quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Crítica: Manda-Chuva - O Filme


Manda-Chuva é o título de uma movimentada série animada de 30 capítulos, criada na década de 1960 pelos Estúdios Hanna e Barbera. Ela conta as aventuras de uma gangue de gatos que aplica pequenos golpes em Nova York. O bando tem como integrantes o folgado líder Manda-Chuva, o adorável Batatinha (que rouba todas as cenas), o galã Bacana, o natural Espeto, o bronco Gênio, o esperto Xuxu, e está sempre fugindo do Guarda Belo, que tenta, mas não consegue, expulsar os malandros do beco. Manda-Chuva também fez sucesso nos quadrinhos. 

Manda-Chuva - O Filme (Top Cat, Argentina, México, 2011) é uma animação que aposta num bom argumento, para resgatar a gangue nova-iorquina, mas tropeça na tecnologia. Baseado no roteiro de Kevin Seccia e Tim McKeon, a animação, dirigida por Alberto Mar, narra as confusões em que se metem os inseparáveis amigos quando Manda-Chuva se apaixona e tenta aplicar um golpe, a fim de arranjar dinheiro e presentear a gatinha Trixie. Como era de se esperar, as coisas se complicam e uma inesperada troca de comando na polícia acaba provocando o caos em NY e, principalmente, na vida do malandro Manda-Chuva


A história, com referências ao romance 1984, clássico de George Orwell (1903-1950), tem como gancho o uso indiscriminado de câmeras digitais para coibir o crescimento da insegurança e da violência nos grandes centros urbanos. Porém, segura nada, já que a temática, envolvendo a vigilância e o totalitarismo, acaba como mero pano de fundo. É claro que não se pode esperar maior profundidade em tal reflexão numa animação, de certa forma, dirigida ao público infantil, mas esse nem é o maior dos problemas. O filme é por demais burocrático e carece de humor. As piadas pontuadas são de pouca (ou nenhuma) graça e os personagens perderam o carisma. Na trama séria (demais) e capenga não se vê a magia da gangue de gatos mais politicamente incorreta do mundo da animação. A diversão perdeu o rumo, carregando para longe os simpáticos bichanos. 

A tragédia maior, no entanto, está na tentativa de casar o 2D (dos personagens) com o 3D (dos cenários e objetos de cena) sem profundidade. A dessincronização das imagens é tamanha que chega a dar dor de cabeça. Na verdade o “3D” que se vê na tela, lembrando o pop-up, está mais próximo do estereograma, que foi moda na década de 1990, com os famosos livros Olho Mágico 3D, aqueles em que as pessoas encostavam o nariz na ilustração e ia afastando a imagem até ver o desenho em 3D. Tem gente que não consegue ver coisa alguma nas publicações. Talvez na projeção em 2D o Manda-Chuva resulte melhor, sem o incômodo dos cenários desfocados incomodando a leitura e maior envolvimento com o filme.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...