quarta-feira, 13 de outubro de 2021

Crítica: Convidado de Honra


 CONVIDADO DE HONRA

por Joba Tridente 

Quem conhece a filmografia do roteirista e diretor Atom Egoyan, sabe que ele gosta de um ir e vir de personagens em torno de si mesmos e de outros personagens na mesma órbita dramática. É quase um looping de tantos flashbacks na tessitura das tramas. Não é diferente no melodrama Convidado de Honra (Guest of Honour, 2019), sua mais recente produção, que será lançada exclusivamente nas plataformas digitais Claro Now, Amazon Prime VideoiTunes /Apple Tv, Google Play e Vivo Play, no dia 15 de outubro de 2021. 


Escrito e dirigido por Atom Egoyan (Exotica, The Sweet Hereafter/O Doce Amanhã), a narrativa tripartida de Convidado de Honra acompanha recortes da vida da compositora e professora de música Veronica (Laysla De Oliveira) e do escrupuloso inspetor de alimentos Jim (David Thewlis) a partir das revelações confessionais da jovem ao padre Greg (Luke Wilson), a quem vai encomendar os serviços sacros para o funeral e a missa de sétimo dia do seu pai. Uma vez que Jim não era um católico praticante, Greg quer saber, de Verônica, quem era ele, para poder dizer algumas palavras de conforto no velório e na missa. 

O desnudamento psicológico será catártico para Verônica, cujo relacionamento com o pai esta estremecido desde a infância. Nesse itinerário temporal da memória narrativa..., que leva à autopunição e à redenção dos protagonistas, tangenciando os equívocos das aparências, dos gestos, dos fatos, no intrincado convívio familiar e profissional..., é que cada personagem será desvelado, esvaziado de si, até que velhos conceitos sejam revistos e suas identidades restauradas..., incluindo a do simbólico coelho branco Benjamin. É nesse cenário, em que pululam flashbacks por palcos e bastidores diversos, que, solitários em suas próprias melancolias, o amoroso Jim poderá sair da linha, em busca do motivo da condenação da filha, por um crime que ela não cometeu, e a ressentida Verônica se manterá firme na crença de que o pai traiu seus sentimentos maternais e desde então não merece o seu afeto. 


Ainda que sem grandes novidades e até algumas situações pouco convincentes (como, por exemplo, a que lhe dá o título), numa história tradicional, pautada pelo relacionamento familiar e pelas armadilhas profissionais, em que o descontrole emocional (por vingança ou frustração) pode transformar ou transtornar a vida de qualquer um..., a fábula moralista Convidado de Honra, de Atom Egoyan, com seu bom elenco, deve encontrar interesse maior nos espectadores e admiradores do diretor que gostam de histórias um tanto intrincadas. Mesmo que os nós, que enredam pai e filha, sejam fáceis de desatar. 

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NOTA: As considerações acima são pessoais e, portanto, podem não refletir a opinião geral dos espectadores e cinéfilos de carteirinha. 

Joba Tridente: O primeiro filme vi (no cinema) aos 5 anos de idade. Os primeiros videodocumentários fiz em 1990. O primeiro curta-metragem (Cortejo), em 35mm, realizei em 2008. Voltei a fazer crítica em 2009. Já fui protagonista e coadjuvante de curtas. Mas nada se compara à "traumatizante" e divertida experiência de cientista-figurante (de última hora) no “centro tecnológico” do norte-americano Power Play (Jogo de Poder, 2003), de Joseph Zito, rodado aqui em Curitiba.


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