domingo, 22 de janeiro de 2012

Crítica: Attack the Block - Ataque ao Prédio



A ficção científica inglesa Attack the Block é daquelas boas surpresas que você, praticamente, só fica conhecendo se conectado no troca-troca de mensagens na rede.

Ataque ao Prédio (Attack the Block, Reino Unido, Irlanda do Norte, 2011) do diretor britânico Joe Cornish, roteirista de As Aventuras de Tintim: O Segredo do Licorne, do Spielberg, é uma ficção científica diferenciada na proposta do terror. Em sua estranheza, não se compara ao excelente Distrito 9, de Neill Blomkamp, mas se aproxima, digamos, mais pelo humor inglês, ao ótimo Todo Mundo Quase Morto, de Edgar Wright, que também roteirizou Tintim.


Roteirizado por Cornish, o filme apresenta protagonistas que, a princípio, não causam nenhuma empatia no espectador. Muito pelo contrário, o que ele sente é repulsa, diante de uma gangue de marginais adolescentes que apavora os moradores vizinhos ao seu prédio (bloco residencial), na periferia da periferia londrina. Socialmente alijados, os adolescentes Moses (John Boyega), Pest (Alex Esmail), Jerome (Leeon Jones), Biggz (Simon Howard), e Dennis (Franz Dameh) se impõem causando terror às vítimas. Enquanto cometem seus delitos e fogem da polícia, cada jovem busca se destacar como o macho alpha do grupo que também desperta o interesse de dois garotos Mayhen (Michael Ajao) e Probs (Sammy Williams). É nessa necessidade de autoafirmação, demarcação de território, que os garotos acabam entrando numa confusão do cão.


Numa noite festiva os adolescentes estão “trabalhando” e logo após vitimarem a enfermeira Sam (Jodie Whittaker), dão de cara com uma criatura que despencou do céu. Em vez de deixar o assustado bicho quieto eles resolvem atacar e o resultado não poderia ser mais catastrófico. Sabe aquela história de que atrás de uma bola tem sempre um menino? Pois é, atrás deste alien tinha outros que não gostaram nada do que os garotos fizeram com um importante membro de sua espécie. Aí a vingança dos bichos peludos, tipo lobos negros como a noite e com dentes fosforescentes, é maligna, para a gangue e quem entrar no meio deles.


O bacana deste drama de horror, com pitadas de humor negro e humor inglês, que o público brasileiro não é muito chegado (prefere a escatologia americana e brasileira), é que a sua história foge do clichê aliens conquistadores versus exército norte-americano. Aqui é o pequeno grupo de moradores do bloco (onde convivem ladrões, traficantes, viciados, imigrantes, em sua maioria, negros) que tem de se defender, por conta e risco, dos “monstros siderais” que estão na Terra simplesmente por conta do seu instinto animal. Só por isso. O planeta com seus humanos não lhes interessa em nada. Genial!


Ataque ao Prédio (lançado apenas em DVD) é um filme de baixo orçamento, com efeitos especiais simples (mas não medíocres), bom roteiro e uma narrativa que foge das mesmices hollywoodianas.  A trama, que faz referência irônica ao conto do Lobo Mau e o Chapeuzinho Vermelho, de Charles Perrault, numa (in)versão (de interesse) bastante violenta, flerta com os bons filmes “B” e às produções de John Carpenter. É uma história envolvente que, em pouco tempo (num discurso que justifica, mas não isenta os atos dos delinquentes) faz o espectador rever o seu ponto de vista sobre os personagens marginais. Trazendo um elenco jovem e eficiente, com a participação de atores conhecidos, como Whittaker e Nick Frost (traficante), a produção despretensiosa, recheada de diálogos chulos (linguajar de guetos) e com sabor de pulp fiction, é a típica diversão rapidinha. Em pouco mais de 80 minutos e sem exigir muito, satisfaz o espectador. Já que os “arrasa-quarteirão” estão cada vez mais explosivo e cada vez menos criativos, variar faz bem, treina o olhar para analisar melhor o que vê por aí. 

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