segunda-feira, 17 de junho de 2013

Crítica: Minha mãe é uma peça


Conheço críticos que preferem escrever nada, a comentar negativamente um filme brasileiro. A lengalenga é mesma: ah, mas é um filme brasileiro..., ah, mas é tão difícil fazer um filme no Brasil..., ah, mas é tão difícil chegar às salas de cinema..., ah, etc. Bem, com o apoio de certos produtores nem é tão difícil assim...

Minha mãe é uma peça (Brasil, 2013) é baseado no monólogo homônimo (que não conheço) escrito e interpretado pelo ator Paulo Gustavo. No filme a história gira (praticamente!) ao redor da neurótica Dona Hermínia (Paulo Gustavo), uma quarentona, divorciada de Carlos Alberto (Herson Capri), que vive em função dos filhos Marcelina (Mariana Xavier) e Juliano (Rodrigo Pandolfo), que (como os demais personagens) fazem absolutamente nada na vida. Um dia, cansada de ser confrontada pelos insolentes jovens, Hermínia resolve sair de casa e passar uma temporada com sua tia Zélia (Suely Franco). Ela choraminga suas dores de lá e os “rebeldes sem causa” choramingam de cá.


A narrativa assemelha-se a um conjunto de batidas esquetes (de TV e de Show de Piadas) sem graça (ôps!) e sem ritmo (de cinema) em torno (e no entorno!) da histérica Hermínia, que só faz reclamar (do começo ao fim!) com sua irritante voz de taquara rachada (típica de travesti). Se no teatro o ator desperta o riso fácil do público, com a caricatura de uma solitária dona de casa, no cinema é preciso muito mais que boa maquiagem, figurino florido e bobes na peruca para convencer o espectador de que é uma mulher. E, sinceramente, na telona, travestido de Hermínia, o Paulo Gustavo está mais para crossdressing (ou seria drag queen?) do que para mulher.

Minha mãe é uma peça, dirigido por André Pellenz, é mais uma típica “comédia” ao estilo ria se puder, ou se conseguir, ou sei lá..., que insiste numa só caquética “piada” fecal. O seu “humor” infantilóide tangencia a escatologia comum na nova onda cinematográfica de chanchadas calcadas na baixaria do “humor” televisivo que o novo espectador adora. Porém, como nem tudo que funciona num palco funciona na tela, ela é vítima do roteiro (familiar) chinfrim escrito por Gustavo e Fil Braz, com a colaboração de Rafael Dragaud. Ora, cenários e performances completamente diferentes, óbvio, pedem adaptação e direção distintas. Também porque, nem todo espetáculo teatral pronto (e de sucesso!) resulta em um bom filme. Ou vice-versa.


O enredo que resvala num drama piegas (de novela chicana) sai de lugar algum para lugar nenhum. A personagem protagonista é uma chata (sem garantia de devolução!). As personagens coadjuvantes também.  Aliás, todo mundo é tão vagal na trama que cada um vai pra onde quer. Não há liga no elenco bibelô. Não há empatia com o público. É tipo..., assim (para ambos): O que estou fazendo aqui mesmo? Tudo bem que o filme é baseado em um monólogo de sucesso (seis anos em cartaz!), mas se a intenção era continuar o formato no cinema, para que enredar personagens (sem personalidade!) que nada acrescentam?

Exageros de Paulo Gustavo e sonolenta mesmice dos outros atores à parte, vale destacar nessa claudicante adaptação de 1h25 (que parece não ter fim), entre incômodas sensações de já visto e já ouvido em outros filmes nacionais, a ótima direção de arte e a boa maquiagem.  Enfim..., uma “comédia” para fãs do espetáculo teatral que queiram “rir” de novo (?).

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