sexta-feira, 5 de março de 2021

7ª Mostra de Cinema de Gostoso

 


7ª MOSTRA DE CINEMA DE GOSTOSO

10 a 14 de março de 2021

 

Em sua 7ª edição, a famosa Mostra de Cinema de Gostoso, tradicionalmente realizada na cidade de São Miguel do Gostoso, Rio Grande do Norte, excepcionalmente, não acontecerá à beira-mar..., mas online. Ao ser transferida de novembro de 2020 para o mês de março de 2021, por contingência do Coronavírus, a 7ª Mostra, pode até perder o seu charme praieiro, mas não perde a qualidade da sua programação. E mais, certamente, com um evento dessa importância, online e de acesso grátis a filmes, masterclasses e cursos de formação, o público espectador, que irá se despedir do verão com a alma cinéfila lavada, será muito maior...


Em seu texto de apresentação da 7ª Mostra de Cinema de Gostoso, que acontece de 10 a 14 de março de 2021, na plataforma de streaming Innsaei.tv, os diretores e curadores do evento, Eugenio Puppo e Matheus Sundfeld, destacam que o crítico Juliano Tosi faz uma síntese precisa de nosso cinema atual, no artigo sobre o filme Cinemateca Brasileira, dirigido por Ozualdo Candeias em 1993, que compõe a Mostra Acervo: “(...) quando, sobre certa imagem de latas de filme empilhadas, diz a locução: “Balançando assim, filme brasileiro, com certeza!”. (Balança, mas não cai, graças ao diletantismo e à determinação de todos que teimam em manter de pé esta arte bastante instável que é o cinema brasileiro.). E os dois vão além ao ressaltar: “O que acontecerá se continuarmos perdendo nosso passado? Que memórias permanecerão das ruínas do desastre sanitário, social e político dos últimos meses?

Com o duro golpe sofrido por toda a cadeia de produção que envolve um festival de cinema, assumimos como um grande desafio adaptar ao ambiente online a sétima edição da Mostra de Cinema de Gostoso. Para uma edição excepcional como esta, propomos novos caminhos e abordagens. A 7ª Mostra de Cinema de Gostoso apresenta uma programação que busca homenagear o cinema brasileiro com um eixo temático dedicado à memória, em suas diversas facetas. Enveredando por temáticas que abordam e valorizam a memória audiovisual brasileira, esse recorte leva em consideração o estado de crise em que se encontram os órgãos de preservação audiovisual. A Cinemateca Brasileira, detentora do maior acervo audiovisual da América do Sul, com mais de 250 mil rolos de filmes, passa atualmente por uma das maiores dificuldades de sua história.

Para tanto, a programação busca suscitar essas questões tanto através das temáticas dos filmes brasileiros contemporâneos selecionados para a Mostra Nacional, quanto na proposta curatorial da Mostra Acervo, das Sessões Especiais Xanadu e Boi de Prata e da Sessão CineLimite. Os longas-metragens da Mostra Nacional confirmam a potência da diversidade da recente produção audiovisual brasileira. São filmes provenientes de cinco Estados que, cada um à sua maneira, tratam da força da memória enquanto motor criativo para a projeção de novas perspectivas pessoais e coletivas. Todos os filmes contam com um vídeo pré-gravado de perguntas e respostas com os diretores e diretoras a respeito do processo criativo e de produção. Os realizadores e realizadoras dos longas-metragens da Mostra Nacional foram convidados a escolher filmes marcantes para sua identidade artística para integrar a Mostra Acervo, mais uma inovação desta edição. As Sessões Especiais oferecem cópias novas de filmes que até então se encontravam relativamente obscuros e se conectam à memória de Vladimir Carvalho, João Callegaro e Walter Carvalho, em entrevistas exclusivas concedidas para a Mostra. A Sessão CineLimite, proposta por William Plotnick e Gustavo Menezes, por sua vez, fornece um comentário muito valioso sobre a produção cinematográfica de um período da história que ecoa até os dias de hoje e que não deixará de ecoar tão cedo.

A 7ª Mostra de Cinema de Gostoso também nos incitou a reforçar ainda mais o pilar formativo da Mostra, oferecendo, além dos Cursos de Formação Técnica e Audiovisual e o laboratório de projetos Gostoso Lab, um conjunto de Masterclasses. Elas têm os seguintes temas: um panorama das atividades de preservação, ministrada por Ines Aisengart Menezes; a evolução das tecnologias cinematográficas, por Thiago de André, e o processo histórico de elevação do cinema à condição de arte moderna, com Ismail Xavier, tendo como ponto de partida seu já clássico livro “Sétima Arte, um Culto Moderno: O Idealismo Estético e o Cinema" (Edições Sesc, 2017). Todos os conteúdos em vídeo, produzidos para a 7ª Mostra de Cinema de Gostoso, ficarão disponíveis em nosso canal no YouTube após o término do evento. Convidamos a todos para participar deste debate sobre a memória audiovisual brasileira e, no caminho, visitar cantos ainda pouco explorados de nossa filmografia e adquirir novos conhecimentos sobre os processos desta arte tão importante para nossos difíceis tempos.

7ª MOSTRA DE CINEMA DE GOSTOSO

10 a 14 de março de 2021

 

MOSTRA NACIONAL

Serão exibidos seis longas e dez curtas-metragens brasileiros contemporâneos, provenientes de diversas regiões do país. Obras potentes que nos fazem refletir a respeito da memória, em sua ampla gama de sentidos e nuances. Cada filme será acompanhado por um vídeo com perguntas e respostas com o(a) respectivo(a) diretor(a), sobre o processo de criação e produção dos filmes e das temáticas abordadas.

 

longas-metragens


AÇUCENA (BA – 2021)

direção: Isaac Donato

sinopse: Todo ano, uma mulher comemora seu aniversário de 7 anos.

trailer: aqui 

 

ANTENA DA RAÇA (SP – 2020)

direção: Paloma Rocha e Luis Abramo

sinopse: Em 1979, enquanto o Brasil vivia o momento conturbado da Lei da Anistia, Glauber Rocha realiza para a TV Tupi o programa “Abertura”, no qual interroga de frente um Brasil contraditório e em ebulição, pleno de utopias mas sempre sob o peso de chagas seculares. Quarenta anos depois, sua filha Paloma e o parceiro Luís Abramo voltam a esse material, recentemente restaurado, e o colocam em fricção com cenas do cinema de Glauber – mas também com imagens do Brasil de 2018: um país ainda conturbado e contraditório, que parece perseguir o rabo de sua própria história.

 

ATÉ O FIM (BA – 2020)

direção: Glenda Nicácio e Ary Rosa

sinopse: Geralda está trabalhando em seu quiosque à beira de uma praia no Recôncavo da Bahia, ela recebe um telefonema do hospital dizendo que seu pai pode morrer a qualquer momento. Ela avisa suas irmãs Rose, Bel e Vilmar. O encontro promovido pela espera da morte se torna um momento de desabafo e reconhecimentos das quatro irmãs que não se reúnem desde a morte da mãe, há 15 anos

 

CAVALO (AL – 2020)

direção: Rafhael Barbosa e Werner Salles

sinopse: Envolvidos num processo artístico, sete jovens dançarinos são provocados a um mergulho em suas ancestralidades.

trailer: aqui 

 

CIDADE CORRERIA (RJ – 2020)

direção: Juliana Vicente

sinopse: Cidade Correria é Brasil pulsante e radicalmente coletivo. Por dentro do processo do espetáculo, o encontro do transbordamento das urgências cotidianas, contradições, alegrias, delírios, feridas e potências através da voz e nascimento do Coletivo Bonobando, grupo inspirador que se expande do palco para o mar, do mar para a cidade, da cidade para a tela.

 

NŨHŨ YÃG MŨ YÕG HÃM: ESSA TERRA É NOSSA!

(MG – 2020)

direção: Isael Maxakali, Sueli Maxakali,

Carolina Canguçu e Roberto Romero

sinopse: Antigamente, os brancos não existiam e nós vivíamos caçando com os nossos espíritos yãmĩyxop. Mas os brancos vieram, derrubaram as matas, secaram os rios e espantaram os bichos para longe. Mas os nossos yãmĩyxop são muito fortes e nos ensinaram as histórias e os cantos dos antigos que andaram por aqui.

trailer: aqui

 

curtas-metragens

 

A MORTE BRANCA DO FEITICEIRO NEGRO (SC – 2020)

direção: Rodrigo Ribeiro

sinopse: Memórias do passado escravista brasileiro transbordam em paisagens etéreas e ruídos angustiantes. Através de um poético ensaio visual, uma reflexão sobre silenciamento e invisibilização do povo preto em diáspora, numa jornada íntima e sensorial.

trailer: aqui

 

4 BILHÕES DE INFINITOS (MG – 2020)

direção: Marco Antônio Pereira

sinopse: Brasil. 2020. Uma família vive com a energia de casa cortada. Enquanto a mãe trabalha, seus filhos ficam em casa conversando sobre ter esperança.

trailer: aqui

 

CASA COM PAREDE (RN – 2020)

direção: Dênia Cruz

sinopse: Um assentamento urbano em remoção, após um incêndio que destruiu mais de 50% dos barracos. Mulheres, homens e crianças em mudança para tão sonhada moradia. Essa história é revelada de forma lúdica por uma criança de oito anos que viveu com sua mãe numa comunidade entre tábuas e lonas, mas que sonhava morar em uma casa com parede.

trailer: aqui 

 

DE VEZ EM QUANDO EU ARDO (MG – 2020)

direção: Carlos Segundo

sinopse: Louise é uma fotógrafa que busca a simbiose dos corpos. Seu encontro com Teresa, uma jovem que se oferece para participar da sessão de fotos, cria um abalo, muito maior do que elas podem imaginar.

trailer: aqui 

 

LORA (SP – 2020)

direção: Mari Moraga

sinopse: Na maior cidade do Brasil, Lora nos conduz a ver o centro de São Paulo através de seu olhar. Lora é uma mulher livre e plena de presença, que apresenta outra forma de pensar sobre pessoas em situação de rua.

trailer: aqui 

 

MESTRE MARCIANO (RN – 2021)

direção: Igor Ribeiro e Rubens dos Anjos

sinopse: Em São Miguel do Gostoso, litoral do Rio Grande do Norte, pai e filho relembram tradições do passado que continuam vivas em suas mentes, e que transformaram José Marciano no maior mestre do Boi de Reis da cidade.

 

SER FELIZ NO VÃO (RJ – 2020)

direção: Lucas Rossi

sinopse: Um ensaio preto sobre trens, praias e ocupação de espaço.

trailer: aqui

 

TRINDADE (MG – 2020)

direção: Rodrigo Meireles

sinopse: Trindade ouve os ecos da escravidão desde menina. Agora, é ela quem canta.

trailer: aqui

 

URUBÁ (RN – 2020)

direção: Rodrigo Sena

sinopse: O mundo espiritual ao seu redor passa muito mais pelo terceiro olho do que pelos olhos físicos. O invisível aos olhos de Luiz não é invisível à sua sensibilidade espiritual.

trailer: aqui 

 

VAI MELHORAR (RN – 2020)

direção: Bruno Fiuza

sinopse: Nos bastidores de uma campanha política para prefeito, a apresentadora Luísa sofre com a difícil convivência entre os colegas de trabalho. É a última semana antes do primeiro turno e Luísa, longe de sua cidade e sua família, descobre um escândalo que pode comprometer toda a eleição. Agora ela precisa decidir não só o seu destino, mas o de uma cidade inteira.

trailer: aqui 

 

 

MOSTRA ACERVO

Cada um dos seis diretores e diretoras dos longas-metragens da Mostra Nacional indicou uma obra brasileira que inspirou sua formação. Os filmes acompanham um vídeo com esses realizadores e realizadoras falando sobre o motivo da escolha, que será veiculado antes do início de cada filme da Mostra Acervo. Além das obras escolhidas, será exibido Cinemateca Brasileira (1993), documentário dirigido pelo cineasta paulista Ozualdo Candeias, que acompanha o início da transferência da Cinemateca Brasileira para a sede atual. 

 


VIDAS SECAS (1963)

direção: Nelson Pereira dos Santos

escolhido por Isaac Donato

sinopse: Vidas Secas é o pilar do movimento do Cinema Novo. Inspirado na obra de Graciliano Ramos, é considerado uma obra prima e clássico do Cinema Brasileiro. Ambientado no início da década de 1940, descreve dois anos da vida de um vaqueiro itinerante e sua família, lutando para sobreviver no sertão, seco e devastado, do Nordeste do país.

 


COPACABANA MON AMOUR (1970)

direção: Rogério Sganzerla

escolhido por Ary Rosa e Glenda Nicácio

sinopse: Sônia Silk sonha ser cantora da Rádio Nacional e para sobreviver se entrega a turistas. Seu irmão Vidimar, empregado do Dr. Grilo apaixona-se pelo patrão. A mãe de Sônia e Vidimar acha que ambos estão possuídos pelo demônio. Sônia, que vê espíritos baixarem em seres e objetos estranhos, resolve procurar o pai de Santo Joãozinho da Goméia.

 


SÃO BERNARDO (1972)

direção: Leon Hirszman

escolhido por Rafhael Barbosa e Werner Salles

sinopse: Paulo Honório, um sertanejo de origem pobre que, em uma empreitada financeira, se torna dono da decadente fazenda de São Bernardo em Viçosa, Alagoas. Determinado a fazer fortuna e ascender socialmente, ele recupera a fazenda, consegue entrar para a economia rural e casa-se com a professora da cidade, Madalena. Os problemas começam quando as diferenças de Paulo e sua esposa se acentuam. Baseado no célebre romance de Graciliano Ramos.

 


CLARO (1975)

direção: Glauber Rocha

escolhido por Paloma Rocha

sinopse: Transitando entre documentário e ficção, político e pessoal, centro e periferia, Glauber inscreve sua trajetória no fluxo das mudanças que acontecem pelo mundo. Como todo imperador que se preze, Glauber não quer nada menos do que conquistar Roma. Claro é sua vitória.

 


BICHO DE SETE CABEÇAS (2000)

direção: Laís Bodanzky; 2000

escolhido por Juliana Vicente

sinopse: Como todo adolescente, Neto (Rodrigo Santoro) gosta de desafiar o perigo e comete pequenas rebeldias incompreendidas pelos pais. Mas seus pais (Othon Bastos e Cássia Kiss) levam as experiências de Neto muito a sério e, sentindo que estão perdendo o controle, resolvem trancafiá-lo num hospital psiquiátrico. No manicômio, Neto conhece uma realidade desumana e vive emoções e horrores que ele nunca imaginou que pudessem existir. Inspirado no livro ‘Canto dos Malditos’, de Austregésilo Carrano Bueno.

 


MARTÍRIO (2016)

direção: Vincent Carelli

escolhido por Isael Maxakali, Sueli Maxakali,

Carolina Canguçu e Roberto Romero

sinopse: O retorno ao princípio da grande marcha de retomada dos territórios sagrados Guarani Kaiowá através das filmagens de Vincent Carelli, que registrou o nascedouro do movimento na década de 1980. Vinte anos mais tarde, tomado pelos relatos de sucessivos massacres, Carelli busca as origens deste genocídio, um conflito de forças desproporcionais: a insurgência pacífica e obstinada dos despossuídos Guarani Kaiowá frente ao poderoso aparato do agronegócio.

 


CINEMATECA BRASILEIRA (1993)

direção: Ozualdo Candeias

sinopse: Documentário sobre as atividades da Cinemateca Brasileira, acompanha o início da transferência para a sede atual. O filme apresenta uma Cinemateca Brasileira ainda dividida por diferentes locais, assim como já esteve em inúmeros outros, sempre de maneira provisória e em depósitos muito longe do ideal e necessário.

 

 


MOSTRA COLETIVO NÓS DO AUDIOVISUAL

Seleção de cinco curtas-metragens dentre os dezenove filmes já realizados pelo Coletivo Nós do Audiovisual, formado por jovens de São Miguel do Gostoso que participam de cursos de formação oferecidos desde 2013 pela Mostra de Cinema de Gostoso. Os cursos transmitem conteúdo teórico e prático, incluindo Linguagem Audiovisual, Roteiro, Fotografia e Direção de Arte. Os filmes realizados incluem ficções com temas inspirados em histórias da cultura local e documentários que tratam de questões do cotidiano da cidade. Já foram premiados em diversos festivais de cinema, como o 30º Festival Internacional de Curtas de SP, o 12º Los Angeles Brazilian Film Festival e o 8º Olhar de Cinema - Festival Internacional de Curitiba, além de terem sido licenciados para canais de TV como o Canal Brasil e TV Cultura.

 

AUTÔMATO DO TEMPO (2018)

direção: Rubens dos Anjos

sinopse: Nas fissuras do que constitui a realidade, vive Renner. Um viajante do tempo que busca montar o quebra cabeça de sua história.

 

FILHO DE PEIXE (2018)

direção: Igor Ribeiro

sinopse: O filho de um peixe pode ser um peixe e também pode ser o que ele quiser.

 

O CONTADOR DE CAUSOS (2013)

direção: Coletivo Nós do Audiovisual

sinopse: Livre interpretação da história da fundação do município de São Miguel do Gostoso, no Rio Grande do Norte.

 

O MENINO E A CAIXA MISTERIOSA (2015)

direção: Leonardo Maximiano e Andrieli Torres

sinopse: Luiz certamente passaria a vida inteira brincando na terra quente com seus amigos se não fosse pela chegada de uma caixa misteriosa. A caixa atrai a atenção de todos e agora a vizinhança está em apuros.

 

O PAI DA NOITE (2015)

direção: Hugo Ério e Artísio Silva

sinopse: Quatro adolescentes se perdem na mata, liderados por um feiticeiro picareta que evoca um espectro maligno visando antever o resultado do jogo do bicho.

 

 

SESSÕES ESPECIAIS

As Sessões Especiais são compostas por dois programas:

Sessão Xanadu e Sessão Boi de Prata.

 

SESSÃO XANADU

Serão exibidos dois longas-metragens produzidos pela Xanadu Produções Cinematográficas, filmes raros da história do cinema brasileiro, inéditos em plataformas de streaming.

A Xanadu foi fundada em uma parceria entre João Callegaro, Carlos Reichenbach e Antonio Lima. Ainda muito jovens e iniciando suas carreiras, os três cinéfilos decidiram produzir um filme em episódios de teor altamente comercial, de modo que o retorno de bilheteria pudesse viabilizar seus filmes seguintes. Nasce “As Libertinas” (1968), obra de baixíssimo custo que explorava uma temática capaz de atingir diretamente o grande público.  O filme foi distribuído para todo o Brasil pela Cinematográfica Franco Brasileira, de propriedade dos Irmãos Valancy, apresentados aos sócios da Xanadu pelo produtor Renato Grecchi. Foi um enorme sucesso popular, permanecendo 50 semanas em cartaz em São Paulo, nos Cine Coral e Normandie.

Após o lançamento de “As Libertinas”, Reichenbach inicia uma aproximação com a região da Rua do Triumpho, no centro de São Paulo, onde começava a se aglutinar um pessoal interessado em cinema que depois originaria o polo produtor conhecido como Boca do Lixo. Ainda na euforia do início da Boca, o longa-metragem “Audácia” (1970), também produzido pela Xanadu, mas sem a presença de João Callegaro, dá continuidade ao projeto anterior. Este, porém, não obteve o mesmo sucesso que seu antecessor.

 


AS LIBERTINAS - TRÊS HISTÓRIAS DE AMOR E SEXO

longa-metragem - ficção, 75min, P&B, 1968

direção: Antonio Lima, Carlos Reichenbach e João Callegaro

sinopse: Três episódios sobre casamento, adultério e a busca de uma aventura sexual. No primeiro, Felipe, um escritor medíocre, divide-se entre a esposa Augusta e a jovem Alice. No segundo, Anita descobre que seu marido tem uma amante, Angélica. No terceiro, Marcos induz sua mulher a seduzir Mário, homem dominado pela esposa. Sua ideia é fotografar os dois juntos para chantageá-lo

 


AUDÁCIA - A FÚRIA DOS DESEJOS

longa-metragem - ficção, 81min, P&B, 1970

direção: Antonio Lima e Carlos Reichenbach

sinopse: A cineasta Paula Nélson decide conseguir dinheiro para filmar com o namorado rico. Nas filmagens ele se envolve com uma aspirante a atriz, e ela com um amigo ator. A produção é interrompida quando o dinheiro acaba. No dilema de ter que ceder às pressões dos produtores da Boca do Lixo, que querem incluir cenas de sexo, a cineasta, seu assistente deslumbrado, e uma amiga jornalista atravessam os dias em bebedeiras e perambulações pela cidade.

 

 

SESSÃO BOI DE PRATA

leia, AQUI, o artigo “Boi de Prata”: a política de regionalização da produção da Embrafilme e a ideia de Terceiro Mundo, escrito por Flávia Assaf (produtora de audiovisual, mestra em História pela UFRN e responsável pela localização e digitalização da única cópia em película de “Boi de Prata” de que se tem conhecimento, cedida pela Cinemateca do MAM-RIO)

 


BOI DE PRATA

longa-metragem - ficção, 88min, Cor, 1981

direção: Carlos Augusto da Costa Ribeiro Júnior

sinopse: Boi de Prata é ambientado na zona rural de Caicó, onde Eloy Dantas, filho de família latifundiária da cidade, ao retornar de uma temporada de estudos na Europa, quer implantar uma empresa de mineração. Um grande veio do mineral – scheelita – passa por dentro das terras de Manoel Vaqueiro, pequeno proprietário que se nega a vendê-las a Eloy. É a partir da tensão envolvendo esse antigo problema nacional – as questões de terra e a violência que delas advém – que o filme se desenvolve. No filme, os moradores da zona rural de Caicó, organizados em torno da apresentação do Boi Calemba – como é chamada a manifestação do folguedo do boi no Rio Grande do Norte –, enfrentam as forças do capitalismo e criam, pela via da cultura, a solução para o problema político.

 

 

SESSÃO CINELIMITE

CineLimite é uma plataforma online que nasceu da intenção de divulgar o cinema brasileiro nos Estados Unidos — especialmente aqueles filmes pouco conhecidos e/ou discutidos internacionalmente —, mas logo chamou atenção do público e do setor audiovisual brasileiro. Assim, foi com muito entusiasmo que aceitamos o convite da Mostra de Cinema de Gostoso para programar esta Sessão CineLimite em sua edição online.

Nossa inspiração veio de um evento realizado em Brasília, em 2018, a Sessão Cinética na qual foi exibido A Vida Provisória, de Maurício Gomes Leite. Após a sessão houve um debate mediado por Pablo Gonçalo com a presença de Fernando Duarte e Vladimir Carvalho durante o qual este elencou três “filmes-irmãos” feitos sob certa influência de Terra em TranseA Vida ProvisóriaO Bravo Guerreiro e Desesperato.

A relação se justifica pelo fato de que todos são filmes que tratam abertamente da ditadura militar a partir da perspectiva da classe média intelectual de esquerda; todos foram lançados em 1968, durante os meses que antecederam o infame Ato Institucional nº 5. Além disso, seus elencos compartilham nomes como Mário Lago, Paulo César Pereio, Ferreira Gullar, Hugo Carvana e Ítalo Rossi.

Os três filmes são permeados pelos questionamentos de uma classe média desiludida, forçada a aceitar a improbabilidade de uma revolução popular e confrontada com seu próprio distanciamento do “povo”. Também falam claramente de política, repressão, tortura e luta armada, o que lhes valeu problemas com a censura. São filmes que vistos hoje continuam relevantes, pois discutem questões sociopolíticas ainda não superadas no Brasil de 2021.

Assim, pensamos que é fundamental que se veja e se discuta esses três contemporâneos de Terra em Transe tanto a partir do contexto histórico em que foram produzidos e lançados quanto pela importância do que revelam sobre o Brasil de hoje.

 


O BRAVO GUERREIRO

longa-metragem - ficção, 78min, P&B, 1968

direção: Gustavo Dahl

sinopse: O jovem congressista Miguel Horta (Paulo César Pereio) representa um partido que se opõe diretamente ao Governo Federal. Ele muda de partido para ser favorecido por aqueles no poder –comprometendo seriamente seus próprios ideais e sua ética no processo. Embora a esposa reclame das atividades de Miguel, preferindo que fique em casa, ele prossegue com suas maquinações políticas. Quando se envolve em negócios sórdidos entre o governo burguês e os sindicatos locais, tenta fazer um longo discurso, falando sobre sua própria carreira política.

 


DESESPERATO

longa-metragem - ficção, 76min, P&B, 1968

direção: Sérgio Bernardes Filho

sinopse: Em meados de 1968 –ano politicamente turbulento–, Antônio, um renomado escritor, volta para casa no Rio após um longo período de viagens pelo Nordeste para trabalhar nos ajustes finais de seu mais recente romance. Antônio se vê dividido entre a ideologia revolucionária do protagonista de seu livro e a resignação do ambiente burguês do qual faz parte. Insatisfeito com a situação nacional, Antônio entra para a luta armada, com graves consequências.

 


A VIDA PROVISÓRIA

longa-metragem - ficção, 84min, P&B, 1968

direção: Maurício Gomes Leite

sinopse: Paulo José interpreta um jornalista mineiro que coloca a vida em risco ao viajar para Brasília com documentos secretos para serem entregues a um político. Durante a viagem, ele relembra dois amores do passado. Em Brasília, não consegue fazer chegar os documentos a seu destino, sendo oprimido por forças do Governo.

 

 


2º GOSTOSO LAB

LABORATÓRIO DE DESENVOLVIMENTO DE PROJETOS

AUDIOVISUAIS DA REGIÃO NORDESTE

 

BOMBA-BATOM (Bahia)

diretora: Marília Cunha

produtor: Isaac Donato

sinopse: No interior do Brasil, Dona Dazinha, em nome da sobrevivência, se submete ao perigo iminente da fabricação de bombas. Desde os 9 anos de idade, ao lado da mãe e da avó, costumava fazer fogos pirotécnicos. Hoje, aos 70 anos, Dazinha continua na atividade junto com sua filha, neta e vizinhas. Entretanto, sua neta Vitória, 14 anos, ao lado de outros jovens da região, rompe com a tradição familiar. Encontra na arte uma alternativa para não seguir a profissão de fogueteira.

 

CAVALO (Pernambuco)

diretoras: Juliana Lapa e Valentina Homem

produtoras: Dora Amorim e Júlia Machado

sinopse: Tita é uma artista que vive na área rural de Olinda e divide seu tempo entre os cuidados com a avó Antonia, cada dia mais fraca, e seus desenhos e pinturas. Cultiva uma profunda amizade com Irã, uma mulher trans que é sua única confidente. Com a invasão recente do tráfico de drogas, as tensões sociais se intensificam no bairro onde mora. Um dia, num impulso, Tita resgata um cavalo que encontra abandonado em sua rua. A chegada do animal provoca uma reviravolta em sua vida.

 

ENTRE MARÇO E ABRIL (Rio Grande do Norte)

diretor: Davi Revoredo

produtora: Carla Mariane

sinopse: Entre Março e Abril apresenta um universo distópico, num Brasil onde todo tipo de serviço foi tomado por grandes corporações de tecnologia. Nele, a população vive o auge da precarização do trabalho e da falta de assistência social. O filme acompanha a história de Rute, uma mulher que, aos 60 anos, busca concretizar sua aposentadoria e uma cirurgia de correção visual.

 

OLHE PARA MIM (Alagoas)

diretor: Rafhael Barbosa

produtor: Felipe Guimarães

sinopse: Marcelo (16 anos) se sente deslocado em casa e no mundo. A amizade com um novo e misterioso vizinho desperta sentimentos que ele não conhecia. O garoto se deixa levar pela relação, até descobrir que está apaixonado por um vampiro.

 

PARTISTE (Bahia)

diretora: Ceci Alves

produtora: Ceicça Boaventura

sinopse:  Partiste é um canto de saudades que se passa nos anos 70, e conta a história da matriarca Dona Mimi, que vê seu filho primogênito, Jairo, ir embora da Bahia para São Paulo, num êxodo que, de tão intempestivo, mais parecia uma fuga. O filme mostra, em paralelo, o cotidiano dos que ficam – a mãe, o pai, seus três filhos e uma velha tia –, enquanto esperam por cartas de Jairo; e como se desenrola a vida deste na 'Pauliceia desvairada', cidade para onde foi ser livre, mas que, na verdade, alquebrou seu corpo e esvaziou sua alma. Até que a morte do pai abala ainda mais aquele lar, precipitando mudanças e provocando outras partidas.

 

A PONTE (Rio Grande do Norte)

diretor: Aristeu Araújo

produtor: Pedro Fiuza

sinopse:  Marilson é um evangélico que faz trabalho voluntário combatendo suicídios em uma grande ponte estaiada, em Natal (RN). Por causa da pouca estrutura que dispõem, um suicídio acontece no lugar. Contra todas as possibilidades, Guilherme, o suicida, escapa ileso da queda de 55 metros de altura. Marilson acredita que presenciou um milagre e alça Guilherme à condição de escolhido. Logo uma espécie de seita surge espontaneamente para reverenciar o homem que teria sido tocado por Deus, mesmo sendo Guilherme um ateu. A fé de Marilson e o ceticismo de Guilherme passarão a conviver mesmo que em conflito.

 

 


MASTERCLASSES

Serão realizadas três masterclasses em formato de vídeo pré-gravado com renomados(as) professores(as) de cinema. Cada masterclass será dividida em oito vídeos com cerca de 10 minutos de duração, cada um com um subtema específico. Estes vídeos serão disponibilizados na plataforma de streaming onde serão exibidos os filmes da Mostra de Cinema de Gostoso e em seguida, ficarão disponíveis no canal do YouTube da Mostra.

 

PRESERVAÇÃO E PATRIMÔNIO AUDIOVISUAL

com Ines Aisengart Menezes

 Introdução sobre preservação de patrimônio audiovisual, abarcando os conceitos, as práticas, a história e os desafios da área. Ainda, noções de políticas para a produção do audiovisual e a sua preservação, de gestão do patrimônio cultural em instituições, do arquivamento de dados pessoais e das especificidades da preservação de registros audiovisuais em película, vídeo e digital.

 

SÉTIMA ARTE, UM CULTO MODERNO:

O IDEALISMO ESTÉTICO E O CINEMA

com Ismail Xavier

 Ismail Xavier destrincha seu livro Sétima arte, um culto moderno: o idealismo estético e o cinema (Edições Sesc, 2017), um clássico da historiografia do cinema mundial no Brasil. O autor aborda a afirmação do cinema como forma de arte e o porquê de sua acolhida pelos modernos como uma linguagem de expressão artística fundamentalmente moderna.

 

EVOLUÇÃO DAS TECNOLOGIAS AUDIOVISUAIS

com  Thiago de André

Panorama da evolução e história das principais tecnologias de filmagem e exibição cinematográfica, desde o início do cinema até a recente transição para a exibição digital, com ênfase nas questões econômicas que permearam essa evolução.

 

 


CURSOS DE FORMAÇÃO

Serão realizados dois cursos através de videoconferência para o Coletivo Nós do Audiovisual, dando continuidade ao trabalho de formação técnica e audiovisual que a Mostra de Cinema de Gostoso proporciona à jovens da cidade de São Miguel do Gostoso (RN) e arredores. Serão abertas inscrições limitadas para ouvintes, a serem anunciadas em breve no site e redes sociais da Mostra.

 

CRIAÇÃO AUDIOVISUAL EM COLETIVOS DE CINEMA

A partir das experiências do cineasta Pedro Diógenes, que integrou o coletivo de cinema Alumbramento (Fortaleza-CE) entre 2010 e 2016 e de André Santos e Babi Baracho, integrantes do Coletivo Caboré (Natal-RN), será criado um espaço de discussão junto ao Coletivo Nós do Audiovisual de São Miguel do Gostoso, com o objetivo de ampliar o olhar e inspirar os jovens de Gostoso para experiências diversas de realização de cinema.

 

REALIZAÇÃO DE UM FESTIVAL DE CINEMA

O curso apresenta um estudo de caso do Festival de Cinema de Vitória, e é dividido em 3 blocos: produção, produção executiva e mobilização. A partir do Festival de Cinema de Vitória, que atualmente encontra-se na 27ª edição, compreende-se o desenvolvimento e aplicação dos processos que envolvem a pré-produção, produção e pós-produção de um projeto. Com duração de 2 horas serão tratados temas como captação de recursos, formatação financeira, curadoria, programação e lançamento. Com metodologia de apresentação do estudo de caso e debate, os três professores irão apresentar as etapas de realização de um Festival de Cinema, a partir da experiência no Espírito Santo. O curso será ministrado por Fran de Oliveira, produtor, realizador e editor no Festival de Cinema de Vitória há mais de 20 anos; Guilherme Rebêlo, produtor cultural com 10 anos de experiência, atua em projetos nas áreas de artes, cultura e direito humanos com foco em difusão e formação de público; e Larissa Delbone, advogada e produtora executiva do Festival de Cinema de Vitória e diretora do Instituto Brasil de Cultura e Arte. Atua em projetos na área da cultura, artes, assistência social e direitos humanos.

 


fique conectado

Site: Mostra de Cinema de Gostoso

Plataforma de exibição: Innsaei.tv

Rede: Facebook

Rede: Instagram

Rede: Youtube

Site: Heco Produções

Site: Portal Brasileiro de Cinema


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