10 a 14 de março de 2021
Em sua 7ª edição, a famosa Mostra de Cinema de Gostoso,
tradicionalmente realizada na cidade de São Miguel do Gostoso, Rio Grande do
Norte, excepcionalmente, não acontecerá à beira-mar..., mas online. Ao
ser transferida de novembro de 2020 para o mês de março de 2021, por
contingência do Coronavírus, a 7ª Mostra,
pode até perder o seu charme praieiro, mas não perde a qualidade da sua
programação. E mais, certamente, com um evento dessa importância, online e
de acesso grátis a filmes, masterclasses e cursos de formação, o público espectador, que irá se despedir do verão
com a alma cinéfila lavada, será muito maior...
Com o duro golpe sofrido por toda a cadeia de produção que envolve um festival de cinema, assumimos como um grande desafio adaptar ao ambiente online a sétima edição da Mostra de Cinema de Gostoso. Para uma edição excepcional como esta, propomos novos caminhos e abordagens. A 7ª Mostra de Cinema de Gostoso apresenta uma programação que busca homenagear o cinema brasileiro com um eixo temático dedicado à memória, em suas diversas facetas. Enveredando por temáticas que abordam e valorizam a memória audiovisual brasileira, esse recorte leva em consideração o estado de crise em que se encontram os órgãos de preservação audiovisual. A Cinemateca Brasileira, detentora do maior acervo audiovisual da América do Sul, com mais de 250 mil rolos de filmes, passa atualmente por uma das maiores dificuldades de sua história.
Para tanto, a programação busca suscitar essas questões tanto através das temáticas dos filmes brasileiros contemporâneos selecionados para a Mostra Nacional, quanto na proposta curatorial da Mostra Acervo, das Sessões Especiais Xanadu e Boi de Prata e da Sessão CineLimite. Os longas-metragens da Mostra Nacional confirmam a potência da diversidade da recente produção audiovisual brasileira. São filmes provenientes de cinco Estados que, cada um à sua maneira, tratam da força da memória enquanto motor criativo para a projeção de novas perspectivas pessoais e coletivas. Todos os filmes contam com um vídeo pré-gravado de perguntas e respostas com os diretores e diretoras a respeito do processo criativo e de produção. Os realizadores e realizadoras dos longas-metragens da Mostra Nacional foram convidados a escolher filmes marcantes para sua identidade artística para integrar a Mostra Acervo, mais uma inovação desta edição. As Sessões Especiais oferecem cópias novas de filmes que até então se encontravam relativamente obscuros e se conectam à memória de Vladimir Carvalho, João Callegaro e Walter Carvalho, em entrevistas exclusivas concedidas para a Mostra. A Sessão CineLimite, proposta por William Plotnick e Gustavo Menezes, por sua vez, fornece um comentário muito valioso sobre a produção cinematográfica de um período da história que ecoa até os dias de hoje e que não deixará de ecoar tão cedo.”
A 7ª Mostra de Cinema de Gostoso também nos incitou a reforçar ainda mais o pilar formativo da Mostra, oferecendo, além dos Cursos de Formação Técnica e Audiovisual e o laboratório de projetos Gostoso Lab, um conjunto de Masterclasses. Elas têm os seguintes temas: um panorama das atividades de preservação, ministrada por Ines Aisengart Menezes; a evolução das tecnologias cinematográficas, por Thiago de André, e o processo histórico de elevação do cinema à condição de arte moderna, com Ismail Xavier, tendo como ponto de partida seu já clássico livro “Sétima Arte, um Culto Moderno: O Idealismo Estético e o Cinema" (Edições Sesc, 2017). Todos os conteúdos em vídeo, produzidos para a 7ª Mostra de Cinema de Gostoso, ficarão disponíveis em nosso canal no YouTube após o término do evento. Convidamos a todos para participar deste debate sobre a memória audiovisual brasileira e, no caminho, visitar cantos ainda pouco explorados de nossa filmografia e adquirir novos conhecimentos sobre os processos desta arte tão importante para nossos difíceis tempos.”
7ª MOSTRA DE CINEMA DE
GOSTOSO
10 a 14 de março de 2021
MOSTRA NACIONAL
Serão exibidos seis longas e dez
curtas-metragens brasileiros contemporâneos, provenientes de diversas regiões
do país. Obras potentes que nos fazem refletir a respeito da memória, em sua
ampla gama de sentidos e nuances. Cada filme será acompanhado por um vídeo com
perguntas e respostas com o(a) respectivo(a) diretor(a), sobre o processo de
criação e produção dos filmes e das temáticas abordadas.
longas-metragens
direção: Isaac Donato
sinopse: Todo ano, uma mulher comemora seu aniversário de 7
anos.
trailer: aqui
ANTENA DA RAÇA (SP – 2020)
direção: Paloma Rocha e Luis
Abramo
sinopse: Em 1979, enquanto o Brasil vivia o momento conturbado
da Lei da Anistia, Glauber Rocha realiza para a TV Tupi o programa “Abertura”,
no qual interroga de frente um Brasil contraditório e em ebulição, pleno de
utopias mas sempre sob o peso de chagas seculares. Quarenta anos depois, sua
filha Paloma e o parceiro Luís Abramo voltam a esse material, recentemente
restaurado, e o colocam em fricção com cenas do cinema de Glauber – mas também
com imagens do Brasil de 2018: um país ainda conturbado e contraditório, que
parece perseguir o rabo de sua própria história.
ATÉ O FIM (BA – 2020)
direção: Glenda Nicácio e
Ary Rosa
sinopse: Geralda está trabalhando em seu quiosque à beira de
uma praia no Recôncavo da Bahia, ela recebe um telefonema do hospital dizendo
que seu pai pode morrer a qualquer momento. Ela avisa suas irmãs Rose, Bel e
Vilmar. O encontro promovido pela espera da morte se torna um momento de
desabafo e reconhecimentos das quatro irmãs que não se reúnem desde a morte da
mãe, há 15 anos
CAVALO (AL – 2020)
direção: Rafhael Barbosa e
Werner Salles
sinopse: Envolvidos num processo artístico, sete jovens
dançarinos são provocados a um mergulho em suas ancestralidades.
trailer: aqui
CIDADE CORRERIA (RJ – 2020)
direção: Juliana Vicente
sinopse: Cidade Correria é Brasil pulsante e radicalmente
coletivo. Por dentro do processo do espetáculo, o encontro do transbordamento
das urgências cotidianas, contradições, alegrias, delírios, feridas e potências
através da voz e nascimento do Coletivo Bonobando, grupo inspirador que se
expande do palco para o mar, do mar para a cidade, da cidade para a tela.
NŨHŨ YÃG MŨ YÕG HÃM:
ESSA TERRA É NOSSA!
(MG – 2020)
direção: Isael Maxakali,
Sueli Maxakali,
Carolina Canguçu e Roberto
Romero
sinopse: Antigamente, os brancos não existiam e nós vivíamos
caçando com os nossos espíritos yãmĩyxop. Mas os brancos vieram, derrubaram as
matas, secaram os rios e espantaram os bichos para longe. Mas os nossos
yãmĩyxop são muito fortes e nos ensinaram as histórias e os cantos dos antigos
que andaram por aqui.
trailer: aqui
curtas-metragens
direção: Rodrigo Ribeiro
sinopse: Memórias do passado escravista brasileiro transbordam
em paisagens etéreas e ruídos angustiantes. Através de um poético ensaio
visual, uma reflexão sobre silenciamento e invisibilização do povo preto em
diáspora, numa jornada íntima e sensorial.
trailer: aqui
4 BILHÕES DE INFINITOS (MG – 2020)
direção: Marco Antônio
Pereira
sinopse: Brasil. 2020. Uma família vive com a energia de casa
cortada. Enquanto a mãe trabalha, seus filhos ficam em casa conversando sobre
ter esperança.
trailer: aqui
CASA COM PAREDE (RN – 2020)
direção: Dênia Cruz
sinopse: Um assentamento urbano em remoção, após um incêndio
que destruiu mais de 50% dos barracos. Mulheres, homens e crianças em mudança
para tão sonhada moradia. Essa história é revelada de forma lúdica por uma
criança de oito anos que viveu com sua mãe numa comunidade entre tábuas e
lonas, mas que sonhava morar em uma casa com parede.
trailer: aqui
DE VEZ EM QUANDO EU ARDO (MG – 2020)
direção: Carlos Segundo
sinopse: Louise é uma fotógrafa que busca a simbiose dos
corpos. Seu encontro com Teresa, uma jovem que se oferece para participar da
sessão de fotos, cria um abalo, muito maior do que elas podem imaginar.
trailer: aqui
LORA (SP – 2020)
direção: Mari Moraga
sinopse: Na maior cidade do Brasil, Lora nos conduz a ver o
centro de São Paulo através de seu olhar. Lora é uma mulher livre e plena de
presença, que apresenta outra forma de pensar sobre pessoas em situação de rua.
trailer: aqui
MESTRE MARCIANO (RN – 2021)
direção: Igor Ribeiro e
Rubens dos Anjos
sinopse: Em São Miguel do Gostoso, litoral do Rio Grande do
Norte, pai e filho relembram tradições do passado que continuam vivas em suas
mentes, e que transformaram José Marciano no maior mestre do Boi de Reis da
cidade.
SER FELIZ NO VÃO (RJ – 2020)
direção: Lucas Rossi
sinopse: Um ensaio preto sobre trens, praias e ocupação de
espaço.
trailer: aqui
TRINDADE (MG – 2020)
direção: Rodrigo Meireles
sinopse: Trindade ouve os ecos da escravidão desde menina.
Agora, é ela quem canta.
trailer: aqui
URUBÁ (RN – 2020)
direção: Rodrigo Sena
sinopse: O mundo espiritual ao seu redor passa muito mais pelo
terceiro olho do que pelos olhos físicos. O invisível aos olhos de Luiz não é
invisível à sua sensibilidade espiritual.
trailer: aqui
VAI MELHORAR (RN – 2020)
direção: Bruno Fiuza
sinopse: Nos bastidores de uma campanha política para
prefeito, a apresentadora Luísa sofre com a difícil convivência entre os
colegas de trabalho. É a última semana antes do primeiro turno e Luísa, longe
de sua cidade e sua família, descobre um escândalo que pode comprometer toda a
eleição. Agora ela precisa decidir não só o seu destino, mas o de uma cidade
inteira.
trailer: aqui
MOSTRA ACERVO
Cada um dos seis diretores e diretoras
dos longas-metragens da Mostra Nacional indicou uma obra brasileira que
inspirou sua formação. Os filmes acompanham um vídeo com esses realizadores e
realizadoras falando sobre o motivo da escolha, que será veiculado antes do
início de cada filme da Mostra Acervo. Além das obras escolhidas, será
exibido Cinemateca Brasileira (1993), documentário dirigido
pelo cineasta paulista Ozualdo Candeias, que acompanha o início da
transferência da Cinemateca Brasileira para a sede atual.
direção: Nelson Pereira dos
Santos
escolhido por Isaac Donato
sinopse: Vidas Secas é o pilar do movimento do Cinema
Novo. Inspirado na obra de Graciliano Ramos, é considerado uma obra prima e
clássico do Cinema Brasileiro. Ambientado no início da década de 1940, descreve
dois anos da vida de um vaqueiro itinerante e sua família, lutando para
sobreviver no sertão, seco e devastado, do Nordeste do país.
direção: Rogério Sganzerla
escolhido por Ary Rosa e
Glenda Nicácio
sinopse: Sônia Silk sonha ser cantora da Rádio Nacional e para
sobreviver se entrega a turistas. Seu irmão Vidimar, empregado do Dr. Grilo
apaixona-se pelo patrão. A mãe de Sônia e Vidimar acha que ambos estão
possuídos pelo demônio. Sônia, que vê espíritos baixarem em seres e objetos
estranhos, resolve procurar o pai de Santo Joãozinho da Goméia.
direção: Leon Hirszman
escolhido por Rafhael
Barbosa e Werner Salles
sinopse: Paulo Honório, um sertanejo de origem pobre que, em
uma empreitada financeira, se torna dono da decadente fazenda de São Bernardo
em Viçosa, Alagoas. Determinado a fazer fortuna e ascender socialmente, ele
recupera a fazenda, consegue entrar para a economia rural e casa-se com a
professora da cidade, Madalena. Os problemas começam quando as diferenças de
Paulo e sua esposa se acentuam. Baseado no célebre romance de Graciliano Ramos.
direção: Glauber Rocha
escolhido por Paloma Rocha
sinopse: Transitando entre documentário e ficção, político e
pessoal, centro e periferia, Glauber inscreve sua trajetória no fluxo das
mudanças que acontecem pelo mundo. Como todo imperador que se preze, Glauber
não quer nada menos do que conquistar Roma. Claro é sua vitória.
direção: Laís Bodanzky; 2000
escolhido por Juliana
Vicente
sinopse: Como todo adolescente, Neto (Rodrigo Santoro) gosta
de desafiar o perigo e comete pequenas rebeldias incompreendidas pelos pais.
Mas seus pais (Othon Bastos e Cássia Kiss) levam as experiências de Neto muito
a sério e, sentindo que estão perdendo o controle, resolvem trancafiá-lo num
hospital psiquiátrico. No manicômio, Neto conhece uma realidade desumana e vive
emoções e horrores que ele nunca imaginou que pudessem existir. Inspirado no
livro ‘Canto dos Malditos’, de Austregésilo Carrano Bueno.
direção: Vincent Carelli
escolhido por Isael
Maxakali, Sueli Maxakali,
Carolina Canguçu e Roberto
Romero
sinopse: O retorno ao princípio da grande marcha de retomada
dos territórios sagrados Guarani Kaiowá através das filmagens de Vincent
Carelli, que registrou o nascedouro do movimento na década de 1980. Vinte anos
mais tarde, tomado pelos relatos de sucessivos massacres, Carelli busca as
origens deste genocídio, um conflito de forças desproporcionais: a insurgência
pacífica e obstinada dos despossuídos Guarani Kaiowá frente ao poderoso aparato
do agronegócio.
direção: Ozualdo Candeias
sinopse: Documentário sobre as atividades da Cinemateca Brasileira,
acompanha o início da transferência para a sede atual. O filme apresenta uma
Cinemateca Brasileira ainda dividida por diferentes locais, assim como já
esteve em inúmeros outros, sempre de maneira provisória e em depósitos muito
longe do ideal e necessário.
Seleção de cinco curtas-metragens dentre
os dezenove filmes já realizados pelo Coletivo Nós do Audiovisual, formado por jovens de São Miguel do Gostoso que
participam de cursos de formação oferecidos desde 2013 pela Mostra de Cinema
de Gostoso. Os cursos transmitem conteúdo teórico e prático, incluindo
Linguagem Audiovisual, Roteiro, Fotografia e Direção de Arte. Os filmes
realizados incluem ficções com temas inspirados em histórias da cultura local e
documentários que tratam de questões do cotidiano da cidade. Já foram premiados
em diversos festivais de cinema, como o 30º Festival Internacional de Curtas
de SP, o 12º Los Angeles Brazilian Film Festival e o 8º Olhar de
Cinema - Festival Internacional de Curitiba, além de terem sido licenciados
para canais de TV como o Canal Brasil e TV Cultura.
AUTÔMATO DO TEMPO (2018)
direção: Rubens dos Anjos
sinopse: Nas fissuras do que constitui a realidade, vive
Renner. Um viajante do tempo que busca montar o quebra cabeça de sua história.
FILHO DE PEIXE (2018)
direção: Igor Ribeiro
sinopse: O filho de um peixe pode ser um peixe e também pode
ser o que ele quiser.
O CONTADOR DE CAUSOS (2013)
direção: Coletivo Nós do
Audiovisual
sinopse: Livre interpretação da história da fundação do
município de São Miguel do Gostoso, no Rio Grande do Norte.
O MENINO E A CAIXA
MISTERIOSA (2015)
direção: Leonardo Maximiano
e Andrieli Torres
sinopse: Luiz certamente passaria a vida inteira brincando na
terra quente com seus amigos se não fosse pela chegada de uma caixa misteriosa.
A caixa atrai a atenção de todos e agora a vizinhança está em apuros.
O PAI DA NOITE (2015)
direção: Hugo Ério e Artísio
Silva
sinopse: Quatro adolescentes se perdem na mata, liderados por
um feiticeiro picareta que evoca um espectro maligno visando antever o
resultado do jogo do bicho.
SESSÕES ESPECIAIS
As Sessões Especiais são
compostas por dois programas:
Sessão Xanadu e Sessão Boi de Prata.
SESSÃO XANADU
Serão exibidos dois longas-metragens
produzidos pela Xanadu Produções Cinematográficas, filmes raros da história do
cinema brasileiro, inéditos em plataformas de streaming.
A Xanadu foi fundada em uma parceria entre João Callegaro, Carlos Reichenbach e Antonio Lima. Ainda muito jovens e iniciando suas carreiras, os três cinéfilos decidiram produzir um filme em episódios de teor altamente comercial, de modo que o retorno de bilheteria pudesse viabilizar seus filmes seguintes. Nasce “As Libertinas” (1968), obra de baixíssimo custo que explorava uma temática capaz de atingir diretamente o grande público. O filme foi distribuído para todo o Brasil pela Cinematográfica Franco Brasileira, de propriedade dos Irmãos Valancy, apresentados aos sócios da Xanadu pelo produtor Renato Grecchi. Foi um enorme sucesso popular, permanecendo 50 semanas em cartaz em São Paulo, nos Cine Coral e Normandie.
Após o lançamento de “As Libertinas”, Reichenbach inicia uma aproximação com a região da Rua do Triumpho, no centro de São Paulo, onde começava a se aglutinar um pessoal interessado em cinema que depois originaria o polo produtor conhecido como Boca do Lixo. Ainda na euforia do início da Boca, o longa-metragem “Audácia” (1970), também produzido pela Xanadu, mas sem a presença de João Callegaro, dá continuidade ao projeto anterior. Este, porém, não obteve o mesmo sucesso que seu antecessor.
longa-metragem - ficção,
75min, P&B, 1968
direção: Antonio Lima,
Carlos Reichenbach e João Callegaro
sinopse: Três episódios sobre casamento, adultério e a busca
de uma aventura sexual. No primeiro, Felipe, um escritor medíocre, divide-se
entre a esposa Augusta e a jovem Alice. No segundo, Anita descobre que seu
marido tem uma amante, Angélica. No terceiro, Marcos induz sua mulher a seduzir
Mário, homem dominado pela esposa. Sua ideia é fotografar os dois juntos para
chantageá-lo
longa-metragem - ficção,
81min, P&B, 1970
direção: Antonio Lima e
Carlos Reichenbach
sinopse: A cineasta Paula Nélson decide conseguir dinheiro
para filmar com o namorado rico. Nas filmagens ele se envolve com uma aspirante
a atriz, e ela com um amigo ator. A produção é interrompida quando o dinheiro
acaba. No dilema de ter que ceder às pressões dos produtores da Boca do Lixo, que
querem incluir cenas de sexo, a cineasta, seu assistente deslumbrado, e uma
amiga jornalista atravessam os dias em bebedeiras e perambulações pela cidade.
SESSÃO BOI DE PRATA
leia, AQUI,
o artigo “Boi de Prata”: a política de regionalização da
produção da Embrafilme e a ideia de Terceiro Mundo, escrito por Flávia
Assaf (produtora de audiovisual, mestra em História pela UFRN e responsável
pela localização e digitalização da única cópia em película de “Boi de Prata”
de que se tem conhecimento, cedida pela Cinemateca do MAM-RIO)
longa-metragem - ficção,
88min, Cor, 1981
direção: Carlos Augusto da
Costa Ribeiro Júnior
sinopse: Boi de Prata é ambientado na zona rural de
Caicó, onde Eloy Dantas, filho de família latifundiária da cidade, ao retornar
de uma temporada de estudos na Europa, quer implantar uma empresa de mineração.
Um grande veio do mineral – scheelita – passa por dentro das terras de Manoel
Vaqueiro, pequeno proprietário que se nega a vendê-las a Eloy. É a partir da
tensão envolvendo esse antigo problema nacional – as questões de terra e a
violência que delas advém – que o filme se desenvolve. No filme, os moradores
da zona rural de Caicó, organizados em torno da apresentação do Boi Calemba – como
é chamada a manifestação do folguedo do boi no Rio Grande do Norte –, enfrentam
as forças do capitalismo e criam, pela via da cultura, a solução para o
problema político.
SESSÃO CINELIMITE
O CineLimite é uma plataforma online que nasceu da intenção
de divulgar o cinema brasileiro nos Estados Unidos — especialmente aqueles
filmes pouco conhecidos e/ou discutidos internacionalmente —, mas logo chamou
atenção do público e do setor audiovisual brasileiro. Assim, foi com muito
entusiasmo que aceitamos o convite da Mostra de Cinema de Gostoso
para programar esta Sessão CineLimite em sua edição online.
Nossa inspiração veio de um evento realizado em Brasília, em 2018, a Sessão Cinética na qual foi exibido A Vida Provisória, de Maurício Gomes Leite. Após a sessão houve um debate mediado por Pablo Gonçalo com a presença de Fernando Duarte e Vladimir Carvalho durante o qual este elencou três “filmes-irmãos” feitos sob certa influência de Terra em Transe: A Vida Provisória, O Bravo Guerreiro e Desesperato.
A relação se justifica pelo fato de que todos são filmes que tratam abertamente
da ditadura militar a partir da perspectiva da classe média intelectual de
esquerda; todos foram lançados em 1968, durante os meses que antecederam o
infame Ato Institucional nº 5. Além disso, seus elencos compartilham nomes como
Mário Lago, Paulo César Pereio, Ferreira Gullar, Hugo Carvana e Ítalo Rossi.
Os três filmes são permeados pelos questionamentos de uma classe média desiludida, forçada a aceitar a improbabilidade de uma revolução popular e confrontada com seu próprio distanciamento do “povo”. Também falam claramente de política, repressão, tortura e luta armada, o que lhes valeu problemas com a censura. São filmes que vistos hoje continuam relevantes, pois discutem questões sociopolíticas ainda não superadas no Brasil de 2021.
Assim, pensamos que é fundamental que se veja e se discuta esses três contemporâneos de Terra em Transe tanto a partir do contexto histórico em que foram produzidos e lançados quanto pela importância do que revelam sobre o Brasil de hoje.
longa-metragem - ficção,
78min, P&B, 1968
direção: Gustavo Dahl
sinopse: O jovem congressista Miguel Horta (Paulo César
Pereio) representa um partido que se opõe diretamente ao Governo Federal. Ele
muda de partido para ser favorecido por aqueles no poder –comprometendo
seriamente seus próprios ideais e sua ética no processo. Embora a esposa
reclame das atividades de Miguel, preferindo que fique em casa, ele prossegue
com suas maquinações políticas. Quando se envolve em negócios sórdidos entre o
governo burguês e os sindicatos locais, tenta fazer um longo discurso, falando
sobre sua própria carreira política.
longa-metragem - ficção,
76min, P&B, 1968
direção: Sérgio Bernardes
Filho
sinopse: Em meados de 1968 –ano politicamente turbulento–,
Antônio, um renomado escritor, volta para casa no Rio após um longo período de
viagens pelo Nordeste para trabalhar nos ajustes finais de seu mais recente
romance. Antônio se vê dividido entre a ideologia revolucionária do
protagonista de seu livro e a resignação do ambiente burguês do qual faz parte.
Insatisfeito com a situação nacional, Antônio entra para a luta armada, com
graves consequências.
longa-metragem - ficção,
84min, P&B, 1968
direção: Maurício Gomes
Leite
sinopse: Paulo José interpreta um jornalista mineiro que
coloca a vida em risco ao viajar para Brasília com documentos secretos para
serem entregues a um político. Durante a viagem, ele relembra dois amores do
passado. Em Brasília, não consegue fazer chegar os documentos a seu destino,
sendo oprimido por forças do Governo.
LABORATÓRIO DE
DESENVOLVIMENTO DE PROJETOS
AUDIOVISUAIS DA REGIÃO
NORDESTE
BOMBA-BATOM (Bahia)
diretora: Marília Cunha
produtor: Isaac Donato
sinopse: No interior do Brasil, Dona Dazinha, em nome da
sobrevivência, se submete ao perigo iminente da fabricação de bombas. Desde os
9 anos de idade, ao lado da mãe e da avó, costumava fazer fogos pirotécnicos.
Hoje, aos 70 anos, Dazinha continua na atividade junto com sua filha, neta e
vizinhas. Entretanto, sua neta Vitória, 14 anos, ao lado de outros jovens da
região, rompe com a tradição familiar. Encontra na arte uma alternativa para
não seguir a profissão de fogueteira.
CAVALO (Pernambuco)
diretoras: Juliana Lapa
e Valentina Homem
produtoras: Dora Amorim
e Júlia Machado
sinopse: Tita é uma artista que vive na área rural de
Olinda e divide seu tempo entre os cuidados com a avó Antonia, cada dia mais
fraca, e seus desenhos e pinturas. Cultiva uma profunda amizade com Irã, uma
mulher trans que é sua única confidente. Com a invasão recente do tráfico de
drogas, as tensões sociais se intensificam no bairro onde mora. Um dia, num
impulso, Tita resgata um cavalo que encontra abandonado em sua rua. A chegada
do animal provoca uma reviravolta em sua vida.
ENTRE MARÇO E ABRIL (Rio Grande do Norte)
diretor: Davi Revoredo
produtora: Carla
Mariane
sinopse: Entre Março e Abril apresenta um universo
distópico, num Brasil onde todo tipo de serviço foi tomado por grandes
corporações de tecnologia. Nele, a população vive o auge da precarização do
trabalho e da falta de assistência social. O filme acompanha a história de
Rute, uma mulher que, aos 60 anos, busca concretizar sua aposentadoria e uma
cirurgia de correção visual.
OLHE PARA MIM (Alagoas)
diretor: Rafhael
Barbosa
produtor: Felipe
Guimarães
sinopse: Marcelo (16 anos) se sente deslocado em casa e
no mundo. A amizade com um novo e misterioso vizinho desperta sentimentos que
ele não conhecia. O garoto se deixa levar pela relação, até descobrir que está
apaixonado por um vampiro.
PARTISTE (Bahia)
diretora: Ceci Alves
produtora: Ceicça
Boaventura
sinopse: Partiste é um canto de saudades que
se passa nos anos 70, e conta a história da matriarca Dona Mimi, que vê seu
filho primogênito, Jairo, ir embora da Bahia para São Paulo, num êxodo que, de
tão intempestivo, mais parecia uma fuga. O filme mostra, em paralelo, o
cotidiano dos que ficam – a mãe, o pai, seus três filhos e uma velha tia –,
enquanto esperam por cartas de Jairo; e como se desenrola a vida deste na
'Pauliceia desvairada', cidade para onde foi ser livre, mas que, na verdade,
alquebrou seu corpo e esvaziou sua alma. Até que a morte do pai abala
ainda mais aquele lar, precipitando mudanças e provocando outras partidas.
A PONTE (Rio Grande do Norte)
diretor: Aristeu Araújo
produtor: Pedro Fiuza
sinopse: Marilson é um evangélico que faz trabalho
voluntário combatendo suicídios em uma grande ponte estaiada, em Natal (RN).
Por causa da pouca estrutura que dispõem, um suicídio acontece no lugar. Contra
todas as possibilidades, Guilherme, o suicida, escapa ileso da queda de 55
metros de altura. Marilson acredita que presenciou um milagre e alça Guilherme
à condição de escolhido. Logo uma espécie de seita surge espontaneamente para
reverenciar o homem que teria sido tocado por Deus, mesmo sendo Guilherme um
ateu. A fé de Marilson e o ceticismo de Guilherme passarão a conviver mesmo que
em conflito.
Serão realizadas três masterclasses
em formato de vídeo pré-gravado com renomados(as) professores(as) de cinema.
Cada masterclass será dividida em oito vídeos com cerca de 10 minutos de
duração, cada um com um subtema específico. Estes vídeos serão disponibilizados
na plataforma de streaming onde serão exibidos os filmes da Mostra de
Cinema de Gostoso e em seguida, ficarão disponíveis no canal do YouTube da
Mostra.
PRESERVAÇÃO E PATRIMÔNIO
AUDIOVISUAL
com Ines Aisengart Menezes
SÉTIMA ARTE, UM CULTO
MODERNO:
O IDEALISMO ESTÉTICO E O
CINEMA
com Ismail Xavier
EVOLUÇÃO DAS TECNOLOGIAS
AUDIOVISUAIS
com Thiago de André
Panorama da evolução e história das
principais tecnologias de filmagem e exibição cinematográfica, desde o início
do cinema até a recente transição para a exibição digital, com ênfase nas
questões econômicas que permearam essa evolução.
Serão realizados dois cursos através de videoconferência
para o Coletivo Nós do Audiovisual, dando continuidade ao trabalho de formação
técnica e audiovisual que a Mostra de Cinema de Gostoso proporciona à jovens da
cidade de São Miguel do Gostoso (RN) e arredores. Serão abertas inscrições limitadas
para ouvintes, a serem anunciadas em breve no site e redes sociais da Mostra.
CRIAÇÃO AUDIOVISUAL EM
COLETIVOS DE CINEMA
A partir das experiências do cineasta
Pedro Diógenes, que integrou o coletivo de cinema Alumbramento (Fortaleza-CE)
entre 2010 e 2016 e de André Santos e Babi Baracho, integrantes do Coletivo
Caboré (Natal-RN), será criado um espaço de discussão junto ao Coletivo Nós
do Audiovisual de São Miguel do Gostoso, com o objetivo de ampliar o olhar
e inspirar os jovens de Gostoso para experiências diversas de realização de
cinema.
REALIZAÇÃO DE UM FESTIVAL
DE CINEMA
O curso apresenta um estudo de caso do Festival
de Cinema de Vitória, e é dividido em 3 blocos: produção, produção
executiva e mobilização. A partir do Festival de Cinema de Vitória, que
atualmente encontra-se na 27ª edição, compreende-se o desenvolvimento e
aplicação dos processos que envolvem a pré-produção, produção e pós-produção de
um projeto. Com duração de 2 horas serão tratados temas como captação de
recursos, formatação financeira, curadoria, programação e lançamento. Com
metodologia de apresentação do estudo de caso e debate, os três professores
irão apresentar as etapas de realização de um Festival de Cinema, a partir da
experiência no Espírito Santo. O curso será ministrado por Fran de
Oliveira, produtor, realizador e editor no Festival de Cinema de Vitória há
mais de 20 anos; Guilherme Rebêlo, produtor cultural com 10 anos de
experiência, atua em projetos nas áreas de artes, cultura e direito humanos com
foco em difusão e formação de público; e Larissa Delbone, advogada e
produtora executiva do Festival de Cinema de Vitória e diretora do Instituto
Brasil de Cultura e Arte. Atua em projetos na área da cultura, artes,
assistência social e direitos humanos.
Site: Mostra
de Cinema de Gostoso
Plataforma de exibição: Innsaei.tv
Rede: Facebook
Rede: Instagram
Rede: Youtube
Site: Heco Produções
Site: Portal Brasileiro de Cinema
Nenhum comentário:
Postar um comentário