Como estou ocupado com outros trabalhos, não tenho
acompanhado todas as cabines de imprensa..., por isso não fui à prévia de Para Minha Amada Morta. Acabei vendo,
quase em seguida. Não tinha obrigação de escrever sobre ele, mas acabei
infectado e preciso (urgentemente!) exorcizá-lo da memória.
Para Minha Amada
Morta, dramalhão escrito e dirigido por Aly Muritiba, realizador de bons curtas, faz fumaça ao redor do
fotógrafo criminal Fernando (Fernando Alves Pinto), um sujeito inconformado
com a morte da recatada esposa e que, ao assistir antigas fitas VHS com
registros do casal, descobre que ela o traiu. Mais que a traição, uma frase dita
ao amante o perturba tanto que Fernando
decide se vingar, aproximando-se ardilosamente do ex-rival Salvador (Lourinelson
Vladimir) e da sua família evangélica...
Como não é todo argumento sobre ciúme e infidelidade que
resulta num bom roteiro, o enredo de Para
Minha Amada Morta subestima a inteligência até do espectador mais medíocre
(embora ele nem perceba). O prato é demasiadamente raso de tensão para a
quantidade de gordura a ser queimada e o empenho ao menos sugerir o gênero
suspense. Quanto aos vários furos (cadê? por que? como?), só quem estiver
acompanhando mesmo a história capenga vai perceber as inconveniências acolá. Muitos
nem devem reparar no cachorro figurante que entra mudo e sai bem calado. Ou que
quanto mais o drama ganha trilha, mais perde o rumo.
Infelizmente, boa vontade e apreço pelo cinema nacional não
são suficientes para se acreditar na trama de perseguição e convivência de Fernando com a família do “inimigo” Salvador, cujo passado não o deixaria
tão vulnerável e nas mãos de um estranho (mal-humorado!) que aparece do nada,
num carro bacana, com uma conversa “Cerca Lourenço” para alugar (sem
questionar!) um barraco velho. Que evangelização tornaria o locador crente tão
ingênuo a ponto de ”esquecer” até as recomendações bíblicas de Mateus 24:43? Na
insegurança (crescente!) nossa do dia a dia..., nenhuma!
Enfim, pense num filme chato! Do tipo que até um ateu
rezaria para acabar logo e nada! Pensou? Então, considerando que o drama, sem
muita convicção, se perde principalmente pela facilidade de “soluções narrativas”;
que os personagens são enfadonhos e (como se não bastasse!) praticamente não se
entende as falas do ator Fernando Pinto; que tanto faz como tanto fez se a narrativa
“arrasta” (para o pecado?) a família “humilde” (e pecadora?) que acredita na
lenga-lenga do “sofrido” locatário e é você quem come o pó ou a pedra do
quintal; que não há (sequer insinuação de) suspense nesse chororô; que nesse
velório sem defunto traidor, nem o marasmo é criativo..., a impressão é a de
que Para Minha Amada Morta não passa
de um curta-metragem esticaaaaadooooo à exaustão do espectador, que deveria ser
exumado após a sessão para confirmar se a causa
mortis é mesmo o aborrecimento!
Nenhum comentário:
Postar um comentário