Conheço críticos que preferem escrever nada, a
comentar negativamente um filme brasileiro. A lengalenga é mesma: ah, mas é um
filme brasileiro..., ah, mas é tão difícil fazer um filme no Brasil..., ah, mas
é tão difícil chegar às salas de cinema..., ah, etc. Bem, com o apoio de certos
produtores nem é tão difícil assim...
Minha mãe
é uma peça (Brasil, 2013) é baseado no monólogo homônimo (que não
conheço) escrito e interpretado pelo ator Paulo Gustavo. No filme a história
gira (praticamente!) ao redor da neurótica Dona
Hermínia (Paulo Gustavo), uma quarentona,
divorciada de Carlos Alberto (Herson Capri), que vive em função dos filhos
Marcelina (Mariana Xavier) e Juliano
(Rodrigo Pandolfo), que (como os demais
personagens) fazem absolutamente nada na vida. Um dia, cansada de ser
confrontada pelos insolentes jovens, Hermínia
resolve sair de casa e passar uma temporada com sua tia Zélia (Suely Franco).
Ela choraminga suas dores de lá e os “rebeldes sem causa” choramingam de cá.
A narrativa assemelha-se a um conjunto de batidas
esquetes (de TV e de Show de Piadas) sem graça (ôps!) e sem ritmo (de cinema)
em torno (e no entorno!) da histérica Hermínia,
que só faz reclamar (do começo ao fim!) com sua irritante voz de taquara
rachada (típica de travesti). Se no teatro o ator desperta o riso fácil do
público, com a caricatura de uma solitária dona de casa, no cinema é preciso
muito mais que boa maquiagem, figurino florido e bobes na peruca para convencer
o espectador de que é uma mulher. E, sinceramente, na telona, travestido de Hermínia, o Paulo Gustavo está mais para crossdressing (ou
seria drag queen?) do que para mulher.
Minha mãe
é uma peça, dirigido por André Pellenz, é mais uma típica “comédia” ao
estilo ria se puder, ou se conseguir, ou sei lá..., que insiste numa só caquética
“piada” fecal. O seu “humor” infantilóide tangencia a escatologia comum na nova
onda cinematográfica de chanchadas calcadas na baixaria do “humor” televisivo que
o novo espectador adora. Porém, como nem tudo que funciona num palco funciona
na tela, ela é vítima do roteiro (familiar) chinfrim escrito por Gustavo e Fil
Braz, com a colaboração de Rafael Dragaud. Ora, cenários e performances completamente
diferentes, óbvio, pedem adaptação e direção distintas. Também porque, nem todo
espetáculo teatral pronto (e de sucesso!) resulta em um bom filme. Ou
vice-versa.
O enredo que resvala num drama piegas (de novela
chicana) sai de lugar algum para lugar nenhum. A personagem protagonista é uma
chata (sem garantia de devolução!). As personagens coadjuvantes também. Aliás, todo mundo é tão vagal na trama que
cada um vai pra onde quer. Não há liga no elenco bibelô. Não há empatia com o
público. É tipo..., assim (para ambos): O
que estou fazendo aqui mesmo? Tudo bem que o filme é baseado em um monólogo
de sucesso (seis anos em cartaz!), mas se a intenção era continuar o formato no
cinema, para que enredar personagens (sem personalidade!) que nada acrescentam?
Exageros de Paulo Gustavo e sonolenta mesmice
dos outros atores à parte, vale destacar nessa claudicante adaptação de 1h25
(que parece não ter fim), entre incômodas sensações de já visto e já ouvido em outros filmes nacionais, a ótima direção de arte e a boa maquiagem. Enfim..., uma “comédia” para fãs do espetáculo
teatral que queiram “rir” de novo (?).
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