terça-feira, 12 de abril de 2022

Crítica: Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore


ANIMAIS  FANTÁSTICOS:

OS  SEGREDOS  DE  DUMBLEDORE

Fantastic Beasts: The Secrets of Dumbledore

por Joba Tridente 

Enquanto a pandemia parece estar dando uma trégua (a não ser que o coronavírus seja mais maquiavélico que certos bruxos) a fantasia vai, aos poucos, voltando às salas de cinema e com ela o grande público..., ou ao menos aquele apreciador dos filmes escapistas de apelo popular (explosivo, comédia, animação), principalmente juvenil. O que não quer dizer que não tenha sala para os apreciadores dos filmes com uma pegada mais intimista, mais artística, mais cult. 


Assim, o momento parece ser propício para dar a continuidade à franquia Animais Fantásticos..., que começou em 2016, com Animais Fantásticos e Onde Habitam, seguiu em 2018, com Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald, e agora, prossegue na mesma coloração da fantasia adolescente com Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore (Fantastic Beasts: The Secrets of Dumbledore, 2022)..., e deve fechar com mais dois filmes, antes de começar uma nova série com a turma do Harry Potter adulta. Este terceiro filme, ambientado nos anos 1930, tem roteiro de J.K. Rowling e Steve Kloves e novamente a ótima direção de David Yates. A narrativa (que metaforiza a ascensão do nazifascismo), como se sabe, acompanha os passos do magizoologista Newt Scamander (Eddie Reydmayne) em suas viagens de catalogação e captura de Animais Fantásticos (para preservação) pela cada vez mais movimentada e politizada via de portais entremundos, por onde circulam bruxos gananciosos e autoritários e trouxas realmente trouxas. 


Em Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore, o espectador assiste ao crescente conflito entre Alvo (ou AlbusDumbledore (o excelente Jude Law) e o poderoso mago das trevas Gerardo Grindelwald (Mads Mikkelsen, substituindo com a competência de sempre o ator Johnny Depp), que é capaz das mais perversas armações para concorrer (certo da vitória) ao cargo de Mago Supremo da Confederação Internacional dos Bruxos, na eleição internacional, que tem a bruxa Vicência Santos (Maria Fernanda Cândido) como favorita. Para ao menos tentar atrapalhar os planos do pérfido Grindelwald, que tem o perturbado Credence (Ezra Miller) e a iludida Queenie (Alison Sudol) ao seu lado, o sensato Dumbledore (que firmou um pacto com Grindelwald em que não podem destruir um ao outro) vai contar com o sempre prestativo Newt Scamander (Redmayne), o trouxa padeiro Jacob Kowalski (Dan Fogler), os agentes de magia Eulalie 'Lally' Hicks (Jessica Williams), Theseus Scamander (Callum Turner), Yusuf Kama (William Nadylam), numa corrida contra o tempo (para evitar o caos), por lugares como Berlim, Londres, Nova York e o reino do Butão, no Himalaia, onde acontece a eleição. Se vencer, Grindelwald quer declarar guerra aos trouxas e dominar os dois mundos. Mas para isso é preciso que seja escolhido por um adorável animal chamado Qilin (Chillin), que é capaz de ver a pureza da alma e do coração de uma pessoa. É claro que o maquiavélico Grindelwald tem um voto sujo na manga, mas será o suficiente para vencer os outros bruxos? Bem, se nessas histórias de fantasia nem tudo é o que parece, até o próprio Grindelwald pode se surpreender com o inesperado resultado da eleição. 


Ainda que morosa em sua narrativa geral (afinal faltam uns dois filmes para a conclusão da saga)..., mas sem ser cansativa, já que tem os seus encantos fantasiosos e humor razoável, além de um bocado de ação bang-bang, com tiros de varinha de condão..., aqui a trama retira mais algumas camadas do obscuro passado de Albus e de Grindelwald, desvelando gradualmente a intimidade, a personalidade e o ponto de ruptura da amizade dos dois mestres da bruxaria. Mágoa versus oportunismo numa seara em que apenas um pode (e deve?) sair vencedor. E já que Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore está virando as páginas, o enredo aproveita o impulso e também delineia com mais profundidade a envergadura do arco e a tensão na corda familiar que prende o instável Credence (Miller) ao inconformado Aberforth (Richard Coyle).  


Enfim, Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore mantém um bom foco na luta entre o bom bruxo (democrático) e o mau bruxo (autocrático), mas sem deixar a fantasia (escapista?) de lado, acrescentando, de forma muito divertida, um novo animal fantástico aqui (na beira do poço infernal) e outro acolá (dentro do poço infernal), e sem precisar abandonar o atento arborescente Bowtruckle e o distraído “ornitorrinco” Niffler, sempre ao alcance de Newt. 

Com boas amarras e mantendo alguns fios soltos (será que a bruxa Vicência Santos volta com mais presença e falas no próximo capítulo?); elenco competente; ótimos efeitos especiais; roteiro mais arredondado e, portanto, com menos solavancos bruxescos e políticos; David Yates ampliando a visão deste universo fantástico e lúdico..., ainda que possa parecer bobinho para os espectadores mais crescidinhos, não há como negar que Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore é divertido e pode até dar a impressão de esquecível, mas que deixa um vontade louca de saber o que vai acontecer no próximo episódio, ah, isso dá!

Trailer: Aqui  


NOTA: As considerações acima são pessoais e, portanto, podem não refletir a opinião geral dos espectadores e cinéfilos de carteirinha. 

Joba Tridente: O primeiro filme vi (no cinema) aos 5 anos de idade. Os primeiros videodocumentários fiz em 1990. O primeiro curta-metragem (Cortejo), em 35mm, realizei em 2008. Voltei a fazer crítica em 2009. Já fui protagonista e coadjuvante de curtas. Mas nada se compara à "traumatizante" e divertida experiência de cientista-figurante (de última hora) no “centro tecnológico” do norte-americano Power Play (Jogo de Poder, 2003), de Joseph Zito, rodado aqui em Curitiba.


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