quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Crítica: Cowboys & Aliens



Cowboys & Aliens tem cara de filme de western e de sci-fi dos anos 1950. A história que mistura cowboys e alienígenas é maluca, mas bem divertida. Tem um humor ingênuo (quase família), personagens típicos (quase clichê), clima de mistério (quase suspense) e um terror gosmento (quase inocente) que chega a lembrar clássicos trash. Dirigido por Jon Favreau, com algumas referências a produções dos dois gêneros (faroeste e ficção científica), que fazem sucesso (e são revisitados) desde os primórdios do cinema, o filme não decepciona os fãs que curtem um bom passatempo-pipoca com muita correria, tiros, pancadaria, aliens horripilantes, bandidos, mocinho de caráter duvidoso etc. E, de quebra, ainda supera a HQ em que foi baseado.


Na Graphic Novel Cowboys & Aliens um interessante prólogo desenha uma intenção metafórica: o expansionismo inglês (na América) exterminando e subjugando indiscriminadamente os nativos, e o expansionismo alienígena (no Universo) fazendo o mesmo com outras civilizações. A HQ tem um começo até promissor, com a invasão alienígena no Velho Oeste de 1873, em plena disputa territorial entre ingleses e nativos, mas acaba perdendo a graça e a criatividade no meio do caminho, quando índios e brancos se juntam para combater o inimigo em comum. Na verdade os personagens dos quadrinhos são tão chatos quanto mal resolvidos. No filme a questão da terra não é prioritária, a narrativa busca foco (mesmo que superficial) nos terríveis objetivos alienígenas, parecidos, aliás, com os dos humanos conquistadores e a sua ambição desmedida por tudo que gere lucro. É a razão (e não o acaso) que une ingleses e ameríndios na batalha feroz contra os aliens.


Cowboys & Aliens (Cowboys & Aliens, EUA, 2011) aproveita apenas a ideia central da HQ homônima (invasão alienígena no Velho Oeste) para contar uma história bem mais interessante que a original. Nela encontramos, em pleno deserto, no Território do Novo México, em 1875, o desmemoriado forasteiro Jake Lonergan (Daniel Craig) despertando de um pesadelo para viver outro muito pior. Ele não sabe quem é, como chegou ali e porque tem um bracelete no braço. Até que encontre respostas para todas as suas perguntas e utilidade para o tal bracelete, vai bater muito e apanhar um bocado. Bem, bater e ou apanhar seria o menor dos seus problemas, se não estivesse acontecendo em meio a invasão de demoníacos aliens interessados na mesma preciosidade que ele. Para enfrentar uma ameaça que vem dos Céus, mas que os pioneiros e nativos acreditam vir dos Infernos, o solitário Jake vai blefar e se envolver com cowboys da pesada (que sabem quem ele é, mas de quem ele não se lembra), como o Coronel Woodrow Dolarhyde (Harrison Ford), com índios e com uma bela e misteriosa mulher: Ella (Olivia Wilde).


Procurar mensagens subliminares, aprofundamento científico e social, lógica nesta ótima releitura da HQ de Scott Mitchell Rosenberg, é bobagem. O filme de aventura, suspense e ação (com pitadas de terror) parece não ter outra intenção além de contar uma boa e divertida história, garantida por um elenco competente, narrativa (clássica) dinâmica, diálogos curtos e grossos, excelente direção, bela fotografia e um final digno. Para quê mais?

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