segunda-feira, 31 de agosto de 2020

SEMENTES: MULHERES PRETAS NO PODER


SEMENTES: MULHERES PRETAS NO PODER

O Covid.19 realmente mudou a nossa relação cultural e social. Quem diria que os cinemas drive in ganhariam fôlego e sobrevida e que Mostras e Festivais de Cinema Nacional e Internacional fariam tanto sucesso em plataformas digitais!? Estes novos espaços físicos ou digitais, podem não dar a mesma sensação de uma sala de cinema escura e lotada de cinéfilos, mas, cá pra nós, enquanto a vida não volta ao normal (há de voltar, embora não se saiba quando) e os cinemas e teatros não reabrem, para a alegria do seu público cativo, vamos nos contentando (sem reclamar!)..., um mínimo do mimo é melhor que nada.

Por causa da pandemia, muitos filmes (apostas de grandes bilheterias) foram direto para os serviços de streaming e ou canais por assinatura. No Brasil, algumas produtoras têm aproveitado o período para lançar gratuitamente seus filmes em sites próprios ou em parceria com plataformas consolidadas (como a do Sesc-SP, por exemplo). É o caso da Embaúba Filmes que, no dia 07 de Setembro de 2020, fará o lançamento online e gratuito do documentário SEMENTES: MULHERES PRETAS NO PODER..., sobre representatividade de Mulheres  Pretas na Política do Brasil.



Rodado no Rio de Janeiro, durante o primeiro turno das eleições de 2018, no Brasil,  o documentário SEMENTES: MULHERES PRETAS NO PODER, dirigido por Éthel Oliveira e Júlia Mariano, acompanha seis candidatas¹: Mônica Francisco,  Renata Souza, Talíria Petrone, Rose Cipriano, Tainá de Paula e Jaqueline Gomes e mostra como é o processo de construção dessas mulheres como figuras políticas, como driblam as dificuldades financeiras e trazem de volta às urnas eleitores desacreditados que desistiram do voto. Ele escuta e revela quem são algumas das mulheres pretas na política do Brasil, que emergiram após o brutal assassinato de Marielle Franco.

Em um país com a menor representação parlamentar feminina na América do Sul e com menos de 10% de cadeiras, existentes na câmara dos deputados, ocupadas por mulheres - responder politicamente ao assassinato de Marielle Franco significou candidatar-se a cargos de deputadas federal e estadual nas eleições de 2018, disputar o espaço da política institucional do qual Marielle foi brutalmente arrancada. 

Quem mandou matar Marielle Franco?

O longa foi feito com baixo orçamento, e sempre teve uma equipe majoritariamente feminina e com paridade entre mulheres brancas e pretas. Sua equipe técnica é formada por mulheres pretas na direção, roteiro, direção de fotografia e trilha sonora, o que garantiu a elas estar em posições de chefia e, mais que nada, que o olhar do filme fosse pelas perspectivas diversas dessas mulheres pretas, assim como as retratadas em frente às câmeras.  

SEMENTES: MULHERES PRETAS NO PODER (Brasil, 2020) é o primeiro longa da co-diretora Éthel Oliveira, da fotógrafa Marina Alves e da roteirista Lumena Aleluia. Uma escolha da produtora executiva e co-diretora Júlia Mariano, que coloca em perspectiva o próprio cinema brasileiro e toda a produção de memória e história que vem com ele. Um cinema fundado no fazer de pessoas brancas, que desconsidera outras perspectivas e olhares de mundo. Esse mono-olhar branco, que constrói nosso imaginário coletivo, é redutor e empobrecedor. Mas para além disso, é também constitutivo do racismo estrutural brasileiro.”



¹. AS PERSONAGENS
Mônica Francisco, 48 anos: Ex- assessora de Marielle Franco, é pastora evangélica e militante do movimento de favelas no Rio de Janeiro. Se define como “mulher, negra e defensora da Comunicação Comunitária e Popular”. Durante muitos anos atuou no Movimento de Rádios Comunitárias e é fundadora da Rede de Instituições do Borel e do Grupo Arteiras. Integrou a equipe da Mandata da vereadora Marielle Franco na equipe de Favelas. É natural do Morro do Borel, está filiada ao PSOL RJ e foi eleita deputada estadual em 2018 com 40.631 votos.

Rose Cipriano, 45 anos: É professora da rede municipal de Duque de Caxias. Nascida na Vila Cruzeiro e criada na Figueira, comunidades icônicas do Rio de Janeiro, ingressa no Instituto de Educação Roberto Silveira em 1989. Se gradua em Matemática e se especializa em educação especial. Na juventude, atuou na Pastoral do Negro, em São João de Meriti e Caxias, e no PVNC (Pré-Vestibular para Negros e Carentes). Foi professora da rede estadual entre 1992 e 1996 e desde 1997 ensina na rede municipal de Duque de Caxias mesclando suas atividades com as do SEPE-Caxias, órgão do qual faz parte desde 2006. Esse é o lugar e o olhar de Rose: a periferia, a luta das mulheres e dos negros e negras, a educação pública e de qualidade para todos. Foi candidata a deputada estadual pelo PSOL-RJ, obteve 17.483 votos em 2018. 

Tainá de Paula, 35 anos: É arquiteta e urbanista, ativista feminista, atua nas áreas de habitação popular, planejamento urbano e arquitetura pública. Coordenadora Regional da Plataforma Brasil Cidades, integrante da Comissão para a Equidade de Gênero no CAU/RJ e presta assistência técnica para o Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST) do Rio de Janeiro. Integra os coletivos #partidA Feminista e Intelectuais Negras Zacimba Gaba. Tainá de Paula foi candidata a deputada estadual pelo PcdoB em 2018, obtendo um pouco mais que 8500 votos. 

Jaqueline Gomes, 40 anos: Jaqueline é mulher negra e a primeira trans a ser candidata pelo Partido dos Trabalhadores no Rio de Janeiro a uma vaga na câmara legislativa no Rio de Janeiro. Jaque também é professora na Baixada Fluminense, pesquisadora, comprometida com os direitos humanos e a luta contra o racismo, o machismo, as LGBTfobias e quaisquer outras intolerâncias. Sua bandeira é construir um mandato coletivo a serviço da justiça, da educação pública, dos direitos das mulheres, da igualdade e da efetiva valorização da diversidade. Reconhecendo sua trajetória única, a vereadora Marielle Franco lhe concedeu a Medalha Chiquinha Gonzaga em 2017. Jaqueline foi candidata a deputada estadual pelo PT RJ, obtendo um pouco mais que 2200 votos.

Renata Souza, 36 anos: Jornalista e cria da Maré, foi eleita como deputada estadual com mais de 60.000 votos. Renata se define como mulher, negra e feminista. Parceira de Marielle Franco desde 2000, quando se conheceram no Censo da Maré, pré-vestibular comunitário frequentado por ambas. Pós-doutoranda em Comunicação pela UFF, Renata atua desde 2006 na política institucional, quando junto com Marielle, compôs a comissão de direitos humanos da ALERJ, presidida pelo deputado estadual Marcelo Freixo. Desde então, a pauta da Segurança Pública é central em suas ações, seja na militância nos movimentos sociais, na política partidária e também na universidade. Renata já conhece a máquina do estado por dentro e teve uma base partidária mais sólida para sua candidatura. Em 2018, foi eleita deputada estadual pelo PSOL RJ e desde o princípio do seu mandato preside a comissão de direitos humanos da ALERJ, colidindo de frente com a política de segurança do governador Wilson Witzel.

Talíria Petrone, 33 anos: Eleita deputada federal, em 2018, com mais de 100.000 votos, havia sido a vereadora mais votada, em Niterói, em 2016. Desde o início de seu mandato Talíria enfrenta ameaças e a intolerância, principalmente nas redes sociais. Mensagens de ódio, recobertas de violência como “tem que voltar pra senzala”, “tem que meter uma bala na cara” são constantes nas redes sociais da, hoje, deputada. Talíria enfrentou a animosidade de vereadores da Câmara de Niterói, onde diariamente, precisou responder aos insultos e atos de intolerância cometidos por seus “colegas de trabalho”. Desde a execução de Marielle vive sob escolta policial, só se locomovendo em carro blindado. Diz que a única resposta possível a tudo isso é seguir firme e em frente na luta e na política, disputando ainda mais estes territórios institucionais. “Não vão nos calar!” reafirma.

Diretoras:
Éthel Oliveira (co-diretora): documentarista, cineclubista e montadora. Estudou Ciências Sociais na UFF onde desenvolveu inúmeras pesquisas junto ao Laboratório do Filme Etnográfico com povos guaranis do Rio e de Mato Grosso do Sul. Por dez anos residiu em Olinda onde foi atravessada por todo universo da cultura popular pernambucana e junto de alguns grupos desenvolveu projetos em torno da comunicação popular e dos direitos humanos. Seus últimos trabalhos são Terceira Diáspora e Vinte de Novembro (2011), Arremate (2017) e a Mostra Baobá de Cinemas Africanos do Recife (2018).

Júlia Mariano (co-diretora e produtora executiva): diretora, produtora e roteirista. Formada em direção na Escola de Cinema e Televisão de San Antonio de los Baños (EICTV), em Cuba (2005), entre 2008 e 2009 foi estudante convidada da Baden-Württemberg Filmakademie, Stuttgart, Alemanha, onde dirigiu o documentário Gegen den Strom (Contra-Corrente). Trabalhou como pesquisadora e roteirista em diversos programas de televisão, tais como Vai Pra Onde? (MSW), Viver para Contar (Discovery Channel), Revista do Cinema Brasileiro (TV Brasil) e Conexões Urbanas (MSW). Em 2012, produziu e roteirizou o longa-metragem A Batalha do Passinho, (Melhor Documentário na Mostra Novos Rumos no Festival do Rio, 2013). Em 2014 dirigiu Ameaçados - Prêmio do Público no festival Curta Cinema (Rio de Janeiro, 2014); Prêmio do Público no 25º Kinoforum (São Paulo, 2014), Melhor Direção no Festival Guarnicê (Maranhão, 2016). Em 2016 produziu e roteirizou Deixa na Régua (Prêmio Especial do Juri, Festival do Rio, 2016). Em 2017 fundou a NOIX CULTURA e dirigiu a série documental Desde Junho.

SEMENTES: MULHERES PRETAS NO PODER
Gênero: Documentário. Duração: 100. Classificação: 14 anos
FICHA TÉCNICA:
Direção: Éthel Oliveira e Júlia Mariano
Produção Excutiva: Júlia Mariano |  Noix Cultura
Roteiro: Éthel Oliveira, Helena Dias, Júlia Mariano e Lumena Aleluia
Direção de Fotografia: Marina Alves

sábado, 29 de agosto de 2020

Mostra de Cinemas Africanos


MOSTRA DE CINEMAS AFRICANOS


No momento, são tantas as Mostras Cinematográficas online e gratuitas que mal dá tempo de acompanhar. A próxima a estrear e que vem muito bem recomendada é a Mostra de Cinemas Africanos, que será apresentada exclusivamente, de 10 de setembro a 2 de dezembro de 2020, na plataforma do Sesc Digital..., onde, além do seu tradicional Festival Melhores Filmes (de 20 de agosto a 20 de setembro de 2020), está rolando também o 8º Panorama Digital do Cinema Suíço (de 27 de agosto a 6 de setembro de 2020), com 10 longas-metragens e dois programas de curtas.

Desde 2018, a Mostra de Cinemas Africanos tem exibido filmes dirigidos por cineastas de países como Senegal, Sudão, África do Sul, Nigéria, Burkina Faso, Quênia, Tunísia, Marrocos e Egito, entre outros, além de produções em territórios afrodiaspóricos, como França e Cuba, protagonizadas por africanos e afrodescendentes. Os filmes variam entre ficção e documentário e oferecem uma chance rara ao público brasileiro de criar repertório sobre uma cinematografia vibrante e diversa em temáticas, paisagens e estéticas.

As curadoras Ana Camila Esteves (Brasil) e Beatriz Leal Riesco (Espanha), que acompanharam as trajetórias dos filmes africanos nos mais importantes festivais de cinema do mundo, como Cannes, Berlinale, Toronto, Veneza, Rotterdam e Fespaco (este o maior festival de cinemas africanos na África, em Burkina Faso), trazem para o Brasil os títulos contemporâneos de maior interesse que estiveram em exibição ou em competição. São 12 sessões (dez longas e dois programas de curtas) - todos legendados em português - com filmes de destaque de Burkina Faso, Camarões, Egito, Etiópia, Nigéria, Quênia, Senegal e Sudão, e outras atividades.


Todas as quintas-feiras, a partir do dia 10 de setembro, a mostra estreia um filme novo, que ficará disponível por uma semana na plataforma Sesc Digital, acompanhado de uma entrevista exclusiva com seu diretor ou diretora. Está previsto um bate-papo com o tema Cinemas Africanos em Contexto Digital, na live do Cinema da Vela, tradicional encontro no Cinesesc, em São Paulo, que durante a pandemia de Covid-19, ganhou sua versão online. O Cine África inclui também o curso Cinemas Africanos: trajetórias e perspectivas, com duração de três meses, e o lançamento de um e-book ao final da temporada. Todas as atividades são gratuitas e disponíveis na plataforma Cinema #emcasacomsesc.

O filme de abertura é o drama Fronteiras (2017), da diretora Apolline Traoré. Produção de Burkina Faso, acompanha quatro mulheres que fazem uma perigosa viagem do Senegal à Nigéria. Entre os destaques inéditos está a comédia aKasha (2019), de Hajooj Kuka, primeiro longa de ficção do cineasta e ativista sudanês. Teve sua estreia no Festival de Toronto. O Fantasma e a Casa da Verdade (2019), de Akin Omotoso, mesmo realizador do longa Vaya (2016), acompanha uma mulher que tem a filha sequestrada em Lagos (Nigéria). Outros títulos importantes da mostra são Nada de errado (2019), documentário coletivo sobre imigrantes africanos (legais e ilegais) na Suíça e o drama queniano Supa Modo, sobre uma menina com uma doença terminal que sonha ser uma super heroína.

Para Ana Camila Esteves, o recorte curatorial atende à demanda por filmes recentes produzidos na África e sua diáspora nos últimos cinco anos: “A curadoria para este formato online privilegia filmes africanos contemporâneos que já tiveram suas trajetórias em festivais internacionais encerradas, mas que permanecem relevantes e, em sua maioria, não exibidos no Brasil”. Ana Camila destaca também os programas de curtas exclusivos Beyond Nollywood, com curadoria da produtora Nadia Denton, que foca em narrativas da Nigéria atual, e Quartiers Lointains, com curadoria da jornalista franco-burquinense Claire Diao e o tema Afrofuturismo.



PROGRAMAÇÃO
10.09.2020 a 02.12.2020

Setembro
10/09/2020 
Fronteiras, de Apolline Traoré (Burkina Faso, 2017)
Drama - 91 min.

17/09/2020
 O Enredo de Aristóteles, de Jean-Pierre Bekolo (Camarões, 1996)
Comédia - 71 min.

24/09/2020
 aKasha, de hajooj kuka (Sudão, 2019)
Comédia - 78 min.

Outubro
01/10/2020
Lua Nova, de Philippa Ndisi-Hermann (Quênia, 2019)
Documentário - 70 min.

08/10/2020 
O Fantasma e a Casa da Verdade, de Akin Omotoso (Nigéria, 2019)
Drama - 107 min.

15/10/2020 
Rosas Venenosas, de Fawzi Saleh (Egito, 2018)
Drama - 70 min.

22/10/2020
Madame Brouette, de Moussa Sene Absa (Senegal, 2002)
Drama - 101 min

29/10/2020
Beyond Nollywood - Sofrendo e Sorrindo (Nigéria)
Programa de curtas - 99 min.

Novembro
05/11/2020
Nada de errado, de vários diretores (Suíça, 2019)
Documentário - 49 min.

12/11/2020
O Preço do Amor, de Hermon Hailay (Etiópia, 2015)
Drama - 99 min.

19/11/2020
Quartiers Lointains - Afrofuturismo (diáspora francesa)
Programa de curtas - 100 min.

26/11/2020
Supa Modo, de Likarion Wainaina (Quênia, 2018)
Drama - 74 min.


Atividades
02/10/2020 - 17h  
Cinema da Vela: Cinemas Africanos em Contextos Digitais
Participantes: Ana Camila Esteves (Brasil), Marina Gonzaga (Brasil/França) e Jorge Cohen (Angola).
Local: Cinesesc no YouTube: https://www.youtube.com/CineSesc

Curso: Cinemas Africanos: trajetórias e perspectivas
Com duração de três meses, a atividade oferece um Panorama Sobre Os Cinemas Africanos. As inscrições gratuitas abrem no dia 10 de setembro e são oferecidas 35 vagas. Facilitadores: Ana Camila Esteves, Jusciele Oliveira, Morgana Gama e Marcelo Ribeiro. Ao fim do evento será disponibilizado um e-book - desenvolvido ao longo das atividades - com textos sobre o universo dos cinemas africanos em diversos formatos: artigos, ensaios, entrevistas e críticas.

Para mais informações:

quinta-feira, 27 de agosto de 2020

15ª CineOP - Mostra de Cinema de Ouro Preto


15CineOP - Mostra de Cinema de Ouro Preto
3 a 7 de setembro de 2020

Para muitos críticos de cinema, a CineOP - Mostra de Cinema de Ouro Preto é uma das mais charmosas e democráticas do Brasil. Para quem nunca pode viajar até à belíssima Ouro Preto, para assistir à prestigiada Mostra, agora terá a rara oportunidade de acompanhá-la no conforto do seu lar (bem protegido do Covid.19)..., já que ela chega online e grátis, trazendo uma programação ampla e imperdível. Confira abaixo, detalhadamente, o que esperar desta 15ª CineOP, que revisita os 70 anos da televisão no Brasil, celebra o trabalho da TV TUDO, destaca o filósofo Ailton Krenak e discute Educação Audiovisual na Pandemia. Links em todos os destaques.

Cinema de Todas as Telas

Realizada em ambiente digital, entre os dias 3 e 7 de setembro de 2020, o único festival de cinema brasileiro dedicado à preservação e ao patrimônio audiovisual se reinventa, para continuar refletindo o papel das produções em seus vários formatos e plataformas. Entre exibição de filmes e debates, masterclasses internacionais, shows musicais e fóruns de discussão, a 15ª CineOP discute a temática Cinema de Todas as Telas.

Pioneira desde sua criação (2006) a enfocar a preservação audiovisual, memória, história e a tratar o cinema como patrimônio, a CineOP - Mostra de Cinema de Ouro Preto chega à sua 15ª edição, de 3 a 7 de setembro de 2020, em formato online, com o mesmo propósito de ser um instrumento de reflexão e luta pela salvaguarda do rico e vasto patrimônio audiovisual brasileiro em diálogo com a educação e em intercâmbio com o mundo.

Mesmo nesse novo formato, a Universo Produção preparou todas as atividades do evento mantendo as mesmas características de uma edição presencial. Assim, tanto o público já habituado com a CineOP quanto aqueles que nunca puderam ir à mostra poderão desfrutar de uma vasta grade de programação gratuita, compartilhada pelas redes com o espírito de engajamento das outras 14 edições. O único festival de cinema brasileiro dedicado a discutir o eixo preservação, história e educação se reinventa para continuar forte como sempre. As atividades da 15ª CineOP acontecem em cinco dias de evento, podendo ser acessadas no site www.cineop.com.br e acompanhadas nas redes sociais da Universo Produção.

A programação do evento é estruturada em três eixos principais: Preservação, História e Educação O tema central desta edição é Cinema de Todas as Telas e propõe refletir o momento atual mundial, em que a revolução da tecnologia da informação, a transformação dos hábitos culturais, a multiplicação de canais, plataformas, redes e serviços interativos dão o tom da complexidade dos desafios do mundo contemporâneo e globalizado. A coordenadora geral do evento, Raquel Hallak acrescenta "Mais do que nunca precisamos estar atentos e imbuídos do propósito de salvar as nossas imagens e reconhecer a sua importância como matéria-prima de cidadania.

Na programação serão exibidos 101 filmes (13 longas, 11 médias e 76 curtas), distribuídos nas mostras: Contemporânea, Preservação, Histórica, Educação, Mostrinha, Mostra Valores e Cine-Escola e estarão disponíveis de 4 a 7 de setembro, no site cineop.com.br. Além de filmes, o evento promove o tradicional Encontro Nacional de Arquivos e Acervos Audiovisuais Brasileiros, o Encontro da Educação: XII Fórum da Rede Kino, diálogos audiovisuais e rodas de conversa com a participação de 75 profissionais no centro de 24 debates. Serão oferecidas também quatro oficinas, quatro masterclasses internacionais, exposição e lives shows. Toda a programação é gratuita.

A abertura da 15a CineOP será na noite de 3 de setembro (quinta-feira), às 20 horas. O debate inaugural reúne os convidados Ailton Krenak (liderança indígena, escritor e filósofo, destaque da Temática Educação) e Tadeu Jungle (cineasta, artista e poeta) para refletir sobre temática central do evento, Cinema de Todas as Telas, no ano em que a TV Brasileira faz 70 anos. E também a multiplicação das telas, as grandes companhias de streaming e os desafios de garantir espaço efetivo e produtivo para o audiovisual brasileiro.

O título exibido no dia de abertura será o documentário experimental Avesso, Festa, Baile (1983), direção de Tadeu Jungle e produção da Tvdo, produtora destaque deste ano na Temática Histórica. O média-metragem trata do programa musical Festa Baile, produzido pela TV Cultura de São Paulo com apresentação de Agnaldo Rayol e Branca Ribeiro.

A efeméride da TV no Brasil também vai ser abordada em outras mesas da Mostra, como TV, Rádio e Vídeo na Educação, promovida na Temática Educação com a presença de Marília Franco (professora), Marcus Tavares (gerente de formação – TV ESCOLA) e Renata Tupinambá (Rádio Yandê), sob mediação de Esther Hamburger (professora e pesquisadora - USP). Este encontro propõe uma reflexão sobre o papel do acesso público à comunicação como direito fundamental e sua implementação como prática pedagógica relevante para a garantia da cidadania e democratização da sociedade.


SELEÇÃO DE FILMES
Mostra Histórica
Mostra Contemporânea
Mostra Preservação

Todas as três temáticas têm uma programação de filmes. Entre os títulos na Mostra Histórica, com curadoria de Francis Vogner dos Reis, o público poderá assistir a trabalhos fundamentais de memória na produção audiovisual, entre eles Os Arara (Andrea Tonacci, 1980) e Wilsinho Galileia (João Batista de Andrade, 1978) e os médias A Luta do Povo (Renato Tapajós, 1980) e Olho de Gato Perdido (Vitor Graize, 2009).

Da mesma curadoria, há os títulos da Mostra Contemporânea, com filmes em pré-estreias que também dialogam com a temática deste ano na CineOP, como o documentário Cadê Edson?, de Dácia Ibiapina, que trata da maneira como a mídia noticiou uma ação popular no Distrito Federal, e O Filme da Minha Vida, de Alvarina Souza Silva, em que a diretora mescla sua história pessoal com a atual situação de crise pela qual passa a produção brasileira de cinema. Outros títulos se relacionam com o imaginário do país pela sua cultura e pela sociedade através de recortes sob olhares do presente, como Banquete Coutinho, de Josafá Veloso, sobre o cineasta Eduardo Coutinho; Seres, Coisas, Lugares, de Suzana Macedo, que parte da literatura de Guimarães Rosa para encontrar suas inspirações; e Helen, de André Meirelles Collazzo, no qual uma garota de 9 anos, moradora num cortiço, é acompanhada pela câmera em seu cotidiano.

A Mostra Contemporânea vai exibir, também em pré-estreia, o documentário José Aparecido de Oliveira - O maior mineiro do mundo, direção Mário Lúcio Brandão e Gustavo Brandão e a produção baiana Dorivando Savará, O Preto que Virou Mar, de Henrique Dantas e o média-metragem Os olhos na mata e o gosto na água, direção de Luciana Mazeto e Vinicius Lopes.

O público poderá conferir ainda uma seleção de curtas-metragens feita pela crítica e pesquisadora Camila Vieira. Entre os títulos estão Acabaram-se os Otários, de Rafael Luna Freire e Reinaldo Cardenuto; Extratos, de Sinai Sganzerla; A Viagem do seu Arlindo, de Sheila Atoé, e Dona Cila, não me Espere para o Jantar, de Carlos Segundo. Apesar de a mostra ser realizada em ambiente virtual, as sessões estarão denominadas como originalmente seriam, inclusive para delimitar o perfil dos filmes. Assim, haverá a Sessão Cine Praça, com filmes de diálogo aberto com o público, e os da Sessão Cine Vila Rica, que apresentam propostas mais autorais e de pesquisa.

Pela Mostra Preservação, um dos destaques é a sessão do clássico Pixote - A Lei do Mais Fraco (Hector Babenco, 1981), que contará também com o estudo de caso de sua restauração. Outras duas sessões foram programadas pela curadoria da temática Preservação, o documentário Fotografação, de Lauro Escorel e a Sessão ABPA, que reúne cinco filmes, sendo quatro produções cariosas e uma do Rio Grande do Sul.


SELEÇÃO DE FILMES
Mostra educação
Projetos Audiovisuais Educativos

A Mostra Educação também tem uma programação de filmes com curadoria de Adriana Fresquet e Clarisse Alvarenga. Uma seleção de 37 curtas produzidos em contexto educacional - por estudantes, professores, professoras ou cineastas, vinculados a escolas/instituições públicas de educação básica e de ensino não-formal serão exibidos em duas sessões, seguidas de debate que conta com a participação de profissionais da educação e do cinema.

Nesta edição, estas produções se organizaram em torno da pergunta: Como Viver Entre Telas e Janelas? Levando em consideração os seis temas com os quais as respostas a essa pergunta devem se relacionar: Delicadeza // Cuidado // Conexões // Memórias // Cura // Sonhos. A proposta foi estimular a filmar pequenas histórias ou fazer ensaios experimentais ou simplesmente registrar um momento específico da vida em casa, na cidade, na aldeia ou comunidade quilombola, desde que respeitando o momento de isolamento social.

Outro recorte, um dos destaques de 2020, são os filmes do projeto Nehemongueta Kunhã Mbaraete. Trata-se de uma troca de vídeo-cartas entre Graciela Guarani, Patrícia Ferreira Pará Yxapy, Michele Kaiowá e Sophia Pinheiro, três mulheres indígenas e uma não indígena, sob diferentes perspectivas do isolamento social. O trabalho resultou no conjunto de filmes que estará na 15ª CineOP e que reflete as vidas nas aldeias e como mulheres, mães, educadoras e cineastas têm sido atravessadas pelas questões de saúde, cuidado e cura durante a pandemia. As cineastas e educadoras participam também do debate “Mídias nas Aldeias”.

Uma seleção de 12 projetos audiovisuais educativos será apresentada em três sessões como parte integrante da programação do Encontro da Educação: XII Fórum da Rede Kino com proposta de destacar ações que buscam algum tipo de reflexão junto a produção e circulação de conteúdos para mídias digitais, cinema e televisão, pautados por processos de produção audiovisual escolar - de qualquer país latino-americano.


Debates, Diálogos e Rodas de Conversa

Parte fundamental da programação da CineOP é a realização do Encontro Nacional de Arquivos e o Encontro da Educação: XII Fórum da Rede Kino, que, nesta edição vai reunir 75 profissionais no centro de 24 debates. Participam profissionais do audiovisual e da educação, cineastas, produtores, preservacionistas, técnicos, pesquisadores, acadêmicos com a proposta de refletir temas que dialogam com o recorte curatorial de cada temática e rodas de conversa com a participação de realizadores, criando uma extensão fundamental de reflexão para além da exibição de filmes.

MASTERCLASSES
Presenças Internacionais

A CineOP contará com cinco presenças internacionais de quatro países que vão apresentar masterclasses e participar de debates sobre as temáticas do evento. São eles: Carlos Skliar (investigador principal do Instituto de Investigaciones Sociales de América Latina, Argentina), Christophe Dupin (administrador sênior da Federação Internacional de Arquivos de Filmes - FIAF, Bélgica), Tiago Baptista (diretor do Arquivo Nacional das Imagens em Movimento, Centro de Conservação da Cinemateca Portuguesa e Museu do Cinema, Portugal), Paula Félix Didier (diretora do Museo del Cine Pablo Ducros Hicken, Argentina) e Inés Dussel (pesquisadora e professora do Departamento de Investigaciones Educativas DIE-CINVESTAV, México).

OFICINAS

Para esta edição, a CineOP promove quatro oficinas com oferta de 140 vagas preenchidas por ordem de inscrição. As aulas serão online as opções de atividades são: “Como educar as crianças no mundo das telas?”, com Igor Amin (educador audiovisual, artista transmídia e diretor); “Realização Audiovisual para Web”, com Sérgio Rossini (cineasta, documentarista, diretor de produção e de séries de TV); “A Criação de Mundos em Roteiros Audiovisuais para Multiplataforma”, com Gustavo Padovani (roteirista, consultor e professor universitário); e “Planejamento de Produção de Séries”, com Mariana Brasil (produtora e consultora).

SESSÃO CINE-ESCOLA

As sessões Cine-Escola são pensadas para faixas etárias específicas e com temáticas que buscam refletir o cinema como ferramenta pedagógica. Mesmo a CineOP realizada remotamente, a proposta é manter a proximidade com os estudantes das várias idades atendidos pela Universo Produção: eles são parte essencial da preocupação do evento em formar novos olhares e novos espectadores para o cinema brasileiro. Entre os filmes exibidos em 2020, estão vários curtas-metragens que se relacionam às ideias das temáticas e à busca por reflexões sobre a importância do audiovisual no processo de educação.

ARTE - SESC CINE LIVE SHOWS

Em 2020, a CineOP renova a parceria cultural com o Sesc em Minas numa programação artística que inclui exposição online que celebra os 15 anos da CineOP, rodas de conversa com os realizadores e cinco lives shows que vão reunir no palco do Sesc Cine Live Show apresentações de bandas e artistas de destaque da cena mineira.

Na noite de abertura, o show é do Túlio Mourão e Titane com participação especial de Maurício Tizumba e acontece no contexto da comemoração dos 35 anos da Rede Minas. De 4 a7 de setembro, o público poderá curtir as apresentações de Graveola, Lamparina e a Primavera, o Bloco Pacato Cidadão e, no encerramento do evento, será a vez de Lô Borges com participação especial de Telo Borges.

"Nesta versão online da Mostra, o Sesc Cine Live Show será também o palco da continuidade do diálogo entre os músicos locais e artistas de outros lugares, reforçando a importância do intercâmbio e da circulação do trabalho desses profissionais. Na virtualidade, ainda perseguimos este encontro, apostando na arena ampliada das redes mundiais de informação. Trazer os artistas para levá-los para as casas desses vizinhos e daqueles estranhos. Sem deixar de ser Ouro Preto, a Mostra o será em qualquer lugar. As molduras das janelas históricas se abrindo nas telas dos aplicativos aqui e lá", destaca Janaína Cunha, gerente de Cultura do Sesc em Minas.

As lives shows são gratuitas e poderão ser acompanhadas de onde você estiver pelo site do evento www.cineop.com.br e pelo canal do Youtube do Sesc em Minas.



Como o formato do evento é digital, uma boa sugestão é seguir a Universo Produção/CineOP nas redes sociais, para ficar por dentro de tudo o que vai acontecer nos bastidores da CineOP, acompanhar a evolução e notícias do evento, receber conteúdos exclusivos sobre a 15ª edição da CineOP. 

Canais e endereços:
No Instagram: @universoproducao
No Youtube: Universo Produção
No Twitter: @universoprod
No Facebook: cineop / universoproducao
No LinkedIn: universo-produção




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