West Side
Story
por Joba Tridente
Quando o espectador tem um filme de estimação e ouve falar que será refilmado, trêmulo pergunta: “Por quê? O quê há de errado com ele? Bem, acontece que, por mais agradável que o filme em questão seja e por mais que a sua trama continue à frente das tramas (assemelhadas) dos filmes atuais, quando um produtor e diretor de renome bota na cabeça que vai refazê-lo e ponto, mais hora menos hora acaba refilmando mesmo. Então, ou dá a (sua) cara nova à cara velha ou quebra a (sua) cara.
Ainda sem saber o que esperar, quando o diretor Steven Spielberg anunciou que iria dirigir uma nova adaptação do clássico musical West Side Story (Amor, Sublime Amor), muita gente ficou de orelha em pé. Passado o susto, a boa notícia é que, mesmo com algumas mudanças e/ou ajustes, Spielberg não deve decepcionar os seus fãs e nem os fãs da obra cinematográfica dirigida por Robert Wise, em 1961, e que arrebatou dez Oscars e três Globos de Ouro. Se a nova versão vai chegar lá..., aí é outra história.
“No soy Americana, soy puertorriqueña!”
Em um cenário, o desdobramento das desavenças por
território (em vias de desapropriação) entre os brancos norte-americanos
extremistas da gangue Jets, liderada
por Riff (Mike Faist) e os irredutíveis morenos porto-riquenhos da gangue Sharks, comandados por Bernardo (David Alvarez). Em outro, o conturbado amor à primeira vista arrebatando
a romântica Maria (Rachel Zegler), irmã de Bernardo, e o sonhador Tony (Ansel Elgort), recém-saído da prisão. Tony já fez parte da turma malvada de Riff, mas agora quer sossego e uma vida melhor, trabalhando na loja
de Valentina (Rita Moreno, que mereceu o Oscar,
na pele de Anita, em 1961), que já
foi de Doc, na versão de Wise. Acontece
que o esquentado e superprotetor Bernardo,
que vive com Anita (Ariana DeBose), não quer nem pensar no
envolvimento da jovem Maria com Tony, pois já arranjou um namorado para
ela, o seu amigo Chino (Josh Andrés Rivera).
O maior mérito de Spielberg na visita ao West Side Story, possivelmente, está no elenco. Ao contrário da versão Wise..., em que, excetuando (sabe-se lá o porquê) a branca Natalie Wood/Maria, grande parte do elenco que representava os porto-riquenhos tinha a face pintada de marrom (bronze envelhecido), salvando-se original no protagonismo, só Rita Moreno/Anita..., ele escalou atores e atrizes latinos. E mais, provoca o espectador ao manter diálogos fluindo entre o inglês e o espanhol e sem legendas (também nos EUA). Por essa os nacionalistas estadunidenses (que odeiam filme legendado) não esperavam.
Quanto às mudanças mais notáveis, os amantes da versão de Wise talvez se incomodem com a estranha caracterização da personagem Anybody (Ezra Menas) que, de uma adolescente moleca, nada mais que uma garota rebelde que andava no meio dos garotos malvadões da gangue Jets, no remake vira um homem trans (?) grandalhão e humilhado. A mudança mais assimilável, sem dúvida, é a da personagem de Rita Moreno (a Anita de Wise), que volta muito bem à cena, no papel de Valentina (a esposa de Doc), criado especialmente para ela e com direito a interpretar a bela e melancólica Somewhere (There's a Place For Us). É óbvio que estas mexidas só serão percebidas (e julgadas) por quem conhece o filme de Wise, de 1961.
Trailer: Aqui
NOTA: As considerações acima são pessoais e, portanto, podem não refletir a opinião geral dos espectadores e cinéfilos de carteirinha.
Joba
Tridente: O
primeiro filme vi (no cinema) aos 5 anos de idade. Os primeiros
videodocumentários fiz em 1990. O primeiro curta-metragem (Cortejo), em
35mm, realizei em 2008. Voltei a fazer crítica em 2009. Já fui protagonista e
coadjuvante de curtas. Mas nada se compara à "traumatizante" e
divertida experiência de cientista-figurante (de última hora) no “centro
tecnológico” do norte-americano Power Play (Jogo de Poder,
2003), de Joseph Zito, rodado aqui em Curitiba.
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