Segundo a sinopse, a trama do longa A Busca gira em torno de um médico que cai
na estrada em busca do filho adolescente desparecido e acaba reencontrando o
pai, com quem teria rompido relações..., sugerindo, aí, uma jornada de
autoconhecimento. Segundo o filme, a estrada é apenas um meio de se encurtar a
distância entre o pai, o filho e o avô.
A Busca começa
com um prólogo explorando uma corriqueira (?) discussão em uma família de
classe médica, digo, média. Os médicos Theo
(Wagner Moura) e Branca (Mariana Lima) foram casados por 15 anos e têm um filho, Pedro (Brás Moreau Antunes), pivô da briga. Theo é um típico ex-marido invasivo e pai opressivo. Basta o não
comparecimento do filho a uma entrevista de intercâmbio estudantil e uma
cadeira enviada de presente pelo avô paterno, para despertar a sua fúria e
desvelar que também ele tem (ou teve) problemas paternos. Dias depois, na
comemoração dos 15 anos de Pedro (em
família e sem convidados?), o ex-casal se dá conta de que o garoto desapareceu
e logo fica sabendo que ele fugiu montado em um cavalo. Para não incomodar a
polícia, Theo monta em seu possante e
sai atrás do garoto...
O filme é um drama(lhão) fragmentado (é claro!),
com historietas pouco convincentes e ou provocativas o suficiente para alguma
introspecção (mesmo breve) do
protagonista que caiu na estrada tão somente para encontrar o filho fujão (em
um cavalo) e não para “receber” alguma lição de vida (ou moral). Por mais que a
narrativa force a barra, o motivo condutor é apenas o de encontrar o filho e
não a si mesmo. Curvas, desvios e tropeços no caminho, sim, perigo iminente,
não! Aliás, as pedras-pistas no caminho servem apenas para se alcançar a
metragem (de um longa) ou salientar os tombos da direção e a falta de assunto. Firulas
de ilha de edição!
A história do cavalo pode até lembrar aquela do excelente
filme espanhol A Dançarina e o Ladrão
(2009), mas, se muito, apenas tangencia a sua máxima: La vida és un baile que nunca sabes cómo termina. A estrada por
onde viaja o “desesperado” Theo, em
busca do filho, é bem outra, talvez mais próxima de À
Beira do Caminho (2012). Ao redor do médico o mundo está em ordem, ele
é que está fora do tom, como é clichê em qualquer road movie. Mas não é só o
personagem que está fora de sintonia com a vida interior (em duplo sentido),
Wagner Moura também não parece muito confortável na pele de Theo. Reflexo da mão pesada do diretor Luciano Moura, que se perde nas muitas
encruzilhadas do seu próprio roteiro (de viagem) engasgado com diálogos
inverossímeis.
A Busca (A Busca, Brasil, 2012) propõe uma viagem
redentora do protagonista, que o espectador acompanha com uma expectativa de
resgate que não se cumpre. Como nenhum personagem é plenamente desenvolvido, em
momento algum o gênio explosivo de Theo
e ou a sua animosidade paterna é justificada. Tampouco o roteiro se preocupa em
dar alguma profundidade ao título (A
Busca) que subsistiu ao A Cadeira do
Pai que, excetuando o incidente do prólogo, significa menos ainda. Se é que
alguém (a essa altura) se importa.
Para falar a verdade, o drama (raso) que começa
com uma discussão e termina com um abração, até tem uma mensagem: Falar ao celular e dirigir, ao mesmo tempo, pode
ser fatal. Enfim, quem se sai melhor nessa jornada que se quer
transformadora (pelo menos até o terceiro ato rural) é o carro-merchandising
que protagoniza situações (em diversos pequenos anúncios subliminares) que até
o fabricante duvida. Coadjuvante de estampa, depois de exigido em situações
limites (rodar milhares de quilômetros sem beber uma gota de combustível ou
carregar carga acima do peso), tem um final pouco lisonjeiro. Será que o
fabricante aprovou? Afinal esta é uma viagem que está mais para os desafios de um
auto (móvel) do que para um (auto) conhecimento.
Cara você reclama de todos os filmes!
ResponderExcluir..., só dos ruins, Leona! ..., só dos ruins!
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