quarta-feira, 31 de março de 2021

Crítica: Respiro

 


R E S P I R O

por Joba Tridente

O premiado filme italiano Respiro, escrito e dirigido pelo diretor Emanuele Crialese, é daquelas produções que, dependendo do ânimo, faz a gente querer dar marcha à ré no tempo e viajar para um lugar paradisíaco, banhado pelo Mediterrâneo e lá se esquecer que os dias de hoje andam por demais tenebrosos. Lançado em 2002, a trama ensolarada remete à uma famosa lenda local de Lampedusa que conta a história de uma jovem cujo estilo de vida livre e independente incomodava os aldeões. Um dia a jovem desapareceu e suas roupas foram encontradas na praia. Com o remorso pelo suicídio da garota arranhando suas almas, os moradores oraram muito e ela voltou à vida e ao seio da sua família.


Respiro gira ao redor de Grazia (Valeria Golino), que é casada com o pescador Pietro (Vincenzo Amato), mãe de três filhos: Marinella (Verônica D´Agostino), Pasquale (Francesco Casisa) e Filippo (Filippo Pucillo), e vive na rústica e bela Isola di Lapedusa, onde a cultura da pesca movimenta a economia da aldeia. O briguento faz tudo Pasquale, filho do meio, é o mais próximo da mãe. Já o invocadinho Fillippo, o caçula, age como se guardião da honra da irmã adolescente Marinella. Ali, onde todos se conhecem por nome e sobrenome, quando não está ajudando os adultos, a garotada está brincando e ou brigando e ou namorando..., como em qualquer cidadezinha distante onde já se acostumou com a paisagem e se tem nada além para se ocupar. Mulher ainda jovem, esbanjando beleza e vitalidade, Grazia, que também trabalha na embalagem de pescados, se sente a cada dia mais sufocada naquela ilha sem pontes para além do horizonte. De personalidade forte (demais, para o gosto do povo) e espírito livre ansiando por outras aragens, ao ser provocada e ou contrariada, a esposa e mãe amada vai deixando aflorar um comportamento que faz todos ao seu redor pensar que ela é louca. Na verdade, Grazia é bipolar e quando toda a aldeia acha que ela foi longe demais na sua última ação e recomenda um tratamento médico em Milão, ela simplesmente desaparece, para desespero de seu marido que, assim como os moradores, acredita que tenha se suicidado. Agora, só resta esperar pelas comemorações à São Bartolo e orar para que, assim como na lenda, um milagre aconteça. 


Ainda que tematizado, Respiro não se propõe a ser um tratado maçante sobre o comportamento maníaco-depressivo. O assunto (sugerido aos olhos do espectador) é apenas tangenciado..., já que os moradores da Isola di Lapedusa e do convívio da família de Pietro, sabem que a mulher dele tem algum problema (loucura?) de comportamento, mas não sabem como definir tal postura. Assim, a trama resulta mais numa reflexão sobre os motivos que poderiam levar as pessoas a desenvolverem sintomas de esquizofrenia, do que na especulação do diagnóstico da doença que pode ter afetado Grazia, que quer (apenas) respirar novos ares, respirar novos lugares, respirar nova gente..., que quer se libertar de tudo e de todos que a oprimem...


Respiro é um filme poético, cuja narrativa parece saída das páginas de um livro de contos regionais de beira-mar, embalada pelo canto das ondas, pelo vozerio nos pesqueiros e o grasnar das gaivotas. Não lhe falta doses de romance, humor, perversidade infantojuvenil, erotismo, alegria, drama e tragédia, bem ao estilo da gesticulação italiana, e um belo arremate de realismo fantástico. O cenário é fascinante e o elenco, majoritariamente amador, da conta do recado com uma expressividade (entrega) absurda. O roteiro, feito os contornos de uma concha, dá suas voltas nas boas histórias paralelas e chega satisfatoriamente a um epílogo de plasticidade irretocável, graças à fotografia de Fabio Zamarion, que explora muito bem os efeitos sedutores da luz, da sombra e do reflexo nos corpos humanos e na paisagem. Com suas metáforas instigantes, Respiro é um filme bonito demais para deixar passar e não respirar.

Respiro está no catálogo streaming do Petra Belas Artes Á LA CARTE.

 

NOTA: As considerações acima são pessoais e, portanto, podem não refletir a opinião geral dos espectadores e cinéfilos de carteirinha.

Joba Tridente: O primeiro filme vi (no cinema) aos 5 anos de idade. Os primeiros videodocumentários fiz em 1990. O primeiro curta-metragem (Cortejo), em 35mm, realizei em 2008. Voltei a fazer crítica em 2009. Já fui protagonista e coadjuvante de curtas. Mas nada se compara à "traumatizante" e divertida experiência de cientista-figurante (de última hora) no “centro tecnológico” do norte-americano Power Play (Jogo de Poder, 2003), de Joseph Zito, rodado aqui em Curitiba.


segunda-feira, 29 de março de 2021

Crítica: A Despedida

 


A DESPEDIDA

por Joba Tridente

No universo artístico, conforme o tratamento recebido, a enfermidade, em geral, resulta em curiosa reflexão (sobre a fragilidade da vida) para o espectador saudável, e ou (até) a conformidade para o doente. Quanto mais grave a doença explorada, maiores os percalços do realizador da obra (cinematográfica, teatral, literária, plástica). Pois, dependo da posologia de sentimento, ela pode ter sucesso, ir pra encubação do amanhã ou ser totalmente ignorada até pelos hipocondríacos.

O cinema já falou de alcoolismo, surdez, cegueira, mudez, tabagismo, virose, depressão, psicopatia, câncer, Alzheimer, aids, autismo, esclerose... E também já expôs o drama de quem sofre de doença degenerativa e opta pela eutanásia (Amor; O Escafandro e a Borboleta; Mar Adentro; Menina de Ouro). Mas há sempre alguma variante, no glossário da medicina, a ser consultada. Não exatamente a variante da doença, mas a variante humana, a do doente atingido por uma enfermidade degenerativa e como ele se relaciona com a moléstia que aos poucos o deixa incapacitado, vegetando, apodrecendo numa cama e totalmente dependente de algum cuidador da família e ou não...


Em tempo de perdas humanas imensuráveis, ocasionadas pela pestilência do coronavírus, está chegando simultaneamente às salas de cinema e ao streaming uma história que, pela abordagem da eutanásia, há de emocionar e incomodar muita gente..., dos simpatizantes aos opositores: A Despedida. Dirigida pelo britânico Roger Michell (Notting Hill; Chá com as Damas), a narrativa acompanha os preparativos de Lily (Susan Sarandon) e de seu marido Paul (Sam Neill) para um grande final de semana em família. Lily, que sofre com a evolução da esclerose lateral amiotrófica e decidiu submeter-se a um suicídio assistido, espera se despedir da vida e da família em grande estilo. É a sua vontade, enquanto tem condições físicas e mentais de decisão, que espera ser respeitada por todos ao seu redor. Ela quer morrer em paz, se possível. Porém, suas filhas, a controladora Jennifer (Kate Winslet) - casada com Michael (Rainn Wilson) e mãe do adolescente Jonathan (Anson Boon), e a frágil Anna (Mia Wasikowska) - que mantém relação homoafetiva com Chris (Bex Taylor-Klaus), divergem sobre o desejo de eutanásia da mãe. Ou seja, como em toda via de comemoração, na vida ou na arte, o espectador há que se preparar para os indefectíveis atropelos de última hora: confissões avassaladoras, acusações fraternas, mágoas, mea-culpa etc. Quem também se junta ao grupo nesse momento de emoções conflitantes, e acaba prisioneira das discussões alheias, é Liz (Lindsay Duncan), a melhor amiga de Lily.


Cada cultura tem a sua forma de lidar com a morte. Algumas a veem como algo natural, e até comemoram a passagem de um ente querido, outras a escandalizam de tal forma que suas almas ficam penando por séculos. Quando se trata de suicídio e ou de eutanásia, então, a grita de religiosos e familiares egoístas é ensurdecedora. Bom senso e respeito aos mortos, nesta hora, nem pensar. O ódio daqueles que preferem ver um parente apodrecendo numa cama, gastando o que não tem com tratamento sem eficácia, em vez de morto, é maior que a lógica da decência. A discussão do tema, no filme em questão, é, digamos, mais civilizada.

A Despedida (Blackbird, 2019) é a versão melodramática anglo-americana (ao gosto hollywoodiano) para o premiado drama dinamarquês Stille Hjerte (Coração Mudo, 2014), do diretor Bille August (Pelle, o ConquistadorAs Melhores Intenções)..., aproveitando, inclusive, com algumas discutíveis atualizações, o mesmo roteiro do também dinamarquês Christian Torpe. Quem assistiu ao Coração Mudo não ficará indiferente à esta (desnecessária) releitura, com suas idiossincrasias anglo-americanas contemporâneas. Pois, ainda que razoavelmente parecidas, há sempre algo na bela cenografia, nos ótimos diálogos, na história crível, nas escolhas da direção, a se comparar nas duas produções.

Em Coração Mudo, o drama frio, direto e praticamente sem trilha sonora, espreme-se pela casa aconchegante..., cujo clima de inquietação, que beira o claustrofóbico, relando em um e outro visitante, a faz parecer pequena para os convidados, sempre “amontoados” com suas dores e mágoas e a forçada cordialidade. Em A Despedida, o melodrama espalha-se pela imensa casa, embalado por trilha sonora chorosa, alcança todos os recantos de sua beleza gélida e individualiza os convidados egocentrados em seus traumas, como se parte da decoração, distanciando a cordialidade. Entre o conter e o ostentar, o melancólico perde espaço para o melodrama e a recente tendência cinematográfica (acrescentando nada ao enredo) assume as “novas” relações amorosas: sai o casal (Sanne/Dennis) e entra o par lésbico (Hoje em dia é chique ter uma lésbica na família!) Anna/Chris..., fazendo soar falsa a reação puritana ao álcool e ao fumo à mesa da última ceia anglo-americana. Deste modo, a impressão é a de que a (desnecessária) mexida de Christian Torpe, em seu próprio roteiro, tenha sido tão somente para tornar a trama mais palatável (adocicada) ao gosto americano, também alheio às legendas. Cortou aqui, acrescentou acolá, mas o importante é que não mudou a essência: o desejo de eutanásia de Lily e o acerto de contas familiares. O motivo que pode mudar o rumo dos acontecimentos, nas duas produções, não é dos mais críveis, mas acaba funcionando no arremate (na versão dinamarquesa o epílogo é mais interessante). Em um o suporte é a razão. No outro, a emoção. Em ambos, a preocupação em questionar o tema com ternura e humanidade..., e longe de qualquer resquício moralizante.


Enfim, A Despedida tem uma história tocante e, independente da oportuna discussão, certamente vai levar parte do público às lágrimas. O elenco é excelente e cada um tem seu tempo performático. A produção é irretocável, a direção correta e o assunto adulto desvela-se respeitosamente, de forma a manter a atenção e o senso crítico do espectador. Clichês à parte, embora tenha sequências tensas e até de confrontos (convencionais), não é um filme pesado ou sequer deprimente. Quanto ao título original Blackbird, não vi referência e ou sequer metáfora relacionada à vida e ou à morte. Seria interessante que obras com foco na eutanásia servissem de mola propulsora para que a sociedade (ainda) retrógada deixasse o egoísmo de lado e, pensando na dignidade, na dor do outro, discutisse o pertencimento do próprio corpo.

NOTA: As considerações acima são pessoais e, portanto, podem não refletir a opinião geral dos espectadores e cinéfilos de carteirinha.

*Estreia prevista para 31.03.2021, nas salas de cinema e no Now, iTunes, Google Play, Youtube Filmes, Vivo Play e Sky Play.

 

Joba Tridente: O primeiro filme vi (no cinema) aos 5 anos de idade. Os primeiros videodocumentários fiz em 1990. O primeiro curta-metragem (Cortejo), em 35mm, realizei em 2008. Voltei a fazer crítica em 2009. Já fui protagonista e coadjuvante de curtas. Mas nada se compara à "traumatizante" e divertida experiência de cientista-figurante (de última hora) no “centro tecnológico” do norte-americano Power Play (Jogo de Poder, 2003), de Joseph Zito, rodado aqui em Curitiba.

terça-feira, 23 de março de 2021

Crítica: Siron. Tempo Sobre Tela

 


SIRON. TEMPO SOBRE TELA

por Joba Tridente

O goiano Siron Franco é um dos mais renomados artistas plásticos brasileiros. Suas fascinantes obras repercutem em galerias e museus no Brasil e no exterior. Algumas são vendidas, para colecionadores, antes mesmo de idealizadas e pintadas. Siron Franco, cuja sua obra pessoal se alimenta de sonhos, traumas, pesadelos, memórias e cuja obra monumental se inspira na cultura milenar indígena e ou insanidades contemporâneas, assim se traduz: “Eu lembro mais das coisas que pintei do que das coisas que vivi”. É em busca dessas lembranças que se ocupa o ótimo documentário Siron. Tempo Sobre Tela (2019), roteirizado e dirigido por André Guerreio Lopes e Rodrigo Campos.

Siron. Tempo Sobre Tela, que foi gestado por 19 anos, começou a ganhar forma e conteúdo no ano 2000, quando os diretores, estudantes em Londres, a convite da produtora Malu Campos, passaram a registrar o processo criativo de Siron, que estava por ali produzindo uma série inspirada no bairro Soho. André, que define o filme como “uma tapeçaria do tempo”, conta que, ao analisar o material original, viram que o quê tinham em mãos era “um registro único e importante do trabalho de Siron” e, decididos a ir além, começaram a captar novas imagens no ateliê do artista, em Aparecida de Goiânia, a realizar entrevistas com Siron e a levá-lo a lugares de sua infância. “Pouco antes de começarmos a montagem, Siron nos disponibilizou seu acervo de vídeos, material riquíssimo e inédito, cerca de 180 fitas VHS e Super-8 que ele filmou ao longo da vida, trabalhando nos diversos ateliês, fazendo experimentos de videoarte, viajando para a Europa e para o México nos anos 70 etc.”, complementa André Guerreiro.


Pintor, desenhistas, escultor, performer, ativista, Siron Franco (autor de peças perturbadoras em referência ao Césio 137) tem a mesma intensidade expressiva de suas obras ao falar da sua trajetória profissional e do descaso das autoridades com a cultura no país, referindo-se, naquele momento, ao ato de vandalismo que destruiu, a marretadas, o Monumento As Nações Indígenas, composto de 499 totens, dispostos num espaço de cem mil metros de diâmetro, no setor Buriti Sereno, em Aparecida de Goiânia, com reproduções de obras raras e artesanais dos indígenas brasileiros, na comemoração dos 500 anos da descoberta do Brasil. Em redor do monumento, hoje tomado pelo mato e ponto de consumo de drogas, seriam construídas Escolas e Centros de Estudos da Cultura Indígena..., uma tristeza, ao se comparar o estado atual do local com as imagens do desenvolvimento do projeto e da inauguração. Ainda que não sejam citadas, mais duas obras monumentais de Siron Franco foram vandalizadas, uma em Salvador (BA) e outra em Goiânia (GO). A de Salvador, instalada em 2002, no paredão de concreto em frente ao Dique de Tororó, em homenagem aos 454 anos da cidade, teve suas 454 peças em alumínio fundido, inspiradas em pinturas rupestres, roubadas, uma a uma (a última em 2013). Na obra Caleidoscópio, com indígenas e crianças representando o passado e o futuro, instalada em 2015, na Praça Cívica, em Goiânia, os vândalos jogaram tinta misturada a ácido, em 2016.


André e Rodrigo tomaram cuidado para não perder o foco da matéria e assim, em Siron. Tempo Sobre Tela sabemos o que interessa sobre a genialidade e a arte original do artista, mas praticamente nada sobre sua família e familiares. O que não quer dizer que uma imagem aqui e uma confissão acolá não nos remeta a alguma intimidade de início de carreira, quando pintava retratos, dividindo os lucros com a mãe e a compra de material de pintura, para chegar às Madonas. Ou não permita espiar a solidão do artista diante de uma tela branca que será pintada e repintada exaustivamente, até desvelar as cores e as imagens do inconsciente de Siron que, quando jovem, queria “vender a minha alma: ser do bem e dedicar a minha vida à arte”.

Siron Franco se dedica cada vez mais intensamente à sua instigante arte que roda o mundo e, a cada década ou a cada domínio de técnica, muda de tom em busca de outras significâncias. Nas mãos do artista, imagens outras podem ganhar forma numa tela pintada há anos. Imagens sobre imagens. Ideias se sobrepondo a ideias e o que era um simples reparo vira uma nova obra, para o desespero do proprietário da pintura. Siron, que desde criança é fascinado por todo tipo de imagem, não se cansa de buscá-la onde, aparentemente, ela não está. O seu trabalho “nasce da exaustão, do cansaço, de pintar uma coisa e ver outra coisa e continuar pintando”..., e a cada pincelada dialogar com a sua crença religiosa, o seu posicionamento sociopolítico, os seus atos de fé.


Siron. Tempo Sobre Tela foi editado por Danilo do Valle, com acompanhamento direto dos diretores e suas anotações sobre o farto material disponível. Para André Guerreiro Lopes: “Não se filma Siron impunemente. Tentamos dar forma fílmica, da nossa maneira, à mente criadora de Siron, ao fluxo ininterrupto de pensamentos e ideias, às associações pictóricas, os tempos que se embaralham a cada quadro, o eterno fazer e desfazer de imagens até se chegar à obra final.” Para Rodrigo Campos, o documentário “elucida os meandros do pensamento, da personalidade e da arte desse grande criador brasileiro disponíveis para o maior número possível de pessoas, o que se torna particularmente importante neste momento atual, em que o desprezo das instituições oficiais e de uma grande parte da elite econômica do Brasil pela arte só não é maior do que seu desprezo pela vida em si mesma.

NOTA: As considerações acima são pessoais e, portanto, podem não refletir a opinião geral dos espectadores e cinéfilos de carteirinha.


Siron. Tempo Sobre Tela tem estreia prevista para 25 de março de 2021, simultaneamente nos cinemas e nas plataformas de streaming, Belas Artes A La Carte, Now, Vivo TV, Sky Play e Looke, com distribuição da Pandora Filmes.


Joba Tridente: O primeiro filme vi (no cinema) aos 5 anos de idade. Os primeiros videodocumentários fiz em 1990. O primeiro curta-metragem (Cortejo), em 35mm, realizei em 2008. Voltei a fazer crítica em 2009. Já fui protagonista e coadjuvante de curtas. Mas nada se compara à "traumatizante" e divertida experiência de cientista-figurante (de última hora) no “centro tecnológico” do norte-americano Power Play (Jogo de Poder, 2003), de Joseph Zito, rodado aqui em Curitiba.


sábado, 20 de março de 2021

ANIMAGE - Festival Internacional de Animação de Pernambuco


ANIMAGE

Festival Internacional de Animação de Pernambuco

19 a 28 de março de 2021

Soube ontem à noite deste ANIMAGE - Festival Internacional de Animação de Pernambuco, que completa 11 anos de existência e, em sua primeira Edição Digital Gratuita, convida o público amante dessa fascinante arte..., e também o espectador de ocasião, que chega pra conferir a magia da animação e vai ficando e ficando..., para um mergulho pelas profundezas das linguagens animadas, com filmes que transitam entre a mais delirante fantasia e os temas mais urgentes da atualidade.

Em seu leque de diversidade, o ANIMAGE apresenta uma seleção com mais de 60 filmes (longas e curtas-metragens), de 25 países, divididos em oito mostras, com eixos temáticos, que serão exibidos por 24 horas, conforme a programação (link nos títulos): Nas Profundezas (19 e 24.03.2021 / 19h); Humanas Relações (19 e 24.03.2021 / 20h); Estranhamentos (20 e 25.03.2021 / 19h); Amor, Suingue e Simpatia (22 e 26.03.2021 / 20h); Planeta em Transe (20 e 25.03.2021 / 19h); Pernambuco Animando para o Mundo (22 e 26.03.2021 / 20h); Infantil: Mundos Mágicos (23 e 27.03.2021 / 19h); Infantil: Pequenas Histórias (23 e 27.03.2021 / 20h). Longas-Metragens: Psiconautas, Los Niños Olvidados (21 .03.2031 / 19h); Dilili em Paris (28.03.2021 / 19h). Os curtas-metragens estarão disponíveis no idioma original, além de legendas em português e inglês.

Os realizadores da mostra ressaltam: Quando chegar o momento do retorno presencial, o ANIMAGressurgirá cheio de filmes inéditos e igualmente instigantes. O formato digital, por outro lado, permitirá que públicos de lugares distantes descubram o estilo da nossa programação e comprovem o compromisso artístico do festival a partir desta seleção criteriosa de filmes. 

 

longa-metragem

21 .03.2031 / 19h


PSICONAUTAS, LOS NIÑOS OLVIDADOS

direção: Alberto Vázquez & Pedro Rivero

Classificação: 16 anos

sinopse: Birdboy e Dinki são dois adolescentes que decidiram fugir de uma ilha devastada por uma catástrofe ecológica: Birdboy se isolando do mundo, Dinki embarcando em uma jornada arriscada na esperança de que Birdboy a acompanhe.

Idioma original: Espanhol · Legendas em Português e Inglês

 

longa-metragem

28.03.2021 / 19h


DILILI EM PARIS

direção: Michel Ocelot (Kiriku e a Feiticeira

Classificação: Livre

sinopse: Durante sua primeira visita à Paris, a jovem Dilili precisa desvendar os misteriosos sequestros de várias meninas, que estão assombrando a cidade luz. Para isso, ela encontrará amigos extraordinários, como Monet, Rodin, Santos Dumont e muitos outros, que irão ajudá-la a combater os Mestres do Mal e resgatar as garotinhas.

Dublado em Português · Sem legendas


Além da convidativa seleção de filmes, a edição online oferece encontros e conversas com realizadores, por meio de entrevistas, palestras e masterclasses, que permitem um contato com os processos de criação e produção dos animadores, e oficinas, que reforçam o papel do ANIMAGE na formação de profissionais e desenvolvimento de novos talentos.

 

painel

23.03.2021 / 17h

Produção de Longas de Animação

Quais as necessidades e desafios da produção de um longa-metragem de animação no Brasil? Com Letícia Friedrich, da Boulevard Filmes (SP) e Ulisses Brandão, da Viu Cine (PE) e mediação de Júlio Cavani, curador do ANIMAGE.

ATIVIDADE COM TRADUÇÃO PARA LIBRAS


painel

25.030.2021 / 17h

Documentários em Animação

Uma conversa sobre direção de documentários em animação. Como se dá a pesquisa e adaptação para essa linguagem. Com Nádia Mangolini, diretora do curta “Torre”, sobre quatro irmãos, filhos de Virgílio Gomes da Silva, o primeiro desaparecido político da ditadura militar brasileira. Eles relatam suas infâncias durante a ditadura militar. Também participa do painel o diretor Marão, do premiado curta “Até a China”, onde o ele conta sua curiosa experiência de viajar para a China. Mediação de Júlio Cavani, curador do ANIMAGE.

ATIVIDADE COM TRADUÇÃO PARA LIBRAS

 

masterclass

24.03.2021 / 17h

WESLEY RODRIGUES

Wesley Rodrigues nasceu em Goiânia, Goiás. Formou-se em Design gráfico pela UFG. Ilustrou vários livros e publicou as HQs YUKA: o pescador de ilusões e Gonzaga: o menino cantador.  Foi diretor de animação no curta O Ogro. Trabalhou na equipe principal do longa- metragem em animação Até que Sbórnia nos Separe, de Otto Guerra e Ennio Torresan. Em 2013 dirigiu a animação Faroeste – Um Autêntico Western, sendo esse curta vencedor de vários prêmios importantes como o de melhor animação brasileira Anima Mundi (Júri Popular), Festival de Brasília (Melhor Animação e Melhor Curta pelo público) e Melhor Animação no Animage. Dirigiu também o curta Viagem na Chuva (2014) e O Violeiro Fantasma (2017).  Atualmente desenvolve projetos de HQs e animações no ARMORIA Studio. Nesta masterclass Wesley vai falar sobre sua carreira e sua atuação em curtas de animação.

ATIVIDADE COM TRADUÇÃO PARA LIBRAS

 

masterclass

26.03.2021 / 17h

AÍDA QUEIROZ

Aída Queiroz é diretora de animação, formada em Belas Artes na UFMG. Especializou-se em animação no período de 1985-87 no Rio de Janeiro, através do curso oferecido pelo NFB. É diretora do ANIMA MUNDI, juntamente com mais três diretores.
É co-diretora da produtora de animação Campo 4, no Rio de Janeiro, em sociedade com Cesar Coelho. Coordenou e fundou o do Núcleo de Animação em Minas Gerais, na Escola de Belas Artes da UFMG, ao lado de Cesar Coelho e Fábio Lignini. Ministrou aulas para o curso de pós-graduação em Animação da PUC Rio. Nesta masterclass Aída vai falar ao público sobre sua carreira e sobre sua experiência no mercado de animação brasileiro e internacional.

ATIVIDADE COM TRADUÇÃO PARA LIBRAS  

 

entrevistas

23.03.2021 / 15h

CHIA BELOTO

Chia Beloto é cineasta por formação e, desde 2010, trabalha no mercado audiovisual como diretora, diretora de arte, ilustradora e oficineira. Desde a fundação da produtora CabraFulô, realizou curtas, séries e oficinas voltadas para a área. Fundadora do selo de animação Produções Ordinária, faz direção e arte para séries como a Foi Assim, Foi Assado, realizada através do edital PRODAV TVs Públicas; curtas metragens, como Fazenda Rosa, ganhador do prêmio de melhor curta brasileiro no ANIMAGE festival 2017; e Um Peixe pra Dois, segundo lugar no prêmio da categoria de melhor animação no FestCine 2019; do longa metragem Medo Comum, aprovado pelo Funcultura em 2018, atualmente em pré-produção; de interprogramas, como o Noisé e Lá Vem, esse último teve sua estreia no Hollywood Brazilian Festival, em Los Angeles, no ano de 2016; além de vinhetas e outros experimentos. Também pensa e realiza oficinas de animação stop motion pelo Brasil e estado de Pernambuco, com parcerias com CineSesi, Sesc, Coletivo Ficcionalizar e Festival ANIMAGE. Chia será entrevistada por Júlio Cavani, curador do ANIMAGE.

 

24.03.2021 / 15h

BÁRBARA OLIVEIRA

Bárbara Oliveira nasceu em Portugal em 1991. Cursou Design e Animação Multimídia em 2014 na Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Portalegre. Nesse mesmo ano começou a trabalhar no estúdio Praça Filmes onde fez desenvolvimento visual, direcção artística e cenários – com a produção do estúdio, teve a oportunidade de terminar seu curta de estudantil, co-realizada com João Rodrigues, Lugar em Parte Nenhuma, que está na programação do Animage Digital. Em 2017 foi para a Irlanda e trabalhou com cenários para a Boulder Media e como artista de layout/designer de locações na Lighthouse Studios. Atualmente trabalha como artista de cenários para a produção da Netflix chamada Deadendia, no estúdio inglês Blinkink. Bárbara será entrevistada por Júlio Cavani, curador do ANIMAGE.

 

25.03.3021 / 15h

SÁVIO LEITE

Sávio Leite estudou Comunicação e é Mestre em Artes Visuais pela UFMG. É diretor de curtas-metragens, professor de cinema de animação no Centro Universitário UNA e coordenador de workshops de vídeo e imagem, tendo colaborado ainda em vários projetos cinematográficos. Seus trabalhos foram apresentados e premiados em importantes festivais ao redor do mundo. Nominado quatro vezes ao Grande Prêmio do Cinema Brasileiro e vencedor do Melhor Curta Metragem em animação desse prêmio em 2018. Foi júri em festivais na Finlândia, Chile, Colômbia, Equador, Peru e Armênia e em diversos outros no Brasil. Fundador e um dos diretores do TIMELINE – Festival Internacional de Vídeo Arte de Belo Horizonte. Fundador e um dos diretores da Múmia – Mostra Udigrudi Mundial de Animação. Sávio será entrevistado por Júlio Cavani, curador do ANIMAGE.

 

26.03.2021 / 15h

RENATO DUQUE

Renato Duque é formado em Audiovisual pela ECA USP com o curta “Oceano”, feito com a técnica de rotoscopia e viabilizado via crowdfunding, e está na programação do Animage Digital. O curta foi exibido em festivais de Zagreb, Havana, Varsóvia e Brasil, e foi premiado pela CIBA-SELECT em 2017 como Melhor Curta de Animação Universitária. Trabalhou como assistente de arte, animador e cenarista em diversos curta-metragens como “Torre” (Dir.: Nádia Mangolini) e “Livro 1/2” (Dir.: Giu Nishiyama). Foi editor de animatic para a série “Angeli, The Killer” e assistente de edição para o longa “Bob Cuspe – Nós Não Gostamos de Gente”, ambos pela Coala Filmes (SP). Atualmente é editor do curta “Safo” (Dir.:Rosana Urbes), em produção. Renato será entrevistado por Júlio Cavani, curador do ANIMAGE.

 

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sexta-feira, 19 de março de 2021

2º. Festival Mulheres+ do Audiovisual

 


2º. FESTIVAL MULHERES+ DO AUDIOVISUAL

18 de março a 18 de abril: Lives, Debates e MasterClass

26 de março a 18 de abril: Exibição de Filmes


Já está a todo vapor o 2º. Festival Mulheres+ do Audiovisual que estreou dia 18 de março de 2021..., com uma caprichadíssima programação online e gratuita de lives, debates, masterclass, filmes (ficção, documentários, animação)..., e fica no ar até 18 de abril de 2021.

Para Adriana L. Dutra, Claudia Dutra e Viviane Spinelli, diretoras do Festival e fundadoras da plataforma www.inff.online, o objetivo do 2º. Festival Mulheres+ do Audiovisual é reconhecer talentos femininos, jogar luz nas profissionais do setor, ampliar o debate sobre a importância de um espaço igualitário no mercado e capacitar mulheres residentes do Rio de Janeiro para o mercado audiovisual. As três curadoras ressaltam que: Os filmes selecionados para exibição foram produzidos entre 2016 e 2020 e representam uma parte da capacidade de produção das mulheres (pretas, brancas, cis, trans) exercendo a função de direção, roteirista, câmera/fotografia, no setor audiovisual brasileiro.

 

EXIBIÇÕES

Todos os filmes têm um período de 4 horas para você iniciar a sua sessão. Caso um filme esteja programado de 12h às 16h, você poderá iniciar sua sessão em qualquer horário dentro deste período. O filme começa quando você iniciar a sessão dentro do horário previsto na programação. Caso você não inicie a exibição no horário previsto na programação, o filme não ficará disponível em outros horários. Na sala de curtas-metragens, os filmes estarão disponíveis a qualquer horário. Para assistir a qualquer filme é preciso se inscrever na plataforma do Festival.

  


PROGRAMAÇÃO CINEMATOGRÁFICA

26 de março de 2021 a 18 de abril de 2021


 SALA 1 - TITANIO FILMS - LONGA-METRAGEM

exibições todos os dias sempre de 20h às 0h

link:  PROGRAMAÇÃO COMPLETA

 

SALA 2 - LAURA FERNANDES - DOCUMENTÁRIO

exibições com sessões - 12h às 16h & 18h às 22h

link:  PROGRAMAÇÃO COMPLETA

 

 SALA 3 - GARCIA FAMILY FOUNDATION - CURTA-METRAGEM

exibições disponíveis a qualquer horário

link: PROGRAMAÇÃO COMPLETA

 

 


DEBATES

SALA 5 - Os debates são realizados às 5as feiras às 21h30m

mediação: Diretora do Festival Mulheres+ Adriana L. Dutra.

links nos títulos

  

18 de março de 2021

AS MULHERES NA PRODUÇÃO AUDIOVISUAL
Flávia Guerra - Jornalista e documentarista
Lorenna Montenegro - Roteirista e crítica de cinema

  

25 de março de 2021

MULHERES À FRENTE DAS ESTRATÉGIAS DE FINANCIAMENTO

E CAPTAÇÃO NO SETOR AUDIOVISUAL
Mariza Leão - Produtora
Janaina Avila – Produtora executiva e de conteúdo
Sabrina Rosa - Diretora e roteirista
Graciela Guarani - Produtora cultural e cineasta

 

8 de abril de 2021

MULHERES NA DIREÇÃO E NO ROTEIRO
Cibele Amaral - Diretora e roteirista
Carla Camurati - Diretora
Julia Rezende - Diretora e roteirista
Susanna Lira - Diretora e roteirista
Sabrina Fidalgo – Cineasta

 

15 de abril de 2021

LEGISLAÇÃO, DESENVOLVIMENTO DE PROJETOS

 E MERCADO DE TRABALHO

PARA MULHERES NO AUDIOVISUAL
Vera Zaverucha - Consultora especializada em legislação audiovisual
Debora Ivanov - Advogada e produtora audiovisual

  


MASTERCLASS

As Masterclasses são ao vivo e todas as mulheres interessadas devem se inscrever aqui para garantir o acesso às aulas nos dias programados. SALA 6 – Serão realizadas nesta sala 3 Masterclasses. Links nos títulos.

 

20 de março de 2021

das 15h às 17h

DIREÇÃO E ROTEIRO - Julia Rezende

Da ideia ao filme, são muitas as etapas no desenvolvimento de um projeto. As primeiras fagulhas podem vir de um som, uma música, uma textura, uma frase, uma sensação. Como transformar essa intuição em filme? Roteiro, conceituação de linguagem e estética, decupagem, direção de atores, montagem. Escolhas. Dirigir é escolher. Escolher a equipe que vai te cercar, escolher o elenco que vai dar vida aos personagens, escolher onde vai a câmera, quantos frames a mais ou a menos se quer usar na edição, escolher que trilha sonora veste bem a cena. E tudo isso num processo coletivo, porque afinal cinema a gente sempre faz em grupo. Nesta masterclass vou compartilhar os meus processos e escolhas que, quem sabe, possam contribuir para as suas. 

 

27 de março de 2021

das 15h às 17h

PRODUÇÃO - Paula Barreto

A masterclass da produtora Paula Barreto abordará o processo e as dificuldades de produzir longas-metragens no Brasil e no exterior. Temas como: compra dos direitos de livros, roteiro, elenco, pré produção, produção e lançamento comercial serão discutidos, usando como exemplos os filmes "Lula, o filho do Brasil", " Flores Raras" e "João, o maestro".

 

3 de abril de 2021

das 15h às 17h

ROTEIRO - Flávia Guimarães

Esta, não será uma Masterclass sobre como escrever um roteiro, mas sim, como sobreviver de roteiro! Neste encontro, quero compartilhar minhas aventuras e desventuras como uma roteirista em ascensão. Como consegui emplacar os primeiros trabalhos, como se manter no mercado, as negociações de contrato, e as muitas estratégias para se viver dessa profissão louca e linda que é brincar de ser deus(a).

  


LIVES

Lives com as diretoras dos filmes exibidos no Festival.

Fique de olho e entre na conversa

SALA 4 – As lives acontecem às 21h30 

no instagram @inffinito_braff

 

29 de março de 2021

Daniele Broitman - diretora de Dorival Caymmi

Joana Mariani - diretora de Todas as Canções de Amor

 

30 de março de 2021

Lucia Murat - diretora de Praça Paris

Julia Katharine - diretora de Tea for Two

 

31 de março de 2021

Betse de Paula - diretora de A Luz de Mario Carneiro

6 de abril de 2021

Djin Sganzerla - diretora de Mulher Oceano

Joyce Prado - diretora de Chico Rey entre Nós

7 de abril de 2021

Ítala Nandi - atriz de Domingo

Vita Pereira - diretora de Perifericu e Picumã

  

para saber mais:

https://www.inff.online/page/faq

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quinta-feira, 18 de março de 2021

Crítica: Druk - Mais Uma Rodada

 


Druk - Mais Uma Rodada

por Joba Tridente

Quatro amigos adultos: Martin (Mads Mikkelsen), Peter (Lars Ranthe), Tommy (Thomas Bo Larsen) e Nikolaj (Magnus Millang). Quatro professores: História (Martin), Música (Peter), Educação Física (Tommy) e Filosofia (Nikolaj). Quatro homens em crise existencial: Martin (casado com Anika (Maria Bonnevie) e pai de dois adolescentes), Nikolaj (casado com Amalie (Helene Reingaard Neumann), pai de três filhos pequenos), Tommy e Peter, solteiros. Em comum: uma experiência sobre o nível alcoólico no corpo humano e a sociabilidade dinamarquesa. Será que algumas doses de bebida alcoólica nos deixam mais amáveis, mais profissionais, mais pensantes, mais responsáveis? Ou os degraus que nos levam ao céu são os mesmos que nos levam ao inferno? Escada prazerosa acima e ou escada frustrante abaixo, são muitos os questionamentos possíveis nas entrelinhas da instigante e totalmente amoral (claro!) sátira social, com alguns goles de drama, Druk - Mais Uma Rodada (Druk, 2020), dirigida por Thomas Vinterberg (A Caça), que chega tinindo da Dinamarca, onde parece que a bebedeira, assim como na Rússia, faz parte da cultura local


Em Druk - Mais Uma Rodada, com roteiro assinado por Vinterberg e Tobias Lindholm, o espectador acompanha em linha reta e sem precisar fazer um quatro com as pernas, a curiosa saga etílica dos amigos de longa data que, na noite de aniversário de Nikolaj, entre reminiscências juvenis e frustrações domésticas, amorosas e profissionais na meia idade, decidem testar a teoria do psiquiatra e psicoterapeuta norueguês Finn Skårderud sobre os humanos terem um déficit de álcool de 0,5% ao nascer. Como exemplo de bons copos que fizeram sucesso na vida artística e ou na vida política não faltam, no mundo, eles passam a acreditar que, se Skårderud estiver certo, com a reposição de 0,5% de álcool no sangue, as suas vidas darão uma quinada. A colher bailarina será a varinha de condão.


Inicialmente o quarteto não tem do que reclamar. Porém, com a autoestima lá em cima, os amigos decidem ir além do experimento e ditam uma nova regra: cada um irá beber, de segunda à sexta-feira, durante o expediente e ou até às 20h, e o grupo irá se reunir para registrar as impressões físicas e intelectuais diárias de cada um. Mas, será que, depois de entornarem todas, por horas, e sequer darem um gole pro santo, Martin, Tommy, Nikolaj e Peter vão ter noção do quão longe eles foram, em busca do prazer (efêmero) e da felicidade (fugaz), e, se preciso, rever seus conceitos em relação à imunidade ao álcool? Afinal, uma bebidinha no happy hour ajuda a solucionar problemas pessoais e profissionais e ou a agravá-los, depois da bebedeira? Bom, sabe como é, se o barman exagera nos ingredientes a chance de o drink desandar é enorme. Aí, ou ele assume o erro e volta à receita original e ou aguenta o tranco, que pode levá-lo a uma situação bem desagradável. Para os protagonistas a vida (em casa e na escola) jamais será a mesma enquanto durar o experimento..., ou depois.


A ode à bebida é milenar (Evoé, Baco!). Mesmo assim, no dia a dia, é possível ver o consumo de álcool (relacionado ao esporte e às conquistas amorosas) por ângulos diferentes e que sempre suscitam grandes e calorosas discussões sobre seus benefícios e ou malefícios. Na Ásia (Coréia do Sul, Japão, China), como se vê em documentários e ficção, beber pode ser catártico. Druk - Mais Uma Rodada não condena e tampouco absolve seus personagens escapistas (Todo mundo bebe neste país!), que preferem a bebida à um divã de psicanalista. Dando um certo suspense (à ação e à reação) no clima bêbado da trama, Vinterberg deixa o julgamento para o público espectador..., que poderá se incomodar com a crueza (ou repugnância) de algumas cenas, principalmente se já teve caso de alcoólatra na família. Seu enredo (que, num misto de cinismo, ironia e espanto, acompanha bons amigos em experimento alcoólico que os leva da sobriedade à embriaguez) é provocante; o elenco excelente; a direção que equilibra com maestria, no fio da navalha, um tema incômodo e reflexivo, no andamento que beira o tragicômico, é notável (a gag do bacalhau é antológica). Você pode até sair meio grogue da sessão..., mas, com ou sem ressaca, há de considerar que este é um filme que dá petisco pra muita discussão... Quem nunca ficou bêbado (sem dar vexame), jamais saberá o significado de dançar no ar!

NOTA: As considerações acima são pessoais e, portanto, podem não refletir a opinião geral dos espectadores e cinéfilos de carteirinha.

 

Joba Tridente: O primeiro filme vi (no cinema) aos 5 anos de idade. Os primeiros videodocumentários fiz em 1990. O primeiro curta-metragem (Cortejo), em 35mm, realizei em 2008. Voltei a fazer crítica em 2009. Já fui protagonista e coadjuvante de curtas. Mas nada se compara à "traumatizante" e divertida experiência de cientista-figurante (de última hora) no “centro tecnológico” do norte-americano Power Play (Jogo de Poder, 2003), de Joseph Zito, rodado aqui em Curitiba.


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