terça-feira, 8 de maio de 2012

Crítica: Piratas Pirados!



O cinema tem dessas coisas, quando se pensa que nada mais pode esperar de um tema esgotadíssimo, como o de piratas, é surpreendido pela melhor paródia do gênero nos últimos anos: Piratas Pirados.

Piratas Pirados (The Pirates! Band of Misfits, EUA, Reino Unido, 2012) é mais uma divertidíssima animação stop motion (do estúdio Aardman) dirigida por Peter Lord (A Fuga das Galinhas). Baseada no excelente roteiro e no livro The Piratas! In an Adventure With Scientists, de Gideon Defoe, a trama (com muita ação pastelão) fala da desventurada venturosa vida do pirata Capitão Pirata e seu inabalável desejo de ser eleito (pelo menos uma vez!) o Pirata do Ano. Como ser uma celebridade tem lá o seu (alto!) preço, ele e a sua tripulação praticamente inepta (composta pelo o ponderado Pirata de Echarpe ou Número 2; o ingênuo Pirata Albino; a parruda mascote Polly; o velho Pirata da Gota; o (nada?) misterioso Pirata Curvilíneo com a “sua” barba ruiva; o multifuncional Pirata com Próteses) acabam se metendo em hilárias confusões, na tentativa de conseguir a maior pilhagem já vista nos sete mares e desbancar os premiáveis piratas de sempre: Black Bellamy e Cutlass Liz.


Nessa viagem em busca de ouro e fama, o vaidoso Capitão Pirata vai conhecer e arranjar um jeito de se livrar do solitário choramingas Charles Darwin (sequestrado do HMS Beagle), do seu serviçal “homempanzé” Sr. Bobo (Eu achei que dando a um macaco um monóculo e cobrindo a sua enorme buzanfa, ele deixaria de ser um símio e se tornaria um... “homempanzé”, digamos.), e da pérfida Rainha Vitória (Sinto ódio daquelas cantorias ridículas, dos seus chapéus ridículos e daqueles malditos rosnados intermináveis! Quero que os afunde, almirante. Estraçalhe. Esmague. Alimente-os aos tubarões! Ouviu bem? EU ODEIO PIRATAS!), todos interessados no papagaio Polly, o mascote do navio. Darwin quer provar que o papagaio é um “extinto” pássaro Dodô e ganhar o prêmio Cientista do Ano e a Rainha Vitória quer provar uma coisa mais substanciosa e ganhar o reconhecimento dos estadistas participantes do Rare Creatures Dining Club. Quanto ao Sr. Bobo, bem, ele não é levado a sério.

A saga dos azarados piratas, carregada de nonsense (Londres é a cidade mais romântica do mundo!), não subestima a inteligência de ninguém. Muito pelo contrário, aguça ainda mais com as “dicas” espalhadas em cada sequência. Se o espectador ficar esperto (é difícil perceber todas na primeira vez!) vai começar a rir antes da piada ser contada (atenção ao navio remendado com sobras de outros navios!). Um recurso também explorado (pela mesma esquipe) na fantástica animação Operação Presente, de 2011. A Conferência Anual dos Cientistas da Royal Society é antológica. Um misto de Irmãos Marx com Os Muppets.


A comédia, codirigida por Jeff Newitt, aposta no tradicional humor absurdo britânico e não deixa velhas e novas celebridades (escritores, personagens, cientistas, geógrafos, artistas, compositores) fora dos seus sete mares de satirização. Sobra até para o Homem Elefante, Jane Austen, Shakespeare e Elvis Presley. Nenhum dos “retratados” sai incólume desse mar salgado de doces tolices. Piratas Pirados que, pela inteligência dos diálogos, pode ser considerado um Monty Pithon para toda a família, deve agradar (em cheio) aos pais, por causa das inúmeras referências. Algumas remetem o espectador mais antenado ao (menosprezado pela crítica e público) engraçado e bom filme Piratas (1986), de Roman Polanski, estrelado por Walter Matthau.

Piratas Pirados é um belo e imperdível filme em inspiradíssimo 3D. A graça e a perfeição dos bonecos (de massa), aliadas a uma trilha divertida, às vezes, executada (ao vivo!) por alguns personagens, são um espetáculo à parte. Só não deixe a sala antes dos últimos créditos, pois o filme continua em diversos cartazes e vídeos espalhados pela tela. Acho que está pintando um forte candidato ao Oscar e outros prêmios cinematográficos.

4 comentários:

  1. Legal, Joba, nada como uma visita ao Claque ou Claquete pra saber o que fazer no fim de semana...:)

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    1. Olá, Ravel.
      Acho que vai pirar com os Piratas Pirados.


      Abração.

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  2. Realmente, muito bom! Quase tão antiimperialista quanto eu, rsrs

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    1. Olá, Ravel.
      Como é bom ver um filme que realmente valha o ingresso, naõ é?
      Ah, não deixe de ver Deus da Carnificina, do Polanski!

      Abs.

      T+
      Joba

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