Uma Aventura Lego
por Joba Tridente
Quem consegue resistir aos convidativos tijolinhos Lego? O brinquedo de encaixe, criado nos anos 1930, pelo dinamarquês Ole Kirk Christiansen, e lançado no Brasil na década de 1980, é um dos mais populares em todo o mundo. Seus fãs clubes são formados por crianças e adultos que, além de cenários e objetos fantásticos, fazem mirabolantes versões, em curta metragem, de filme como Star Wars, Batman, Matrix.
Segundo a Wikipédia, o nome LEGO vem da união de
duas palavras dinamarquesas: “leg
godt”, que quer dizer: "brincar
bem". Não há dúvidas de que o colorido brinquedo aguça a criatividade de
qualquer pessoa. Porém, o que esperar de um longa-metragem inspirado no
Universo Lego? Apenas uma longa publicidade do produto? Ledo engano! É claro
que o filme vende o conceito “brincar bem”,
mas, acredite, a animação Uma Aventura
Lego (Lego Movie, Austrália, EUA,
Dinamarca 2013), escrita e dirigida por Phil
Lord e Chris Miller, é tão desconcertante
e maravilhosamente criativa que, como se dizia antigamente: se melhorar estraga.
Tudo bem, 2014 só está começando, com destaque para
duas grandes produções: Frozen,
animação musical da Disney (inspirada apenas no título do conto A Rainha da Neve, de Andersen), que
nasceu pronta para os palcos da Broadway, e O
Menino e o Mundo, a bela animação brasileira dirigida por Alê Abreu. Há
grandes promessas do gênero para o resto do ano, mas não vai ser fácil superar o
impacto visual e narrativo do anárquico Uma
Aventura Lego em 3D.
Antes de mais nada, quanto menos você souber do
enredo, mais divertido será embarcar nessa viagem amalucada de monta e desmonta
tijolinhos, por isso serei breve: Emmet
é um ingênuo operário de construção, acostumado a seguir as regras de uma
manual de instruções cotidianas, como qualquer cidadão local. É um carinha
feliz, que vive feliz em Bricksburg, onde os dias se repetem iguais nas
construções e demolições e nos (horríveis!) programas de humor na TV. Numa certa
tarde de felicidade plena, ele, que nunca pensou fora da caixinha, se descobre
peça-chave (ou tijolinho de resistência) de um plano capaz de por fim a tanta
alegria. Aí começa, a todo vapor, a louca aventura desse simpático anti-herói.
Repleto de personagens dos mais diversos
universos, todos plenamente identificáveis (e com importância na trama!), é
difícil saber quem rouba a cena de quem. Pulando de uma plataforma para a
outra, como se em um grande game (o que lembra o delicioso Detona
Ralph), com seus diversos níveis de dificuldade, estão a rebelde Mega Estilo, o indefectível Batman (com seu pretinho básico), o antiquado
Spaceman, os super-heróis Lanterna Verde e Superman (entre outros), o místico Vitruvius, o perverso Senhor
Negócios, a “doce” gata-unicórnio UniKitty,
o duas caras Policial Mal/Policial Bom...
Essa mistureba toda será muito bem justificada no final da divertida saga, que não
perde nem o ritmo e nem o rumo da história que tem argumentos mais do que
suficientes para agradar as crianças e os adultos.
Uma Aventura
Lego
é uma inspiradíssima comédia de ação que já nasce clássica. A paródia não dá
trégua um minuto sequer. Em meio ao nonsense
e ao humor pastelão, que roça no universo cinematográfico, esportivo, literário...,
há uma piada que (possivelmente) terá outro sabor para os fãs de HQs, desde que
de boa memória. Ou não! Até a música-tema chiclete é achincalhada em cena. A
animação impressiona muito pelo seu colorido e técnica de desenvolvimento das
personagens. O movimento das peças no cenário, que vai se transformando cena a cena (o mar é de cair o queixo!), é tão
perfeito que faz a gente pensar que é stop
motion e não CGI (Computação Gráfica). Enfim, uma brincadeira inteligente que faz valer o 3D. Ah, sugiro que espere até que os créditos
finais comecem a subir, para apreciar um pouco mais o trabalho primoroso com os tijolinhos coloridos.
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