quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

Crítica: O Reino Gelado: Terra dos Espelhos


 O REINO GELADO: TERRA DOS ESPELHOS

por Joba Tridente 

Eu sou um fã ardoroso de animação e assisto sempre que possível, seja de que país for (EUA, Japão, Cuba, Argentina, Rússia, Coréia do Sul, Índia, Arábia Saudita, Canadá, França, Inglaterra, Alemanha, México...). Em 2013 eu comentei a adaptação russa animada, da obra original de Hans Christian Andersen (1805-1875), A Rainha da Neve, que, no Brasil, recebeu o título O Reino do Gelado (2012). O filme foi tão bem nas bilheterias que encontrou rapidamente O Reino Quente da Franquia onde, pela gelada estrada afora, seus personagens malucos vivem aventuras de glórias e derrotas no embate (eterno?) do bem contra o mal. Assim, no vai e vem dos lápis e pincéis e CGI, já saltaram para a telona mais três lucrativas produções: O Reino Gelado 2 (2014); O Reino Gelado: Fogo e Gelo (2017) e, agora O Reino Gelado: Terra dos Espelhos (2018), dirigido por Alexey Tsitsilin (O.R.G 2 e O.R.G: Fogo e Gelo) e Robert Lence. 


A animação infantojuvenil O Reino Gelado: Terra dos Espelhos, traz um roteiro focado no confronto entre tecnologia (no melhor estilo steampunk) e a magia (tradicional). A história, à altura do seu público alvo, dialoga com o barulhento desenvolvimento mecanicista e suas engenhocas geniais: máquinas, robôs, aeronaves, e a silenciosidade da magia com sua ancestral matemática da natureza. Esse embate, que aparentemente surge do nada, traz resquício de traumas antigos, quando o Rei e a Rainha da Neve se enfrentaram. Agora, o maquiavélico e extremista Rei, que diz temer a má influência da magia na educação do seu filho pequeno, que adora ler Contos de Fadas, pretende reformar social e preconceituosamente o seu reino, exilando, sem aviso prévio e sem passagem de volta, toda e qualquer pessoa que tenha algum dom de magia, para fazer companhia à malvada Rainha do Gelo, através de um Espelho Mágico brutalmente encontrado por acaso. Quando a heroína Gerda, que não tem poderes mágicos, descobre que, através de uma bem engendrada tramoia, o Rei sequestrou seus pais e irmão mágicos, vai precisar da ajuda de seus fiéis amigos e usar todos os recursos à mão para salvar os mágicos exilados. 


O Reino Gelado: Terra dos Espelhos parece finalmente encerrar a Jornada da Heroína Gerda..., uma jovem de aparência insegura, mas muito determinada..., pois a sua perseverança será apoteoticamente compensada. É uma animação tecnicamente muito bem resolvida: belas cores; excelentes desenhos de personagens (engraçadinhos e malucos) e de cenários; narrativa barulhenta (com muitos tiros de canhão) mas de fácil compreensão pelas crianças e jovens. Não é uma comédia hilária, mas tem algumas gags legais e humor pastelão. O ritmo é ideal (80 min) e a direção apurada. O roteiro pode não ser dos mais profundos, já que fica no básico (o que é compreensível, tendo em vista o público alvo) sobre a discussão do uso de tecnologias em prol de toda uma sociedade e o respeito às crenças dos cidadãos, mas não deve desapontar os acompanhantes da franquia e nem os pequenos cinéfilos que chegarem para assistir agora. Como é de praxe, na maioria dos desenhos animados, não faltam mensagens altruístas e nem um final pra lá de feliz. 

Enfim, O Reino Gelado: Terra dos Espelhos é um filme-família bem simpático. E ainda que eu fale em fim de Jornada da Heroína, é mais provável que (pela surpreendente apoteose de Gerda) o tal fim seja um novo gancho para novas aventuras. 

Nota: O desenho animado O Reino Gelado: Terra dos Espelhos será exibido no 1º. FESTIVAL DE CINEMA RUSSO - Russian Film Festival (10 a 30 de dezembro de 2020) que acontece online e gratuitamente na plataforma de streaming Spcine Play. 


*Joba Tridente: O primeiro filme vi (no cinema) aos 5 anos de idade. Os primeiros videodocumentários fiz em 1990. O primeiro curta-metragem (Cortejo), em 35mm, realizei em 2008. Voltei a fazer crítica em 2009. Já fui protagonista e coadjuvante de curtas. Mas nada se compara à "traumatizante" e divertida experiência de cientista-figurante (de última hora) no “centro tecnológico” do norte-americano Power Play (Jogo de Poder, 2003), de Joseph Zito, rodado aqui em Curitiba.


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