quinta-feira, 8 de julho de 2010

Crítica: Shrek Para Sempre


Shrek Para Sempre
o capítulo final

Para tristeza de muitos, nove anos depois da primeira aventura, chega ao fim (nos cinemas) a grande saga de Shrek, Fiona, Burro Falante e Gato de Botas. Nem parece que faz tanto tempo assim que o adorável solitário Ogro Verde caiu no gosto de milhões de espectadores mundo afora e adentro. Pois é, ele deixou o mau humor de lado, salvou uma princesa, se casou, recusou um reino, teve três filhos, mas, agora, decidiu dar um basta e voltar a viver a vida que sempre quis, longe de tudo e de todos... Será?!


Shrek Para Sempre (Shrek Forever After, EUA, 2010), dirigido por Mike Mitchell, chega pra fechar, com chave de ouro, a deliciosa e politicamente incorreta série que bagunçou os Contos de Fadas com uma irreverência que deu o que falar. Este capítulo final aborda, de maneira espetacular, o mundo masculino, no pós-casamento, com a chegada dos filhos e a rotina doméstica na partilha de afazeres. Se o bicho homem é inconstante e impaciente com a própria prole e sempre arranja um jeito de deixá-la ao encargo da mulher, imagine então um Ogro selvagem que queria distância de qualquer ser vivo, que não fizesse parte do seu cardápio alimentar, e, de uma hora pra outra, se viu domesticado e rodeado de mulher, amigos, filhos. É de enlouquecer!


Com roteiro de Josh Klausner, a animação, em excepcional 3D, narra um dia daqueles na vida do estressado Shrek, que, cansado do seu cotidiano, decide fazer um trato com Rumpelstiltskin (saído diretamente das páginas de Contos dos Irmãos Grimm) pra voltar a ser o terrível Ogro que aterrorizava as pessoas. Mas, em se tratando de Rumpelstiltskin, as coisas não saem exatamente como Shrek esperava e ele vai ter que correr contra o tempo, pra consertar tudo e escapar da realidade alternativa onde foi parar. E, em se tratando de Shrek, com a sua “delicadeza selvagem”, é uma confusão atrás da outra.


Apesar do roteirista ser o mesmo de Shrek Terceiro (e da tola “comédia” Uma Noite Fora de Série, bem inferior à animação), para quem a crítica torceu o nariz, não me parece que Shrek Para Sempre, tenha vindo apenas (ou sequer) pra botar panos quentes num discutível mal-entendido cinematográfico no mundo animal da animação. Também porque, para a alegria do espectador, o humor descarado que sempre marcou as histórias do grandalhão (até mesmo no 3º filme) continua presente nesta animação levemente dramática, muito romântica e cheia de surpresas, no resgate de velhos personagens e introdução de novos, como a divertida Tribo de Ogros Rebeldes. Ele não conta com a presença do maquiavélico Príncipe Encantado ou das feministas Princesas, já que o filme se passa antes e depois da época conhecida, mas continua buscando referências no cinema e na literatura. Se bem que só um cinéfilo de carteirinha vai entender a sequência marcada pela fantástica música de Amargo Pesadelo (Deliverance, de John Boorman).


Shrek Para Sempre é diversão certa, acredito, para um público acima de seis anos, acostumado com filmes (e jogos) de muita ação. Em meio a balbúrdia geral, no caótico Reino de Tão Tão Distante (nas mãos de um duende ambicioso, feiticeiras e bruxas), a animação traz mensagens positivas, sem ser piegas, sobre as relações de amizade e de companheirismo. E ainda, de quebra, ironiza a “glamourosa” vida das celebridades. Só pra ver a metamorfose do elegante Gato de Botas, no mundo alternativo, já vale o ingresso, inclusive em 3D. Shrek Para Sempre tem uma agradável e oportuna trilha pop, gags excelentes e personagens ainda mais carismáticos. É um filme que se vê com gosto e (já) com uma pitada de saudosismo.

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