O cinema tem dessas coisas, quando se pensa
que nada mais pode esperar de um tema esgotadíssimo, como o de piratas, é
surpreendido pela melhor paródia do gênero nos últimos anos: Piratas Pirados.
Piratas
Pirados (The Pirates! Band
of Misfits, EUA, Reino Unido, 2012) é mais uma divertidíssima animação stop motion
(do estúdio Aardman) dirigida por Peter
Lord (A Fuga das Galinhas). Baseada
no excelente roteiro e no livro The
Piratas! In an Adventure With Scientists, de Gideon Defoe, a trama (com muita ação pastelão) fala da desventurada
venturosa vida do pirata Capitão Pirata
e seu inabalável desejo de ser eleito (pelo menos uma vez!) o Pirata do Ano. Como
ser uma celebridade tem lá o seu (alto!) preço, ele e a sua tripulação
praticamente inepta (composta pelo o ponderado Pirata de Echarpe ou Número 2;
o ingênuo Pirata Albino; a parruda mascote
Polly; o velho Pirata da Gota; o (nada?) misterioso Pirata Curvilíneo com a “sua” barba ruiva; o multifuncional Pirata com Próteses) acabam se metendo em
hilárias confusões, na tentativa de conseguir a maior pilhagem já vista nos
sete mares e desbancar os premiáveis piratas de sempre: Black Bellamy e Cutlass Liz.
Nessa viagem em busca de ouro e fama, o vaidoso
Capitão Pirata vai conhecer e
arranjar um jeito de se livrar do solitário choramingas Charles Darwin (sequestrado do HMS Beagle), do seu serviçal
“homempanzé” Sr. Bobo (Eu achei que dando a um macaco um monóculo e
cobrindo a sua enorme buzanfa, ele deixaria de ser um símio e se tornaria um...
“homempanzé”, digamos.), e da pérfida Rainha
Vitória (Sinto ódio daquelas
cantorias ridículas, dos seus chapéus ridículos e daqueles malditos rosnados
intermináveis! Quero que os afunde, almirante. Estraçalhe. Esmague. Alimente-os
aos tubarões! Ouviu bem? EU ODEIO PIRATAS!), todos interessados no papagaio
Polly, o mascote do navio. Darwin quer provar que o papagaio é um “extinto”
pássaro Dodô e ganhar o prêmio Cientista do Ano e a Rainha Vitória quer provar uma coisa mais substanciosa e ganhar o
reconhecimento dos estadistas participantes do Rare
Creatures Dining Club. Quanto ao Sr.
Bobo, bem, ele não é levado a sério.
A saga dos azarados piratas, carregada de nonsense
(Londres é a cidade mais romântica do
mundo!), não subestima a inteligência de ninguém. Muito pelo contrário,
aguça ainda mais com as “dicas” espalhadas em cada sequência. Se o espectador ficar
esperto (é difícil perceber todas na primeira vez!) vai começar a rir antes da
piada ser contada (atenção ao navio remendado com sobras de outros navios!). Um
recurso também explorado (pela mesma esquipe) na fantástica animação Operação Presente, de 2011. A Conferência
Anual dos Cientistas da Royal Society é antológica. Um misto de Irmãos Marx com
Os Muppets.
A comédia, codirigida por Jeff Newitt, aposta no tradicional
humor absurdo britânico e não deixa velhas e novas celebridades (escritores, personagens,
cientistas, geógrafos, artistas, compositores) fora dos seus sete mares de satirização.
Sobra até para o Homem Elefante, Jane
Austen, Shakespeare e Elvis Presley. Nenhum dos “retratados” sai incólume desse
mar salgado de doces tolices. Piratas
Pirados que, pela inteligência dos diálogos, pode ser considerado um Monty
Pithon para toda a família, deve agradar (em cheio) aos pais, por causa das
inúmeras referências. Algumas remetem o espectador mais antenado ao (menosprezado
pela crítica e público) engraçado e bom filme Piratas (1986), de Roman Polanski, estrelado por Walter Matthau.
Piratas Pirados é um belo
e imperdível filme em inspiradíssimo 3D. A graça e a perfeição dos bonecos (de
massa), aliadas a uma trilha divertida, às vezes, executada (ao vivo!) por
alguns personagens, são um espetáculo à parte. Só não deixe a sala antes dos
últimos créditos, pois o filme continua em diversos cartazes e vídeos
espalhados pela tela. Acho que está pintando um forte candidato ao Oscar e outros prêmios cinematográficos.
Legal, Joba, nada como uma visita ao Claque ou Claquete pra saber o que fazer no fim de semana...:)
ResponderExcluirOlá, Ravel.
ExcluirAcho que vai pirar com os Piratas Pirados.
Abração.
T+
Realmente, muito bom! Quase tão antiimperialista quanto eu, rsrs
ResponderExcluirOlá, Ravel.
ExcluirComo é bom ver um filme que realmente valha o ingresso, naõ é?
Ah, não deixe de ver Deus da Carnificina, do Polanski!
Abs.
T+
Joba