O cartaz não deixa dúvidas. 1. O título brasileiro A Espiã Que Sabia de Menos não passa de
um gracejo a O Espião Que Sabia Demais
(2011). 2. É uma paródia dos filmes de espionagem com seus agentes secretos
elegantes e ou pancadas. 3. O diretor é o mesmo das “comédias” fuleiras Missão
Madrinha de Casamento (2011) e As Bem Armadas (2013).
A Espiã
Que Sabia de Menos (SPY,
2015), com roteiro e direção de Paul
Feig, é uma “comédia”, com a premissa de ser engraçada, que se aventura com
muita ação e pancadaria ao redor de Susan
Cooper (Melissa McCarthy), uma
agente de base da CIA que dá cobertura ao parceiro charmoso Bradley Fine (Jude Law). Quando este desaparece numa missão, envolvendo o tráfico
de uma bomba nuclear (é claro!), ela se torna a única alternativa da agência
para solucionar o caso, para despeito do fanfarrão agente Richard Ford (Jason Statham).
Em campo, Susan terá que provar (para
a CIA) que quem vê cara e corpo, não vê força e determinação da agente (menosprezada)
na caça à traficante de armas búlgara Rayna
Boyanov (Rose Byrne) e ao
terrorista Sergio De Luca (Bobby Cannavale).
Na onda dos filmes de ação protagonizados por mulheres,
Melissa se entrega de corpo e simpatia ao papel de ideias repetidas dos seus
filmes anteriores, com aquelas velhas piadas chulas e guerra de sexos sem a
menor graça, dirigidos por Feig. O thriller quer deslizar na esteira de Corra Que a Polícia Vem Aí (1988) e Top Secret! Superconfidencial (1984),
mas, Paul Feig está longe de ser um David Zucker..., ainda que seus filmes
façam tremendo sucesso, principalmente com o público feminino. O que é estranho,
já que as protagonistas geralmente são ridicularizadas e colocadas em situações
constrangedoras.
O argumento que sugere uma agente secreta baixinha e gorda
se saindo melhor que espiões padrão James
Bond e fazendo uso de “armas” de ocasião, feito um Jack Chan, é até
razoável. O problema é o roteiro preguiçoso cheio de mesmices machistas. O
papel de Melissa McCarthy poderia ser vivido tranquilamente por Danny DeVito,
não faria diferença, já que o foco é o estranhamento físico e não a originalidade
de uma mulher usando de toda a criatividade feminina (também com licença para
matar) no obscuro mundo violento masculino. Paródia é rir dos valores
estabelecidos no gênero e não exaltar.
A Espiã
Que Sabia de Menos, cujo enredo está muito aquém do seu elenco, com
seu humor raso, gags tolas e thriller fake,
só me abriu breve sorriso em duas ou três ocasiões: as credenciais de Susan. Pra eu rir novamente de alguma
piada ela tem que ser muito boa, o que não é o caso. Todavia, acredito que o
grande público (não pensante) que aprecia este tipo de humor velho e escatológico
estadunidense e que também curte as “comédias” chulas brasileiras, não vai ter
do que reclamar. Porém, quem espera pancadaria e perseguições de carros bem
coreografadas, talvez não fique tão feliz com a mecânica na tela...
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