segunda-feira, 2 de maio de 2016

Crítica: Heróis da Galáxia: Ratchet & Clank


Não sou um jogador de videogame (ou um gamer) nem amador! Talvez por isso tenha me sentido fora de órbita no universo de Ratchet & Clank em sua recente plataforma cinematográfica. Fui ver porque gosto de animação. Sabia vagamente que era baseado em um famoso jogo, mas não me incomodei em saber mais que isso. Gosto de ser surpreendido principalmente pelo desconhecido. O que, de certa forma, não faria diferença alguma, já que não jogo nem paciência no pc. Mais por falta de tempo do que de interesse. Ah, minto, há algum tempo joguei Majhong, no pc..., se é que isso seja um jogo na essência dos gamers. Mas, também, não importa.


Heróis da Galáxia: Ratchet & Clank (Ratchet & Clank, 2016), com roteiro adaptado (do PlayStation homônimo) por Kevin Munroe, TJ Fixman e Gerry Swallow e direção dos canadenses Kevin Munroe e Jerrica Cleland, é uma animação sci-fi (estilo Star Wars) centrada em Ratchet (um mecânico da raça Lombax) e Clank (um Robô defeituoso), dois heróis improváveis que se juntam oportunamente a um grupo de rangers galácticos, formado pelo bobalhão vaidoso Capitão Qwark, o brutamontes descerebrado Brax Lextrus, a fútil Cora e a nerd Elaris, para lutar contra os patetopatas Presidente Drek e Dr. Nefarious, vilões interessados em desestabilizar o universo por um capricho maquiavélico: criar o seu próprio planeta. Hãnnnn? É isso mesmo, os “gênios do mal” têm tecnologia para explodir planetas (onde será que já vi isso?), mas sem a menor serventia para encontrar um planeta adequado às suas idiotices. Nunca o universo pareceu tão ínfimo. Start the Game!

Script mais clichê é impossível. O que não quer dizer muito, se a cartilha é hollywoodiana e que não importa quantas vezes se conta uma mesma história, mas em como se conta essa mesma história envolvendo personagens parecidos e ou idênticos de outros enredos. Não é difícil ver no movie-game as influências e ou as referências (cinematográficas) usadas no console e que, 14 anos depois de seu lançamento de sucesso, migra para o cinema como um longo merchandising para o lançamento do PS4 (baseado na animação), que já deve estar estourando nas lojas especializadas. Reciclar personagens e roteiros é o que o cinema norte-americano mais faz. Parece que não é muito diferente no mercado dos jogos.


A cópia de Heróis da Galáxia: Ratchet & Clank que vi, na sessão prévia, infelizmente é dublada e, portanto, se há alguma piada engraçada, ela ficou na versão original. Até há insinuações cômicas, mas sem a menor graça na “tradução” para o português brasileiro. Fazer piada (de novo?) com sertanejo universitário é o fim da piada, digo, da picada. Embora tecnicamente os personagens tenham um desenho até bacaninha (de bonequinhos de borracha), psicologicamente são bem limitados em “suas” personalidades. Nenhum deles se destaca além do clichê de tipo já visto e revisto. A cenografia externa (universo, cidades etc) e interna (naves, estações espaciais etc) também não é das melhores. Visualmente, é simplória demais em seus traços. Pode funcionar na telinha do pc (?), mas na telona do cinema parece economia exagerada ou falta de criatividade onde nem sempre o 3D (de profundidade) é eficiente.

Possivelmente por ser um filme de ação para garotada (entre sete e doze anos) e fãs do game (infantil), o desenho animado me deixou num desanimado escanteio entre fases em uma montagem sem transição. Não sei se a montagem truncada tem a ver com estilo (do game) ou com falta de verba. O ritmo bit-acelerado faz parecer que esta é uma (primeira?) animação para crianças hiperativas, já que um adulto deslocado desse universo vai se desconectar e dispersar rapidinho, por não conseguir acompanhar a narrativa barulhenta (e bota barulho nisso) com seus diálogos toscos..., piores (?) ainda em português. Capaz até de pegar no sono, mesmo com toda a zoeira.


Enfim, considerando a direção duplamente claudicante; o amontoado cenas num roteiro pobre; a trilha irritante (apesar de não ter cantoria); os personagens rasos e sem carisma; o clichê da moral clichê..., e levando em conta que um bocado de filmes baseados em games (Silent Hill, Hitman, Street Fighter, Resident Evil etc) nunca funcionou a contento, frustrando os gamers e os cinéfilos, e que também não consegui embarcar na companhia dos rangers galácticos para uma aventura no estranho e “agitado” itinerário da galáxia de Solano..., vou continuar longe dos consoles. O que não quer dizer que deva fazer o mesmo. Afinal, jogo é jogo, digo, gosto é gosto e pode até se animar com o que vem (nas lojas) por aí...

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