quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Crítica: Tainá - A Origem



Seguindo a moda do reboot, Tainá está de volta, rebombinando o seu passado. Se vai encerrar uma trilogia (Tainá - Uma Aventura na Amazônia e Tainá 2 - A Aventura Continua) ou se vai começar uma nova franquia floresta afora e bem contente, com amiguinhos nerds e bichinhos inteligentes, acessando fácil a internet e dando cabo de qualquer vilão prepotente, só a bilheteria dirá.

Em Tainá - A Origem (Brasil, 2012) a criatividade não é o forte do roteiro de Cláudia Levay (a mesma dos filmes anteriores e da tolice Qualquer gato vira-lata) que, apostando na inocência (ou seria ingenuidade?) das crianças (de 5 a 9 anos) e seus acompanhantes que não viram (?) Avatar, de James Cameron, conta uma historinha com os seguintes elementos: Uma grande floresta; Uma Árvore Sagrada para os povos da floresta; Piratas da biodiversidade querendo derrubar a Árvore Sagrada; Uma menina índia, cuja arma é uma poderosa flecha azul, é a sua guardiã e defensora...


Tainá - a Origem, como entrega o título, mostra os primórdios da saga de Tainá, encontrada, recém-nascida, entre as raízes de uma Árvore Sagrada (Sapopema), pelo ermitão Pajé Tigê (Gracindo Júnior). Cinco anos depois, ao acompanhar o “” até a sua aldeia, para a escolha do novo defensor da natureza, mesmo sabendo que a competição é proibida às mulheres, Tainá (a graciosa Wiranu Tembé) participa e acaba hostilizada por quase todos. O quase fica por conta de Gobi (Igor Ozzy), um índio nerd (?) que passa o tempo todo conectado (?) à internet através do seu notebook. Como ele consegue acesso à rede, no meio da mata, e ou recarrega a bateria do aparelho que leva para todo lugar, é um enigma jamais decifrado.

Ao voltar para casa, aborrecida com o recente acontecimento, Tainá decide deixar a lúdica infância para trás, dá adeus ao Pajé e, aos cinco anos (!!!), sai mata adentro em busca de sua origem. Acostumada a conversar e a brincar com os animais selvagens, ela desconhece o medo e o perigo. Todavia, como em toda jornada de herói que se preze, um desvio aqui e ela acaba conhecendo Laurinha (Beatriz Noskoski), uma garotinha loira (!) que fugiu de casa (de novo essa história de criança fugindo de casa?) e está perdida na selva; um atalho acolá e ela enfrenta o malvadão Vítor (Guilherme Berenguer), um sujeito inescrupuloso que quer derrubar (?) a Árvore Sagrada para descobrir os seus segredos..., e lucrar com a venda.


Dirigida por Rosane Svartman (Desenrola), esta saga de Tainá é aborrecida e por demais fantasiosa. Os personagens são caricaturas de caricaturas de vilões e cientistas abobalhados de desenho animado (ruim) ou coisa que o valha. Em nenhum momento da narrativa há realmente um perigo iminente. Até quando sugerido (no olho aceso do vilão) ele parece piada sem graça. Quanto à magia, ela não convence nem as tartarugas. O discurso “ecológico” esbarra no lugar comum (registro fotográfico de revista de ciência!?) da fauna e da flora. Não há denúncia, discussão ou sequer tomada de consciência, com o mínimo de consistência, sobre a biodiversidade, acessível ao público infantil e ou ao infeliz acompanhante. A cultura indígena é apenas um detalhe mal aproveitado.


Tainá - A origem tem formato (produção, roteiro, direção, fotografia) de programa de TV, preocupado apenas em entreter a criançada, que ainda não sabe (?) usar o controle remoto, com cenas batidas da selva brasileira. Talvez, “encantada” com as sequências dos bichinhos engraçadinhos, a garotada não se preocupe com problemas técnicos (edição, trilha, cenografia), a história sem pé nem cabeça e ou diálogos bobos (que subestimam a sua inteligência). Mas, será capaz de engolir a história do balão estacionado (?) na porta da casa do biólogo paspalhão Vô Teodoro (Nuno Leal Maia) e que pode ser facilmente pilotado por qualquer criança (ou macaco se tiver oportunidade)? Haja osmose!

A parte boa desta “história” infantil, que confunde fantasia com fantasioso, é a presença carismática de Wiranu Tembé e Beatriz Noskoski.

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