03 a 16 de junho de 2021
A plataforma de streaming Petra Belas Artes À La Carte criou o Festival Volta ao Mundo, para destacar, em sua notável programação, a cinematografia dos mais diversos e distantes países do mundo. Após o sucesso dos filmes suíços, chegou a hora de exibir 12 grandes filmes espanhóis. São filmes clássicos, cults e contemporâneos..., alguns deles inéditos nos cinemas brasileiros..., além de premiadas coproduções com outros países, como Argentina, França e Itália.
Para este À La Carte Festival Volta ao Mundo: Espanha, de 03 a 16 de junho de 2021, o Petra Belas Artes firmou parceria com o Escritório Cultural da Embaixada da Espanha no Brasil, que há mais de 10 anos apoia iniciativas culturais no país. A Espanha, que produz uma das mais notáveis cinematografias do mundo, consagrando e ou revelando grandes diretores, atores e atrizes, há décadas vem encantando plateias internacionalmente, desde o boom da sua produção, nos anos 50.
Para representar parte desta magnífica trajetória, o À La Carte Festival Volta ao Mundo: Espanha reuniu uma dúzia de obras-primas, anunciadas aqui em ordem cronológica: Bem-vindo Senhor Marshall (1953), de Luis García Berlanga; Viridiana (1961), de Luis Buñuel; O Espírito da Colmeia (1973), de Víctor Erice; Cría Cuervos (1976), de Carlos Saura; Vacas (1992), de Julio Medem; A Língua das Mariposas (1999), de José Luis Cuerda; Joana, a Louca (2001), de Vicente Aranda; Pelos Meus Olhos (2003), de Icíar Bollaín; O Segredo dos Seus Olhos (2009), de Juan José Campanella; Viver é Fácil com os Olhos Fechados (2013), de David Trueba; Maria (e os outros) (2016), de Nely Reguera; Saura(s) (2017), de Félix Viscarret.
(Bienvenido, Míster Marshall)
Espanha, 1953, Comédia, 78min
Direção: Luis García Berlanga
Elenco: Lolita Sevilla, Manolo Morán, José
Isbert
Sinopse: No
pequeno vilarejo de Villar del Rio, Espanha, chega a notícia de que autoridades
americanas que irão oferecer ajuda financeira para várias cidades estão
chegando na região. Para recebê-los e impressioná-los, o prefeito decide que
todos os moradores e a cidade devem se "fantasiar" no estilo andaluz.
– Bem-vindo
Senhor Marshall foi eleito o quinto melhor filme espanhol por profissionais
do cinema e pela crítica especializada, em 1996, no centenário do cinema
espanhol. O filme foi apresentado no Festival de Cannes 1953, de onde saiu
consagrado com o Prêmio Internacional (de melhor comédia) e Menção Especial
para o roteiro coescrito pelo diretor Luis García Berlanga, com Juan Antonio
Bardem e Miguel Mihura. Para promover o filme em Cannes, a produtora teve a
sensacional ideia de distribuir notas de 1 dólar com as imagens dos atores
protagonistas José Isbert e Lolita Sevilla no lugar de George Washington.
(Viridiana)
Espanha/México, 1961, 90 min. p/b, drama
idioma: espanhol (legendado), 18 anos
Direção: Luis Buñuel
Elenco: Silvia Pinal, Fernando Rey e
Francisco Rabal.
Sinopse: A
noviça Viridiana faz uma visita ao seu tio moribundo, atendendo a um pedido do
próprio. O pervertido homem, obcecado pela beleza da jovem, tenta seduzi-la de
todas as formas. Ele morre e Viridiana decide não mais voltar ao convento. Em
contrapartida transforma a antiga casa do tio num abrigo para necessitados e
moradores de rua.
– Viridiana,
grande vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes, acabou sendo amplamente
proibido na Espanha, sob a acusação de blasfêmia, um escândalo que só
contribuiu para aumentar a fama internacional do filme e do diretor Luis
Buñuel. Na ocasião de seu lançamento nos Estados Unidos, entre as frases de
imprensa destacadas no trailer, uma delas, creditada ao N. Y. News, dizia:
"Uma orgia que faz a orgia de 'A
Doce Vida' parecer um piquenique de
família".
(El espíritu de la colmena)
Espanha, 1973, 98 min., cor, drama,
idioma: espanhol (legendado), livre
Direção: Victor Erice
Elenco: Ana Torrent, Isabel Telleria e
Fernando Fernán Gómez.
Sinopse: As
duas pequenas irmãs Ana e Isabel moram em terras rurais da Espanha, na década
de 40. Após assistirem ao filme Frankenstein (1931) ficam obcecadas pelo
estranho personagem e tentam encontrá-lo.
– O Espírito
da Colmeia teve exatamente 1000 tomadas no total de filmagem, sendo que
exatamente 500 delas entraram para a montagem final. Segundo o diretor Víctor
Erice, a atriz Ana Torrent, que tinha 6 anos na época da filmagem, acreditava
que Frankenstein existia de verdade, e a primeira vez que viu o ator maquiado
para interpretar o monstro, ficou completamente apavorada e depois perguntou
por que ele havia matado a garotinha (no filme Frankenstein, de 1931), mas o ator não sabia o que responder.
(Cría Cuervos)
Espanha, 1976, cor, 112 min., drama,
idioma: espanhol, 18 anos
Direção: Carlos Saura
Elenco: Geraldine Chaplin, Ana Torrent e
Monica Randall.
Sinopse: Ana
é uma mulher de tristes lembranças. Duas décadas antes, quando tinha nove anos,
ela acreditava ter em suas mãos um misterioso poder sobre a vida e a morte de
seus familiares. Assim teria causado a morte inesperada do pai, o militar
franquista Anselmo, logo após o doloroso martírio da mãe.
– Cría Cuervos,
vencedor do Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes e indicado ao Globo de
Ouro de Melhor Filme Estrangeiro. Para o título original do filme, o diretor
Carlos Saura se inspirou num ditado espanhol que diz "crie corvos e eles arrancarão seus olhos", que no Brasil seria
equivalente a "você colhe o que você
planta". A canção "Porque
te vas", na voz da cantora Jeanette, tocada em uma vitrola de vinil
numa cena antológica do filme, se tornou hit internacional.
(Vacas)
Espanha, 1992, cor, 96min, drama
Direção: Julio Medem
Elenco: Emma Suárez, Carmelo Gómez, Ana
Torrent
Sinopse: Duas
famílias bascas, os Iriguibel e os Mendiluze, vivem uma relação de conflito e
paixão que atravessa gerações. Tudo começa em 1875, quando Manuel Iriguibel
luta contra os liberais ao lado de Carmelo Mendiluze. Carmelo é morto em
combate e para não ser assassinado, Manuel passa o sangue de Carmelo em seu
rosto e finge estar morto. A cena é presenciada apenas por uma vaca. Tal fato
atormenta Manuel e afeta sua família ao longo de três gerações, em episódios
que são pontuados pelo olhar da vaca e se desenvolvem num clima mágico,
dramático e de permanente tensão.
– Vacas é o primeiro longa-metragem de Julio Medem, realizador dos aclamadíssimos Os Amantes do Círculo Polar (1998) e Lúcia e o Sexo (2001). Com este filme Medem ganhou o Prêmio Goya, o mais importante do cinema espanhol, na categoria de Melhor Diretor Estreante. Vacas tem como protagonista Emma Suéres, atriz que deu vida à personagem Julieta no filme homônimo de Pedro Almodóvar, e conta ainda com participação de Ana Torrent, atriz que encantou a todos quando criança pela sua expressiva atuação nos clássicos O Espírito da Colmeia e Cría Cuervos.
(La lengua de las mariposas)
Espanha, 1999, 96min, drama
Direção: José Luís Cuerda
Elenco: Fernando F.Gómez, Manuel Lozano,
Uxía Blanco, Gonzalo Uriarte, Alexis de los
Santos
Sinopse: A
relação de um menino com seu professor é alterada pelo início da guerra civil
espanhola. Para o pequeno Poncho
(Manuel Lozano), a vida está apenas começando. Ele entrou na escola, caiu nas
graças do professor dom Gregório
(Fernando F.Gomes), fez amizade com Roque
(Tamar Novas), e, melhor ainda, poderá excursionar com a banda de seu irmão
mais velho, um saxofonista. Mas nem tudo são flores. O pai do garoto e seu
querido professor se envolvem na Guerra Civil Espanhola, transformando em
tristeza a alegria do menino.
– A Língua das
Mariposas traz roteiro baseado em três contos de Manuel Rivas, La Lengua de las Mariposas, Carmiña e Un Saxo na Néboa. O diretor José Luis Cuerda (1947–2020) foi
produtor de vários filmes de sucesso, entre eles Morte ao Vivo e Os Outros,
ambos dirigidos por seu amigo Alejandro Amenábar, que é também compositor e
assinou a trilha musical de A Língua das
Mariposas.
(Juana la Loca)
Espanha, biografia, drama, 2001, 115min, 16
anos
Direção: Vicente Aranda
Elenco: Pilar López de Ayala, Daniele
Liotti e Rosana Pastor
Sinopse: Baseado
na história real de Joana, triste vida da espanhola Joana I (Toledo,
1479–1555), também conhecida como Joana,
a Louca, que foi a Rainha de Castela e Leão de 1504 até sua morte e também Rainha
de Aragão a partir de 1516. A nobre espanhola do século 16 se torna rainha
graças a um casamento arranjado, mas que enlouquece por ciúmes do rei Felipe, o
incorrigível marido mulherengo, até ser destronada e encarcerada.
– Joana, a
Louca, coprodução espanhola com Itália, França e Portugal, foi vencedora de
três prêmios Goya, o mais importante do cinema espanhol, nas categorias de
Melhor Atriz (Pilar López de Ayala), Melhor Figurino e Melhor Maquiagem e
Penteados. Com produção estimada em quase 5 milhões de euros, o filme foi
escolhido para representar a Espanha no Oscar 2002 de Melhor Filme Estrangeiro.
Este filme permaneceu inédito nos cinemas brasileiros, apesar do diretor
Vicente Aranda ter se tornado bastante famoso por aqui, principalmente pelo
tórrido Os Amantes (1991), estrelado
por Victoria Abril, que lotava salas na época da estreia.
(Te doy mis ojos)
Espanha, 2003, cor, 109 min., drama,
idioma: espanhol (legendado), 14 anos
Direção: Icíar Bollaín
Elenco: Laia Marull, Luis Tosar e Candela
Peña
Sinopse: Pilar
decide, em uma noite de inverno, fugir de casa. Ela leva consigo apenas alguns
poucos pertences e o filho. Pilar sabe que seu marido, Antonio, irá procurá-la,
o que a deixa apavorada.
– Pelos Meus
Olhos é baseado no curta-metragem Amores
que Matan (2000), da mesma diretora, Icíar Bollaín, o longa manteve Luis
Tosar em seu papel, enquanto Elisabeth Gelabert fez um papel menor, como amiga
da nova atriz principal, Laia Marull. O filme ganhou o prêmio Goya de Melhor
Filme, Melhor Roteiro, Melhor Direção, Melhor Ator (Luis Tosar), Melhor Atriz
(Laia Marull), Melhor Atriz Coadjuvante (Candela Peña) e Melhor Som.
(El secreto de sus ojos)
Espanha/Argentina, 2009, 129min, Drama, 16
anos
Direção: Juan José Campanella
Elenco: Ricardo Darín, Soledad Villamil,
Pablo Rago
Sinopse: Após
trabalhar a vida toda num Tribunal Penal, Benjamín Espósito se aposenta. Seu
tempo livre o permite realizar um sonho longamente postergado: escrever um
romance baseado num acontecimento que vivera anos antes. Em 1974, foi
encarregado de investigar um violento assassinato. A Argentina entrava num
ciclo de extrema violência política e a investigação colocou em risco sua vida.
Ao escavar velhos traumas, Benjamín confronta o intenso romance que teve com
sua antiga chefe, assim como decisões e equívocos passados. Com o tempo, as
memórias terminam por transformar novamente sua vida.
– O Segredo dos Seus Olhos, coprodução entre Espanha e Argentina, grande vencedor do Oscar 2010 de Melhor Filme Estrangeiro (para a Argentina). Esta foi a quarta e mais bem-sucedida parceria entre o astro Ricardo Darín e o diretor Juan José Campanela, ambos argentinos, após terem realizado juntos os belíssimos O Mesmo Amor, A Mesma Chuva (1999), O Filho da Noiva (2001) e Clube da Lua (2004).
(Vivir es Fácil com los Ojos Cerrados)
Espanha, 2013, cor, 108min,
Aventura/Comédia,
Direção: David Trueba
Elenco: Javier Cámara, Natalia de Molina,
Francesc Colomer
Sinopse: Nos
anos 1960, Antonio é um professor de Inglês fã dos Beatles cujo sonho é
conhecer o ídolo John Lennon. Para isso, ele parte em uma viagem. No caminho,
conhece dois jovens com quem troca experiências que vão mudar sua vida.
– Viver é
Fácil Com os Olhos Fechados, longa escolhido para representar a Espanha no
Oscar 2015 de Melhor Filme Estrangeiro. O filme foi vencedor de 6 prêmios Goya,
o mais importante do cinema espanhol: Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor
Roteiro, Melhor Ator (Javier Cámara), Melhor Atriz Revelação (Natalia de
Molina) e Melhor Música Original (Pat Metheny). O diretor e roteirista David
Trueba é autor do premiado roteiro de Os
piores Anos de Nossas Vidas (1994), uma comédia de grande sucesso
internacional, lançada em amplo circuito nos cinemas brasileiros.
Maria (y los demás)
Espanha, 2016, 90min, Comédia
Direção: Nely Reguera
Elenco: Bárbara Lennie, José Ángel Egido e
Pablo Derqui
Sinopse: María
é uma mulher de 35 anos que se sente fora de si mesma e sua vida não coincide
com a sua idade, mas em vez de tentar mudar esta situação, decide fugir e
inventar desculpas. Os medos conseguem dominá-la e, portanto, não avança na
vida e permanece estagnada.
– Maria (e os
outros), inédito nos cinemas brasileiros e indicado ao prêmio Goya, o mais
importante do cinema espanhol, nas categorias de Melhor Direção e Melhor Atriz
(Bárbara Lenine), este é o primeiro longa da diretora Nely Reguera, que foi
assistente de direção de Perfume: A
História de um Assassino, de Tom Tykwer, adaptado do best-seller de Patrick
Süskind. A atriz espanhola Bárbara Lennie, que interpreta o papel-título,
também foi protagonista de Uma Espécie de
Família (2017), filme com coprodução brasileira.
Espanha, 2017, documentário, 86 minutos,
livre
Direção: Felix Viscarret
com Carlos Saura Medrano, Antonio Saura,
Shane Saura Chaplin
Sinopse: O
filme é o lindo resultado de um esforço do diretor Félix Viscarret em fazer um
retrato íntimo do lendário cineasta espanhol Carlos Saura, mas o próprio Saura
– que não gosta de falar de seu passado –, deixa as mais preciosas revelações
por conta dos seus sete filhos.
– Saura(s),
indicado ao prêmio Goya, o mais importante do cinema espanhol, na categoria de
Melhor Documentário, permanece inédito nos cinemas brasileiros. O diretor Felix
Viscarret presta uma belíssima homenagem a Carlos Saura, que sempre será
lembrado como um dos maiores cineastas espanhóis de todos os tempos, autor de
obras-primas como Cría Cuervos
(1976), Bodas de Sangue (1981) e Carmen (1983), premiado no Festival de
Cannes e indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.
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