Uma boa comédia depende do estado de espírito de
quem a faz e de quem a assiste. Basta um descuido no script para o roteiro
desandar. Basta o lugar comum do argumento para o cinéfilo se chatear. Gostar
de O Ditador, de Sacha Baron, ou dos
ditadores reais, é mais uma questão de ponto de vista (crítico) do que de gosto
(discutível).
O
Ditador (The Dictator,
EUA, 2012), dirigido por Larry Charles,
é uma comédia sobre a tresloucada visita do famigerado Almirante General Aladeen (Sacha
Baron Cohen), ditador de Wadya, uma nação norte-africana, aos Estados
Unidos, para discursar na ONU e (tentar) escapar das sanções econômicas impostas
pelo governo norte-americano ao seu (miserável) país, que purifica o urânio
apenas para “fins pacíficos e medicinais”. Em Nova York o nefasto Aladeen vai descobrir que o seu Tio Tamir (Ben Kingsley), que é o seu Chefe da Polícia Secreta, Chefe de
Segurança e Negociante de Mulheres, esconde alguns trunfos nas mangas, e que Zoey (Anna Faris), uma ativista americana, pode lhe ensinar um algo a mais
sobre o prazer sexual.
A premissa de que estamos diante de um choque cultural,
capaz de fazer voar farpas para todos os lados, é um ledo engano. A promessa de
uma crítica ferina, principalmente aos regimes políticos, não se concretiza. O
discurso irônico e sagaz, que sugeria novidade e catapultava os politicamente incorretos
Borat e Brüno,
esvaziou-se em O Ditador, sinalizando
cansaço da fórmula (para quem busca alguma novidade!). Para onde foi o prólogo
promissor? A esperada diversão, calcada no excesso de grosserias e vulgaridades
(clichês), típicas das produções cinematográficas do premiado roteirista,
performer e criador de Ali G, Baron
Cohen, se perde no caminho da previsibilidade.
Passando ao largo da paródia, e com as piadas
(de sempre?!) racista, sexista, políticas e outras degenerações requentadas (caducas
para quem busca novidade!), O Ditador se
torna enfadonho ainda aos trinta minutos iniciais. No entanto, pode ser um
prato cheio (de quê?!) para o público jovem que ri (?) de tudo, até mesmo de alguma
insinuação escatológica que ele já ouviu e depois viu trocentas vezes em
“comédias besteirol” (última moda em Hollywood e no Brasil). Se bem que a
gargalhada final parece não chegar nem para quem ri por último.
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