Em 2010 foi lançada, no Brasil, a belíssima animação
As Aventuras de Sammy, protagonizada
por três tartarugas: Sammy, Ray e Shelly. Uma fascinante produção belga, divisor de águas do 3D real (com
tecnologia IMAX) e genéricos, que envolve o espectador numa surpreendente viagem
de 50 anos pelas águas (e vida marinha e fluvial) da Terra, sem subestimar a
inteligência dos espectadores.
Em 2013 Sammy
e Ray estão de volta em Sammy - A Grande Fuga (Sammy's avonturen 2, Bélgica, 2012). Nesta segunda aventura, dirigida por Vincent Kesteloot e Ben Stassen, enquanto os dois velhos
amigos, Sammy e Ray, cuidam dos recém-nascidos netos, Ricky e Ella, são
capturados por caçadores e levados para um enorme aquário marinho, em Dubai, na
companhia de Jimbo, um peixe-bola de
olhos esbugalhados (especialista em se passar por morto) e de uma lagosta estressada.
No gigantesco tanque subaquático, onde servem de espetáculo aos ricos turistas,
conhecem o Big D, um minúsculo
cavalo-marinho que se considera o rei do aquário e o único capaz de criar
planos de fuga. Porém, sem se preocupar com D
e seus capangas moreias, Sammy e Ray resolvem agir por conta própria e
arranjar um jeito eficaz de fugir dali, para encontrar os netos perdidos no mar...,
sem saber que Ricky e Ella também estão à procura deles.
Sammy -
A Grande Fuga mantém a impressionante tecnologia 3D (real)
que traz a ação tão perto do espectador que dá vontade de tocar. Visualmente continua
impecável, os personagens são cativantes e bem desenhados, o argumento que
denuncia o aprisionamento e sofrimento de animais marinhos ou terrestres, para
deleite dos turistas, é ótimo, chama a atenção dos pequenos (e dos adultos!) sobre
a maldade dos humanos... No entanto, depois de tantas animações sobre peixes
sequestrados (Procurando Nemo ou o
maluco Seefoof - Um Peixe Fora d’Água),
que chegaram aos cinemas ou foram lançados diretamente em DVD, o roteiro de Domonic Paris (As
Aventuras de Sammy), infelizmente, acaba soando repetitivo.
Não está fácil ser original nessa área, hoje em
dia. Basta um grande estúdio anunciar a produção de uma animação (ou ficção)
com um tema “X”, para que, antes que ela esteja pronta, dispute lugar com suas variantes.
O que não parece ser o caso de Sammy,
que está sendo lançado muito depois de Nemo,
com quem tem pontos em comum. Se bem que a falta de ideias é o risco (calculado?)
que corre toda a franquia, original ou não.
Há que se ressaltar que o alvo de Sammy - A Grande Fuga é o público
infantil (cinco aos dez anos). O que justifica a simplicidade (e o cuidado) com
que o roteiro aborda temas da fauna e da flora marítimas, amizade,
solidariedade. É uma animação, ainda que redundante, graciosa. Todavia, se por um lado um acompanhante adulto se
decepcionar, ao reconhecer (de outra história) um lugar em comum na trama (como
a substituição de aquários e animais marinhos), mesmo que a narrativa se dê por
um novo viés, por outro será muito bem recompensado com algumas sequências de
ação bem divertidas e ou emocionantes, como a luta solitária de um Tubarão
Martelo para se livrar do aquário. Apesar (ou por causa) da pouca inspiração do
roteiro, um filme mediano.
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