por Joba Tridente
Sabe-se lá porque (?) Hollywood continua convencendo premiados diretores europeus a realizarem remakes de filmes europeus. Será uma espécie de vestibular? Em 2010, ao comentar sobre o filme Chloe - O Preço da Traição (Chloe - EUA, Canadá, França, 2009), dirigido por Atom Egoyam, refilmagem de Natalie X, (Natalie..., França, 2003), de Anne Fontaine, eu escrevi: “A refilmagem é o “gênero” mais difícil pra um diretor de cinema. Se é sua a iniciativa de refilmar (o que duvido!) é porque não gostou de algo na direção do filme alheio e acha que pode fazer melhor. Muita pretensão! Se o interesse é do estúdio, parece que o diretor escolhido pra tal proeza (mesmo que tenha feito bons filmes) ainda não tem competência pra autoria. Ou seja, continua de segunda! Um diretor que “cai” nessa, sempre corre o risco de encontrar um espectador que viu o filme original e fará inevitáveis comparações, raramente pra melhor.”
Sabe-se lá porque (?) Hollywood continua convencendo premiados diretores europeus a realizarem remakes de filmes europeus. Será uma espécie de vestibular? Em 2010, ao comentar sobre o filme Chloe - O Preço da Traição (Chloe - EUA, Canadá, França, 2009), dirigido por Atom Egoyam, refilmagem de Natalie X, (Natalie..., França, 2003), de Anne Fontaine, eu escrevi: “A refilmagem é o “gênero” mais difícil pra um diretor de cinema. Se é sua a iniciativa de refilmar (o que duvido!) é porque não gostou de algo na direção do filme alheio e acha que pode fazer melhor. Muita pretensão! Se o interesse é do estúdio, parece que o diretor escolhido pra tal proeza (mesmo que tenha feito bons filmes) ainda não tem competência pra autoria. Ou seja, continua de segunda! Um diretor que “cai” nessa, sempre corre o risco de encontrar um espectador que viu o filme original e fará inevitáveis comparações, raramente pra melhor.”
O diretor da vez é o alemão Florian Henckel von Donnersmarck, vencedor do Oscar de filme estrangeiro por A Vida dos Outros (Das Leben der Anderen, Alemanha, 2006), que, ironicamente, já estava nos planos de Sydney Pollack (1934 - 2008) para um remake americanalhíssimo. Pois bem, Florian Henckel foi incumbido (intimado?) de refilmar Anthony Zimmer: A Caçada (Anthony Zimmer, França, 2005), de Jerôme Salle. O resultado pode ser visto na superprodução O Turista (The Tourist, EUA, França, 2010). Um filme que, trocadilhos à parte, é realmente (ou tão somente) uma viagem de puro glamour. A elegância do elenco impressiona, mas o deslumbrante figurino de Angelina Jolie, criado por Colleen Atwood, é digno de Oscar.
Angelina Jolie (que nunca esteve tão linda) é Elise Clifton-Ward, uma estranha mulher que chama a atenção por onde passa (ou melhor, desfila) cumpre religiosamente as “ordens” que recebe através de bilhetes. Numa luxuosa viagem de trem, entre Paris e Veneza, ela se insinua para o americano Frank Tupelo (Johnny Deep), um profesor de matemática, que (como todos os homens que a vêem) acaba magnetizado por ela. Mal sabe ele que acabou de ser fisgado para o centro de uma história onde as aparências enganam.
O Turista é um filme que está muito mais próximo do cinema europeu do que americano. É bom ressaltar que tem um ritmo (lento) que o espectador dos explosivos e sanguinários filmes policiais americanos não está acostumado a ver (e não vai gostar). Mas, pelo clima de romance, pode agradar ao público feminino que odeia filme de (muita) ação e (muita) violência. A sua narrativa é despretensiosa e se desenrola sem pressa, como se o tempo fosse mero detalhe. Às vezes dá a impressão de se espelhar nos canais venezianos, que vão para todo e nenhum lugar, ou que vai emborcar, mas acaba encontrando prumo.
Pra quem já se cansou de ver filme policial com gente, carro, trem, avião, barco etc, explodindo, este thriller, pra lá de romântico, pode ser uma alternativa. A trama, que parece um misto de Sidney Sheldon (1917 - 2007) e Raymond Chandler (1888 - 1959) com Barbara Cartland (1901 - 2000) e Nora Roberts, tem suspense, desejo, mistério, paixão, em uma curiosa sofisticação de literatura barata. E aqui não há nenhum demérito ao sofisticado das livrarias e ao barato das bancas de revista. A fotografia de John Seale e a primorosa direção de arte de Jon Hutman são puro requinte. A estética pode até esconder alguma falha ou simplicidade do adocicado roteiro, mas funciona.
É como diz um Aforismo de Oscar Wilde: As coisas das quais temos absoluta certeza nunca são verdadeiras. Esta é a fatalidade da fé e das coisas que nos são ensinadas pelo romance. (em tradução de Mario Fondelli - CEN)
Não vi ainda "O Turista", mas vou ver. Agora quando a análise a refilmagem eu discordo em parte. O remake também pode ser motivado para que aquela história chegue a um público maior, já que sabemos que o americano não gosta de ler legendas. Às vezes refilmagens podem render bons filmes, mas via de regra não. Remake é como casar com uma viúva, por melhor que você seja o falecido vai ser sempre melhor.
ResponderExcluirOlá, Antunes.
ResponderExcluirVá com calma ver O Turista.
Ou seria O Fetiche?
Não exija muito..., apenas curta os detalhes.
Boa viagem!
Abs.
T+
Joba
Enfim assisti ontem ao filme. Não é genial, mas funciona. O público que quase lotava a sessão adorou. Eu? Mais ou menos. O roteiro parece ser superior ao resultado final. Johnny Deep tá no piloto automático e Angelina Jolie desfila pela tela. Mas como espetáculo é muito superior a xaropadas tipo "A Morte e a Vida de Charlie" e "Além da Vida".
ResponderExcluirOlá, Antunes.
ResponderExcluirAo menos gostou do desfile de Jolie?
Não acho que Morte e Vida de Charlie e
principalmente Além da Vida sejam xaropadas.
Mas, gosto é gosto.
Abs.
T+
Joba
Gostei da Jolie e do desfile dela, sim senhor!
ResponderExcluirJoba assista ao Biutiful do Iñarritu. É muito bom! Fantástico! Duas horas e meia que você nem vê passar. Javier Bardem merece ganhar um Oscar pela interpretação. Iñarritu consegue fazer o seu melhor filme, mesmo sem ter mais o Guilhermo Arriaga.