BOLSHOI
por Joba Tridente
O Teatro Bolshoi é o
sonho da maioria dos milhares de candidatos às escolas de balé russas. Chegar
lá e fazer acontecer em seu divino palco requer talento, obediência, perseverança
e, é claro, algum jogo de cintura para lidar com a “inflexibilidade” dos professores
e dirigentes, os desejos sexuais, as invejas e os preconceitos dos “colegas” do
corpo de baile, os vícios e as necessidades básicas de vivência. Ao menos é o
que se vê nas produções (fictícias e documentais) nacionais e ou estrangeiras que
(baseados ou inspirados em fatos) retratam a ascensão de um(a) grande bailarino(a)
na Academia de Balé Bolshoi e a consagração naquele cobiçado palco. O sucesso
no balé russo tem o seu alto preço..., uma dose arrogância na autoafirmação,
ameniza os custos, mas não alivia as perdas.
Se na ópera temos a Prima Donna e o Primo Uomo, no balé temos a Primeira Bailarina e o Primeiro Bailarino..., posições disputadíssimas (desde os primeiros passos) no vale tudo pelo estrelado. O talento e a perseverança levam à perfeição dos gestos, mas não necessariamente à consagração no Bolshoi. Assim é, se nos parece, nesse recorte da famosa companhia de balé russa coreografado em Bolshoi (Большой, 2016). E para conjugar o título com a trama de sapatilhas, basta acompanhar a saga (em flashback) da jovem Yulia Olshanskaya (Margarita Simonova), que divide o talento na academia com a amiga Karina Kurnikova (Anna Isaeva). Até onde vai a amizade entre um jovem de origem humilde (e bota humilde nisso!) e uma jovem de origem rica na disputa pela primazia do palco do Teatro Bolshoi?
Ascensão (pelo talento), queda (pelo vício) e superação (pelo esforço) de um artista fazem parte do panorama..., a História da Arte está cheia de exemplos. Daí que, não importa se os prazeres e as aflições de Yulia (no balé e na vida) são originais e ou meros clichês já vistos e revistos em outros filmes, mas em como a história dela está sendo contada e o subtexto (nada discreto) enredado.
Nota: O filme Bolshoi será exibido no 1º. FESTIVAL DE CINEMA RUSSO - Russian Film Festival (10 a 30 de dezembro de 2020), que acontece online e gratuitamente na plataforma de streaming Spcine Play.
*Joba Tridente: O
primeiro filme vi (no cinema) aos 5 anos de idade. Os primeiros
videodocumentários fiz em 1990. O primeiro curta-metragem (Cortejo), em 35mm,
realizei em 2008. Voltei a fazer crítica em 2009. Já fui protagonista e
coadjuvante de curtas. Mas nada se compara à "traumatizante" e
divertida experiência de cientista-figurante (de última hora) no “centro
tecnológico” do norte-americano Power Play (Jogo de Poder, 2003),
de Joseph Zito, rodado aqui em Curitiba.
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