As férias estão terminando, mas ainda há um tempinho
para a garotada apreciar a estreia de mais um desenho animado em 3D. Quem chega
querendo aproveitar umas horinhas do verão tropical (com invernicos ocasionais)
sul-americano é a ensolarada animação espanhola: As Aventuras de Tadeo (que no Brasil perdeu (?) o sobrenome Jones). A produção mira no público
infantojuvenil (6 aos 12 anos), e, com um pouco de sorte, deve atingir os fãs dos
caçadores de relíquias Indiana Jones
(do Spielberg) e Lara Croft (do Toby
Gard).
As
Aventuras de Tadeo (Las aventuras
de Tadeo Jones, Espanha, 2012), dirigido por Henrique Gato, é uma surpresa bacana num cenário dominado por
produções norte-americanas. Criado por Gato, como uma paródia a Indiana Jones, o personagem Tadeo apareceu primeiramente em dois
curtas-metragens do diretor: Tadeo Jones
(2005), indicado ao Oscar de melhor curta-metragem, e Tadeo Jones e o Porão da Desgraça (2007), ambos ganhadores de
inúmeros prêmios, entre eles o respeitadíssimo Goya.
Pensado para o mercado internacional (Thaddeus Jones Adventures) a animação, com
roteiro simplório de Verónica Fernández, Jordi Gasull, Neil Landau, Ignacio del
Moral, fica entre a paródia e a homenagem a Indiana
Jones e a Lara Croft. A história gira em torno de Tadeo, um sujeito sonhador e muito curioso que, quando garoto, queria
ser arqueólogo, mas acabou mero pedreiro..., porém, sem deixar de sonhar e
especular sobre “relíquias” que encontra ocasionalmente nos terrenos das obras.
Um dia, por conta de um incidente, ele e
seu inseparável cachorro Freddy, vão
parar no Peru, onde conhecem Jeff, um
mascate de quinquilharias, Sarah,
filha do professor Lavrov, que está à
procura da cidade perdida de Paititi, e Belzoni,
um papagaio mundo. Para Tadeo, que
sempre sonhou em viver grandes aventuras em busca de tesouros perdidos, esta promete
ser a sua grande chance..., isto é, desde que ele e seus amigos não caiam nas
mãos dos piratas de relíquia que querem algo que acreditam estar em seu
poder...
Alguns críticos espanhóis não gostaram (e com
razão?) da nacionalidade norte-americana do personagem protagonista, Tadeo. Bem, cá pra nós, a Espanha tem
mais vivência em invasão de antigos territórios e extermínio de ricas culturas
locais (Incas, Maias, Astecas) do que os norte-americanos. Enfim, nessa
narrativa a história se inverte, mesmo sem formação (profissional) em
arqueologia, Tadeo fará o que puder
para ajudar seus novos amigos a proteger antigos tesouros peruanos das mãos dos
mercadores internacionais de obras de arte.
A pouca originalidade do roteiro (livremente inspirado
nas três deliciosas aventuras de Indiana)
e no desenvolvimento de alguns personagens, como o insuportável e caricato Jeff, é compensada pela eficiência técnica,
incluindo o bom uso de 3D. Acredito que pontos
em comum entre o papagaio mudo (Belzoni)
e o macaco mudo (Sr. Bobo) de Piratas
Pirados é mera coincidência. As
Aventuras de Tadeo não chega a ser um desenho hilário, para um adulto
(acompanhante), mas é bem colorido e o clima pastelão nas perseguições de carro
e de trem, deve prender a atenção e divertir a garotada. A animação tem algumas
sequências muito bem resolvidas e o bonito prólogo é uma das aberturas mais emocionantes
que já vi no mundo da animação.
Assim como quem quer nada, mas querendo o mundo,
a Espanha vem chegando “distraída” com belíssimas produções para o público
adulto, como a indicada ao Oscar: Chico e
Rita, de Fernando Trueba e Javier Mariscal, e ou a grande sensação do AnimaMundi:
Rugas, de Ignácio Ferreras. Já para a
garotada o destaque fica com: Planeta
51 (que sou fã!), de Jorge Blanco, Javier Abad e Marcos Martinez, e o
razoável: O Lince Perdido, de Manuel
Sicilia e Raúl García.
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