terça-feira, 24 de abril de 2012

Crítica: O Diário de um Jornalista Bêbado



Ultimamente, quanto não está pirateando pelo Caribe, Johnny Depp, está pescando papeis interessantes, curiosos e ou de mero passatempo em filmes idem. No momento, aqui no Brasil, ele trança as pernas em O Diário de um Jornalista Bêbado (The Rum Diary, EUA, 2011), com roteiro e direção de Bruce Robinson, baseado no livro homônimo de Hunter S. Thompson (1937 - 2005), uma produção que (por causa do teor alcoólico?) apenas tange o drama-denúncia, a comédia-denúncia, e o romance-denúncia, numa história enfadonha. Depp é Paul Kemp (alter ego de Thompson), um jornalista alcoólatra que, na década de 1960, vai “trabalhar” no jornal San Juan Star, em Porto Rico, onde conhece e se apaixona (simples assim!) por Chenault (Amber Heard), noiva do megaempresário (mau caráter!) Sanderson (Aaron Echhart), e se vê metido numa negociata (corriqueira!). O clichê (rebatido!) nem é dos piores, mas a narrativa é de fazer o “Santo” entornar o cálice bem antes do bebum.

O Diário de um Jornalista Bêbado é um filme para se ver, preferencialmente, em estado do ressaca. Só assim é possível saber se vale o esforço (ou deixa pra lá!), já que sóbrio é difícil de engolir esse drama descompromissado com qualquer coisa relevante (?) ao jornalismo gonzo ou bonzo. Superficial e caricato até nas questões pretensamente socioeconômicas que ameaça explorar (uma criança miserável daqui, um diálogo piegas sobre especulação imobiliária e outras jogatinas dali, uma greve qualquer acolá), sai de lugar algum para lugar nenhum. Ou melhor, sai dos EUA, “pra umazinha” saideira (sem fim!) no quintal americano, Porto Rico (dos anos 1960), e de volta para os EUA. Zumbi que é bom, nada! Nem eles querem saber de cérebro podre!


É um filme para fãs convictos de Depp (que dá conta do copo!) e não muito de Thompson (quem?). Tem um bom elenco, mas nenhum “personagem” cativante. A direção é fraca e as atuações mornas. Se bem que, com um roteiro que não diz a que veio e que já vai tarde..., exigir boas interpretações (com diálogos tolos) é ir longe demais pelo mar do Caribe. Quem pode “faz papel” de gente bonita (Aaron e Amber), quem não nasceu photoshopeado se vira como chapado (Giovanni Ribisi) ou parceiro de bebedeira (Michael Rispoli). Com seu “humor” raso, e uma sequência pastelão, Bruce Robinson perde o bonde da história com “mais uma do Thompson”. A biografia do jornalista e escritor (mostrando à maioria dos espectadores quem foi o tal sujeito) seria bem mais eficiente do que a notícia “bombástica” que Kemp insiste em publicar e, de tão velha, não serve nem para embrulhar peixe.

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