quinta-feira, 24 de maio de 2012

Crítica: Homens de Preto 3



No final do século passado, mais precisamente há 15 anos, os humanos crédulos e ou incrédulos finalmente tiveram a chance de conhecer os lendários Homens de Preto, que apavoram ufólogos profissionais e amadores, desde a década de 1940, em todo o mundo onde os ETs botam os pés, patas ou tentáculos. Eles são mais comuns nos EUA, lugar preferido de 9 em cada 10 ETs vindo espaço sideral e de algumas partes da Terra. Se bem que esses últimos só são tratados como ETs, mas não chegam a ser uma grande ameaça..., ou não eram até um certo 11 de setembro.

Enfim, lá na terra do Tio Sam os misteriosos Homens de Preto são conhecidos pela sigla MIB (Men in Black) e são mais vaselina que qualquer militar da Área 51. Também, não é para menos, a sua agência é muito mais sofisticada e está muito bem instalada, mesmo que disfarçada, no coração de Nova York. Quanto aos Homens de Preto em “ação” no Brasil, por exemplo, eles são constantemente confundidos com os leões de chácara de boates e assemelhados, segurança de parlamentares, celebridades e assemelhados..., o que é muito bom para os originais HDP, pois podem agir truculentamente na surdina e, sem despertar suspeita, nos livrar de todo mal que caí dos céus.


Bom, após este descartável prólogo, chegou a hora de falar da volta espetacular dos Homens de Preto estadunidenses que deram o ar da graça em 1997 e depois foram abduzidos. Eles retornaram em 2002, para novamente sumirem do mapa norte-americano e só reaparecer em 2012, cumprindo a promessa de desvelar mais um capítulo da fantástica saga envolvendo humanos e ETs pela soberania do planeta. É claro que sem o aval do governo dos EUA, que nega veementemente a existências de extraterrestes (inclusive) com fluência em inglês americano.

Dirigido pelo mesmo Barry Sonnenfeld, dos MIB anteriores, Homens de Preto 3 (MIB 3, EUA, 2012), novamente ganha o espectador pelo excelente humor (às vezes pastelão) leve, familiar e sem apelos escatológicos, além da ação desenfreada provocada por ETs alucinados. Homens de Preto é, sem dúvida, uma das melhores paródias sobre ETs, mesmo quando parece equivocada (para os mais exigentes) em MIB 2, que (vá lá!) acabou se enrolando na trama, mas revelou o admirável Frank, o cão falante e parceiraço do Agente James ou “J” (Will Smith), enquanto o Agente Kevin ou “K” (Tommy Lee Jones) vegetava nos correios. Homens de Preto 3 chega muito mais divertido e explosivo (?) que seus antecessores.


Baseado no roteiro simples, mas bem amarrado, de Etan Cohen, a comédia de ficção científica gira em torno do acerto de contas entre o vilão Boris, o Animal (Jemaine Clement), um ETs malvadão, com a cara do Danny Trejo (Machete), que quer se vingar do Agente K (Lee Jones), mas acaba tropeçando no decido Agente J (Smith), sempre interessado em saber mais sobre o seu mal-humorado e reservado parceiro. Esse encontro de vida e morte se dá quando Boris volta no tempo para matar o K e o J vai atrás para evitar o assassinato, acreditando que esta pode ser a única oportunidade de realmente conhecer o parceiro e amigo..., e alguns “segredos” do Universo. Quanto ao Frank? Se prestar atenção vai ver que ele está por todo lado, no presente e no passado.

O bacana nessa viagem no tempo é que até na “queda para o passado” tem gags espalhadas pelo caminho. A da Quebra da Bolsa é a melhor. O passado não fica atrás na preconceituosa Nova York de 1969, com seus hippies e “tipos estranhos”, como Andy Warhol (Bill Hader) e o seu famoso estúdio The Factory (A Fábrica) repleto de maluquetes. A garotada desligada talvez nem saiba quem foi Warhol (1928 - 1987), mas isso o Google resolve. Agora, genial mesmo é ver Josh Brolin interpretando o Agente K, aos 29 anos, com todos os trejeitos encarnado por Tommy Lee, e as tiradas do Agente J (parece improviso!) sobre a idade do parceiro e outras considerações. Algumas cenas do passado são espelho do futuro e mesmo que a piada se repita, ela sai diferente. Outra boa sacada é a dos codinomes que, juntos, ganham novos significados: JK, OK etc.


Os ETs (servidos nos restaurantes chineses) são bonitos e divertidos, mas quem rouba a cena, pela ordem, é o desmiolado Boris (que barbariza em 1969, inclusive com ele mesmo) e o angelical Griffin (Michael Stuhlbarg), um alienígena ansioso, de fala rápida (tipo Woody Allen), que “vive” num reino de múltiplas realidades possíveis e está sempre se confundindo com as visões do passado, do presente e do futuro. A grande novidade é a presença de Emma Thompson, no papel de O, ironicamente (uma mulher!) a nova chefe dos MIB, substituindo o misteriosíssimo recém-falecido Zed.

É difícil comentar Homens de Preto 3, com seu clima retrô, sem sentir uma coceirinha na língua para falar de muitos outros detalhes dos achados tecnológicos do roteiro. Mas isso estraga de vez a graça de ver a evolução de toda aquela “parafernália bélica” e também ao filme. Afinal este não é um Titanic e ou Romeu e Julieta que todo mundo sabe como começa e termina e mesmo assim vai ver. Prefiro deixar em aberto, já falei mais do que devia e, acredite, rindo só de lembrar das cenas hilárias do princípio e quase até o fim. Bom, o quase é por conta do que o Agente J descobre sobre o passado do Agente K. A revelação emociona mas, como diz Sonny, personagem no fascinante O Exótico Hotel Marigold: Tudo vai dar certo no final. Então, se não estiver tudo certo, é porque ainda não é o final.

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