sábado, 30 de maio de 2015

Crítica: A Espiã Que Sabia de Menos


O cartaz não deixa dúvidas. 1. O título brasileiro A Espiã Que Sabia de Menos não passa de um gracejo a O Espião Que Sabia Demais (2011). 2. É uma paródia dos filmes de espionagem com seus agentes secretos elegantes e ou pancadas. 3. O diretor é o mesmo das “comédias” fuleiras Missão Madrinha de Casamento (2011) e As Bem Armadas (2013).

A Espiã Que Sabia de Menos (SPY, 2015), com roteiro e direção de Paul Feig, é uma “comédia”, com a premissa de ser engraçada, que se aventura com muita ação e pancadaria ao redor de Susan Cooper (Melissa McCarthy), uma agente de base da CIA que dá cobertura ao parceiro charmoso Bradley Fine (Jude Law). Quando este desaparece numa missão, envolvendo o tráfico de uma bomba nuclear (é claro!), ela se torna a única alternativa da agência para solucionar o caso, para despeito do fanfarrão agente Richard Ford (Jason Statham). Em campo, Susan terá que provar (para a CIA) que quem vê cara e corpo, não vê força e determinação da agente (menosprezada) na caça à traficante de armas búlgara Rayna Boyanov (Rose Byrne) e ao terrorista Sergio De Luca (Bobby Cannavale).


Na onda dos filmes de ação protagonizados por mulheres, Melissa se entrega de corpo e simpatia ao papel de ideias repetidas dos seus filmes anteriores, com aquelas velhas piadas chulas e guerra de sexos sem a menor graça, dirigidos por Feig. O thriller quer deslizar na esteira de Corra Que a Polícia Vem Aí (1988) e Top Secret! Superconfidencial (1984), mas, Paul Feig está longe de ser um David Zucker..., ainda que seus filmes façam tremendo sucesso, principalmente com o público feminino. O que é estranho, já que as protagonistas geralmente são ridicularizadas e colocadas em situações constrangedoras.

O argumento que sugere uma agente secreta baixinha e gorda se saindo melhor que espiões padrão James Bond e fazendo uso de “armas” de ocasião, feito um Jack Chan, é até razoável. O problema é o roteiro preguiçoso cheio de mesmices machistas. O papel de Melissa McCarthy poderia ser vivido tranquilamente por Danny DeVito, não faria diferença, já que o foco é o estranhamento físico e não a originalidade de uma mulher usando de toda a criatividade feminina (também com licença para matar) no obscuro mundo violento masculino. Paródia é rir dos valores estabelecidos no gênero e não exaltar.


A Espiã Que Sabia de Menos, cujo enredo está muito aquém do seu elenco, com seu humor raso, gags tolas e thriller fake, só me abriu breve sorriso em duas ou três ocasiões: as credenciais de Susan. Pra eu rir novamente de alguma piada ela tem que ser muito boa, o que não é o caso. Todavia, acredito que o grande público (não pensante) que aprecia este tipo de humor velho e escatológico estadunidense e que também curte as “comédias” chulas brasileiras, não vai ter do que reclamar. Porém, quem espera pancadaria e perseguições de carros bem coreografadas, talvez não fique tão feliz com a mecânica na tela...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...