Às vezes somos traídos pela memória e levados a acreditar
que o gênero musical anda meio bissexto nas salas de cinema. Mas, nada como o
Google para nos lembrar de que, na última década, pipocaram algumas boas
variações de musicais por aqui: Moulin
Rouge - Amor em vermelho (2001), de Braz Luhrmann; Chicago (2002), de Rob Marshall; Dreamgirls - Em busca de um sonho (2006), de Bill Condon; Hairspray - Em busca da fama (2007), de
Adam Shankman; Across the Universe
(2007), de Julie Taymor; Mamma Mia!
(2008), de Phyllida Lloyd; Sweeney Todd -
O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet (2008), de Tim Burton; Burlesque (2010), de Steve Antin; entremeados
de alguns títulos europeus: 8 Mulheres
(2002), de François Ozon; Canções de Amor
(2007) de Christophe Honoré; Apenas Uma
Vez (2007), de John Carney..., e algumas bobagens juvenis estadunidenses,
na entressafra.
Rock of
Ages - O Filme (Rock of
Ages, EUA, 2012), dirigido por Adam Shankman, é a deliciosa versão de um musical
homônimo, da Broadway, que fala do que de melhor e de pior aconteceu no mundo
rock dos anos 1980. A comédia narra, por meio de hits do rock’n’roll (e suas
variantes: rock pop, pop rock, hard rock, glam metal etc), a romântica história
de Sherrie Christian (Julianne Hough), uma garota ingênua do
interior, e Drew Boley (Diego Boneta), um garotão gente boa da
cidade, que compartilham sonhos e decepções em Hollywood. Eles se conheceram em
1987, na famosa Sunset Strip, em Los Angeles, cidade sempre abarrotada de
artistas em ascensão, em franca decadência e ou ilustres desconhecidos. Ali os
jovens têm que encontrar o próprio caminho ou (se tiverem sorte) pegar um
atalho pelo lendário The Bourbon Room, o clube onde trabalham. A famosa casa de
shows está passando por algumas dificuldades, mas Dennis Dupree (Alec Baldwin),
o proprietário, e Loony (Russel Brand), o técnico de som, acreditam
que uma apresentação de Stacee Jaxx (Tom Cruise), o deus inconstante do rock,
pode ser a solução para que este Templo do Rock’n’roll continue com as portas
abertas para os seus fiéis seguidores.
O roteiro escrito por Justin Theroux, Chris
D’Arienzo e Allan Loeb, baseado no musical, criado por D’Arienzo, traz uma
história clássica (segundo a sinopse que li, sobre o musical da Brodway, com
significativas mudanças) de pessoas comuns que não desistem dos seus sonhos
mesmo quando os sonhos parecem desistir delas. A divertida história é uma viagem emocionante pelo rock
do Def Leppard: Pour Some Sugar On Me,
do Twisted Sister: We're Not Gonna Take
It, do Journey: Don't Stop Believin,
e por baladas como I Wanna Know What Love
Is, do Foreigner, Every Rose Has It's
Thorn, do Poison, e Can't Fight This
Feeling, do REO Speedwagon. Aliás, a hiper-super-mega
romântica down I Wanna Know What Love Is,
do Foreigner, é a responsável por uma das melhores sequências (deliciosamente
erótica, romântica, trash, brega) do filme, envolvendo o infeliz Jaxx (Cruise) e Constance Sack (Malin Akerman), a repórter da Rolling
Stone. As músicas funcionam bem até quando ausentes, como é o caso da Rock of Ages, do Def Leppard, que não
foi liberada para o teatro (e provavelmente nem para o filme), mas que está num
diálogo “chapado” que marca o reencontro de Stacee
(Cruise) e Dupree (Baldwin).
Rock of
Ages - O Filme é uma produção (e que produção!) que trata com
ironia (mas sem perder o humor!) dos bastidores nada glamouroso do showbiz, com
suas estrelas talentosas e ou inventadas, constantemente manipuladas por agentes
ordinários, feito Paul Gill (Paul Giamatti), que vampirizam seus
artistas até a última gota do lucro fácil. É uma comédia divertida e cantante
(para quem viveu aquela época), sem apelos escatológicos e que não subestima a
inteligência de ninguém. Tem uma boa dose de safadeza rock’n’roll e chega a ser
maldosa (?) com os fãs das (hoje) abomináveis boy bands que faziam a alegria da meninada naquele fim de década. Não
sei se “maldosa” é a palavra correta, não importa, a verdade é que as cenas com
os garotos são hilárias. Acredite, nunca mais você vai ver os adolescentes e suas
bandas pop da mesma maneira.
O musical tem um bom elenco de coadjuvantes de
luxo afinados com o humor escrachado e ou fetiche (este é o melhor!) e afinados
com as (loucas) canções. Quem um dia imaginou ouvir Tom Cruise cantando (e
bem!) rock e ou qualquer coisa? Já os protagonistas, atores-cantores, estilo
High School, para adolescente se apaixonar, se não empolgam, também não chegam
a decepcionar os mais velhos que querem mais é saber de rock’n’roll (básico,
grudento, e daí?) e seus riffs
fantásticos, na cabeça. Quer mais é cantar junto e sem culpa de ser feliz e de
gostar e ou ter gostado daquela música até hoje (revisitada) e em mutação. Quem
resistir ao: We built this city, we built
this city on rock an' roll…, do Starship, que quebre o primeiro bolachão.
Bem, sei lá, em se tratando de música, sempre tem
aqueles conservadores crentes de que o rock é coisa do Demônio, como imagina a obcecada
vilã Patricia Whitmore (Catherine Zeta-Jones), a primeira-dama
de Los Angeles. E ficaria ainda mais horrorizada se ouvisse o Rauzito exorcizando
os carolas com o seu Rock do Diabo: O Diabo
é o pai do rock! / O Diabo é o pai do rock! / Então é very god rock! / O Diabo
é o pai do rock! / Enquanto Freud explica / O Diabo dá os toque...
Opa, vamos ver isso aí! (Se passar por aqui, bem entendido...) Joba, valeu a visita no arquivos críticos! Ando meio sumido, inclusive de lá, porque tenho trabalhado muito. Nem disse que também não engoli o último (tomara!) Batman do Nolan. Isso que dá não ouvir conselho do Joba, re re... Abração!
ResponderExcluirOlá, Ravel. Rock of Ages é um musical básico e divertido, apenas isso. É aquela (batida) história clássica (de sempre)..., mas tem um monte de música grudenta que faz você nem se importar com o roteiro despretensioso. Pode ser totalmente esquecível depois, mas é safado, engraçado (na hora) e, claro, que não deve ser levado tão a sério.
ExcluirQuanto ao bomba'tman...
Abs.
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