sábado, 22 de fevereiro de 2014

Crítica: Justin e a Espada da Coragem


Com o mercado da animação em crescimento, não está nada fácil conseguir uma história original. Na verdade não está fácil nem na ficção (inclusive científica!). Mesmo assim, é admirável o esforço de se produzir desenho animado fora dos EUA.

Justin e a Espada da Coragem (Justin y la Espada del Valor, Espanha, 2013,), com direção de Manuel Sicilia (O Lince Perdido), é o segundo longa-metragem da Kandor Graphics. A história, estilo cavaleiros medievais (capa e espada), com algumas referências (A Espada Era Lei, de 1963; Fúria de Titãs, de 1981), acompanha a saga do magriça Justin que, vivendo num reino tomado pela burocracia, onde há lei para tudo e justiça para poucos, prefere seguir os passos do avô Sir Holand e se tornar cavaleiro, do que a determinação do pai e se tornar advogado.


Justin é o tipo padrão do herói improvável: adolescente fracote, desajeitado, tímido, romântico etc etc. Ele precisará conhecer a si mesmo, antes de provar aos monges-mestres Blucher, Legantir e Braulio, que reúne os requisitos para se tornar um cavaleiro, empunhar a Espada da Coragem e enfrentar o vilão e ex-cavaleiro Sir Heraclio. Não é preciso ser gênio para saber os caminhos que o jovem tomará e o resultado da sua jornada, incluindo interesse romântico.

Obviedade é o que não falta aos personagens que fazem exatamente aquilo que se espera (?) que façam. Alguns até que poderiam render (mago duas caras, falso cavaleiro), não fosse o clichê ou a necessidade (?) de seguir a cartilha da grande maioria dos filmes (animados ou não) realizados em todo mundo. Há uma dose razoável de ação e aventura..., mas não parece satisfazer plenamente o espectador mais adulto, acostumado com o ritmo hollywoodiano. 


Excetuando o “susto” de umas duas (?) tonterias: laptop (?) e controle de video-game (?), a narrativa é bastante linear (previsível), afinal o público alvo é a criançada dos 7 aos 12. Bom, dependendo da criança, ela pode até se sentir subestimada pelo roteiro simplório de Matthew Jacobs e Manuel Sicilia. O humor não é hilário (muita coisa geralmente se perde na tradução e dublagem), mas deve agradar a garotada, principalmente o (divertido!) dragão-crocodilo em excelente sequência numa aula de treinamento. A mensagem? É fácil: perseverança!

Tecnicamente, Justin e a Espada da Coragem é muito bom. Nota-se o cuidado na paleta de cores, tratamento de tecidos, arquitetura dos belos e convidativos castelos. Uma sequência em especial é de encher os olhos: a história dos cavaleiros narrada através de primorosos recortes de tapeçaria bordada. A decisão das músicas cantadas em inglês (sem legenda!), na versão dublada em português, me pareceu equivocada. Mas sei que é algo que não incomoda a maioria dos espectadores mirins. 


A Kandor, dos excelentes curtas: La Dama y La Muerte e El Corazón Delator, ainda não conseguiu acertar 100% nos longas, o pré-adolescente Justin e a Espada da Coragem, assim como o infantil O Lince Perdido, são animações medianas (num mercado repleto de obras-primas), mas acredito que seja apenas uma questão de tempo até encontrar o enredo perfeito. Os grandes estúdios, bem sabemos, também não acertam sempre.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...