por Joba Tridente
Na vida até o cinema é cíclico. Tanto que, de tempos em tempos um assunto em comum, “coincidentemente”, toma vulto em várias partes do mundo cinematográfico..., como se todos os realizadores quisessem se provar capazes de (também) realizar algo relacionado ao tema da moda. Basta a indústria do entretenimento “especular” um foco (principalmente em resposta a algum protesto étnico, social, de gênero) ou um filme com temática simples (envolvendo família nas mais diversas situações e/ou discussões), independente, fora da cartilha, fazer sucesso para despertar interesses de meio mundo. Claro que existe coincidências e “coincidências” e que a qualidade da trama (em comum: família) varia e muito dependendo dos envolvidos.
No momento (?), o que tem chamado a atenção é a quantidade de filmes e séries se (re)desdobrando sobre os percalços e/ou dissabores da maternidade e o rescaldo da paternidade no processo de criação dos filhos (sobretudo) na ausência (ou falta) da mãe. Recentemente destacaram-se nos cinemas e streaming: Mães Paralelas (2021) (Almodóvar), Mães de Verdade (2020), de Naomi Kawase, Proibido Nascer no Paraíso (2020), de Joana Nin; Ma'Ohi Nui (2018), de Annick Ghijzelings, Tully (2018), de Jason Reitman, A Filha Perdida (2021), de Maggie Gyllenhaal, Willow (2019), de Milcho Manchevski..., entre outros de excelente conteúdo.
A grande maioria das obras que abordam a questão da maternidade, sob o ponto de vista das mulheres (personagens, roteiristas, diretoras) e com “palpite” dos homens..., personagens sempre na coadjuvação do querer ou não o filho esperado pela mulher que não tem certeza se quer ou não o filho a certa altura da vida e/ou da carreira..., dizem bem mais às mulheres que aos homens. Porque não é (?) de fácil compreensão masculina a aflição feminina da descoberta da gravidez ao pós-parto e do apego e/ou o desapego de uma mãe ao filho que, para muitas, é um estorvo. Por mais que se desenhe. E tem nada a ver com empatia.
Mar de Dentro tem bom ritmo e vai direto ao assunto para falar de mãe de primeira viagem, trauma pós-parto, dupla jornada, babás-mães. O porém é que o discurso soa vago, sem novidades e ou sem sequer polemizar tais questões, que parecem estar na trama só para constar. Nem sempre um breve diálogo ou cena é o suficiente para esclarecer e/ou criticar certas situações impostas (sistematicamente) às mulheres. Da descoberta da gravidez (e as dúvidas de levá-la adiante ou não) aos cuidados com o bebê, todos os problemas de Manu acabam sendo solucionados facilmente, quase que num piscar de olhos e sem muito drama, tipo tempestade em copo d’água. Me parece que na vida real (que não imita a arte) as aflições maternais são bem mais complexas (com as mães padecendo ou não no paraíso)..., principalmente para aquelas que estão bem abaixo da classe média e têm tanta jornada que até pararam de contar.
Trailer: Aqui
NOTA: As considerações acima são pessoais e, portanto, podem não refletir a opinião geral dos espectadores e cinéfilos de carteirinha.
Joba
Tridente: O
primeiro filme vi (no cinema) aos 5 anos de idade. Os primeiros
videodocumentários fiz em 1990. O primeiro curta-metragem (Cortejo), em
35mm, realizei em 2008. Voltei a fazer crítica em 2009. Já fui protagonista e
coadjuvante de curtas. Mas nada se compara à "traumatizante" e
divertida experiência de cientista-figurante (de última hora) no “centro
tecnológico” do norte-americano Power Play (Jogo de Poder,
2003), de Joseph Zito, rodado aqui em Curitiba.
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