Seguindo a moda do reboot, Tainá está de volta, rebombinando o seu passado. Se vai encerrar uma trilogia (Tainá - Uma Aventura na
Amazônia e Tainá 2 - A Aventura
Continua) ou se vai começar uma nova franquia floresta afora e bem
contente, com amiguinhos nerds e
bichinhos inteligentes, acessando fácil a internet e dando cabo de qualquer
vilão prepotente, só a bilheteria dirá.
Em Tainá -
A Origem (Brasil, 2012) a criatividade não é o forte do roteiro de Cláudia
Levay (a mesma dos filmes anteriores e da tolice Qualquer gato vira-lata) que,
apostando na inocência (ou seria ingenuidade?) das crianças (de 5 a 9 anos) e
seus acompanhantes que não viram (?) Avatar, de
James Cameron, conta uma historinha com os seguintes elementos: Uma grande
floresta; Uma Árvore Sagrada para os povos da floresta; Piratas da
biodiversidade querendo derrubar a Árvore Sagrada; Uma menina índia, cuja arma
é uma poderosa flecha azul, é a sua guardiã e defensora...
Tainá -
a Origem, como entrega o título, mostra os primórdios da saga de Tainá, encontrada, recém-nascida, entre
as raízes de uma Árvore Sagrada (Sapopema), pelo ermitão Pajé Tigê (Gracindo Júnior).
Cinco anos depois, ao acompanhar o “vô”
até a sua aldeia, para a escolha do novo defensor da natureza, mesmo sabendo
que a competição é proibida às mulheres, Tainá
(a graciosa Wiranu Tembé) participa
e acaba hostilizada por quase todos. O quase fica por conta de Gobi (Igor Ozzy), um índio nerd
(?) que passa o tempo todo conectado (?) à internet através do seu notebook.
Como ele consegue acesso à rede, no meio da mata, e ou recarrega a bateria do
aparelho que leva para todo lugar, é um enigma jamais decifrado.
Ao voltar para casa, aborrecida com o recente
acontecimento, Tainá decide deixar a
lúdica infância para trás, dá adeus ao Pajé
e, aos cinco anos (!!!), sai mata
adentro em busca de sua origem. Acostumada a conversar e a brincar com os
animais selvagens, ela desconhece o medo e o perigo. Todavia, como em toda
jornada de herói que se preze, um desvio aqui e ela acaba conhecendo Laurinha (Beatriz Noskoski), uma garotinha loira (!) que fugiu de casa (de
novo essa história de criança fugindo de casa?) e está perdida na selva; um
atalho acolá e ela enfrenta o malvadão Vítor
(Guilherme Berenguer), um sujeito
inescrupuloso que quer derrubar (?) a Árvore Sagrada para descobrir os seus
segredos..., e lucrar com a venda.
Dirigida por Rosane Svartman (Desenrola), esta
saga de Tainá é aborrecida e por
demais fantasiosa. Os personagens são caricaturas de caricaturas de vilões e
cientistas abobalhados de desenho animado (ruim) ou coisa que o valha. Em
nenhum momento da narrativa há realmente um perigo iminente. Até quando
sugerido (no olho aceso do vilão) ele parece piada sem graça. Quanto à magia, ela
não convence nem as tartarugas. O discurso “ecológico” esbarra no lugar comum
(registro fotográfico de revista de ciência!?) da fauna e da flora. Não há denúncia,
discussão ou sequer tomada de consciência, com o mínimo de consistência, sobre a
biodiversidade, acessível ao público infantil e ou ao infeliz acompanhante. A
cultura indígena é apenas um detalhe mal aproveitado.
Tainá -
A origem tem formato (produção, roteiro, direção, fotografia) de programa
de TV, preocupado apenas em entreter a criançada, que ainda não sabe (?) usar o
controle remoto, com cenas batidas da selva brasileira. Talvez, “encantada” com
as sequências dos bichinhos engraçadinhos, a garotada não se preocupe com
problemas técnicos (edição, trilha, cenografia), a história sem pé nem cabeça e
ou diálogos bobos (que subestimam a sua inteligência). Mas, será capaz de
engolir a história do balão estacionado (?) na porta da casa do biólogo
paspalhão Vô Teodoro (Nuno Leal Maia) e que pode ser
facilmente pilotado por qualquer criança (ou macaco se tiver oportunidade)?
Haja osmose!
A parte
boa desta “história” infantil, que confunde fantasia com fantasioso, é a presença
carismática de Wiranu Tembé e Beatriz Noskoski.
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