por Joba Tridente
O goiano Siron Franco é um dos mais renomados artistas plásticos brasileiros. Suas fascinantes obras repercutem em galerias e museus no Brasil e no exterior. Algumas são vendidas, para colecionadores, antes mesmo de idealizadas e pintadas. Siron Franco, cuja sua obra pessoal se alimenta de sonhos, traumas, pesadelos, memórias e cuja obra monumental se inspira na cultura milenar indígena e ou insanidades contemporâneas, assim se traduz: “Eu lembro mais das coisas que pintei do que das coisas que vivi”. É em busca dessas lembranças que se ocupa o ótimo documentário Siron. Tempo Sobre Tela (2019), roteirizado e dirigido por André Guerreio Lopes e Rodrigo Campos.
Siron. Tempo Sobre Tela, que foi gestado por 19 anos, começou a ganhar forma e conteúdo no ano 2000, quando os diretores, estudantes em Londres, a convite da produtora Malu Campos, passaram a registrar o processo criativo de Siron, que estava por ali produzindo uma série inspirada no bairro Soho. André, que define o filme como “uma tapeçaria do tempo”, conta que, ao analisar o material original, viram que o quê tinham em mãos era “um registro único e importante do trabalho de Siron” e, decididos a ir além, começaram a captar novas imagens no ateliê do artista, em Aparecida de Goiânia, a realizar entrevistas com Siron e a levá-lo a lugares de sua infância. “Pouco antes de começarmos a montagem, Siron nos disponibilizou seu acervo de vídeos, material riquíssimo e inédito, cerca de 180 fitas VHS e Super-8 que ele filmou ao longo da vida, trabalhando nos diversos ateliês, fazendo experimentos de videoarte, viajando para a Europa e para o México nos anos 70 etc.”, complementa André Guerreiro.
Siron Franco se dedica cada vez mais intensamente à sua instigante arte que roda o mundo e, a cada década ou a cada domínio de técnica, muda de tom em busca de outras significâncias. Nas mãos do artista, imagens outras podem ganhar forma numa tela pintada há anos. Imagens sobre imagens. Ideias se sobrepondo a ideias e o que era um simples reparo vira uma nova obra, para o desespero do proprietário da pintura. Siron, que desde criança é fascinado por todo tipo de imagem, não se cansa de buscá-la onde, aparentemente, ela não está. O seu trabalho “nasce da exaustão, do cansaço, de pintar uma coisa e ver outra coisa e continuar pintando”..., e a cada pincelada dialogar com a sua crença religiosa, o seu posicionamento sociopolítico, os seus atos de fé.
NOTA: As considerações acima são pessoais e, portanto, podem não refletir a opinião geral dos espectadores e cinéfilos de carteirinha.
Siron. Tempo Sobre Tela tem estreia prevista para 25 de março de 2021, simultaneamente nos cinemas e nas plataformas de streaming, Belas Artes A La Carte, Now, Vivo TV, Sky Play e Looke, com distribuição da Pandora Filmes.
Joba Tridente: O primeiro filme vi (no cinema)
aos 5 anos de idade. Os primeiros videodocumentários fiz em 1990. O primeiro
curta-metragem (Cortejo), em 35mm, realizei em 2008. Voltei a fazer
crítica em 2009. Já fui protagonista e coadjuvante de curtas. Mas nada se
compara à "traumatizante" e divertida experiência de
cientista-figurante (de última hora) no “centro tecnológico” do
norte-americano Power Play (Jogo de Poder, 2003),
de Joseph Zito, rodado aqui em Curitiba.
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