Quando se fala em filmes-catástrofes o primeiro nome é
sempre o do exagerado diretor alemão Roland Emmerich (Independence Day, O Dia
Depois de Amanhã, 2012),
que adora detonar Los Angeles nas telonas. Mas sempre tem algum “novato”
querendo desbancar o megalomaníaco alemão, principalmente nos efeitos especiais,
como Brad Peyton com o seu catastrash
Terremoto - A Falha de San Andreas.
Terremoto
- A Falha de San Andreas (San
Andreas, 2015) é um filme romântico de ação e aventura com pitadas de humor
involuntário (?) beirando a paródia. O roteiro é uma imitação barata e sem a menor
criatividade e ou originalidade dos baratos mockbusters
da Asylum para o canal SyFy. É que o gênero trash (que eu adoro!) requer uma
malandragem que muito “queridinho” de Hollywood não tem. Por isso, imagino
quantos neurônios devem ter torrado os roteiristas Allan Loeb, Carlton Cuse,
Carey Hayes e Chad Hayes para desenvolver o “complexo” enredo que esvoaça ao
redor de Ray (Dwayne Johnson), um piloto de helicóptero de resgate que, em meio
ao terremoto (escala 9) do título, viaja pelo ar, por terra e por mar, de Los
Angeles a São Francisco, só para salvar a sua ex-esposa Emma (Carla Gugino) e
sua filha Blake (Alexandra Daddario) que, por sua vez, imbuída do mesmo sentimento
de solidariedade paterna, está ajudando dois irmãos ingleses, Ben (Hugo Johnstone-Burt) e Olie
(Art Parkinson), numa contrafuga
absurda em meio ao caos.
Sim, sim, eu sei é uma história que requer muita
concentração, inclusive do espectador..., são muitas informações a serem
processadas: um solitário piloto (de resgate) que não mede esforços parar
salvar a ex-mulher e a filha surpreendidas por um terremoto previsto por um (eu
disse um!) sismólogo, Lawrence (Paul Giamatti). Ah, esqueci de dizer
que a família está em crise, a ex-mulher está namorando um rico empresário Daniel Riddick (Ioan Gruffudd) e a filha dividida entre o amor de pai e o charme do
futuro padrasto e prestes a se apaixonar.
Os diálogos (ou seriam monólogos?) são primorosos: Eu te amo! Vamos sair daqui! Eu prometo!
Corram! Saiam daqui! Por que você nunca me disse? O que está acontecendo? Vamos
sair daqui! É uma promessa! Esse lugar é meu! Eu acredito em você! Não podemos
ficar aqui! É minha culpa! Não parem! Vamos!..., todos pérolas trash pescadas
dos originais da Asylum, junto com o mote: discutir a relação em meio ao caos
(presentes em todas as produções do SyFy).
Deixando a "complexa" história doméstica de lado, é hora de
falar da fúria da “maquiavélica” natureza que desperta de um sono centenário para
por abaixo tudo quanto é edifício alto: crash! As panorâmicas do antes, durante
e depois dos abalos impressionam e ficam muito divertidas com sequências bizarras,
na base do quanto pior melhor. O palco de destruição parece um jogo de tabuleiro
cheio de provas estúpidas a serem vencidas. Algumas decisões são dignas da excelente
série da BBC: Deu a Louca Na História.
Mesmo sabendo, desde o começo, como será o fim da catastrófica
trama americanacionalista, você vai querer testar o seu nível de paciência (ao
acompanhar a determinação dos cinco intrépidos protagonistas) e de conhecimento
cinematográfico, anotando quais cenas você acha
que viu no filme 2012.
Já ia me esquecendo, além do drama da família e dos desmoronamentos
espetaculares, tem a monótona fuga em massa dos moradores da região: um morre
aqui e outro acolá (sem sangue explícito!); uma menina foi esquecida aqui e uma
mulher acolá.
Enfim, Terremoto - A Falha
de San Andreas é um catastrash (catástrofe+trash) que, dependendo da sua expectativa
pode ser muito divertido ou um verdadeiro abacaxi. Não é deliciosamente
horrível como um trash original, mas tem lá os seus momentos e muitos furos. Clichês e efeitos
especiais fantásticos não faltam. Eu não sou sádico e me solidarizo com todas
as vítimas dos terremotos reais (oh!), mas não consegui me conter diante da
encenação hollywoodiana e ri como se estivesse diante de um circense Emmerich, outra
grande referência a Peyton. Se quiser ver, vá por conta e risco. Assim como a
enxurrada de merchandising, é um entretenimento esquecível até o próximo detona
quarteirão.
Na boa..., se você acreditar (mesmo!) na sequência inicial
(adolescentes, não façam isso na estrada!), com certeza vai aceitar todo o resto.
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