quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Crítica: Outback - Uma Galera Animal



Nos últimos anos a Coréia do Sul tem sido o destino de muitos realizadores estrangeiros de animação (para reduzir custos), inclusive brasileiros. Por alguns filmes que nos chegam parece estar valendo a pena. A cada novo desenho (terceirizado e ou em parceria) percebe-se um maior domínio técnico. Vale ressaltar que a Coréia do Sul tem alguns belíssimos exemplares, em produções próprias, como, por exemplo, Oseam.

Outback é uma região “no meio do nada” na Austrália, o equivalente ao sertão brasileiro, inóspito e longe de tudo. É ali que vamos encontrar a Galera Animal, do título: Coalas, Dingos, Tilacino ou tigre da Tasmânia, Diabo da Tasmânia, Macaco, Avestruz, Wombats (um roedor gigante), Lagartos, Crocodilos, Cangurus, Abutres... A história começa com um fantástico voo de reconhecimento sobre Outback, até encontrar o anti-herói Johnny, um simpático coala que está sendo expulso de um território de eucalipto só porque é albino. Confuso e sem ter para onde ir, encontra os espertalhões Hamish, um Diabo da Tasmânia, e Higgens, um macaco fotógrafo, que propõem a ele trabalhar num circo. Porém, o que parece ser uma boa ideia acaba se tornando um grande problema.  Ou melhor, o começo de uma saga, repleta de perigo, onde o desajeitado coala se vê bancando o herói, em meio a uma briga por água, numa região dominada pelo brutamontes Bog, um imenso crocodilo.


Outback - Uma Galera Animal (The Outback, Coréia do Sul, EUA, 2012), dirigido Kyung Ho Lee, é uma animação suavemente colorida e chama a atenção pelos estranhos tons pastel na caracterização de alguns animais. O alvo é a criançada (dos 6 aos 12 anos), mas não chega a ser uma tortura para os acompanhantes mais velhos, desde que entrem no clima infantil da trama. O roteiro é simples, e o pequeno espectador não terá nenhuma dificuldade em distinguir quem é quem e ou mesmo acompanhar a narrativa. Na verdade o roteiro é simples até demais e pouco original na adaptação de uma história já vista, com alguma variação, na interpretação de outros animais..., quer dizer, nem tão outros assim, em várias animações de sucesso. Se bem que não há nenhum demérito em se recontar bem uma história (mesmo batida).

Geralmente um longa de animação, dependendo da técnica utilizada, leva uns quatro anos para ser finalizado e distribuído. Daí, talvez, as coincidências (?) de roteiro, personagens e sequencias. Assim, se a história de Johnny, o improvável herói (de ocasião), lembra a do Rango (2011), o circo logo nos remete a Madagascar 3: Os Procurados (2012). Agora, o que impressiona mesmo é a semelhança entre as cenas de combate dos Wombats (principalmente em asa delta) de Outback e dos roedores de Era do Gelo 4 (2012) que, por sua vez, lembra as dos fofos Ewoks em Star Wars Episódio VI: O Retorno de Jedi, 1983). Coincidências (ou não) à parte, o que está ficando cada vez mais difícil de engolir é a humanização excessiva dos animais selvagens. A cada animação os bichos aparecem mais civilizados que o próprio homem civilizado, absorvendo até mesmo as suas (discutíveis) idiossincrasias... Pode até ser engraçadinha a brincadeira com os super-heróis, mas é totalmente deslocada (ou seria tresloucada?).


Outback - Uma Galera Animal deve agradar e divertir as crianças mais pela curiosa fauna australiana, do que pela edificante e simplória narrativa, com suas mensagens educativas (sutis ou explícitas) sobre preconceito, amizade, poder, liberdade, heroísmo... Apesar de começar falando do abandono do coala (Johnny) à própria sorte, a narrativa evita o dramalhão e, sem se furtar ao assunto, trata de conquistar o público infantil trabalhando a trama de forma mais leve, misturando ação, aventura, música, dança e humor, num ritmo propício aos pequenos. O que quer dizer que um acompanhante mais velho vai se entusiasmar e achar alguma graça, lá pelo meio ou quase perto do final. Ou não, depende muito do seu estado de espírito e companhia. A dica é dar folga ao racional e levar somente o emocional para a sala de cinema.

Este é um filme de poucas novidades, para um cinéfilo, e nada memorável. Tecnicamente é até bem resolvido e o 3D é apenas um capricho (desnecessário) a mais.

fotos: divulgação

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