domingo, 2 de junho de 2013

Crítica: Odeio o Dia dos Namorados


Que o público brasileiro está indo mais ao cinema para ver telecomédias chulas, conhecidas também como (porno)chanchadas imbecilizantes, protagonizadas por contadores de piada e atores de (um canal de) TV..., já não é novidade. E pelo andar da carroça da freguesia, digo, da franquia, vai continuar indo..., enquanto as celebridades televisivas forem protagonistas. Cada qual com seu gosto.

Odeio o Dia dos Namorados, dirigido por Roberto Santucci, esvoaça ao redor de Débora Ferrão (Heloísa Périssé), uma ambiciosa e mal-humorada publicitária (queria o quê com um nome desses?) que prefere a sua intensa vida profissional a um relacionamento amoroso com algum pretendente. Nem mesmo Heitor (Daniel Boaventura), o apaixonadíssimo namorado da sua juventude, conseguiu descongelar o seu coração. Assim, quando é “indicada” para desenvolver uma campanha romântica para um bombom, ela trava e a sua fortaleza desaba qual um castelo de cartas blefadas. Em meio a vários incidentes ela recebe a visita do fantasma do seu amigo Gilberto (Marcelo Saback), que a obriga a rever sua vida, seus conceitos e descobrir quem realmente é, na opinião dos “seus” colegas de trabalho.


Odeio o Dia dos Namorados (Brasil, 2013), que não deve ser confundido com Eu Odeio o Dia dos Namorados (I Hate Valentine’s Day, 2009), escrito, dirigido e protagonizado por Nia Vardalos..., é um filme indeciso. Pelo título óbvio, o mais correto seria acreditar que se trata de um romance, ou comédia romântica e ou drama cômico romântico.  Nada mais distante do “roteiro” de Paulo Cursino, inspirado no dramático clássico Conto de Natal, de Charles Dickens, que conta a história do avarento e mal-humorado Ebenezer Scrooge que, visitado por três espíritos, passa em revista a sua vida..., obra trocentas vezes adaptada para o cinema, teatro, HQ. O problema maior da produção brasileira nem é de argumento frouxo, mas de indefinição de gênero. O que, de certa forma, não deixa de ser novidade, já que é o espectador é quem vai decidir. Se conseguir rir: comédia. Se conseguir se emocionar: drama. Se conseguir se divertir: aventura. Se...

Longe do humor chulo de uma chanchada (tão em voga) e da escatologia (tão em voga), apesar de um rápido flerte abominável, Odeio o Dia dos Namorados claudica entre um clichê e outro, entremeando “piadas” velhas e trocadilhos infames, até abobar de vez em um previsível final. Carece de ousadia, de disritmia em sua trama (linear). A videobreguice do prólogo até ensaia a promessa de uma boa e divertida história..., porém, a videocafonice do epílogo (de volta ao começo) não deixa dúvidas, a narrativa insossa reprimiu (ah, trocadilhei!) a possibilidade de um bom deleite com essa “releitura” de Dickens. Minto, desviando de diálogos sofríveis, maquiagem constrangedora e erros de continuidade, há uma sequência até bacaninha: a viagem de Débora ao futuro.


Um filme para fãs (do elenco..., que apenas traduz a caricatura do fraco roteiro) e ou espectador pouco exigente de comédia, drama, aventura etc. Divirta se puder e enquadre-o como quiser.

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