Ainda não é o filme sobre o Google, que muita gente gostaria de ver (inclusive eu, que achei
insuportável Rede
Social), mas não deixa de ser uma brevíssima amostra, mesmo com grande
liberdade “poética”, do que pode vir a ser.
Quando se trata de filme norte-americano tipo
disputa (colegial), a variação é mínima, nos grupos que concorrem a um prêmio
(emprego, universidade, time), geralmente formado por personagens da mesma
faixa etária. No grupo “a” (o favorito!) um personagem inteligente, porém
arrogante (que se sabe como vai terminar) comanda seus “amigos” subservientes.
No grupo “z“ (o azarão!) um personagem esforçado, porém simpático, “lidera” seus
companheiros igualmente excluídos. As equipes entre “a” e “z” nunca têm
importância, pois a disputa é entre a “melhor” (que sempre se dá mal) e a
“pior” (que sempre se dá bem). Às vezes o final surpreende, contrariando o
clichê, como em Universidade
Monstros. Mas, no geral, a regra do jogo é a mesma: disse me disse,
puxada de tapete, bullying, trapaça..., até o final (evidentemente) feliz.
Mensagens edificantes sobre aprendizado, amizade, confiança, superação etc, não
faltam na premiação dos ex-fracassados!
Os
Estagiários (The
Internship, EUA, 2013), dirigido por Shawn
Levy, é uma comédia mediana que não foge a nenhum clichê do “gênero” competição.
Muda-se apenas algumas características físicas e psicológicas dos competidores
e a locação. A história juvenil gira em torno dos quarentões desempregados Billy McMahon (Vince Vaughn) e Nick Campbell
(Owen Wilson) que, tendo nada a
perder, se inscrevem, como estagiários, em um concorrido programa de habilidades
que oferece vagas no Google. Os dois “analfabetos digitais” que, a exemplo de Alexandra Owens (Jennifer Beals), de Flashdance, citada por Billy, não desistem de seus sonhos, vão ralar
um bocado, para serem aceitos e competir “de igual” com os jovens geeks.
Liberdades “corporativas” à parte, Os Estagiários, escrito por Vince
Vaughn e Jared Stern, vale mais pela viagem turística ao sistema Google, do que
pela sua trama simplória. Nem mesmo o humor rende o esperado. Se muito, fica
ali no engraçadinho e bobices nerdianas para adolescente “Y”. Tampouco a
ingenuidade da dupla protagonista convence (não saber sobre X-Men?). Até a
dissecação dos neologismos do Google (Nooglers,
Googliness) é mais engraçada que a
maioria das falas e ou tiradas (sobre idade, gosto musical e cinematográfico).
A narrativa tenta um diferencial (mesmo que rápido)
no confronto de gerações (e aptidões), mas a previsibilidade fala mais alto e
nem personagens psicologicamente “curiosos”, como Yo Yo (Tobit Raphael),
um jovem sob pressão maternal, e ou Stewart
Twombly (Dylan O'Brien), o geek
obsessivo, escapam da simplificação. É tudo muito certinho..., e o que está
fora de ordem acaba se ajustando antes do clichê final. Em alguns momentos a
trama me pareceu próxima a Os Picaretas,
só que, infelizmente, sem a ousadia e genialidade Frank Oz (direção) e Steve
Martin (roteiro).
Os Estagiários tem boa
produção, bom elenco (formado por jovens atores), argumento razoável..., mas
não surpreende..., não arrebata.