabe-se lá o porquê) a branca Natalie Wood/Maria, grande parte do elenco que representava os porto-riquenhos tinha a face pintada de marrom (bronze envelhecido), salvando-se original no protagonismo, só Rita Moreno/Anita..., ele escalou atores e atrizes latinos. E mais, provoca o espectador ao manter diálogos fluindo entre o inglês e o espanhol e sem legendas (também nos EUA). Por essa os nacionalistas estadunidenses (que odeiam filme legendado) não esperavam. 


Quanto às mudanças mais notáveis, os amantes da versão de Wise talvez se incomodem com a estranha caracterização da personagem Anybody (Ezra Menas) que, de uma adolescente moleca, nada mais que uma garota rebelde que andava no meio dos garotos malvadões da gangue Jets, no remake vira um homem trans (?) grandalhão e humilhado. A mudança mais assimilável, sem dúvida, é a da personagem de Rita Moreno (a Anita de Wise), que volta muito bem à cena, no papel de Valentina (a esposa de Doc), criado especialmente para ela e com direito a interpretar a bela e melancólica Somewhere (There's a Place For Us). É óbvio que estas mexidas só serão percebidas (e julgadas) por quem conhece o filme de Wise, de 1961.
 


Enfim, ainda que divida opiniões Amor, Sublime Amor, de Steven Spielberg é um espetáculo com grandes momentos musicais e coreográficos e diálogos perturbadores. Como resistir a canções como América, ​​Tonight e I Feel Pretty e ou o sacolejar de Mambo? O elenco é adequado e as interpretações são consistentes, com destaque para Ariana DeBose, cujas cenas finais, num contraponto desconcertante à exaltação em América, são de arrepiar: “No soy Americana, soy puertorriqueña!”. A paleta de cores que impressiona na distinção dos figurinos americanos (em tons frios de azul) e porto-riquenhos (em tons quentes de vermelho, rosa, amarelo, laranja) também apavora com suas sombras estratégicas. Quanto à fotografia de Janusz Kaminski, é ela que, aliada à notável edição de Michael Kahn e Sarah Broshar, coloca o espectador em cena e ainda o faz rodopiar, dançar e brigar.

Trailer: Aqui

 

NOTA: As considerações acima são pessoais e, portanto, podem não refletir a opinião geral dos espectadores e cinéfilos de carteirinha. 

Joba Tridente: O primeiro filme vi (no cinema) aos 5 anos de idade. Os primeiros videodocumentários fiz em 1990. O primeiro curta-metragem (Cortejo), em 35mm, realizei em 2008. Voltei a fazer crítica em 2009. Já fui protagonista e coadjuvante de curtas. Mas nada se compara à "traumatizante" e divertida experiência de cientista-figurante (de última hora) no “centro tecnológico” do norte-americano Power Play (Jogo de Poder, 2003), de Joseph Zito, rodado aqui em Curitiba.


terça-feira, 30 de novembro de 2021

3ª Bienal Internacional do Cinema Sonoro

 

BIENAL INTERNACIONAL DO CINEMA SONORO

online e gratuito

2 a 5 de dezembro de 2021

links: textos em laranja

Com a proposta de exaltar e desenvolver os aspectos sonoros do cinema contemporâneo, vem aí 3ª BIS - Bienal Internacional do Cinema Sonoro, trazendo 28 filmes (15 curtas e 13 longas-metragens) brasileiros, concorrentes em nove categorias competitivas, que serão exibidos gratuitamente pelo serviço de streaming Petra Belas Artes À La Carte, entre 2 e 5 de dezembro de 2021. 



Bienal Internacional do Cinema Sonoro – BIS nasceu com o objetivo de revelar trabalhos de qualidade singular na área de som do cinema a fim de contribuir para a evolução da linguagem sonora nas artes cinematográficas, e estimular o desenvolvimento de estudos e novos trabalhos criativos do ponto de vista da linguagem sonora. Bem como ajudar na formação dos futuros profissionais de som, oferecendo oficinas e masterclass, além de ampliar as discussões, o intercâmbio e as relações de amizade entre futuros profissionais e aqueles já estabelecidos no mercado através de debates, encontros e palestras. 

A organização pensou uma mostra competitiva diferente desta vez: um conselho de jurados de diversas associações de profissionais da área (ABRA, A3pS, API, AMC, Edt.Rio e Musimagem) votaram nos filmes após a inscrição e a primeira triagem do festival. Da mesma forma, o júri jovem, formado por estudantes de audiovisual da Universidade Estadual de Goiás (UEG), também votaram nos filmes dessa primeira triagem. Os mais votados de cada categoria são as produções que serão exibidas na mostra competitiva. Os ganhadores serão revelados no último dia de evento, tanto para o júri oficial, quanto para o júri jovem. 

A exibição dos filmes começa no dia 2/12/2021 (quinta-feira), às 17h, com sessões das mostras competitivas de longas e curtas-metragens. Na sexta-feira, 3/12/2021, a transmissão das mostras segue das 17h à 0oh. No sábado, 4/12/2021, a programação começa mais cedo, às 15h. No domingo, 5/12/2021, o público pode assistir às produções a partir das 14h. A programação traz, ainda, quatro produções recentes do Equador, Índia, Bélgica e Reino Unido, que compõem a Mostra Panorama Internacional, além de oficinas e a série de lives Cinemando, que aborda cases, trajetória de carreira, mercado, produção e pós-produção de áudio.

A SELEÇÃO

A Primeira Morte de Joana

Entre curtas e longas-metragens, 28 produções brasileiras competem nas mostras competitivas da 3ª BIS - Bienal Internacional do Cinema Sonoro. Em Luz nos Trópicos, de Paula Gaitán, Igor é um indígena Kuikuro nascido no interior que resolve retornar à terra de seus ancestrais trazendo as cinzas de seu avô e o registro sonoro de sua voz gravada pouco antes de morrer. A cineasta tece uma densa estrutura de histórias e linhas do tempo, enredados por cosmogonias indígenas, cadernos de viagem e literatura antropológica. O filme passou recentemente pelo Filmadrid (Espanha), pela 24ª Mostra de Cinema de Tiradentes e recebeu prêmio de Melhor Filme Ibero Americano no Lima Alterna Festival Int. de Cine, do Peru.

Em A Primeira Morte de Joana, de Cristiane Oliveira, Joana, uma menina de 13 anos, quer descobrir por que sua tia-avó faleceu aos 70 sem nunca ter namorado alguém. A partir daí, percebe que todas as mulheres da sua família guardam segredos. O longa-metragem Ainda Temos a Imensidão da Noite, de Gustavo Galvão, reúne um time de talentos, com destaque para o produtor musical norte-americano Lee Ranaldo, fundador da icônica banda Sonic Youth, a produtora brasileira Sara Silveira e o production designer alemão Tamo Kunz (o mesmo dos filmes de Faith Akin).

Os curtas e longas-metragens selecionados para esta 3ª edição concorrem em nove categorias competitivas: Melhor Som; Melhor Direção de Som; Melhor Som Direto; Melhor Edição de Som; Melhor Mixagem de Som; Melhor Efeitos Sonoros; Melhor Música Original; Melhor Desenho de Som e Melhor Edição de Diálogos.

PANORAMA INTERNACIONAL

Ouvertures

Além dos filmes competidores, a BIS 2021 traz quatro produções internacionais e inéditas no Brasil. No primeiro dia de exibições no Petra Belas Artes À La Carte, a programação conta com a produção indiana That Cloud Never Left (2019), dirigido por Yashaswini Raghunandan. No dia seguinte, sexta-feira, é a vez de Ailleurs Partout (2020), filme de Isabelle Ingold & Vivianne Perelmuter, da Bélgica. No sábado, a Mostra Panorama Internacional exibe Ouvertures (2020), dirigido por Louis Henderson e Olivier Marboeuf, do Reino Unido. Já no domingo, o festival exibe Iwianch, the Devil Deer (2020), de José Cardoso, do Equador.

CONVERSAS E OFICINAS

Além dos filmes, a 3ª BIS - Bienal Internacional do Cinema Sonoro promove a série de lives Cinemando, com transmissão simultânea no perfil do Instagram da Bienal e no canal do YouTube da F64 Filmes. No dia 29/11/2021, às 17h, Rosana Stefanoni e Daniel Sasso comandou uma conversa sobre Pós-produção de Som e a A3pS (Associação dos Profissionais de Pós-Produção de Som). Na terça-feira, 30/11/2021, quem comanda a live Construindo Narrativas Sonoras é Ana Luísa Marquito, às 18 hora. No dia 1/12/2021, Mauricio Ruiz é o convidado para falar sobre Sound Design para Games & Mercado, a partir das 17h. A série Cinemando teve início no dia 23 de novembro.

A BIS volta a promover atividades formativas e profissionalizantes. Ainda é possível se inscrever para o Curso de Pro Tools, ministrado por Belém de Oliveira, que aborda desde os elementos mais básicos de interface e configuração até elementos como automação, plugins, ferramentas de mixagem e edição.

O FESTIVAL

Desde a sua estreia na cidade de Goiânia, em 2017, a BIS - Bienal Internacional do Cinema Sonoro propõe uma visão original do cinema contemporâneo, focada no desenvolvimento dos aspectos sonoros, valorização dos profissionais de som e formação da escuta do público. O festival, concebido pela F64 Filmes, é uma realização da F64 Filmes e Idéia Produções, com apoio de SoundTalk, A3pS, Petra Belas Artes à la Carte, ABRA, API, ABC, Edt.Rio, Guardiã do Ser, Musimagem Brasil. O projeto foi contemplado pelo Edital de fomento a festivais de cinema do Fundo de Arte e Cultura de Goiás 2018.


filmes selecionados para a 3ª BIS
LONGAS-METRAGENS

Luz nos Trópicos

A ARTE URBANA, de Bruno Armelin
Edição de Som e Música Original.

A BARQUEIRA, de Sabrina Blanco
Som Direto, Edição de Som, Mixagem e Edição de Diálogo.

A FEBRE, de Maya Da-Rin
Edição de Diálogo e Som Direto.

A NOITE AMARELA, de Ramon Porto Mota
Música Original e Desenho de Som.

A PRIMEIRA MORTE DE JOANA, de Cristiane Oliveira
Melhor som, Mixagem, Efeitos Sonoros, Música Original e Som Direto.

AINDA TEMOS A IMENSIDÃO DA NOITE, de Gustavo Galvão
Melhor Som, Música Original, Edição de Diálogo e Direção de Som.

BENJAMIN ZAMBRAIA E O AUTOPANÓPTICO, de Felipe Cataldo
Efeitos Sonoros e Desenho de Som.

EMPATE, de Sérgio de Carvalho
Música Original, Edição de Diálogo.

LUZ NOS TRÓPICOS, de Paula Gaitán
Melhor Som, Direção de Som, Desenho de Som, Edição de Som e Mixagem.

MÃES DO DERICK, de Dê Kelm
Efeitos Sonoros;

O MERGULHO NA PISCINA VAZIA, de Edson Fogaça

Edição de Som.

TOADA PARA JOSÉ SIQUEIRA, de Eduardo Consonni

e Rodrigo T. Marques
Melhor som, Direção de Som, Som Direto, Edição de Som,

Mixagem, Edição de Diálogo.

VENTO SECO, de Daniel Nolasco
Edição de Som e Desenho de Som.


CURTAS-METRAGENS

A MAIOR MASSA DE GRANITO DO MUNDO, de Luis Felipe Labaki
Melhor Som, Edição de som, Mixagem e Música Original.

ANAMNESE, de Tiago Lipka
Mixagem e Desenho de Som.

ATORDOADO, EU PERMANEÇO ATENTO, Henrique Amud

e Lucas H. Rossi dos Santos
Edição de Som.

BANCA PARAÍSO, de Giovanna Giovanini e Rodrigo Boecker
Som Direto e Mixagem.

COPACABANA MADUREIRA, de Leonardo Martinelli
Direção de Som, Som Direto, Edição de Som, Efeitos Sonoros

e Desenho de Som.

DINHEIRO NA MÃO É…, de Giancarlo Di Tommaso,
Edição de Diálogo.

INABITÁVEL, de Matheus Farias e Enock Carvalho,
Som Direto e Edição de Diálogo.

LORA, de Mari Moraga
Som Direto e Edição de Diálogo.

MARTELO, BIGORNA E ESTRIBO, de João Pedro Moraes
Melhor Som, Direção de Som, Som Direto e Edição de Diálogo.

NERVO ERRANTE, de Bruno Badain
Direção de Som, Efeitos Sonoros, Desenho de Som, Edição de Som.

NOITE DE SERESTA, de Sávio Fernandes e Muniz Filho
Som Direto e Edição de Diálogo.

PORTUGAL PEQUENO, de Victor Quintanilha
Melhor Som, Som Direto, Edição de Som, Mixagem, Efeitos Sonoros,

Música Original, Desenho de Som, Edição de Diálogo.

POSSO FAZÊ NADA!, de Welyton Crestani
Som Direto e Edição de Diálogo.

SER FELIZ NO VÃO, de Luc
Edição de Som e Mixagem.

VAGALUMES, de Léo Bittencourt
Direção de Som, Som Direto, Edição de Som, Mixagem,

Efeitos Sonoros e Desenho de Som.


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