quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Crítica: A Verdade Nua e Crua


por Joba Tridente

Se você é um cinéfilo ou mero expectador que não se importa com previsibilidade, principalmente aquela em que, aos cinco minutos do filme, você já sabe como será o final, independente do meio, é provável que goste de A Verdade Nua e Crua (The Ugly Truth, EUA, 2009).

A Verdade Nua e Crua, filme de Robert Luketic, não é lá muito original (a colcha contém retalhos de séries de TV, filmes antológicos e outros esquecíveis) com seus clichês padrão, mas tem um certo charme, devido as performances de Gerard Butler e de Cheryl Hines e John Michael Higgins, que interpretam Georgia e Larry, o estranho casal de âncoras do programa A.M. Sacramento. É uma comédia de costumes igual a dezenas de outras produções do tipo auto-ajuda feminino, só que este é um pouco mais picante. Bem mais picante.

A história gira em torno de Abby Richter (Katherine Heigl), uma produtora de televisão que se vê obrigada a cuidar da produção de um programa que ela considera tão abominável quanto o seu apresentador Mike Chadway (Gerard Butler). O programa em questão é o A Verdade Nua e Crua onde o sujeito, com seu modo desbocado, dá conselhos sexuais machistas aos telespectadores que ligam pra ele. Chadway é direto e parece entender muito bem como funciona a mente masculina: a sexo. Abby, controladora e mandona, que sonha com um príncipe encantado, acha que pode se beneficiar dos conselhos dele para finalmente conseguir conquistar um homem e se casar. A “vítima” dos seus sonhos é Colin (Eric Winter), seu novo e malhado vizinho. Forma-se um inusitado triângulo, envolvendo um mestre sexual, uma mulher carente e um homem amável. Na matemática do amor e do sexo, quem vencerá? O careta ou o sacana? O que promete sexo tradicional ou o que faz sexo animal? É preciso perguntar?

A Verdade Nua e Crua é uma comédia que quer ser ousada, mas fica no meio do caminho. Porém é curta, rápida, romântica e até divertida, com seu palavreado chulo e suas piadas recheadas de insinuações sexuais. Não fosse a incômoda previsibilidade o filme poderia render bem mais, ao expor os mistérios da masculinidade. O curioso é que o pensamento machista do filme é do ponto de vista feminino, já que foi escrito por três mulheres (Nicole Eastman, Karen McCullah Lutz e Kirsten Smith). O que quer dizer que a também previsibilidade da loira tola, Abby Richter, ou do desbocado apresentador, Mike Chadway ou ainda do doutor bom moço: Colin, pode não ser tão previsível, assim. Ou será que é? Ora, na vida real a maioria feminina continua querendo arranjar um homem compreensível e fazer amor com ele e a maioria masculina quer uma mulher para fazer sexo. É claro que há lugares para princesas e príncipes encantados, nos Contos de Fadas.

Bem, se é verdade que os iguais se atraem, em Hollywood os “opostos” se atraem muito mais e aí... Li em algum lugar que o filme agradou o puritano público americano. Acho meio difícil. A não ser que ele tenha visto uma cópia reeditada.

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