quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Crítica: O Último Desafio



O que esperar quando já se sabe o que esperar de um filme policial estrelado por Arnold Schwarzenegger, cujo título é O Último Desafio? Que não importa quem ou quantos são os bandidos de ocasião, já que todos serão devidamente trucidados? Que não importa quem vai lavar a telona depois da sessão de extrema violência? Que, ao contrário do que sugere o título, este não é o derradeiro filme do astro das pancadarias? Que um monte de outros “quês” não faz a menor diferença, desde o filme de ação faça valer o ingresso?

O Último Desafio (The Last Stand, EUA, 2013), dirigido pelo coreano Kim Jee-woon, gira (em alta velocidade!) em torno de velho Xerife Ray Owens (Arnold Schwarzenegger), que vive na pequena Sommerton Junction, fronteira com o México, e descobre, da pior maneira possível, que a sua pacata cidade está na rota de fuga (e colisão!) do famigerado traficante Gabriel Cortez (Eduardo Noriega). O bandido que escapou espetacularmente de um comboio do FBI, pilota um Corvette ZR1 que, com mais de 1.000 cavalos de potência, atinge a 300 km/H. Como desgraça pouca é bobagem, antes de se preocupar com Cortez, o Xerife vai ter de resolver um “probleminha” de território com a quadrilha dele, chefiada por Burrell (Peter Stormare), que já chegou à região. Ray Owens, ex-policial de narcóticos (que já viu sangue e morte demais), vai contar apenas com a sua astúcia e a ajuda de um grupo despreparado: os policiais Mike (Luis Guzman), Sarah (Jaimie Alexander) e Jerry (Zach Gilford), um desocupado curando a ressaca na cadeia, Frank (Rodrigo Santoro), e um maluco colecionador de armas, Lewis (Johnny Knoxville), que tem um arsenal parecido com aquele visto em Exterminador do Futuro 2.


O roteiro de Andrew Knauer é puro clichê: traficantes, FBI, refém, Xerife em fim de carreira, perseguição de carro e a pé, tiroteio, pancadaria, destruição e muito sangue. Quando começa (após o fantástico prólogo) você já sabe como vai terminar. E os fãs do gênero querem mais do que isso? Os personagens são rasteiros, pouco interessantes, mas o tom de humor dos diálogos, principalmente aqueles em que o velho Owens (o personagem) parodia o velho Schwarzenegger (o ator) ajudam a digerir. Ray e seu grupo heterogêneo lembra um exército brancaleônico. Na verdade, à parte a violência, o tom do filme é meio Brancaleone e meio Monty Pyton. Não é um humor negro tarantinesco, é mais pastelão. Estranha mistura!


O Último Desafio não é um filme que exige grandes interpretações, portanto o elenco está dentro da competência combinada. Ou, no mínimo, se divertindo e ganhando um din din, já que nem mais o Arnold é de aço. O cultuado Kim Jee-woon (mestre do horror) parece não se importar muito com o roteiro fraco (cheio de referência a filmes antigos de Schwarzenegger) e consegue o máximo do mínimo, nesse gênero batido que só tem ganhado alguma sobrevida ao dialogar com o humor. Ele sabe o que quer das cenas de ação e o seu fotógrafo Ji-yong Kim sabe muito bem como filmar. Já na fantástica abertura (uma das mais bonitas dos últimos anos) e crédito inicial , eles dizem a que vieram. Toda a trama tem o ritmo narrativo de HQs. Os enquadramentos são incríveis e vão da “simplicidade” dos Mangás à sofisticação das Graphic Novels, resultando em sequências sensacionais. A perseguição no milharal é fascinante na sua tensão e plasticidade. Fazia tempo que não via uma sequência tão criativa e tão bem realizada.

O Último Desafio é insano, banal, engraçado, saudosista, realista, óbvio, violentíssimo..., mas não há como negar que é um filme que cumpre o que promete. Os fãs de Schwarzenegger, que há muito esperavam por esse reboot, e de Santoro, se firmando nesse concorrido mercado..., não vão ter do que reclamar. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...