O REINO
GELADO: TERRA DOS ESPELHOS
por Joba
Tridente
Eu sou um fã ardoroso de
animação e assisto sempre que possível, seja de que país for (EUA, Japão, Cuba,
Argentina, Rússia, Coréia do Sul, Índia, Arábia Saudita, Canadá, França,
Inglaterra, Alemanha, México...). Em 2013 eu comentei a adaptação russa animada,
da obra original de Hans Christian Andersen (1805-1875), A Rainha da
Neve, que, no Brasil, recebeu o título O
Reino do Gelado (2012). O filme foi tão bem nas bilheterias que encontrou
rapidamente O Reino Quente da Franquia onde, pela gelada estrada
afora, seus personagens malucos vivem aventuras de glórias e derrotas no embate
(eterno?) do bem contra o mal. Assim, no vai e vem dos lápis e pincéis e CGI,
já saltaram para a telona mais três lucrativas produções: O Reino Gelado 2 (2014);
O Reino Gelado: Fogo e Gelo (2017) e, agora O Reino Gelado: Terra dos
Espelhos (2018), dirigido por Alexey Tsitsilin (O.R.G 2 e O.R.G:
Fogo e Gelo) e Robert Lence.
A animação infantojuvenil
O Reino Gelado: Terra dos Espelhos, traz um roteiro focado no confronto entre
tecnologia (no melhor estilo steampunk) e a magia (tradicional). A história, à
altura do seu público alvo, dialoga com o barulhento desenvolvimento mecanicista
e suas engenhocas geniais: máquinas, robôs, aeronaves, e a silenciosidade da
magia com sua ancestral matemática da natureza. Esse embate, que aparentemente
surge do nada, traz resquício de traumas antigos, quando o Rei e a Rainha
da Neve se enfrentaram. Agora, o maquiavélico e extremista Rei, que
diz temer a má influência da magia na educação do seu filho pequeno, que adora
ler Contos de Fadas, pretende reformar social e preconceituosamente o
seu reino, exilando, sem aviso prévio e sem passagem de volta, toda e qualquer
pessoa que tenha algum dom de magia, para fazer companhia à malvada Rainha do Gelo,
através de um Espelho Mágico brutalmente encontrado por acaso. Quando a
heroína Gerda, que não tem poderes mágicos, descobre que, através de uma
bem engendrada tramoia, o Rei sequestrou seus pais e irmão mágicos, vai precisar da ajuda de seus fiéis amigos e usar
todos os recursos à mão para salvar os mágicos exilados.
O Reino Gelado: Terra dos Espelhos parece finalmente
encerrar a Jornada da Heroína Gerda..., uma jovem de aparência
insegura, mas muito determinada..., pois a sua perseverança será apoteoticamente
compensada. É uma animação tecnicamente muito bem resolvida: belas cores; excelentes
desenhos de personagens (engraçadinhos e malucos) e de cenários; narrativa
barulhenta (com muitos tiros de canhão) mas de fácil compreensão pelas crianças
e jovens. Não é uma comédia hilária, mas tem algumas gags legais e humor
pastelão. O ritmo é ideal (80 min) e a direção apurada. O roteiro pode não ser
dos mais profundos, já que fica no básico (o que é compreensível, tendo em
vista o público alvo) sobre a discussão do uso de tecnologias em prol de toda
uma sociedade e o respeito às crenças dos cidadãos, mas não deve desapontar os
acompanhantes da franquia e nem os pequenos cinéfilos que chegarem para
assistir agora. Como é de praxe, na maioria dos desenhos animados, não faltam mensagens
altruístas e nem um final pra lá de feliz.
Enfim, O Reino Gelado:
Terra dos Espelhos é um filme-família bem simpático. E ainda que eu fale em fim
de Jornada da Heroína, é mais provável que (pela surpreendente apoteose
de Gerda) o tal fim seja um novo gancho para novas aventuras.
Nota: O desenho animado O Reino Gelado:
Terra dos Espelhos será exibido no 1º. FESTIVAL DE CINEMA RUSSO -
Russian Film Festival (10 a 30 de dezembro de 2020) que acontece online e
gratuitamente na plataforma de streaming Spcine Play.
*Joba Tridente: O
primeiro filme vi (no cinema) aos 5 anos de idade. Os primeiros videodocumentários
fiz em 1990. O primeiro curta-metragem (Cortejo), em 35mm, realizei em 2008.
Voltei a fazer crítica em 2009. Já fui protagonista e coadjuvante de curtas.
Mas nada se compara à "traumatizante" e divertida experiência de
cientista-figurante (de última hora) no “centro tecnológico” do
norte-americano Power Play (Jogo de Poder, 2003), de Joseph
Zito, rodado aqui em Curitiba.
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