Cowboys & Aliens tem cara de filme de western e de sci-fi dos anos 1950. A história que mistura cowboys e alienígenas
é maluca, mas bem divertida. Tem um humor ingênuo (quase família), personagens
típicos (quase clichê), clima de mistério (quase suspense) e um terror gosmento
(quase inocente) que chega a lembrar clássicos trash. Dirigido por Jon
Favreau, com algumas referências a produções dos dois gêneros (faroeste e ficção
científica), que fazem sucesso (e são revisitados) desde os primórdios do
cinema, o filme não decepciona os fãs que curtem um bom passatempo-pipoca com muita
correria, tiros, pancadaria, aliens horripilantes, bandidos, mocinho de caráter
duvidoso etc. E, de quebra, ainda supera a HQ em que foi baseado.
Na
Graphic Novel Cowboys & Aliens um interessante prólogo desenha uma intenção
metafórica: o expansionismo inglês (na América) exterminando e subjugando
indiscriminadamente os nativos, e o expansionismo alienígena (no Universo)
fazendo o mesmo com outras civilizações. A HQ tem um começo até promissor, com a invasão alienígena no Velho
Oeste de 1873, em plena disputa territorial entre ingleses e nativos, mas acaba
perdendo a graça e a criatividade no meio do caminho, quando índios e brancos
se juntam para combater o inimigo em comum. Na verdade os personagens dos
quadrinhos são tão chatos quanto mal resolvidos. No filme a questão da terra
não é prioritária, a narrativa busca foco (mesmo que superficial) nos terríveis
objetivos alienígenas, parecidos, aliás, com os dos humanos conquistadores e a
sua ambição desmedida por tudo que gere lucro. É a razão (e não o acaso) que une ingleses e ameríndios
na batalha feroz contra os aliens.
Cowboys & Aliens (Cowboys
& Aliens, EUA, 2011) aproveita apenas a ideia central da HQ homônima (invasão
alienígena no Velho Oeste) para contar uma história bem mais interessante que a
original. Nela encontramos, em pleno deserto, no Território do Novo México, em 1875,
o desmemoriado forasteiro Jake Lonergan
(Daniel Craig) despertando de um
pesadelo para viver outro muito pior. Ele não sabe quem é, como chegou ali e
porque tem um bracelete no braço. Até que encontre respostas para todas as suas
perguntas e utilidade para o tal bracelete, vai bater muito e apanhar um
bocado. Bem, bater e ou apanhar seria o menor dos seus problemas, se não
estivesse acontecendo em meio a invasão de demoníacos aliens interessados na
mesma preciosidade que ele. Para enfrentar uma ameaça que vem dos Céus, mas que
os pioneiros e nativos acreditam vir dos Infernos, o solitário Jake vai blefar e se envolver com cowboys
da pesada (que sabem quem ele é, mas de quem ele não se lembra), como o Coronel Woodrow Dolarhyde (Harrison Ford), com índios e com uma
bela e misteriosa mulher: Ella (Olivia Wilde).
Procurar mensagens
subliminares, aprofundamento científico e social, lógica nesta ótima releitura da
HQ de Scott Mitchell Rosenberg, é
bobagem. O filme de aventura, suspense e ação (com pitadas de terror) parece não
ter outra intenção além de contar uma boa e divertida história, garantida por
um elenco competente, narrativa (clássica) dinâmica, diálogos curtos e grossos,
excelente direção, bela fotografia e um final digno. Para quê mais?
Nenhum comentário:
Postar um comentário