ANIMAIS FANTÁSTICOS:
OS SEGREDOS DE DUMBLEDORE
Fantastic
Beasts: The Secrets of Dumbledore
por Joba Tridente
Enquanto a pandemia parece estar dando uma trégua (a
não ser que o coronavírus seja mais maquiavélico que certos bruxos) a fantasia
vai, aos poucos, voltando às salas de cinema e com ela o grande público..., ou ao
menos aquele apreciador dos filmes escapistas de apelo popular (explosivo,
comédia, animação), principalmente juvenil. O que não quer dizer que não tenha
sala para os apreciadores dos filmes com uma pegada mais intimista, mais
artística, mais cult.

Assim, o momento parece ser propício para dar a
continuidade à franquia Animais Fantásticos...,
que começou em 2016, com Animais
Fantásticos e Onde Habitam, seguiu em 2018, com Animais
Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald, e agora, prossegue na mesma
coloração da fantasia adolescente com Animais
Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore (Fantastic Beasts: The Secrets of Dumbledore, 2022)..., e deve
fechar com mais dois filmes, antes de começar uma nova série com a turma do Harry Potter adulta. Este terceiro filme,
ambientado nos anos 1930, tem roteiro de J.K. Rowling e Steve Kloves e novamente
a ótima direção de David Yates.
A narrativa (que metaforiza a ascensão do nazifascismo), como se sabe, acompanha
os passos do magizoologista Newt
Scamander (Eddie Reydmayne) em
suas viagens de catalogação e captura de Animais Fantásticos (para preservação)
pela cada vez mais movimentada e politizada via de portais entremundos, por
onde circulam bruxos gananciosos e autoritários e trouxas realmente trouxas.

Em Animais
Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore, o espectador assiste ao crescente
conflito entre Alvo (ou Albus) Dumbledore (o excelente Jude Law)
e o poderoso mago das trevas Gerardo Grindelwald (Mads Mikkelsen, substituindo com a
competência de sempre o ator Johnny Depp), que é capaz das mais perversas
armações para concorrer (certo da vitória) ao cargo de Mago Supremo da Confederação Internacional dos Bruxos, na eleição
internacional, que tem a bruxa Vicência
Santos (Maria Fernanda Cândido)
como favorita. Para ao menos tentar atrapalhar os planos do pérfido Grindelwald, que tem o perturbado Credence (Ezra Miller) e a iludida Queenie
(Alison Sudol) ao seu lado, o sensato
Dumbledore (que firmou um pacto com Grindelwald em que não podem destruir um
ao outro) vai contar com o sempre prestativo Newt Scamander (Redmayne),
o trouxa padeiro Jacob Kowalski (Dan Fogler), os agentes de magia Eulalie 'Lally' Hicks (Jessica Williams), Theseus Scamander (Callum
Turner), Yusuf Kama (William Nadylam), numa corrida contra o
tempo (para evitar o caos), por lugares como Berlim, Londres, Nova York e
o reino do Butão, no Himalaia, onde acontece a eleição. Se vencer, Grindelwald quer declarar guerra aos
trouxas e dominar os dois mundos. Mas para isso é preciso que seja escolhido
por um adorável animal chamado Qilin
(Chillin), que é capaz de ver a
pureza da alma e do coração de uma pessoa. É claro que o maquiavélico Grindelwald tem um voto sujo na manga,
mas será o suficiente para vencer os outros bruxos? Bem, se nessas histórias de
fantasia nem tudo é o que parece, até o próprio Grindelwald pode se surpreender com o inesperado resultado da eleição.

Ainda que morosa em sua narrativa geral (afinal faltam
uns dois filmes para a conclusão da saga)..., mas sem ser cansativa, já que tem
os seus encantos fantasiosos e humor razoável, além de um bocado de ação bang-bang, com tiros de varinha de
condão..., aqui a trama retira mais algumas camadas do obscuro passado de Albus e de Grindelwald, desvelando gradualmente a intimidade, a personalidade
e o ponto de ruptura da amizade dos dois mestres da bruxaria. Mágoa versus
oportunismo numa seara em que apenas um pode (e deve?) sair vencedor. E já que Animais Fantásticos: Os Segredos
de Dumbledore está virando as páginas, o enredo aproveita o impulso e também
delineia com mais profundidade a envergadura do arco e a tensão na corda
familiar que prende o instável Credence
(Miller) ao inconformado Aberforth (Richard Coyle).

Enfim, Animais
Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore mantém um bom foco na luta
entre o bom bruxo (democrático) e o mau bruxo (autocrático), mas sem deixar a
fantasia (escapista?) de lado, acrescentando, de forma muito divertida, um novo
animal fantástico aqui (na beira do poço infernal) e outro acolá (dentro do poço
infernal), e sem precisar abandonar o atento arborescente Bowtruckle e o distraído “ornitorrinco” Niffler, sempre ao alcance de Newt.
Com boas amarras e mantendo alguns fios soltos (será
que a bruxa Vicência Santos volta com
mais presença e falas no próximo capítulo?); elenco competente; ótimos efeitos
especiais; roteiro mais arredondado e, portanto, com menos solavancos bruxescos
e políticos; David Yates ampliando a visão deste universo fantástico e
lúdico..., ainda que possa parecer bobinho para os espectadores mais
crescidinhos, não há como negar que Animais
Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore é divertido e pode até dar a
impressão de esquecível, mas que deixa um vontade louca de saber o que vai
acontecer no próximo episódio, ah, isso dá!
Trailer: Aqui
NOTA:
As considerações acima são pessoais e, portanto, podem não refletir a opinião
geral dos espectadores e cinéfilos de carteirinha.
Joba
Tridente: O primeiro filme vi (no cinema) aos 5 anos de idade. Os
primeiros videodocumentários fiz em 1990. O primeiro curta-metragem (Cortejo),
em 35mm, realizei em 2008. Voltei a fazer crítica em 2009. Já fui protagonista
e coadjuvante de curtas. Mas nada se compara à "traumatizante" e
divertida experiência de cientista-figurante (de última hora) no “centro
tecnológico” do norte-americano Power Play (Jogo de Poder, 2003),
de Joseph Zito, rodado aqui em Curitiba.
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