quinta-feira, 10 de maio de 2012

Crítica: Battleship - A Batalha dos Mares



No princípio havia uma folha de papel em branco. Ela foi quadriculada e virou um tabuleiro. Palco perfeito para qualquer jogo de estratégia. Era (?) um tempo de avanços e recuos de nações na exposição de seu poderio bélico na terra, no mar, no ar. Era (?) um tempo de espiões. Era (?) um tempo de jogatina política. Era um tempo em que realmente se rabiscava tudo numa folha de papel em branco e tinha-se (?) um telefone (ou um telégrafo) ao alcance das mãos, ao se desvelar o segredo do “inimigo”. Um bom jogo de estratégia pode ser jogado nas mais diversas plataformas ou até mesmo sem elas. Em 1931 os amantes do Batalha Naval (antes rabiscado em qualquer pedaço de papel) adoraram a ideia da Milton Bradley Company lançar o jogo comercialmente. Ele virou febre, mania, moda, online, passou... Hollywood o redescobriu e resolveu inventar uma história infantojuvenil que o justificasse numa plataforma cinematográfica.

Quando se trata de guerra (real ou fictícia) os autoproclamados xerifes do mundo se arrepiam. Antes os estadunidenses se preocupavam com a Guerra Fria, hoje se atrapalham com a Guerra Quente. Assim, para não ferir sensibilidades europeias, arábicas e ou asiáticas, na falta de um oponente terrestre de peso, Hollywood decidiu trazer (ou seria convidar?) um do espaço sideral. Ah, pra quê!? Os recém descobertos goldilocksianos, a muito anos-luz do Havaí, aceitaram o convite enviado (em 2005) pela NASA e, em apenas sete anos, resolveram ver o que os havaianos tinham a lhes oferecer. Inebriados pela beleza e poluição do planeta, os ETs chegaram atropelando satélites e alguns edifícios na China (?), caindo no mar do paradisíaco arquipélago, prontos para trocar fogo com os ultranacionalistas marines norte-americanos, em exercício de rotina ali por Pearl Harbor.


Bem, todos sabem que ETs do mundo todo (e de fora dele) adoram odiar os Estados Unidos da América do Norte e ou seus domínios. Em Battleship - A Batalha dos Mares, com seu ufanismo-exaltação às velhas e novas forças militares (típica dos filmes do gênero), não é diferente. Mas poderia, se o rebelde sem causa (com potencial!) Alex Hopper (Taylor Kitch), não tivesse lido o clássico chinês A Arte da Guerra, de Sun Tzu, certo de que o autor era japonês (Hollywood está trocando jovens idiotas por panacas filosóficos) e se tornado (em apenas dois dias!) um estrategista militar incomparável. Só pode ser uma piada (ruim!).

Explico melhor: Alex é o vagabundo (com potencial!) irmão de Stone (Alexander Skarsgaard), comandante do navio USS Samson. Um belo dia, ao se apaixonar (à primeira vista) por Sam (Brooklyn Decker), filha do almirante Shane (Liam Neeson), comandante do navio USS John Paul Jones, atenta contra o bom senso, comete um delito e, como punição (!), vai servir a marinha já com um posto de oficial naval. Encrenqueiro (com potencial!), ele é motivo de chacota. Mas, como quem ri por último ri melhor, indiferente ao turbilhão de clichês, adivinha quem vai salvar o havaiano mundo norte-americano? Não responda ainda, porque, nesse festival de sandices americanófilas, você ainda pode “vibrar” ou “chorar” com o improvável brilho de um desafortunado marinheiro paraplégico (frustrado e perigoso!), um cientista bobalhão (mais veloz que o Flash!), um oficial japonês mais inteligente (?) que um oficial americano, uma fisioterapeuta sem noção, um soldado adolescente e a sua histórinha sobre lagartos, um punhado de marinheiros aposentados e caquéticos...


Battleship - A Batalha dos Mares (Battleship, EUA, 2012) é um filme de ação literalmente explosivo, do “roteiro” pífio de Erich Hoeber e Jon Hoeber (que só conseguiram acertar em RED) à direção equivocada de Peter Berg. Ele parece cumprir à risca a máxima do saudoso Chacrinha (Abelardo Barbosa): Eu estou aqui para confundir! Eu não estou aqui para explicar! Ou seja, sobra por quês do começo ao fim: Por que só tem duas mulheres no elenco, uma negra (no mar): Rihanna (a “especialista” em armas Cora Raikers) e uma loira (em terra): Brooklyn Decker (a “fisioterapeuta”), que não têm a menor ideia das suas “funções”? Por que o boné de Rhiana está sempre colado naquela peruca horrorosa (não cai nem quando ela afunda na água!)? Por que Raikers é a única marinheira a bordo? Por que os ETs e os humanos estão brigando? Por que um sujeito vagal feito Alex, em vez de ir para a cadeia vai para a marinha e, mesmo sem nenhuma experiência, torna-se tenente? Por que..., ah, me cansei.

Desastres à parte, possivelmente o mais comprometedor nessa produção milionária seja a montagem miserável. São tantos o buracos que, de duas, uma: ou esqueceram de filmar cenas que poderiam dar (!) algum sentido (?) à trama ou foram todas surrupiadas pelo montador. Diretor: da escola Michael Bay de futilidades, mas está a quilômetros do explode-mundos hollywoodianos (com involuntário humor trash) Roland Emmerich. Diálogos: para suicidar o Tico e o Teco. Efeitos especiais: explosões, aeronaves que mudam de forma mas (ainda!) não viram robôs transformers. Ets: lagartos (como sempre!) vestindo armaduras parecidas com as do Homem de Ferro e do Game Halo. Romance: ora, esse é um filme para a garotada que vai ao cinema facebookear e se entupir de pipoca e refrigerante. Enfim, só não é pior porque não é convertido em 3D.

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